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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

“Meus caros Portugiesisch”

"Carta de Angela Merkel aos portugueses"


“Permitam-me que comece por esclarecer que, quando digo "meus caros", meço bem as palavras. De facto, vocês são cada vez mais meus, e continuam a ser bastante caros. Está em curso um processo destinado a tornar-vos mais baratuchos, mas permanecem demasiado dispendiosos para o meu gosto. Creio não estar a ser sexista quando digo que todas as senhoras apreciam um bom saldo, e por isso defendo que as reduções de salário que a austeridade vos está a impor podem e devem ir um pouco mais longe. A Europa precisa de portugueses com 70% de desconto. Duas palavras: liquidação total. Quero dizer-vos que recebi com muito agrado as vossas várias cartas abertas. Confesso que achei a maior parte delas pouco macias e absorventes. Sem desprimor para as que tiveram a gentileza de me enviar, prefiro cartas impressas em folha dupla aromatizada. Fica a sugestão, para a nossa correspondência futura. Também assisti, com muito interesse, ao vídeo que prepararam para nós. Estava muito bem feito e constitui mais um motivo de orgulho para os portugueses porque, na Alemanha, são raros os alunos do 8.º ano que conseguem fazer trabalhos de grupo tão bons. Fiquei surpreendida com as informações contidas no filme. Não sabia que os portugueses trabalhavam mais horas, tinham menos férias e se reformavam mais tarde do que os alemães. Qual é a vossa desculpa, então, para viverem muito pior do que nós? Tenho a certeza de que o problema não está nos vossos dirigentes. Todos os que conheço levam muito a sério a missão de servir. (…)”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão”

quinta-feira, 29 de março de 2012

"A Calúnia"

[Clique para ampliar]
Henrique Monteiro, no blogue HenriCartoon

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Macacadas

O escritor e jornalista peruano, Mario Vargas Llosa, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2010, insurgiu-se contra as abreviaturas usadas, (quase) sem regra, por alguns jovens, nas messagens nas redes sociais e nos telemóveis. Diz Llosa, em entrevista dada ao semanário uruguaio “Búsqueda”, que quem “escreve assim, é porque fala assim. Se fala assim, é porque pensa assim e, se pensa assim, é porque pensa como um macaco.” Acrescentando que isso o preocupa.
Apesar de achar enviesado o raciocínio de Llosa, a mim, confesso, também me incomoda que alguém escreva pior que eu. Mas a certos macacos, pelo "visto", não. Pelo que, a curto prazo, não se vislumbra o fim da macacada.
Apache, Maio de 2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Podem ir perfurando o cinto, vem aí o FEEF

Ontem (quarta-feira), por volta das 11 horas da manhã, o Primeiro-Ministro demissionário desmentiu, através de um comunicado do seu gabinete, que Portugal fosse pedir ajuda externa, como anunciava o Financial Times. Por volta das 20:30, o mesmo personagem (ou alguém muito parecido com ele) anunciava em directo, nas televisões, que Portugal, cedendo à pressão que os banqueiros impuseram nos últimos dias, iria pedir ajuda ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), tal como há muito os especuladores desejavam. Sócrates, que já tinha avisado que o mundo muda numa semana, parece querer dizer-nos agora que, afinal, muda em pouco mais de nove horas, o que só poderá ser para acompanhar as mudanças, de antes para depois do almoço, do nosso caricato Ministro das Finanças e agora do senhor Sousa. Ficámos assim a saber que o Zé nunca governaria com ajuda externa, a menos que liderasse um governo de gestão; governo esse que não tem poderes para pedir ajuda externa, no entanto, vai pedir; ajuda essa que não é precisa, mas que se espera não demore a chegar. Ao ouvir o Zé, lembrei-me dum texto publicado no jornal irlandês, Sunday Independent, no passado dia 27 de Março, intitulado “Bit of friendly advice, Portugal” que transcrevo. “Caro Portugal, daqui quem te escreve é a Irlanda. Sei que não nos conhecemos muito bem, mas ouvi dizer que alguns dos meus investidores estão interessados em ajudar-te a sair da recessão. É provável que estejam, durante algum tempo. De qualquer forma, sem querer intrometer-me, tenho lido o que se diz sobre ti, nos jornais, e acho que sou capaz de te dar um conselho sobre aquilo por que estás a passar e sobre o que ainda vais ter pela frente. Em jeito de anedota, costuma perguntar-se: “sabes qual é a diferença entre Portugal e a Irlanda? Cinco letras e seis meses”. Noto que tens estado sob pressão para aceitares um resgate (bailout), mas os teus políticos declaram que estão determinados em não o aceitar. Dizem que só por cima dos seus cadáveres. De acordo com a minha experiência isso significa que irás ser resgatado brevemente, provavelmente num domingo. Mas primeiro deixa-me dar-te uma dica sobre as nuances da língua inglesa. Considerando que o inglês é a tua segunda língua, poderás ser levado a pensar que as palavras: resgate (bailout) e ajuda (aid) implicam que vais receber auxílio dos irmãos europeus, para te livrares das actuais dificuldades. O inglês é a minha primeira língua e era isso mesmo que eu pensava que resgate (bailout) e ajuda (aid), significavam. No entanto, deixa-me avisar-te que, quando fores forçado a aceitar a inevitabilidade deste resgate, não só não te livrarás dos problemas actuais, como ainda irás estendê-los às futuras gerações. Ainda assim, esperam que te sintas agradecido. Se quiseres encontrar o significado em português para esse resgate (bailout) de que se fala, sugiro que pegues num dicionário de inglês-português e procures palavras como: “moneylending (agiotagem), “usury” (usura), “subprime mortgage” (hipotecas de alto risco) ou “rip-off” (exploração). Isto dar-te-á uma tradução mais adequada do que te irá acontecer. Vejo também que vais mudar de governo nos próximos meses. Perdoar-me-ás o meu pequeno sorriso perante isso. Faz tudo o que estiver ao teu alcance para colocares uma camada de tinta fresca sobre as fendas da tua economia. E disfruta, por todos os meios ao teu alcance, por breves momentos, do cheiro dessa tinta fresca. Por aqui, também tivemos um novo governo e isso foi uma boa diversão durante algumas semanas. O que irás descobrir é que esse governo resultará numa ligeira euforia popular. Tal governo, seja ele qual for, fará todo o tipo de promessas, durante a campanha eleitoral, sobre a forma como controlará os credores, e outros enfeites, e a União Europeia sorrirá benevolentemente enquanto essa conversa fiada durar. Assim que esse novo governo tomar posse irá, nas negociações com a Europa, tentar lançar-se num jogo de sombras. É possível, até, que consiga ganhar alguns encontros contra o velho inimigo, seja ele quem for, e até talvez consigas atrair aí algumas visitas de dignitários estrangeiros como o Papa ou outros. Vão sentir-se boas vibrações no ar, pelos breves momentos que a ilusão durar. Aproveita o mais que puderes, esses momentos, Portugal. Porque a realidade vai estar à espera para se te apresentar de novo, mal a diversão saia de cena. O lado positivo de tudo isto é que o preço do golfe se tornou bem mais competitivo por estas bandas. Felizmente, o mesmo está a acontecer por aí, por isso estou ansiosa por te ver em breve. Com amor, Irlanda.” [Tradução minha] Comentários para quê? Porreiro, pá!
Apache, Abril de 2011

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dom Vara I – O Humilde

“O povo não aprende. A notícia de que Armando Vara passou à frente dos pacientes de um centro de saúde de modo a obter um atestado suscitou o inevitável, e repugnante, populismo das massas. Por toda a parte, repetiram-se, por tique ou inércia, as habituais lengalengas sobre o descaramento de uma casta de privilegiados. Eu, que não tenho qualquer simpatia pelo sr. Vara, só consegui ver no episódio humildade. Em primeiro lugar, os privilegiados a sério têm médicos ao seu dispor a tempo inteiro, regiamente pagos para lhes providenciar os diagnósticos, as curas e, lá está, os atestados de que necessitam. O dr. Vara recorre a clínicos do contingente geral, sabe Deus com que riscos para a sua saúde. Em segundo lugar, os privilegiados a sério contam com serviçais para lhes fazerem os recados. O administrador Vara faz os recados pessoalmente, comprometendo a sua atarefada agenda nestas minudências. Em terceiro lugar, quando não arranjam alternativa, os privilegiados a sério visitam hospitais particulares. O eng. Vara resigna-se aos serviços públicos, expondo-se inclementemente aos vírus, bactérias e populares que os frequentam. Em quarto lugar, os privilegiados a sério possuem jactos privados. O prof. Vara explicou a urgência no atendimento com a pressa de apanhar um mero avião comercial, o transporte dos simples. Em quinto lugar, os privilegiados a sério não dão satisfações a ninguém. A inquebrável ética do banqueiro Vara obriga-o a justificar as ausências, do emprego ou das sessões do "Face Oculta", mediante documento adequado. Em sexto lugar, os privilegiados a sério não expõem as maleitas à populaça. A rapidez com que a médica do centro de saúde rabiscou o atestado do arquitecto Vara prova que este não teme exibir a sua debilidade e, além disso, prova que o homem está realmente doente. Tenhamos respeito por quem sofre e por quem, mesmo em sofrimento, anda num evidente corrupio. A produtividade pátria seria outra se a ralé imitasse o exemplo de Sua Santidade Vara I, em lugar de ocupar o ócio nos centros de saúde, a aguardar preguiçosamente a sua vez.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias”

sábado, 20 de novembro de 2010

Olívia costureira versus Olívia patroa (2)

«O ministro das Finanças sempre foi homem de vibrantes debates consigo mesmo. Até agora, porém, permitia-nos, e permitia-se, respirar. Se num ano o Dr. Teixeira dos Santos assegurava a portentosa saúde das contas públicas, só no ano seguinte se resignava à respectiva derrocada. Se num mês garantia que o défice nem chegaria aos 6%, só no mês seguinte aparecia a reconhecer que afinal a coisa rondava os 9%. Se numa semana jurava a impossibilidade de reduzir a despesa, só na semana seguinte admitia cortar aqui e ali. Agora, o homem deu em contradizer-se ao fim de poucas horas. De manhã surge no ‘Financial Times’ a confessar que o "risco" de Portugal recorrer à ajuda internacional é "elevado". De tarde, aparece na agência Reuters a proclamar que o recurso à ajuda internacional "não está iminente" e que não passa de "rumores e especulação". O tique mantém-se suportável porque, por enquanto, o Dr. Teixeira dos Santos reserva um período, mínimo que seja, entre uma afirmação e o seu reverso. Mas nada o impede de, a breve prazo, desatar pura e simplesmente a discutir sozinho em tempo real. Por este andar, não faltará muito para que o vejamos, em conferência de imprensa, a contestar as frases que proferiu dois segundos antes: "É forçoso reconhecer que o pior da crise ainda não chegou." "Não chegou? Claro que chegou. A recuperação económica já é um facto." "Não é, não senhor!" "Ai, isso é que é." "V. Exa. chamou-me mentiroso?" Etc. Talvez tudo não passe de uma estratégia deliberada para confundir os investidores estrangeiros, embora não se perceba exactamente a quem serve a confusão: de cada vez que o Dr. Teixeira dos Santos abre a boca, os juros da dívida sobem uns pontinhos e a famosa "credibilidade" pátria arranja maneira de se afundar mais um bocado. Outra possibilidade é ser o próprio Dr. Teixeira dos Santos a andar confuso, hipótese que ele decerto negará com veemência. E confirmará logo depois.»
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” da passada quinta-feira

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Olívia costureira versus Olívia patroa

Não sei se ainda recordam a célebre rábula interpretada por Ivone Silva. Mas sei que a paródia à pequena empresária e sindicalista (quem diz empresária diz governante) se tem transformado, por artes mágicas da política à portuguesa, em sucessivos casos reais. Seguem (apenas) alguns dos casos mais mediáticos… Há 4 anos, uma das ex-fundadoras do Sindicato de professores do Norte (SPN), a educadora de infância Margarida Moreira era nomeada Directora Regional de Educação do Norte, tendo o seu mandato (que terminou com o de Maria de Lurdes Rodrigues) ficado célebre (entre outras idiotices) pelos textos dos seus despachos. O Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, um dos braços direitos de Lurdes Rodrigues, foi dirigente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SneSup). A actual Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Maria Helena André, foi dirigente sindical, tendo ocupado o cargo de Secretária-Geral Adjunta da Confederação Europeia de Sindicatos. No entanto, o caso mais obtuso é provavelmente o de António Saraiva, que no passado dia 7 foi eleito Presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP). Natural de Ervidel, uma pequena aldeia alentejana, António Saraiva arranjou emprego na Lisnave (nos anos setenta) tendo-se destacado na liderança da Comissão de Trabalhadores da empresa, de onde viria a sair para estudar engenharia mecânica no Instituto Superior Técnico. Curso que nunca completaria. Em 1987 regressou à empresa, agora como director comercial. Pouco tempo depois ingressou na Metalúrgica Luso-Italiana (conhecida sobretudo pela sua marca de torneiras Zenite) tendo-se tornado rapidamente administrador-delegado. Dez anos após a chegada à empresa, António Saraiva já era o seu único proprietário. Pouco tempo depois de se ter assumido como empresário liderou a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins, de Portugal, que lhe abriu as portas para a direcção da CIP. Desde 2002 ocupava o cargo de vice-presidente desta confederação. Agora, com o término de mandato de Francisco Van Zeller, António Saraiva foi eleito em lista única, por consensual proposta da direcção, para o cargo de “patrão dos patrões” do qual tomará posse no próximo dia 21. P.S. A quem pretender recordar o “sketch” acima mencionado, Olívia costureira/Olívia patroa (com recomendação de especial cuidado com todos os feijões-frades deste país) deixo o vídeo do dito.

Apache, Janeiro de 2010

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jobs for the boys

[Imagem surripiada do blogue “We have kaos in the garden”]
Pouco depois de Maria Isabel Vilar, a nova Ministra da Educação assinar, com a larga maioria dos sindicatos de professores (sem que os docentes tenham sido tidos nem achados) um vergonhoso “acordo”, a ex-detentora da pasta, Maria de Lurdes Rodrigues era nomeada por José Sócrates para o cargo de Presidente do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana para o desenvolvimento. Ao que consta, a anarquista com especialização técnica em colagem de selos, toma posse a 1 de Maio próximo. Na política portuguesa, a inteligência ou a competência são valores acessórios, os tachinhos sempre foram atribuídos por razões que à razão escapam.
Apache, Janeiro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

“Escândalos: vantagens e vantagens ainda maiores”

"Há mais de dez minutos que não vem a público um escândalo envolvendo o nome de José Sócrates. Que se passa com este país? O escândalo Face Oculta perdeu o encanto inicial, o escândalo Freeport deixou de produzir notícias, o escândalo das escutas ao Presidente da República esmoreceu, o escândalo da Universidade Independente parece estar parado, o escândalo das casas projectadas na Guarda prometeu mais do que cumpriu, e confesso já ter esquecido o que estava em causa no escândalo Cova da Beira. Julgo falar em nome de todos quando digo que precisamos urgentemente de um novo escândalo. José Sócrates, certamente, não se importa: o primeiro-ministro parece ter tomado uma vacina contra os escândalos. Não há suspeita de indecência escabrosa à qual ele seja vulnerável. Políticos menos resistentes já foram obrigados a demitir-se por causa de anedotas, de sisas que afinal tinham pago, de corninhos. O primeiro-ministro transita de escândalo em escândalo como Tarzan de liana em liana. Nenhum homem é uma ilha, diz o poeta, mas José Sócrates é um homem rodeado de escândalos por todos os lados. Não há escândalo que consiga verdadeiramente furar a barreira de escândalos que o rodeia. Aparece um escândalo novo e a opinião pública boceja: já vimos melhor. Surge uma suspeita inédita e o País encolhe os ombros: podia ser mais escandalosa. Estar envolvido num escândalo é grave; estar metido em vários é uma garantia de segurança. O povo conhece José Sócrates há já algum tempo e sabe que ele pode estar envolvido num escândalo, mas duvida que ele tenha a iniciativa, o desembaraço e a capacidade de trabalho para estar envolvido em tantos. O problema da oposição é, justamente, de abundância: encontra-se perante os escândalos como o burro de Buridan em frente ao feno. De todos os paradoxos filosóficos em que comparecem asnos, este é o meu preferido: o burro faminto tem diante de si dois montes de feno exactamente iguais. Não havendo uma razão para optar por um em vez de outro, é incapaz de escolher e morre de fome. No caso de Sócrates, os escândalos são os montes de feno e a oposição é o burro (há acasos felizes na vida de quem se entretém a compor símiles). A única diferença é que o burro morre sossegado, enquanto os dirigentes dos partidos da oposição definham aniquilando-se mutuamente. Mas ninguém espera que os militantes do PSD tenham o discernimento de um burro."
Ricardo Araújo Pereira, na "Visão" da passada quinta-feira (26 de Novembro)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

As escutas ao Presidente da República

Pelo cartoonista Henrique Monteiro, no seu blogue "HENRICARTOON"

domingo, 17 de maio de 2009

Interpretação alternativa (?) da teoria da pressão

A propósito das alegadas pressões sobre os magistrados que investigam o mediático caso “Freeport”, o jornalista Joaquim Letria escreve com refinado humor… (ou talvez não?!) “Em Portugal já não se pode ser amigo do seu amigo. É o que demonstra o rumor dum estranho caso de alegadas pressões sobre magistrados. Vamos supor que há um magistrado que se vira para colegas e, imaginemos, lhes diz, à boca pequena: «Oh pá, vocês tramam-se!». E insiste: «Resolvam lá isto como os gajos querem, senão dizem adeus à carreira!». E recomenda: «Olha o trabalho da tua mulher que vai para o galheiro, se não mandas arquivar esta porcaria». E recorda: «Tinhas uma vida tão bonita diante de ti e deitas tudo para o lixo por causa dessa tua mania de seres sério!» E sublinha: «Olha que eu conheço estes gajos de ginjeira!» E suplica: «Tenham cuidado, que estes fulanos não são para brincadeiras!». E, desesperado, recorda: «Olhem que ainda falta vir aí o Ninja de Shaolin!» Então, isto são pressões?! Em Portugal já é proibido preocupar-nos com aqueles a quem queremos bem?! Já não se pode ser bom colega, amigo do seu amigo?! Francamente! São pobres e mal agradecidos!” - Joaquim Letria no "24 Horas" da passada sexta-feira
Apache, Maio de 2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"A crise está em crise" - Ricardo Araújo Pereira

"A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado.
Ou estou fortemente enganado (o que sucede, aliás, com uma frequência notável), ou a história de Portugal é decalcada da história de Pedro e o Lobo, com uma pequena alteração: em vez de Pedro e o Lobo, é Pedro e a Crise.
De acordo com os especialistas – e para surpresa de todos os leigos, completamente inconscientes de que tal cenário fosse possível – Portugal está mergulhado numa profunda crise. Ao que parece, 2009 vai ser mesmo complicado. O problema é que 2008 já foi bastante difícil. E, no final de 2006, o empresário Pedro Ferraz da Costa avisava no Diário de Notícias que 2007 não iria ser fácil. O que, evidentemente, se verificou, e nem era assim tão difícil de prever tendo em conta que, em 2006, analistas já detectavam que o País estava em crise. Em Setembro de 2005, Marques Mendes, então presidente do PSD, desafiou o primeiro-ministro para ir ao Parlamento debater a crise económica. Nada disto era surpreendente na medida em que, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, entre 2004 e 2005, o nível de endividamento das famílias portuguesas aumentou de 78% para 84,2% do PIB. O grande problema de 2004 era um prolongamento da grave crise de 2003, ano em que a economia portuguesa regrediu 0,8% e a ministra das Finanças não teve outro remédio senão voltar a pedir contenção. Pior que 2003, só talvez 2002, que nos deixou, como herança, o maior défice orçamental da Europa, provavelmente em consequência da crise de 2001, na sequência dos ataques terroristas aos Estados Unidos. No entanto, segundo o professor Abel M. Mateus, a economia portuguesa já se encontrava em crise antes do 11 de Setembro. A verdade é que, tirando aqueles seis meses da década de 90 em que chegaram uns milhões valentes vindos da União Europeia, eu não me lembro de Portugal não estar em crise. Por isso, acredito que a crise do ano que vem seja violenta. Mas creio que, se uma crise quiser mesmo impressionar os portugueses, vai ter de trabalhar a sério. Um crescimento zero, para nós, é amendoins. Pequenas recessões comem os portugueses ao pequeno-almoço. 2009 só assusta esses maricas da Europa que têm andado a crescer acima dos 7 por cento. Quem nunca foi além dos 2%, não está preocupado. É tempo de reconhecer o mérito e agradecer a governos atrás de governos que fizeram tudo o que era possível para não habituar mal os portugueses. A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado. Agora, somos o povo da Europa que está mais bem preparado para fazer face às dificuldades."
Ricardo Araújo Pereira, na "Visão" de 11/12/2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dos “insultos” no Barreiro e no Seixal…

De visita ontem ao Seixal, onde entregou diplomas aos alunos do Centro de Emprego e ao Barreiro, para a cerimónia de inauguração de novo material circulante na Linha do Sado, José Sócrates viu-se confrontado com manifestações populares que contestavam as políticas de saúde e de educação. No final das acções de propaganda, instado a comentar, o Primeiro-Ministro afirmou: “Já estou habituado. Ao fim de três anos e meio habituamo-nos. O Partido Comunista faz sempre isto com todos os Primeiros-Ministros socialistas, organiza manifestações para insultar políticos.” Ó Zé, tu já foste do PSD e agora lideras o Partido Socialista, mas, aqui para nós que ninguém nos está ‘a ouvir’, passas a vida a elogiar a capacidade mobilizadora dos comunistas. Não achas isso um bocadinho estranho? Será que lá bem no fundo não terás um fetiche pelo PC? Sócrates acrescentou depois: “Quem utiliza o insulto como arma política já perdeu, porque perdeu a razão. O insulto é a arma dos fracos.” Concordo, Zé. Sabes, os professores estão fartos de dizer isso à Lurdinhas, mas ela insiste em insultá-los, pá. Não te importas de lhe repetir estas sábias palavras no próximo Conselho de Ministros, se faz favor…
Apache, Dezembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Morrer da cura

“A person went to a doctor who diagnosed a potentially fatal disease.The doctor prescribed a course of treatment that was claimed to halt the disease and restore good health. Unfortunately the treatment was too much for the person, who died a slow and excruciating death. Many years later a post-mortem was carried out on the patient. It was discovered that the disease was non-existent and the person was very healthy. It was the course of treatment that killed him!
(Sound familiar? Just substitute person for economie; doctor for climate scientist; disease for anthropogenic global warming; and treatment for eliminate CO2 emissions.)"
[William Kininmonth, climatologista, ex-colaborador do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas e da Organização Meteorológica Mundial]
Apache, Setembro de 2008

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Entrevista a José Sócrates - Gato Fedorento

Vale sempre a pena rever um dos melhores momentos do “Gato Fedorento”… Ou será antes, a mais honesta entrevista dada pelo Primeiro-Ministro?

Apache, Abril de 2008

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

O mínimo que lhes podemos chamar é… jeitosas!

Acho que é tempo de animar um pouco este blogue e, para o fazer, nada melhor que publicar umas fotos de “gajas boas”! Desta vez trata-se de meninas já retiradas da “passerelle”, mas futuramente talvez coloque fotografias de outras ainda no activo. Aproveito para deixar um beijinho para a amiga que mas enviou!

Apache, Agosto de 2006

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Quero, posso, Despacho…

Desta vez, a poderosa arma de desconstrução maciça, o Despacho, está na posse de comuns mortais, desprestigiados professores que procuram desesperadamente o seu lugarejo na história, pelo menos na história heróica do seu bairro. Há alguns meses atrás, numa Escola Básica do 2º e 3º Ciclos, da área metropolitana de Lisboa, o Conselho Executivo emitiu um comunicado aos alunos, do qual extraí a seguinte passagem: “ (…) Os alunos não poderão trazer bolas para o espaço escolar, uma vez que estão a partir de hoje proibidos todos os jogos com bolas, neste estabelecimento de ensino, exceptuam-se, obviamente, as aulas de Educação Física, estão igualmente proibidas as correrias desenfreadas dentro do recinto escolar (…)” Confesso que ao ler este comunicado não consegui evitar um largo sorriso, enquanto pensava cá para mim – Como é possível esperar que alunos de uma faixa etária entre os 10 e os 16 anos cumpram uma ordem destas? Afinal quem estava enganado era eu! Inicialmente houve alguma contestação e uma ou outra violação da regra, mas com o surgir das primeiras sansões disciplinares rapidamente se alcançou o objectivo. Hoje, alguns meses após a medida, apenas uma ou outra bola de papel é vista a rolar no asfalto da escola, timidamente pontapeada por adolescentes que se deslocam a passo atrás dela, para não chamarem à atenção de alguns professores e auxiliares de acção educativa que os possam denunciar, ante o olhar cúmplice de outros (nos quais me incluo) que protegem os “prevaricadores”. Mas não se pense que este é caso único, o ridículo tem mais adeptos…. O texto que se segue, datado de 13 de Fevereiro de 2006, é da autoria do Presidente do Conselho Executivo de uma Escola Secundária do norte do país, destina-se a alunos entre os 12 e os 20 anos e, é de uma candura semântica e voluptuosidade de pontuação digna do Diácono Remédios… “Com a Primavera surge uma temperatura amena, uma luminosidade intensa, despertam as plantas, folhas e florzinhas, os insectos, as formigas, as abelhinhas, toda a natureza se alegra. Neste contexto natural, nos jovens e adolescentes despertam também amizades, amores e paixões que os levam a comportamentos teatrais, hollyoodescos, alguns de pura alegria da juventude mas outros, por excessivos, ultrapassam os limites do decoro. Por tudo isto aconselho todos os alunos atingidos pelo Cupido, sofrendo de paixão fulminante que, por respeito por si próprio, pelo outro, e por todos nós que evitem ultrapassar a fronteira do pudor e do decoro, mesmo do Regulamento Interno. Peço a todos Brads Pitts e Angelinas Jolies que evitem manifestações de amor demasiado cinematográficos, perante as multidões, comportamentos só aceitáveis, na paz do Senhor.”
De que havemos de sorrir? Da forma do texto, do seu conteúdo, dos "atropelos" à Língua? O importante é mesmo sorrir, afinal é Primavera! Ah... e, atenção ao decoro, as bolas ficam em casa!...
Apache, Maio de 2006