segunda-feira, 7 de julho de 2008

O fenómeno da Tunguska fez 100 anos (2)

(continuação...)
Apesar da violenta explosão que às 7 horas, 17 minutos e 11 segundos (hora local, sete horas menos no Tempo Universal) daquela manhã de 30 de Junho de 1908, junto ao Rio Tunguska, cuja potência foi posteriormente estimada em mil (a duas mil) vezes a da bomba atómica lançada (quase 4 décadas depois) em Hiroxima (equivalente a 15 a 40 megatonelada de TNT) e, da enorme onda electromagnética que deixou um rasto de destruição pelas infindáveis terras montanhosas do coração da Sibéria, à época, apesar das notícias continuadas dos jornais das metrópoles, na Rússia em particular, mas também em toda a Europa, o fenómeno passou quase despercebido à larga maioria da população. Talvez devido ao isolamento da região, ou à era feudal que a Rússia ainda vivia, ou ainda aos anos conturbados que se seguiram, com a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Bolchevique, o certo é que a primeira expedição científica, liderada pelo mineralogista Leonid Kulik (são da sua equipa as fotos deste e do “post” abaixo) só foi enviada ao local em 1921. Quando Kulik chegou ao local deparou-se com um cenário insólito, nunca antes visto. Num raio de 50 km a partir de um ponto central, todas as árvores estavam derrubadas e apontavam para fora do alegado circulo. Digo alegado, porque imagens aéreas da expedição seguinte mostraram que não se tratava de um círculo, as árvores derrubadas desenhavam no solo a forma de uma borboleta, apontando todas elas, do centro para o exterior. Em redor desta zona (central) estendendo-se por 215 mil hectares, tudo havia sido incinerado, não se vislumbrando o menor sinal de vida. A zona onde viviam Semenov e Luchektan ficava a mais de 60 km do centro da ocorrência. Kulik foi o primeiro a propor uma explicação para o fenómeno, a queda de um meteoro. Curiosamente, apesar de nunca ter sido encontrado qualquer vestígio do (suposto) meteoro e, de oficialmente nenhuma cratera de impacto ter sido encontrada, esta é, ainda hoje, a hipótese com mais adeptos na comunidade científica internacional. Kulik apontou a hipótese de o meteoro ter explodido a 5 ou 6 km de altitude, antes de atingir o solo, mas cientista italianos da Universidade de Bolonha, que se deslocaram ao local no ano passado, dizem-se convencidos de que a cratera de impacto é o Lago Cheko que não existia antes do evento e deverá ter no seu fundo pedaços de ferro ou rocha do meteoro. Apesar da demora de 13 anos na chegada da primeira expedição, inúmeras outras se seguiram até aos nossos dias (excepção apenas para o período da Segunda Guerra Mundial), tendo chegado às mais variadas teorias para a explicação do fenómeno. A versão oficial Russa (da Academia de Ciências), repetida uma vez mais, este ano, aquando das comemorações do centésimo aniversário do acontecimento, é a de que se tratou de um pequeno cometa (objecto celeste constituído essencialmente por gelo e poeira) que ao contactar com a atmosfera terrestre se incendiou (devido ao atrito com o ar) tendo derretido por completo antes de atingir o solo. De acordo a versão oficial, o lago Cheko com 50 m de profundidade, fica 8 km a noroeste do epicentro. (continua…)
Apache, Julho de 2008

1 comentário:

cris disse...

É sempre conveniente remeter para algo grande, intocável e forte como um cometa... Vou ler mais ( de trás para a frente, ou e cima para baixo, mais propriamente) :)