quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Passar é ‘bué da fixe’…

De acordo com os dados publicados pelo Ministério da Educação, tornados públicos, ontem, a taxa de reprovações nos ensinos básico e secundário, atingiu no passado ano lectivo (2007/2008) o valor mais baixo da última década. A melhoria dos resultados, ao que consta, ter-se-á verificado em todos os níveis de ensino. Quando comparadas com o ano anterior, as reprovações diminuíram 3,5% no secundário e 2,5% no básico. Perguntada pelo jornalista do Correio da Manhã se estava satisfeita com os resultados, a Ministra respondeu: “Muito. Diminuímos o insucesso e o abandono. É motivo de alegria e orgulho para todos.” Justificando os resultados, a 'douta' senhora afirma que resultam “de um trabalho continuado: mais tempo de estudo acompanhado, o Plano de Acção da Matemática, planos de recuperação, escola a tempo inteiro.” Senhora Ministra, não confunda os professores com a gentinha dos gabinetes ministeriais, motivo de orgulho para um professor é os seus alunos demonstrarem elevado grau de conhecimentos, não uma equipa ministerial mostrar capacidade de manipulação estatística. Para lhe reavivar a memória, lembro que o Estudo Acompanhado existe apenas no ensino básico, o Plano de Acção da Matemática, também foi implementado apenas no básico e somente nos dois últimos anos, não tendo sido aplicado a nenhum aluno que agora completou o 12º ano, planos de recuperação também só existem no básico e a escola a tempo inteiro, apenas no 1º ciclo. O que significa que não apresenta qualquer justificação válida, para as melhorias reveladas pelas estatísticas, no ensino secundário, onde as reprovações caíram em relação ao ano passado: 1,6%, no 10º ano; 4,2% no 11º ano; e 3,3% no 12º ano. Em comparação com o início da década de noventa, o número de chumbos diminuiu escandalosamente cerca de 50%, apesar da massificação da escolaridade obrigatória até ao 9º ano, ter trazido para o sistema mais alunos com dificuldades de aprendizagem. Em compensação, enquanto nessa época os alunos, à saída do secundário sabiam qualquer coisinha, hoje, salvo honrosas e escassas excepções, repetem frases avulsas lidas em manuais e copiam acriticamente textos encontrados na Internet. A capacidade de raciocínio de alguns é tão fraca que o único futuro que se lhes augura é um cargo no governo. Alguns, com a cunha certa, talvez cheguem a ministros da educação e então, tal como acontece hoje, será inútil explicar-lhes que o sucesso educativo se mede pelo grau de conhecimentos dos alunos e não pelas percentagens de aprovação.
Apache, setembro de 2008

2 comentários:

Diogo disse...

Muito honestamente, considero a maior parte da matéria que é dada uma merda. Talvez hoje menos do que no meu tempo.

Outra coisa é o que se exige. Sócrates está decididamente interessado num triunfo na educação. Dê por onde der.

Apache disse...

Sócrates esta essencialmente interessado na melhoria das estatísticas, o resto que se lixe.
Não conheço em pormenor os conteúdos da generalidade das disciplinas para poder fazer comparações com o meu tempo de aluno, até porque algumas não são as mesmas. Falo apenas das duas que me são mais próximas: a Matemática está (aproximadamente) na mesma em termos de conteúdos, apenas mais facilitada nos exames; a Físico-Química ganhou carga horária mas perdeu aprofundamento de conteúdos fundamentais ao prosseguimento de estudos, em troca, ganhou os conteúdos propagandísticos da moda: buraco do ozono, aquecimento global, big-bang, funcionamento do sistema GPS, etc. Esta última piorou significativamente.
Também acho que a Língua Portuguesa está pior, mas como não é a minha área…