As matérias-primas vamos agora adquiri-las às potências que delas se apossaram, ao preço que os lautos vendedores houverem por bem fixar.
Tal é o preço por que os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade!”
"Eras sobre eras se somem, no tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem... Que as forças cegas se domem pela visão que a alma tem!" (Fernando Pessoa)
País | € | |
1 | Alemanha | 1,81×1012 |
2 | Itália | 1,56×1012 |
3 | França | 1,30×1012 |
4 | Reino Unido | 1,22×1012 |
5 | Espanha | 6,06×1011 |
6 | Grécia | 3,34×1011 |
7 | Holanda | 3,13×1011 |
8 | Bélgica | 2,92×1011 |
9 | Polónia | 2,81×1011 |
10 | Áustria | 1,77×1011 |
11 | Portugal | 1,69×1011 |
12 | Irlanda | 1,20×1011 |
13 | Hungria | 1,11×1011 |
14 | Suécia | 1,04×1011 |
15 | Rep. Checa | 7,49×1010 |
16 | Finlândia | 6,63×1010 |
17 | Dinamarca | 6,49×1010 |
18 | Roménia | 6,33×1010 |
19 | Eslováquia | 3,63×1010 |
20 | Lituânia | 1,61×1010 |
21 | Eslovénia | 1,38×1010 |
22 | Bulgária | 1,15×1010 |
23 | Letónia | 1,07×1010 |
24 | Chipre | 1,04×1010 |
25 | Luxemburgo | 5,96×109 |
26 | Malta | 5,20×109 |
27 | Estónia | 1,20×109 |
Total da UE | 8,77×1012 |
País | € | |
1 | Grécia | 31 074 |
2 | Bélgica | 28 037 |
3 | Irlanda | 25 758 |
4 | Itália | 25 506 |
5 | Alemanha | 22 168 |
6 | Áustria | 21 517 |
7 | França | 19 934 |
8 | Reino Unido | 19 427 |
9 | Holanda | 18 557 |
10 | Portugal | 15 725 |
11 | Espanha | 12 962 |
12 | Malta | 12 732 |
13 | Finlândia | 11 993 |
14 | Luxemburgo | 11 847 |
15 | Dinamarca | 11 741 |
16 | Suécia | 11 412 |
17 | Hungria | 11 109 |
18 | Chipre | 9 269 |
19 | Rep. Checa | 7 347 |
20 | Polónia | 7 298 |
21 | Eslovénia | 6 876 |
22 | Eslováquia | 6 628 |
23 | Letónia | 4 855 |
24 | Lituânia | 4 563 |
25 | Roménia | 2 889 |
26 | Bulgária | 1 628 |
27 | Estónia | 936 |
P.S. 2 – Por lapso meu a Dívida Pública, per capita, da Lituânia aparecia nesta tabela com um valor dez vezes superior ao real, o que fazia com que este país liderasse o ranking da União Europeia. Corrigi o valor às 23:52 de 24 de Novembro de 2011.
País | % PIB | |
1 | Grécia | 142,7 |
2 | Itália | 119,1 |
3 | Bélgica | 100,7 |
4 | Irlanda | 94,9 |
5 | Portugal | 93 |
6 | Alemanha | 83,4 |
7 | França | 82,4 |
8 | Hungria | 80,2 |
9 | Reino Unido | 76,1 |
10 | Áustria | 72,3 |
11 | Malta | 67,8 |
12 | Holanda | 62,7 |
13 | Chipre | 60,8 |
14 | Espanha | 60,1 |
15 | Polónia | 52,8 |
16 | Finlândia | 48,4 |
17 | Letónia | 44,7 |
18 | Dinamarca | 43,7 |
19 | Eslováquia | 41 |
20 | Suécia | 39,7 |
21 | Rep. Checa | 38,9 |
22 | Lituânia | 38,7 |
23 | Roménia | 33,8 |
24 | Eslovénia | 33 |
25 | Luxemburgo | 19,7 |
26 | Bulgária | 16,2 |
27 | Estónia | 6,6 |
«Ricardo Santos Pinto, do blogue “Aventar”, prestou-nos um serviço cívico: recolheu em vídeo [acima] afirmações e promessas de Pedro Passos Coelho, enquanto candidato a primeiro-ministro. O cotejo desse impressivo documento com as medidas tomadas pelo visado, nos curtos quatro meses de poder, evidencia o colossal logro em que os portugueses caíram. Se em quatro meses a sua acção é pautada por tanto despudor e falta de ética, que sobra à nação para lhe confiar quatro anos de governo?
O orçamento do Estado para 2012 é bem mais bruto que o tratamento “à bruta” que Passos Coelho recriminou a Sócrates, no vídeo em análise. Aí se consagra, com uma violência desumana, o que Passos Coelho disse que nunca faria: confisco de quatro meses de salários aos servidores públicos e reformados; fim de deduções fiscais; aumento de impostos, designadamente do IRS e IVA. Ao embuste ardilosamente tecido em ano e meio de caça ao voto acrescenta-se a falácia com que se justifica o assalto aos que trabalham. Com efeito, muito mais que a invocada má gestão das contas públicas no primeiro semestre, da responsabilidade de Sócrates, pesa a irresponsabilidade da Madeira e o caso de polícia do BPN. Na primeira circunstância, ocultando manhosamente o plano de ajustamento, antes das eleições, Passos Coelho protegeu Jardim e escamoteou quem saldaria o escândalo. Sabemos agora que são os funcionários públicos e os pensionistas. Na segunda, enquanto os responsáveis pelo tenebroso roubo permanecem impunes, os contabilistas que governam venderam o BPN ao desbarato, limpinho das dívidas colossais. O povo vai pagar e pedem-lhe agora que não bufe, por causa dos mercados.
Passos Coelho manipula grosseiramente os factos quando afirma que a média salarial da função pública é 15 por cento superior à dos trabalhadores privados. Ele sabe que a qualificação média dos activos privados é bem mais baixa que a homóloga pública, onde trabalham, entre outros técnicos de formação superior, milhares de médicos, professores, juízes, arquitectos, engenheiros e cientistas. Para que a comparação tenha validade, há que fazê-la entre funções com idênticos requisitos académicos. A demagogia não colhe. Como não colhe o primarismo de dizer que não estendeu o corte dos subsídios aos privados porque o Estado não beneficiaria, mas sim os patrões, que pagam os salários. Esqueceu-se de como fez com o corte deste ano? Ou toma-nos por estúpidos?
O orçamento esconde-se cobardemente atrás da troika para invocar a inevitabilidade das suas malfeitorias. Mas vai muito para além do que ela impõe e expõe a desvergonha da ideologia que o informa: quando revê a Constituição da República por via contabilística; quando poupa, sem escrúpulos, os rendimentos do capital e esquece os titulares das reformas por exercício de cargos públicos, numa ostensiva iniquidade social; quando permite que permaneçam incólumes os milhões que fogem ao fisco; quando compromete, sem réstia de tacto político, a solidariedade entre os cidadãos, pondo os que trabalham no sector privado contra os que trabalham no sector público; quando, atirando o investimento na Educação para o último lugar da União Europeia, ao nível dos indicadores do terceiro mundo, não só não desce o financiamento do ensino privado como o aumenta em nove milhões e 465 mil euros; quando, depois de apertar como nunca o garrote à administração pública, aumenta quase quatro milhões de euros à rubrica por onde pagará pareceres e estudos aos grandes gabinetes de advogados e outros protegidos do regime (Sócrates contentava-se com 97 milhões, Passos subiu para 100,7 milhões); quando, impondo contenção impiedosa nas áreas sociais, inscreve 13 milhões e meio para despesas de representação dos titulares políticos; quando, numa palavra e apesar do slogan do “Estado gordo”, apenas emagreceu salários e prestações sociais, borrifando-se nas pessoas e no país e substituindo o critério do bem comum pelo critério do bem de alguns.
Incapaz de ajudar o país a crescer, Passos tomou a China por modelo e acreditou que sairemos da fossa com uma economia repressiva e de salários miseráveis. Refém que está e servidor que é de grupos económicos e interesses particulares, Passos Coelho perdeu com este orçamento a oportunidade de resgatar o Estado. Ministério a ministério, não se divisa qualquer programa político redentor. Não existem políticas sectoriais. Se Passos regressasse à protecção de Ângelo Correia, Álvaro a Vancouver e Crato ao Tagus Park, Gaspar, só, geria a trapalhada que tem sido tecida de fininho. Recordemo-la. Em Maio passado, o memorando de entendimento que o PS, PSD e CDS assinaram com a ‘troika’ consignava para 2012 cerca 4.500 milhões de euros de redução da despesa e cerca 1.500 de aumento da receita (leia-se impostos). Apenas três meses volvidos, o documento de estratégia orçamental do Governo para o período de 2011 a 2015 já aumentava os números de 2012: a redução da despesa pública crescia quase 600 milhões e as receitas a cobrar aumentavam quase 1.200, pouco faltando para a duplicação do número antes considerado. Foi obra, em três meses. A meio de Outubro, novo documento oficial reiterava os números anteriores. Mas eis senão quando, escassos dias volvidos, surge o orçamento, que passa a redução da despesa, em 2012, para quase 7.500 milhões e fixa o aumento de impostos em cerca de 2.900 milhões. Diferenças colossais em documentos oficiais, com quatro dias de premeio, merecem a confiança dos contribuintes? Com a classe média a caminho da pobreza e os pobres a ficarem miseráveis, a esperança morreu. Definitivamente. Bastaram quatro meses. Esperemos que o país acorde e se mobilize.»
Santana Castilho, no “Público” da passada quarta-feira