Metade de mim é fogo,
metade de mim é chama.
Metade de mim tem fome,
metade de ti, reclama!
Metade de ti é água.
Metade de mim, desvario.
Metade de mim tem sede
de navegar no teu rio.
Metade de mim juntou
mas a razão quer separar.
Metade de mim odeia
a metade que te quer amar.
Metade de mim é guerra,
metade de mim, trovão.
Metade de mim combate
a força oculta da paixão.
Metade de mim é vulcão,
sombra negra de morte.
Metade de mim é ilusão
desfeita pelos ventos da sorte.
Metade de mim é vazio,
metade, nada contém...
Metade de mim és tu,
a outra metade, ninguém!
Apache, Maio de 2006
18 comentários:
Será que todos os homens sentem assim?
Ando baralhada com umas cabecitas masculinas que para aí andam.
São mais complicadas que alguns complicados temas técnicos...bla bla bla bla...
Devolvo a pergunta. Será que todas as mulheres sentem assim?
"Ando baralhada com umas cabecitas masculinas que para aí andam."
Desilusão ou fascínio?
E quem são os eleitos?
Eleitos???
Ora que não faz por menos!
De qualquer forma... gostei da pergunta!!
os eleitos são desilusão e fascínio ao mesmo tempo.
Não é sempre assim????
Muito bonito!
Com mais tempo comentarei este poema à altura!
"Metade de mim é vazio,
metade, nada contém...
Metade de mim és tu,
a outra metade, ninguém!"
Interessante!
É a primeira vez que vejo um manifesto nihilista sob a forma de poema.
Portanto, desta vez, para variar, o Xavier resolveu elogiar o meu poema... Obrigado!
Reagindo à provocação...
Niilista no sentido em que Nietzsche o entendeu, não! Prova disso é que sou cristão convicto! Mas niilista no sentido dado inicialmente por Ivan Turgueniev em "Pais e filhos" de alguém que contesta em simultâneo o conservadorismo e a irreverência radicalista, sem dúvida!
Conhece aquele provérbio, "de médico e de louco, todos temos um pouco"? Aí tem um "manifesto" niilista.
É niilista a desilusão! É niilista a guerra!
Por vezes, vale tudo, mas... no respeito por determinados princípios "sagrados"!
Confuso?...
Sabe que mais... (para castigo) vou "linká-lo"!
Abraço!
Abraço aos dois!
De uma forma niilista ambos o merecem!
Ah! E linke-o porque o Xavier merece.
Só eu não consigo pôr o raio dos links no meu blog.
Voltei!
Este poema lindo faz-me lembrar imenso a minha "História sem fim". Por isso fiz uma adaptação...
"Metade de mim é o ópio do sonho, o nevoeiro da cor…
outra metade o silêncio turvo do eclipse da vida…
Metade de mim é a seiva de noite… o aroma da dor…
Metade o riso amargo… metade a lágrima perdida…
Metade de mim é a história sem fim, a folha queimada…
Outra metade é a pegada na lama… o rasto de ser…
Metade é o frio da pedra… a sombra do nada…
Outra metade o destino que não vai acontecer…
Balha-me Deus... agora temos "um" abraço a três... ainda bem que é virtual senão lá se ía a minha reputação!
Vá lá, façam-me o favor de terem uma óptima semana...
Quantos aos links, vamos ter que tratar disso!...
Sabes Morgana, este teu poema é das melhores coisas que já li.
Raios...
Detesto ter de concordar...
E pela colocação, significação e a própria escolha das palavras ninguém duvidaria se fosse subscrito pelo Eugénio de Andrade, por exemplo.
Definitivamente, o sensitive side of morgana destronou, neste poema, o dark side.
Meu Deus!!!!
É desta que o teclado se avaria!! A baba já vai na fila do "ASDF..."!
Muitíssimo obrigado aos dois pelos elogios pela "História sem fim" (que aqui não está completa!)!!!
Do que escrevi até hoje, é também o poema de que gosto mais!
O Apache já o conhece, mas se o Xavier quiser lê-lo todo, está na 4ª postagem de Janeiro.
Ó Xavier! Quem lhe disse que o dark side não é sensitive? ;)
Morgana, Morgana
Tau tau!
Pois o que eu disse foi precisamente que era "sensitive".
Acontece que "neste poema" o "sensitive side" destronou o "dark side".
É ou não é?
Fui ver
É impressão minha ou há efectivamente fortes influências do Eugénio?
É que aquelas são palavras... mordidas, que esmagam com o peso de uma flor...
Pensei dizer "parabéns", mas não o faço, por ser simplesmente pretensioso da minha parte.
Prefiro dizer: Obrigado.
Na altura em que escrevi este poema lia alguns poetas...entre os quais Eugénio de Andrade...mas sinceramente não me lembro se foi ele que mais me influenciou...
E eu é que digo OBRIGADO!
Apache, vai à procura da metade que amas.
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