quarta-feira, 3 de maio de 2006

Metade...

Metade de mim é fogo, metade de mim é chama. Metade de mim tem fome, metade de ti, reclama! Metade de ti é água. Metade de mim, desvario. Metade de mim tem sede de navegar no teu rio. Metade de mim juntou mas a razão quer separar. Metade de mim odeia a metade que te quer amar. Metade de mim é guerra, metade de mim, trovão. Metade de mim combate a força oculta da paixão. Metade de mim é vulcão, sombra negra de morte. Metade de mim é ilusão desfeita pelos ventos da sorte. Metade de mim é vazio, metade, nada contém... Metade de mim és tu, a outra metade, ninguém!
Apache, Maio de 2006

18 comentários:

Cleopatra disse...

Será que todos os homens sentem assim?

Ando baralhada com umas cabecitas masculinas que para aí andam.
São mais complicadas que alguns complicados temas técnicos...bla bla bla bla...

Apache disse...

Devolvo a pergunta. Será que todas as mulheres sentem assim?

"Ando baralhada com umas cabecitas masculinas que para aí andam."
Desilusão ou fascínio?
E quem são os eleitos?

Cleopatra disse...

Eleitos???
Ora que não faz por menos!

De qualquer forma... gostei da pergunta!!

os eleitos são desilusão e fascínio ao mesmo tempo.
Não é sempre assim????

DarkMorgana disse...

Muito bonito!
Com mais tempo comentarei este poema à altura!

xavier ieri disse...

"Metade de mim é vazio,
metade, nada contém...
Metade de mim és tu,
a outra metade, ninguém!"

Interessante!
É a primeira vez que vejo um manifesto nihilista sob a forma de poema.

Apache disse...

Portanto, desta vez, para variar, o Xavier resolveu elogiar o meu poema... Obrigado!

Reagindo à provocação...

Niilista no sentido em que Nietzsche o entendeu, não! Prova disso é que sou cristão convicto! Mas niilista no sentido dado inicialmente por Ivan Turgueniev em "Pais e filhos" de alguém que contesta em simultâneo o conservadorismo e a irreverência radicalista, sem dúvida!
Conhece aquele provérbio, "de médico e de louco, todos temos um pouco"? Aí tem um "manifesto" niilista.
É niilista a desilusão! É niilista a guerra!
Por vezes, vale tudo, mas... no respeito por determinados princípios "sagrados"!
Confuso?...

Sabe que mais... (para castigo) vou "linká-lo"!

xavier ieri disse...

Abraço!

Cleopatra disse...

Abraço aos dois!
De uma forma niilista ambos o merecem!

Cleopatra disse...

Ah! E linke-o porque o Xavier merece.
Só eu não consigo pôr o raio dos links no meu blog.

DarkMorgana disse...

Voltei!
Este poema lindo faz-me lembrar imenso a minha "História sem fim". Por isso fiz uma adaptação...

"Metade de mim é o ópio do sonho, o nevoeiro da cor…
outra metade o silêncio turvo do eclipse da vida…
Metade de mim é a seiva de noite… o aroma da dor…
Metade o riso amargo… metade a lágrima perdida…


Metade de mim é a história sem fim, a folha queimada…
Outra metade é a pegada na lama… o rasto de ser…
Metade é o frio da pedra… a sombra do nada…
Outra metade o destino que não vai acontecer…

Apache disse...

Balha-me Deus... agora temos "um" abraço a três... ainda bem que é virtual senão lá se ía a minha reputação!
Vá lá, façam-me o favor de terem uma óptima semana...

Apache disse...

Quantos aos links, vamos ter que tratar disso!...

Apache disse...

Sabes Morgana, este teu poema é das melhores coisas que já li.

xavier ieri disse...

Raios...
Detesto ter de concordar...

E pela colocação, significação e a própria escolha das palavras ninguém duvidaria se fosse subscrito pelo Eugénio de Andrade, por exemplo.

Definitivamente, o sensitive side of morgana destronou, neste poema, o dark side.

DarkMorgana disse...

Meu Deus!!!!
É desta que o teclado se avaria!! A baba já vai na fila do "ASDF..."!

Muitíssimo obrigado aos dois pelos elogios pela "História sem fim" (que aqui não está completa!)!!!
Do que escrevi até hoje, é também o poema de que gosto mais!

O Apache já o conhece, mas se o Xavier quiser lê-lo todo, está na 4ª postagem de Janeiro.

Ó Xavier! Quem lhe disse que o dark side não é sensitive? ;)

xavier ieri disse...

Morgana, Morgana
Tau tau!
Pois o que eu disse foi precisamente que era "sensitive".
Acontece que "neste poema" o "sensitive side" destronou o "dark side".
É ou não é?

Fui ver
É impressão minha ou há efectivamente fortes influências do Eugénio?
É que aquelas são palavras... mordidas, que esmagam com o peso de uma flor...
Pensei dizer "parabéns", mas não o faço, por ser simplesmente pretensioso da minha parte.
Prefiro dizer: Obrigado.

DarkMorgana disse...

Na altura em que escrevi este poema lia alguns poetas...entre os quais Eugénio de Andrade...mas sinceramente não me lembro se foi ele que mais me influenciou...

E eu é que digo OBRIGADO!

Cleopatra disse...

Apache, vai à procura da metade que amas.