terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Mais vale tarde...

Stephen Hawking, o Físico teórico inglês de setenta e dois anos, é provavelmente o mais mediático dos cientistas actuais. A ambiguidade e a polémica contida em muitas das suas afirmações fizeram dele um dos maiores especuladores da Astronomia moderna, além de o colocarem frequentemente nas primeiras páginas das mais conhecidas publicações científicas. O Físico, membro da Pontifícia Academia das Ciências (nomeado em 1986 por João Paulo II) apesar de ateu convicto, é um recordista de sobrevivência à Esclerose Lateral Amiotrófica (a doença do popular desafio do balde de água gelada) que lhe foi diagnosticada aos 21 anos de idade.
Hawking, autor de várias pequenas teorias sobre os "buracos negros" (nomeadamente: os “buracos negros primordiais”, as “leis” da mecânica do buraco negro, a "radiação Hawking", etc.) publicou, a 22 de Janeiro passado, um pequeno artigo onde afirma não existir “horizonte de eventos”, o que significa que a luz pode escapar à brutal força de atracção gravítica exercida pelos “buracos negros” e, assim sendo, os “buracos negros” também não existem, pelo menos na forma como Hawking (e outros) os tem imaginando.
Apache, Dezembro de 2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

"O Ministro Chupa-Chupa"

"Foto da minha rua, conforme se encontra há nove dias bem contados

Pagar IMI em Palmela é isto. Todos os anos há festa, febras, vinho e barraquinhas, mas certas imperfeições permanecem imunes ao bem-querer da dinastia que gere o burgo.
Já sei, para alterar o comportamento dos cidadãos, que não aproveitam estes restos nutritivos, devia ser taxado cada quilograma de desperdício que onera o desempenho laboral-constitucional dos expeditos funcionários da Câmara Municipal de Palmela, tornando impossível a recolha atempada dos detritos.
Esta merda está assim há uma semana. Uma semana. E há outro case study: só este ano já cá veio duas vezes o rapaz montado no rolo compressor, passar gravilha e poeira sobre os buracos da rua. Que eu veja, fá-lo há cinco anos. Entretanto chove, como é normal que chova, e volta tudo ao mesmo. Pelo mesmo custo, já a teriam alcatroado.
Talvez também aqui fizesse falta uma taxa, por direitos de passagem: os pés dos moradores alargam os buracos e elevam no ar bactérias e fungos possivelmente ameaçados de extinção, pondo em causa o moderno ecossistema que é Portugal.
Aliás, tratando-se para mais de um país onde, como reiteradamente afirmou ontem no Prós & Contras o menino Jorge Moreira da Silva, estamos finalmente a par - só nos faltam autocarros eléctricos, camiões a gás e punições maiores para quem trabalha - das outras salas deste manicómio que é a Europa.
Para o que eu havia de estar guardado com esta idade. O ministro do Ambiente parece um daqueles putos a quem nos dava vontade de cobrir de lambadas quando andávamos na escola. A par de Eurico Dias, que está provavelmente na calha para o substituir quando o Marajá do Roxy ascender ao trono, Jorge Moreira da Silva é dos copinhos-de-leite mais enervantes que tenho visto pagar com os nossos impostos.
E é um sovietizado exemplar, senão vejamos o tom de grande educador pesporrento, emitido por um imberbe daqueles ainda a ecoar à mastigação de Cerélac por todos os poros, coisa que num país civilizado daria direito, no mínimo, ao suplício da estrapada.
Aqui? Balidos...
Frases que cativam e despertam a vontade de desintegrar o partido inteiro que pensou, germinou e deixou eclodir Jorge Moreira da Silva: "se queremos mudar o comportamento dos cidadãos, este é um bom começo". Como se fosse o comportamento dos cidadãos, e não a cristalizada, quando não demolida, rede de transportes públicos - mas cujos funcionários auferem subsídios do primeiro mundo - o problema, e sim o demoníaco automóvel onde diariamente as pessoas, por falta de opção, levam miúdos à escola, compram mercearias, vão trabalhar e pagam multas e taxas e coimas e arruínam, nos fossos a céu aberto que são as estradas municipais, esse mesmo súcubo motorizado.
Senhor Ministro, vá mudar uma coisa que eu cá sei. Estou fartinho de si e dos seus congéneres até ao vértex."
Fernando Melro dos Santos, no blogue Estado Sentido

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ignorância versus ilusão

“O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento.”

domingo, 2 de novembro de 2014

Gelo da Antárctida atinge o maior valor de “sempre”

No passado dia 21 de Setembro, antepenúltimo dia do Inverno Austral [a Primavera do Hemisfério Sul (Outono do Norte) iniciou-se às 3:29 (hora de Lisboa) do dia 23 de Setembro] o gelo que cobre grande parte do mar que rodeia o continente dos “gelos eternos” atingiu o seu maximum maximorum. Ou seja, foi alcançado o valor mais elevado, desde que se iniciaram os registos, para a área de gelo que rodeia a Antárctida. O novo recorde é de dezasseis milhões oitocentos e sete mil quilómetros quadrados.
Considerando o gelo marinho e o continental, no Inverno deste ano, em redor do Pólo Sul, o gelo atingiu uma área superior a 30,5 milhões de quilómetros quadrados, o valor mais elevado alguma vez “visto” pelos satélites (e que corresponde a mais do triplo do tamanho da Europa). Recordo que o gelo da Antárctida corresponde a mais de 85% do gelo total do planeta.
Os dados são da responsabilidade da National Snow and Ice Data Center e foram (como habitualmente) obtidos pelos radiómetros SMMR e SSM/I instalados a bordo de satélites da NASA.
A imagem abaixo, mostra a variação do gelo marítimo que rodeia a Antárctida desde que em 1979 se iniciaram as observações por satélite.
[Cliquem na imagem para ampliar]
Apache, Novembro de 2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

“Portugal e o futuro”

“(…) Excluindo os próprios envolvidos, os compadres, os amigos de ocasião e os fanáticos, ninguém confia no governo. De trapalhada em trapalhada, a pedir desculpas ou paciência, o bando liderado pelo Dr. Passos Coelho arrasta-se como o Benfica na "Europa", rumo ao desastre final. Dizer que em três anos o bando refreou o défice à custa da receita é a única coisa parecida com um elogio que estes senhores suscitam. O resto, a austeridade sem retorno ou uma desmesurada carga fiscal acompanhada por zero reformas dignas do nome, provou que nem o machado da troika corta a raiz do pensamento pátrio.
Excluindo os próprios envolvidos, os compadres, os amigos de ocasião e os fanáticos, ninguém confia na oposição. Especialista em intercalar o silêncio com as mais descaradas asneiras produzidas para cá de Caracas, o Dr. Costa, rodeado por puros malucos e oportunistas de carreira, já fareja o poder e ameaça usá-lo com a voracidade dos famintos. Em 2014, continua a haver malária, esclavagismo e, no que nos toca de perto, quem defenda o "investimento" público e o crescimento por decreto sem corar de embaraço.
Mesmo estafados, certos clichés do Parque Mayer, incluindo o do "tacho", merecem recuperação: partidos à parte, toda esta gente luta por um objectivo comum, o de alimentar o Estado de modo a dispor dele. A novela da PT em curso é exemplar, principalmente se atendermos à procissão de vultos que agora reclama a respectiva nacionalização e à procissão de familiares dos vultos que antes conseguiu lá emprego.
Existem diferenças? Algumas, que só importarão aos picuinhas: o PSD disfarça, o PS assume. O PSD explora a absurda aura "liberal" que lhe colaram, o PS jura-se de esquerda. O PSD nega o evidente assalto ao contribuinte, o PS promete-o com orgulho. O PSD mata com álibi, o PS esfola por missão. O PSD finge salvar o país da ruína, o PS não distingue a ruína da salvação. E o povo, pá?, perguntava uma cantilena. O povo, quando não conta os cêntimos, saltita entre a crendice e o desnorte, a resignação e o berreiro, a esperança e a realidade. Mas, quando conta os cêntimos, o povo pressente que o pior ainda não chegou.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias”

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Os Primários do PS


Helena Roseta para António Costa: “tens que fazer no país o que estás a fazer em Lisboa”.
O meu vizinho do 2.º Esq. para António Costa: "se vejo algum monhé a entupir as sarjetas aqui da rua, corro-o a pontapé".

domingo, 28 de setembro de 2014

Pesquisa inconveniente (2)

As “ilhas de plástico”
O Projecto Malaspina permitiu também, não propriamente uma conclusão, antes uma constatação que já quase "toda a gente" sabia mas raramente aparece referida na comunicação social: a famosa “Ilha de Plástico”, supostamente existente entre a costa dos estados norte-americanos do Oregon e da Califórnia e o arquipélago do Havai, obviamente, não existe. Muito menos, as cinco “ilhas” modernamente alegadas. [Após o sucesso mediático da invenção da dita ”Ilha de Plástico” (numa zona, relativamente isolada, para onde a circulação oceânica conduziria os plásticos flutuantes) alguns oportunistas alegaram existirem ainda mais quatro ilhas “idênticas” noutras tantas zonas remotas do planeta, onde as correntes oceânicas são similares.]
A possível existência da “ilha” foi prevista em 1988 pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos Estados Unidos e “confirmada” em 1997 pelo oceanógrafo e velejador desportivo, Charles J. Moore, no regresso da competição de veleiros “Transpacific Yacht Race”. No entanto, só em 2008 a “ilha de plástico” atingiu o estatuto de verdadeiro mito urbano quando em Fevereiro foi sucessivamente anunciada pela BBC e pelo jornal britânico “The Independent”. Apesar de nunca ter sido captada qualquer imagem de satélite, sequer de avião, da alegada “ilha”, esta chegou a ser anunciada com sendo do tamanho do Texas. Justificando esse facto, alguns ambientalistas alegaram que a “ilha” (mas tarde, cinco “ilhas”) seria constituída por pequenas partículas de plástico que só poderiam ser observadas nos locais, de muito difícil acesso, a bordo de embarcações.
Confirmou-se “agora”, através desta expedição, que as “ilhas” não existem e que a quantidade de plásticos nos oceanos não tem aumentado desde a década de oitenta do século passado. A máxima concentração encontrada aproxima-se dos 200 gramas de plástico por quilómetro quadrado de oceano (o equivalente, em média, a uma garrafa plástica de um litro e meio, por cada 21 campos de futebol) cerca de 26 vezes inferior ao que é habitualmente alegado em textos menos sensacionalistas (por exemplo a Wikipédia, de 5,1 quilogramas por quilómetro quadrado).
Apache, Setembro de 2014 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pesquisa inconveniente (1)

 
Projecto Malaspina

Dois navios espanhóis, o “Hespérides” e o “Sarmiento de Gamboa”, actuando ao abrigo do Projecto Malaspina, percorreram, entre Dezembro de 2010 e Julho de 2011, 42 mil milhas náuticas (cerca de 67 mil quilómetros, o que corresponde a mais de uma volta e meia ao mundo) com 400 investigadores, de dez países, a bordo, recolhendo 70 mil amostras de água, ar e plâncton.
Três anos depois de terminada a expedição, Carlos Duarte, oceanógrafo impulsionador e director do Projecto Malaspina, deu a conhecer, em declarações ao jornal espanhol “El País” (publicadas no passado da 16), algumas das principais conclusões:
- A capacidade dos oceanos degradarem os plásticos e outos poluentes neles (indevidamente) lançados é maior do que se acreditava;
- A quantidade total de alforrecas, nos oceanos não está a aumentar (contrariamente ao que prevê a propaganda associada às alterações climáticas);
- As reservas de peixe são (conforme as espécies) entre 10 e 30 vezes superiores ao que indicam as estimativas.
Apache, Setembro de 2014

sábado, 20 de setembro de 2014

Portugal tem 50% mais deputados que a média da União Europeia

A propósito da recente proposta (finalmente, uma com lógica) de Tó Zero (in)Seguro de redução do número de deputados, na Assembleia da República, para 181 (na linha dos 180 há uns anos propostos pelo PSD) e da oposição (esperada) de Toninho Chamuça e dos partidos à esquerda do PS, que vêm nesta redução enormes dificuldades em empregar os boys dos respectivos aparelhos partidários, lembrei-me de comparar o número de habitantes por cada deputado eleito nos vários países da União Europeia.
Portugal apresenta 47 017 residentes por cada deputado (número resultante da divisão dos 10 813 834 habitantes pelos 230 deputados com assento parlamentar) colocando-se na 11.ª posição face aos 28 membros da UE, com 50% mais deputados que a média da União (que apresenta 70 310 habitantes por deputado).
A lista de países com mais habitantes por cada deputado eleito (ou se preferirem, com menos deputados considerando a população residente) é liderada pela vizinha Espanha, com 136 394 habitantes por cada um dos seus 350 deputados (comparativamente, quase três vezes menos deputados que nós). Em segundo lugar está a Alemanha, com 130 220 habitantes por cada deputado eleito. No terceiro lugar aparece a França com 114 834 habitantes por deputado.
Os últimos lugares desta lista são ocupados pelos países mais pequenos da União (os três últimos são: a Estónia, o Luxemburgo e Malta) que são os que apresentam maior número de deputados em comparação com o número de habitantes.
Alguns países apresentam duas Câmaras e, por isso, comparei também os deputados do nosso parlamento com a soma dos deputados e senadores nos países que possuem duas “assembleias”, sendo que, neste caso, Portugal sobe para o 8.º lugar, duma lista encabeçada pela Alemanha, que apresenta 117 217 habitantes por cada representante com assento nas suas duas câmaras. No segundo lugar aparece a Espanha, com 77 876 residentes por cada represente “parlamentar”. O terceiro lugar passa agora a ser ocupado pela Holanda, com 75 010 habitantes por cada um dos 225 eleitos para as suas duas câmaras.
Segue a lista completa.
[Cliquem na imagem para ampliar]
Apache, Setembro de 2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Indesejada premonição


Marcello Caetano pressagiou, desta forma, as consequências político-económicas da revolução (de 25 de Abril de 1974) que teve como principais desfechos: a perda das províncias ultramarinas e a instauração do socialismo.
“Sem o Ultramar estamos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade das nações ricas, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava em vésperas de se transformar numa pequena Suíça, a revolução foi o princípio do fim. Restam-nos o Sol, o turismo, a pobreza crónica e as divisas da emigração, mas só enquanto durarem.
As matérias-primas vamos agora adquiri-las às potências que delas se apossaram, ao preço que os lautos vendedores houverem por bem fixar.
Tal é o preço por que os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade!”
"Marcello Caetano, Confidências no Exílio”, de Joaquim Veríssimo Serrão.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O Costa, da Parvónia


“A cada semana, António Costa revoluciona a ciência económica. Primeiro foi a tese de que a riqueza é preferível à austeridade, inovadora aplicação na macroeconomia do princípio de Maria Antonieta. Depois, descobriu que o problema não é o excesso de licenciados, mas a falta de empregos para licenciados (criam-se os empregos e a chatice fica resolvida). Agora, explicou a uma embevecida plateia de sindicalistas que "não há crescimento sustentável com endividamento, mas também não há crescimento sustentável com empobrecimento", sentença que se comenta sozinha.
Se não se aproximassem as férias, o Dr. Costa ainda estaria a tempo de dizer que: 1) o investimento público é melhor do que o privado excepto nos casos em que o investimento privado é melhor do que o público; 2) o Estado social é sustentável desde que saia baratinho aos cidadãos; 3) Portugal não deve sair do euro enquanto os euros entrarem em Portugal; 4) pelo menos na perspectiva dos destinatários, os salários altos são preferíveis aos salários baixos; 5) o Pato Donald é um boneco.
Brincadeiras à parte, o que é isto? Não é de agora que Portugal não se pode queixar em matéria de produção de políticos absurdos. Mas entre as nulidades sem uma ideia na cabeça e o Dr. Costa, em cuja cabeça fervilham centenas de ideias desconchavadas, vai uma diferença considerável. Já nem falo da tentativa de vender o homem a título de salvador da pátria: falo do homem propriamente dito e da deprimente comparação com aqueles a quem sonha suceder. Ao pé do Dr. Costa, Passos Coelho passa por um modelo de estadista, Sócrates por um sujeito quase ponderado, Santana por um governante responsável, Barroso por um gigante do pensamento, Guterres por um paradigma da racionalidade financeira e Cavaco, ele sim, pelo salvador da pátria que nunca foi. Perante o Dr. Costa, até o jovem António José Seguro parece habitar o mesmo planeta que os restantes mortais.
Em suma, o Dr. Costa é um embaraço ambulante. Logo, provavelmente será depois do Verão o líder do PS e, se os amigos o mantiverem calado entretanto, hipotético primeiro-ministro no ano que vem. Um pessimista vê à distância e, na lógica do "depois de mim virá", tende a imaginar que espécie de calamidade pode aparecer ao País após o Dr. Costa. Um optimista desconfia que, após o Dr. Costa, é improvável haver País.”
Alberto Gonçalves, no Diário de Notícias

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Patrick Moore no Senado dos Estados Unidos

O ecologista canadiano Patrick Moore é doutorado em Ecologia pela Universidade de British Columbia e em 1971 ajudou a fundar a Greenpeace. Foi, durante nove anos, Presidente da Greenpeace Canadá e, durante seis, Director da Greenpeace Internacional. Em 1985 estava a bordo do Rainbow Warrior (o famoso navio que a WWF do Príncipe Carlos ajudou a comprar doando 40 mil libras à Greenpeace) que foi afundado pela marinha francesa quando tentava furar o bloqueio naval que impedia o acesso ao Atol de Mururoa (na Polinésia Francesa) onde os franceses faziam ensaios com armas nucleares. No ano seguinte, Moore retirava-se da organização ecologista.
No passado dia 25 de Fevereiro, Patrick Moore discursou perante a Comissão de Ambiente e Obras Públicas do Senado dos Estados Unidos. O curto mas incisivo discurso, que reproduzo quase na íntegra, com tradução minha, está longe dos tradicionais desvarios dos dirigentes da Greenpeace.

“Em 1971, ainda doutorando em Ecologia juntei-me, no átrio de uma igreja em Vancouver, no Canadá, a um grupo de activistas e navegámos num pequeno barco atravessando o Pacífico, para protestar contra os testes de uma bomba de Hidrogénio realizados, pelos Estados Unidos, no Alasca. Tornámo-nos a Greenpeace.
 
Após 15 anos de liderança tive de deixar a Greenpeace por esta ter efectuado uma acentuada viragem política à esquerda, adoptando politicas que eu não poderia aceitar por contrariarem a minha perspectiva científica. Quando deixei a Greenpeace, as Alterações Climáticas ainda não eram assunto, mas hoje são-no, seguramente.
 
Não há prova científica de que as emissões humanas de dióxido de carbono tenham sido a causa dominante do pequeno aquecimento verificado na atmosfera da Terra, nos últimos 100 anos. Se essa prova existisse, ela haveria de ter sido mostrada para que todos a víssemos. Actualmente, não existe nenhuma prova tal como a entendemos em Ciência.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) afirma que: é “extremamente provável” que a influência humana tenha sido a causa dominante do aquecimento verificado na segunda metade do século XX.”
“Extremamente provável” não é um termo científico, mas um juízo de valor, tal como acontece num tribunal. O IPCC define “extremamente provável” como “uma probabilidade de 95 a 100%”. Mas, após uma cuidada análise, fica claro que estes números não resultam de nenhum cálculo matemático ou análise estatística. Foram “inventados” para fazerem parte do relatório do IPCC exprimindo um “julgamento de peritos”, tal como foi determinado por alguns dos que contribuem para o IPCC.
Estes “julgamentos” são quase integralmente baseados nos resultados obtidos por sofisticados programas de computador desenhados para prever o futuro das alterações climáticas. Tal como foi notado por muitos observadores, incluindo o Dr. Freeman Dyson, do Instituto de Estudos Avançados, de Princeton, um modelo computorizado não é uma bola de cristal. Podemos dizer que é sofisticado mas não podemos com ele prever o futuro melhor do que o faríamos com uma bola de cristal, atirando ossos ou apelando aos deuses.
 
A forma mais simples de expormos a falácia do “extremamente provável” talvez seja olharmos para os registos históricos (…) Quando há 500 milhões de anos surgiram as modernas formas de vida, os níveis de CO2 na atmosfera eram mais de dez vezes superiores aos actuais, ainda assim, a vida floresceu. Há 450 milhões de anos surgiu uma idade do gelo e o CO2 era dez vezes mais abundante que actualmente. Há alguma correlação, mas pouca evidência que suporte uma causalidade entre CO2 e temperatura global, ao longo dos milénios. O facto de termos tido temperaturas elevadas e idades do gelo com níveis de dióxido de carbono mais de dez vezes superiores aos actuais, contradiz a certeza de as emissões humanas de CO2 serem a causa do aquecimento global.
As temperaturas actuais, cuja média global ronda os 14,5 ºC, são semelhantes às da Idade do Gelo do Pleistoceno. Em termos globais, as temperaturas oscilaram entre um mínimo de 12 ºC nos períodos de máxima glaciação e um máximo de 22 ºC, nos períodos quentes, que ocorreram por longos períodos intervalados pelas idades do gelo. Durante os longos períodos quentes não houve gelo nos pólos, todo o planeta teve clima tropical ou subtropical, de pólo a pólo. Há apenas cinco milhões de anos, as ilhas do árctico canadiano estavam totalmente florestadas. Hoje vivemos um período frio na história da vida na Terra e não há razão para creditar que um aquecimento do clima não seja benéfico para os humanos e para a maioria das espécies. Mas há vastas razões para acreditar que um acentuado arrefecimento do clima traria resultados desastrosos para a civilização.
 
Movendo-nos agora para um passado mais recente, é instrutivo estudarmos os registos de temperatura dos últimos 130 anos. O IPCC afirma que os humanos são a causa dominante do aquecimento desde meados do século XX. Entre 1910 e 1940, a média das temperaturas subiu 0,5 ºC. Seguiu-se um período de 30 anos de pausa, até 1970. Por sua vez, este foi seguido por outro período de 30 anos (entre 1970 e 2000) em que a média das temperaturas subiu 0,57 ºC. Daí para cá não houve aumento, talvez um ligeiro decréscimo na média global.
O aumento de temperatura entre 1910 e 1940 foi idêntico ao aumento verificado entre 1970 e 2000. No entanto, o IPCC não atribui o primeiro aumento à “influência humana”. É claro, na sua crença, que as emissões humanas só tiveram impacto na temperatura “na segunda metade do século XX”. O que leva o IPCC a acreditar que o aumento de temperatura após 1950 é causado fundamentalmente pela “influência humana” quando não tem explicação para um aumento idêntico verificado entre 1910 e 1940?
É importante reconhecermos, em comparação com as terríveis previsões feitas na perspectiva de que a subida da média das temperaturas possa atingir os 2 ºC, que os humanos são uma espécie tropical. Surgimos junto ao equador num local onde não existem climas frios. As únicas razões porque conseguimos sobreviver em climas mais frios são: o fogo, as roupas e as casas. Podemos dizer que o frio e o gelo são os inimigos da vida, excepto para as relativamente poucas espécies que se conseguiram adaptar às gélidas temperaturas das idades do gelo do Pleistoceno. É “extremamente provável” que uma média das temperaturas globais superior à actual seja bem melhor que uma mais fria."
Apache, Maio de 2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


Segundo a BBC, um grupo de trabalho da União das Repúblicas Socialistas Europeias Europeia pondera a instalação obrigatória, em todos os veículos, de um dispositivo que permita à polícia parar remotamente os nossos automóveis.
Alguns Primatas não têm consciência das suas limitações cognitivas e, quando não açaimados, tornam-se perigosos.
Apache, Fevereiro de 2014

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Das praxes...


«Não vou comentar os acontecimentos do Meco, de uma escala apesar de tudo rara ou inédita. Mas, dado o clima da semana, julgo ser obrigatório escrever sobre as "praxes" que, ao que consta, provocaram os acontecimentos. Pior ainda, não consigo fugir ao consenso geral: mesmo quando não são propensas ao perigo, as "praxes" são uma manifestação de idiotia e uma explicação para o nível geral do nosso ensino superior.
As reportagens sobre os jovens afogados vão mostrando porque é que tantas criaturas terminam a licenciatura sem uma vaga ideia do respectivo conteúdo, de resto frequentemente superficial. O universo das "praxes" é um currículo à parte, repleto de hierarquias, estatutos, símbolos de honra e desonra, códigos de conduta e normas de vestuário que os leigos devem aprender com zelo, sob pena do que calha, incluindo, em situações extremas, da morte. Não admira que, enquanto se dedicam às ordens do "Dux" (?), os "estudantes" não tenham vagar para o propósito oficial das universidades, as quais assistem impávidas à troca do saber especializado pela iniciação paralela à reverência, à prepotência, à desumanização, ao colectivismo e, afinal, à cretinice. Se a aversão à liberdade é uma marca nacional, o desejo de pertença, uma discutível virtude, realiza-se aqui da maneira mais primária.
"Aqui", onde? É justo distinguir entre universidades com e sem aspas. O peso das "praxes" é menos relevante nas instituições em que os estudantes, por incrível que pareça, têm de estudar. A importância da capa e da batina cresce em função da insignificância da instituição, o que, em Portugal, equivale a dizer que as "praxes", se levadas ao limite da sua essencial selvajaria, são sobretudo característica das "universidades" particulares, por cá quase uma contradição nos termos.
No mundo civilizado, as melhores escolas são, como seria de esperar, as que funcionam à margem do Estado. No mundo que nos tocou em sorte, em que o ensino público já é o que é, a iniciativa privada foi incapaz de criar um simulacro - ou, vá lá, uma caricatura - de Yale ou Harvard. Em vez disso, ergueu uns barracões sem dignidade nem docentes que, grosso modo, encheu com o refugo do numerus clausus. Nesses lugares, as "praxes" fingem uma tradição e servem de currículo. Por regra, a coisa não vai além da trapaça; ocasionalmente, chega à tragédia. Em ambas as circunstâncias, à semelhança dos rapazes e raparigas mortos na praia, as diversas "Lusófonas" são um caso de polícia.»
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias”

domingo, 5 de janeiro de 2014

“Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando” (2)


Dia triste, este em que partiram dois dos mais destacados exemplos de mérito profissional, do século XX: Eusébio da Silva Ferreira (Lourenço Marques, 25 de Janeiro de 1942 – Lisboa, 5 de Janeiro de 2014) o “Pantera Negra” e Nelson Ned d´Avila Pinto (Ubá, 2 de Março de 1947 – Cotia, 5 de Janeiro de 2014) o “Pequeno Gigante da Canção”.
Apache, Janeiro de 2014

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nuno Crato: devagar, devagarinho, ao ritmo jacobino (2)

Depois de completar dois anos e meio à frente do Ministério da Educação e Ciência (MEC), para mais com o Estado a necessitar, cada vez mais, de profunda dieta de emagrecimento não se percebe tanta timidez, tantos recuos, tanta cedência aos caprichos de meia dúzia de alucinados líderes de organizações habituadas a colocarem interesses partidários à frente dos interesses da Escola Pública e do país.
Deixo algumas perguntas que, espero, motivem alguma reflexão.
Porque é que um dos países mais pobres da União Europeia insiste em ter uma das escolaridades obrigatórias mais longas?
Porque é que um dos países da União Europeia com maiores taxas de insucesso avança tão timidamente com o Ensino Vocacional e tarda uma profunda reforma dos currículos e ofertas do Ensino Profissional?
Porque é que um dos países com mais licenciados e mestres em Ensino, no desemprego, permite que instituições de ensino superior de qualidade medíocre continuem a abrir, anualmente, inúmeras vagas? Quanto tempo mais demorará o MEC a perceber que tem de impor uma nota mínima (decente) de acesso a estes cursos e uma limitação significativa da oferta, restringindo-a, preferencialmente, a instituições credíveis?
Quando se perceberá, em Portugal, que só os melhores alunos do Ensino Secundário podem ser professores e não os que entram para esses cursos superiores por não terem média académica para outros ou porque as instituições para onde entram lhes oferecem notas de conclusão que noutras instituições só seriam possíveis atribuir a candidatos capazes de usar simultaneamente dois ou mais neurónios?
Quanto tempo mais esperará o MEC para deixar claro que quaisquer provas de âmbito nacional, independentemente da sua designação e dos seus destinatários, corresponde a uma necessidade social impreterível, pelo que, não poderá ser boicotada (como se está a tornar frequente) pelo (legítimo) exercício do direito à greve, nem mesmo daqueles que por limitações cognitivas ainda não perceberam que já não estamos no PREC?
Apache, Janeiro de 2014