segunda-feira, 14 de julho de 2008

Vêm aí os carros eléctricos…

Na semana passada, o senhor Pinto de Sousa, com o habitual espalhafato que caracteriza a sua acção, gafes e aldrabices incluídas, anunciou um acordo com a Renault/Nissan para a comercialização em Portugal de carros eléctricos já em 2011. Ao que parece a marca vai estrear os carros um ano antes (2010, portanto) em Israel, estando previsto o lançamento dos mesmos na Dinamarca no início de 2011, chegando depois ao nosso país na segunda metade do ano. Segundo a Renault, serão (numa primeira fase) introduzidos no mercado nacional 4 mil veículos destinados a empresas, podendo posteriormente ser introduzidos (por volta de 2020) veículos destinados a particulares. As empresas adquirirão o carro, com motor (ou motores, segundo consta, um para cada eixo) eléctrico, alimentado por uma bateria que se manterá propriedade da marca, pagando uma mensalidade por um pacote de carregamentos (20 numa primeira fase) que efectuarão em postos próprios que a Renault vai construir em parceria com outras empresas. O acordo parece (como convém) satisfazer ambas as partes. O Governo anuncia com grande propaganda, já para daqui a 3 anos, algo que nos próximos 10 terá uma cota de mercado insignificante, desdobrando uma vez mais a já bafienta bandeira ecológica. A Renault aproveita para testar a resposta do mercado a este tipo de veículo, praticamente não correndo riscos inerentes ao negócio, que deverá ser subsidiado na quase totalidade pelo Governo e pela União Europeia, embolsando ainda mensalmente (além do pagamento a prestações das viaturas) os lucros das cargas das baterias. Aproveitando ainda para testar a durabilidade dos motores, único calcanhar de Aquiles desta tecnologia, se excluirmos a autonomia e o tempo de carga das baterias, que espero sejam de iões Lítio (semelhantes às dos telemóveis). Para já, a marca não anunciou nenhum pormenor técnico dos carros, mas é de esperar um custo de produção idêntico ao associado a motores a gasolina de igual potência, o que significa um preço de venda ao público bem abaixo do dos carros actuais, porque os veículos eléctricos estão isentos de Imposto Automóvel e como o IVA incide também sobre este imposto, os carros eléctricos pagarão também menos IVA. Estes veículos estão também isentos do Imposto de Circulação (vulgo Imposto de Selo). Quanto ao desempenho dos carros, será de esperar uma velocidade máxima idêntica à dos carros com motores de combustão de idêntica potência e, acelerações e recuperações muito melhores, pois o motor eléctrico apresenta um binário máximo praticamente desde o arranque. Quanto à segurança passiva e activa, nada tem a ver com a questão mecânica, portanto não se esperam alterações. É ainda espectável uma assinalável redução no ruído do motor. As grandes questões que se levantam e me levam a aconselhar, quem precisar de mudar de carro nos próximos anos, a esperar para ver, antes de se meter em aventuras, prendem-se, como já referi, com a durabilidade dos motores no pára-arranca das nossas cidades e com o tempo de carga e mensalidade das baterias. Quanto à questão ecológica, nada de euforias, não à gases a saírem pelo escape, mas mais de 60% da electricidade que se produz em Portugal é proveniente da queima de carvão e fuel, as fábricas de baterias estão entre as industrias mais poluentes e a reciclagem das mesmas no final da vida (que não será (para já) superior a 3 ou 4 anos) também não se vislumbra tarefa fácil.
Apache, Julho de 2008

5 comentários:

Cleopatra disse...

É?? Tipo eléctrico da Carris???

Apache disse...

Parece que não terão precisarão de carris nem de ligação eléctrica permanente à rede como os eléctricos e os comboios, pois funcionarão a pilhas. Segundo diz o CEO da Renault “terão um design sexy”. A Nissan (marca detida maioritariamente pela Renault) apresentou recentemente um protótipo de carro eléctrico no salão automóvel de Frankfurt, em 2007, o Mixim, que era bonitinho, mas tratando-se nesta fase inicial de veículos comerciais não deverão ser tão atraentes em termos estéticos. Especula-se na Renault que se o mercado “aceitar” bem os veículos eléctricos, o Mixim poderá substituir o Micra dentro de 10 anos.
Aqui fica o vídeo de apresentação do dito.
http://www.youtube.com/watch?v=i5KE3E3Htz0&feature=related

cris disse...

Eu vou gostar de ver. Lembrei-me do consumo de electricidade e segundo me explicaram, a mudança de baterias nas grandes viagens vai ser um fartote de riso. Em vez de se verem colchões nos tejadilhos, ver-se-ão... baterias. quanto ao resto da manutenção, desconfio que o melhor mesmo é a bicicleta. Tou a ficar possessa com o meu.

Boa sexta

Apache disse...

Percebi que não nos deixam comprar as baterias e só nos cedem uma que vamos carregando ou se tivermos muita pressa trocamos na estação de serviço. A manutenção deveria ser mais barata que a dos actuais carros com motores de combustão, a ver vamos, se é assim.
Também ando com algum azar com o meu, há duas semanas foi um furo que obrigou à troca de dois pneus e na noite de sábado para domingo passado alguém me fez um furo na porta com um berbequim (provavelmente a pilhas) mesmo ao lado da fechadura para o tentar roubar. Isto com ele estacionado mesmo à porta de casa, imagina se estivesse longe.

Boa sexta.

cris disse...

Fiquei de boca aberta ao ler isto... Maré de azar tb :) O que vale é que depois... passa.