quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espelho meu, espelho meu… Há alguém mais mentiroso do que eu?

Como é do domínio público, o Primeiro-Ministro reuniu na passada segunda-feira (27 de Julho), por volta das 17:30, na cantina da LX Factory (em Lisboa) com 20 escritores de blogues. Quem quisesse participar, inscrevia-se previamente e esperava pela selecção, que, como é óbvio, escolheria maioritariamente gente próxima do Partido Socialista [como exemplo os blogues: “Jugular”, onde escreve a namorada do senhor José Sousa; “Simplex” blogue de apoio à campanha socialista, “País Relativo”, etc.] e meia dúzia de críticos moderados (com uma ou outra excepção), para dar a tradicional ideia de pluralidade, à “coisa”. Dos vários assuntos abordados, o vídeo abaixo, da autoria do professor Maurício Brito [publicado no blogue “A Educação do Meu Umbigo” (de Paulo Guinote)], destaca a pergunta do participante Tiago Moreira Ramalho, do blogue “O Afilhado”, sobre o número de professores avaliados em 2008, apresentado pela Secretaria de Estado da Administração Pública; assunto abordado por mim, no ‘post’ anterior. Atente-se, nas afirmações do senhor José Sousa: “Eu não tenho a certeza deste número, mas se não for este é parecido.” Refere-se aos 160 174 funcionários do Ministério da Educação, alegadamente avaliados em 2008 (86,5% do total), quando, na melhor das hipóteses, foram avaliados 48 571 (27,74% do total). “Estes números estão fresquinhos.” Como os números apresentados se referem a 2008, deduzo que tenham sido conservados no gelo. “Esta avaliação é a primeira vez que se faz. É a primeira, não tem antecedente histórico.” Falha grave de memória. A avaliação de professores foi suspensa por este Governo, em finais de Agosto de 2005, aquando do congelamento da progressão na carreira. Antes, a avaliação docente decorria desde 1998, ao abrigo do Decreto Regulamentar nº 11/98, de 15 de Maio, que substituiu o anterior diploma que regia a dita avaliação, o Decreto Regulamentar nº 14/92, de 4 de Julho. Destaco também o facto de, aos 2 minutos e 24 segundos (do vídeo), quando o senhor Sousa se apresentava algo atrapalhado, o participante, Hugo Santos Mendes [que curiosamente não consta da lista de participantes previamente fornecida, que escreve nos já citados blogues: “Simplex” e “País Relativo”], assessor da senhora Ministra da Educação, se levantar do lugar e segredar algo ao Primeiro-Ministro. A partir desse momento mágico, o senhor Sousa numa volta de 180º face ao que havia dito, afirma: “Eu não sei responder a esses números. Não sei de que é que está a falar.” Mais comentários, para quê?

Apache, Julho de 2009

domingo, 26 de julho de 2009

"Tonight" - Reamonn

"She never took the train alone she hated being on her own She always took me by the hands and say she needs me She never wanted love to fail she always hoped that it was real She’d look me in the eyes and say believe me And then the night becomes the day and there’s nothing left to say If there’s nothing left to say then something’s wrong Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild And as the hands would turn with time she’d always say that she was my mine She’d turn and lend a smile to say that she’s gone But in a whisper she’d arrive and dance into my life Like a music melody like a lover's song Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild Through the darkest night comes the brightest light And the light that shines is deep inside It’s who you are Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful, beautiful Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild So beautiful and wild"
Tonight - Reamonn

sábado, 25 de julho de 2009

Mentiroso? Talvez não…

Amiúde, baseadas em determinado facto, outras vezes sustentadas em meras previsões (muitas destas, derivadas de modelos matemáticos sem qualquer ligação ao mundo real), há cada vez mais estatísticas para todos os gostos, principalmente, quando do “universo” em análise se selecciona cuidadosamente a “amostra” que dá jeito às conclusões previamente encomendadas. Atente-se nesta notícia do “Exame Expresso” publicada online ontem: “No total, segundo os números avançados pelo Ministério das Finanças e Administração Pública, foram avaliados mais de 300 mil funcionários dos cerca de 345 mil que trabalham na administração central” [referem-se ao ano de 2008]. O que será que se entende por “administração central”? De acordo com a Base de Dados da Administração Pública (BDAP), do dito ministério, divulgada em Setembro de 2006, o número de funcionários públicos, em Portugal, é o seguinte: Administração Directa do Estado: 363 287; Administração Indirecta do Estado: 199 287; Administração Autárquica: 130 650; Região Autónoma da Madeira: 19 956; Região Autónoma dos Açores: 18 784; Órgãos de Soberania: 13 436. Ora, a notícia refere que desta estatística foram excluídas [por os respectivos funcionários não terem sido avaliados nesse ano] “as autarquias e os governos regionais”, e mais não diz. Excluindo, portanto, estes, os restantes funcionários são mais de 576 mil (e esta base de dados não está completa porque os valores são de Setembro de 2006 mas o prazo para a introdução de dados, na mesma, só terminou a 15 de Janeiro de 2007). Insisto na pergunta, a quais destes mais de 576 mil funcionários é que o Senhor Secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, estará a chamar “administração central"? Mais adiante lê-se: “Justiça, Finanças e Ambiente foram alguns dos ministérios mais bem comportados com taxas de avaliação acima dos 90%. Pelo contrário, Saúde ou Educação estiveram entre os piores desempenhos, ainda que acima dos 80%.” O Ministério da Educação (ME) avaliou, em 2008, 80% dos funcionários? Recorro de novo à BDAP para constatar que o ME tem 175 119 funcionários (valor apurado por defeito, pela razão supra mencionada) e que destes (de acordo com a mesma fonte) 138 548 são docentes. Segundo dados (provavelmente inflacionados) divulgados pelo ME, a 30 de Setembro de 2008, nesse ano, foram avaliados cerca de 12 mil professores. Admitindo que foram avaliados todos os funcionários não docentes, isto corresponde a 48 571 avaliações, ou seja, 27,74% dos funcionários. Note-se que não estou a chamar mentiroso, ao Senhor Secretário de Estado, uma vez que pode haver outra justificação para a gritante incorrecção dos dados que apresentou, pode, o Excelentíssimo Senhor, não fazer a mínima ideia de como se calcula uma percentagem.
Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

“Afinal, para que serve a escola?”

“É minha convicção profunda que o próximo responsável pelas políticas educativas tem, obrigatoriamente, de assumir as intervenções que enumerei no último artigo se quiser recuperar a confiança dos professores e travar a degradação do sistema de ensino. Aquele elenco de medidas é politicamente incontornável e instrumento primeiro de uma reconstrução imperiosa. Mas deve ser complementado com uma acção segura de envolvimento da sociedade, num debate social sobre a missão da escola de massas e sobre o significado e pertinência de alguns conceitos que a condicionam definitivamente. Quando reflicto sobre o tema e avalio os estragos dos últimos anos, perece-me evidente que a falta de densidade cultural de quem governou a Educação nacional reduziu a zero o valor intrínseco do conhecimento. Como se a vida se limitasse a utilidades imediatas e a competências instrumentais. Como se nos bancos das escolas se sentassem robôs em vez de pessoas. Afinal, para que serve a escola? Definitivamente, para colocar um determinado acervo de conhecimento ao alcance dos alunos e assim cooperar num processo educacional mais vasto, que a extravasa. O valor instrumental que esse conhecimento possa vir a representar em contexto de vida social deve ser consequência, que não objectivo determinante a que tudo se subjugue. E toda a acção educativa deve ser norteada por esta filosofia, se quisermos seres autónomos, capazes de perceberem o mundo que os rodeia. À ideologia pedagógica que se apoderou do Ministério da Educação juntou-se, nos últimos 4 anos, uma teologia de resultados e uma manipulação estatística que dilaceraram o valor intrínseco do conhecimento, empobrecendo drasticamente a qualidade da escola de massas. A sobrevalorização dos processos por referência ao conhecimento, ditada por uma falsa doutrina de sucesso a qualquer preço, criou mesmo mecanismos perversos de discriminação social. Refiro-me à ideia peregrina de diminuir a exigência do conhecimento a adquirir por determinados grupos, social e economicamente desfavorecidos, assumindo como corolário dessa debilidade uma capacidade intelectual menor desses grupos. Querem mais maquiavélica forma de eternizar as diferenças? Esta desvalorização do valor do conhecimento, porque prejudica os resultados que os responsáveis querem exibir, explica também o aviltamento de certas disciplinas científicas, estruturantes de uma sólida formação humana. Falo da Filosofia, da Matemática, da Literatura, da História e da Geografia, por exemplo. Boa parte da seriedade de conteúdos doutros tempos foi preterida por listas de competências pós-modernas ou por actividades educativas sem substrato cognitivo. Mais uma vez, o resultado é evidente: os pais mais cultos e mais ricos ensinam ou pagam a quem ensine o que a escola não trata; os outros permanecem escravos da rua e da televisão. Este estado de coisas evidencia um erro clamoroso das políticas educativas dos últimos tempos: quando decidiram baixar o nível de exigência cognitiva, acreditando que lograriam assim motivar os culturalmente mais débeis, tão-só generalizaram a mediocridade. Parece óbvio que o caminho passa pela coragem de retomar conteúdos cognitivos nucleares, cujo valor intrínseco seja aceite por via de um debate social que o demonstre. Mas, aqui chegados, dizer que devemos voltar à prevalência dos conteúdos cognitivos centrais e à consagração do valor intrínseco do conhecimento não nos levará além de um simples enunciado de intenções, que só ganhará credibilidade quando concretizado em medidas. Sem as esgotar, que o espaço mais não permite, destaco três, que reputo como prioritárias: 1- Consagrar a autoformação dos professores, assistida por estruturas competentes de supervisão e superação de dificuldades científicas. Não há outro caminho. Tutelar e centralizar a formação contínua seria mais da mesma ineficácia. 2- Retomar a cooperação entre professores, que a competição artificial de uma avaliação do desempenho sem sentido nem ética destruiu. Neste quadro se filia outro erro monumental perpetrado pelo poder, qual seja o de ter conduzido à reforma antecipada, nos últimos anos, qualquer coisa como oito mil docentes dos mais qualificados e experientes, dilapidando gratuitamente, sem visão de futuro e de modo irresponsável, a cooperação intelectual e pedagógica intergeracional, por meio da qual os detentores de maior formação e competência didáctica iam enquadrando e formando em serviço os mais jovens e inexperientes. 3- Expurgar os programas escolares de orientações didácticas e metodológicas sem sentido, que desorientam e castram a autonomia científica e pedagógica dos docentes e reduzem ao ridículo a solidez cognitiva das disciplinas. Este será um trabalho de anos que, pacientemente, irá reconstruindo a consistência e a maturidade de um corpo docente responsável.”
Santana Castilho, Professor do Ensino Superior, no Público de ontem (21 de Julho de 2009)

terça-feira, 21 de julho de 2009

A história repete-se?

“O Árctico parece estar a aquecer. Relatos de pescadores, caçadores e exploradores da região de Spitzbergen e também do Árctico Oriental, apontam todos para alterações radicais nas condições climáticas e para temperaturas tão elevadas que nunca antes haviam sido relatadas naquela área da superfície terrestre.” A 10 de Outubro de 1922, por George Nicolas Ifft, cônsul americano em Bergen, Noruega, em relatório ao Departamento de Estado em Washington D.C. [Tradução minha]
Apache, Julho de 2009

domingo, 19 de julho de 2009

"This is the life" - Amy MacDonald

Uma letra fraquinha, mas uma música que fica no ouvido.

Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sai um Plano de Apoio a Matemática…

A “Lusa” fez circular ao início da tarde de hoje, uma notícia (não assinada) que revela bem o tipo de jornalismo acrítico e subserviente aos interesses políticos, tão em voga na comunicação social portuguesa. Lê-se, na notícia veicula pela “Lusa, entretanto difundida por vários órgãos de comunicação social, que segundo um relatório da Comissão Europeia, divulgado hoje, “os professores portugueses em final da carreira são os mais bem pagos da União Europeia atendendo ao nível de vida do país”. Acrescentando: “se o salário bruto de um professor português no início da sua carreira é de 97,3 por cento do PIB per capita (indicador do nível de vida de um país), essa percentagem aumenta para 282,5 por cento no final dos seus anos de trabalho, de longe o valor mais elevado dos países analisados.”
Ponto 1 – Quem escreve a notícia, ou é muito distraído, ou não sabe que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país não é um “indicador do nível de vida”, mas um dos vários indicadores sobre os quais é possível teorizar sobre o estado da economia. A título de exemplo, nas Bermudas, cujo PIB per capita é superior a 70 mil dólares (o 4º maior do mundo) mais de 3 vezes o português e 50% acima do norte-americano, cerca de 20% da população vive abaixo do limiar da pobreza, tal qual em Portugal.
Ponto 2 – Os números divulgados, referentes a Portugal, estão errados. Claro que o erro, provavelmente não é do autor da notícia mas sim dos autores do relatório. No entanto, tratando-se de números públicos, facilmente verificáveis através da internet (por exemplo), só a avidez pelo sensacionalismo pode justificar a falta de contraditório ao arrazoado debitado de Bruxelas.
Ponto 3 – Não é referido na notícia, se os valores apresentados são líquidos ou brutos e isso altera significativamente as possíveis conclusões dos leitores.
Ponto 4 – A comparação de vencimentos entre as várias profissões, num mesmo país, ou em função do custo de vida, entre países, faz bem mais sentido que a comparação destes com o PIB. Tal comparação torna-se, em muitos casos, ridícula. Atente-se, a título de exemplo, ao PIB per capita de Lisboa, cerca de 36 mil euros, e ao de Viana do Castelo, cerca de 10 400 €. Fará sentido, um professor de Lisboa, com idênticas habilitações e idêntico tempo de serviço, ganhar três vezes e meia mais que um docente em Viana do Castelo?
É por demais evidente, que se quer fazer passar a ideia, anteriormente repetida ‘ad nauseum’ pelos dirigentes do Ministério da Educação que os professores portugueses são bastante bem pagos, por comparação com os seus congéneres da União Europeia. Tal não corresponde à verdade. A generalidade dos professores portugueses aufere salários líquidos bem abaixo da média europeia, nem outra coisa seria de esperar, pois o mesmo acontece com a generalidade das profissões. Apenas no topo da carreira, os vencimentos ultrapassam ligeiramente a média europeia, no entanto, esse topo de carreira é atingido, na generalidade, com mais anos de serviço.
Em jeito de correcção aos valores apresentados na notícia (e alegadamente no relatório de Bruxelas) deixo os números de 2008 (neste ano, o PIB nacional per capita foi de 15 641,65 € - Fonte INE):
Vencimentos ilíquidos:
Escalão mais baixo (contratados) – índice 89 – 786,52 €/mês – 11 011,28 €/ano – 70,4% do PIB
Escalão mais alto – índice 340 – 3 004,68 €/mês – 42 065,52 €/ano – 268,9% do PIB
Vencimentos líquidos:
Mais baixo (solteiro s/ filhos) – 648,88 €/mês – 9 084,32 €/ano – 58,1% do PIB
Mais alto (casado 4 ou + filhos) – 2 208,44 €/mês – 30 918,16 €/ano – 197,7% do PIB
Alguém quer comparar com outras profissões de formação académica superior, em Portugal ou noutro país da União Europeia?
Apache, Julho de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Qual Penélope Cruz, qual Scarlett Johansson, o H1N1 é que está a dar

Se digitarem no Google, Penélope Cruz, aparecem-vos como resultado da procura, cerca de 10,2 milhões de páginas. Se a opção de busca for por, Scarlett Johansson, as páginas encontradas sobem para 13,5 milhões. Confirma-se, portanto, a máxima: “os homens preferem as louras…” ou talvez não. É que, em pouco mais de três meses, a (alegadamente) nova estirpe de vírus da gripe, a H1N1, tornou-se tão mediática que destronou as conhecidas actrizes. Uma pesquisa por H1N1, no citado motor de busca, revela 14,9 milhões de páginas. Já todos sabemos que a popularidade de determinada pessoa nem sempre é directamente proporcional à qualidade do trabalho por si desenvolvido. Parece agora, que idêntica extrapolação é extensiva a muitos outros assuntos. O mediatismo da gripe, que começou por ser suína, depois mexicana e agora é conhecida por Gripe A (como se não existissem mais 143 estirpes de vírus da gripe do tipo A) não pára de aumentar. Em Portugal, (segundo números do Ministério da Saúde) o número de pacientes que contraiu o vírus atingiu hoje a centena. Ainda não percebi o interesse nesta cuidada contagem. Não estado nós perante um surto de gripe (mesmo considerando a totalidade das estirpes, dos três diferentes tipos de vírus da “influenza”), aliás, o Verão (apesar das cada vez mais baixas temperaturas) é normalmente a época do ano mais hostil ao vírus, para quê este preciosismo e esta mediatização? Mesmo no Hemisfério Sul, que atravessa agora o Inverno (estação mais favorável à disseminação da gripe, ainda para mais, quando vários países estão sobre os efeitos de intenso e invulgar frio) o H1N1 não tem, felizmente, justificado o alarmismo que grassa na comunicação social, mundo fora. Sabe-se que o sistema imunológico humano se debilita em situações de stress e de medo ou pânico, então porquê insistir nestas ridículas e minuciosas contagens? Acaso os jornalistas ou as autoridades de saúde se deram ao trabalho de comparar, em determinado período de tempo, o número de pacientes atingidos pelo H1N1, com o dos restantes infectados pelas demais estirpes? Não sei se há estatísticas destas em Portugal, se há não consegui aceder-lhes, mas nos Estados Unidos, a partir dos dados fornecidos pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) é possível fazer uma estimativa. Desde meados de Abril até ao passado dia 10 de Julho (página actualizada às 11 horas locais), nos EUA, tinham sido contabilizados 37 246 casos, dos quais resultaram 211 mortos. Em igual período, as restantes estirpes de vírus terão infectado, na melhor das estimativas, perto de 4 milhões de americanos (a população está estimada pela CIA em 307 milhões de habitantes e a taxa de infecção varia entre os 5 e os 20% ao ano). Neste período, a totalidade de vírus “influenza” terá morto, naquele país, cerca de 9 mil cidadãos.
Apache, Julho de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dona Flor e seus dois maridos

A propósito das críticas tecidas por António Barreto, no “Público” de ontem, às políticas educativas seguidas pela cúpula dirigente do respectivo ministério, o professor Manuel Brás, do blogue “Amêijoa Fresca” resume assim, a acção da tutela:
"À lenta deriva inicial, segue-se o rápido afundamento, da política demencial regulamento atrás de regulamento. A ideia de facilidade é democrática e igualitária, é esta a moralidade de uma política segmentária! Com base na autoridade do mais puro despotismo, tamanha é a imbecilidade deste ignóbil autismo! As oportunidades perdidas desta bandeira educativa, pois as pessoas foram iludidas pela propaganda governativa. Esta triste realidade, com milhões desperdiçados, é feita de futilidade e de diplomas amassados! Sem retorno tangível para o resto da sociedade, esta política fungível dilacera até à saciedade! Mais que esfarrapada, o ridículo simplista, a justificação empapada da educação socialista. Tamanha é a coragem desta ridícula postura, a educação é uma miragem com esta falta de cultura! Os despojos educativos desta política miserável, são ademais elucidativos da podridão deplorável." [Manuel Brás]
Apache, Julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Há cada maluco...

Na reunião do G8 (grupo dos 8 países mais industrializados do mundo) que decorre na cidade italiana de L’ Aquila (agora tristemente famosa pelo recente sismo de média intensidade que fez um elevado número de vítimas) os líderes das maiores economias mundiais concordaram na necessidade de manter o “aquecimento global médio” em menos de 2 ºC face às temperaturas pré-industriais. Se ignorarmos o estado de demência de quem pretende um acordo deste tipo, isto até tem a sua graça. Senão vejamos: A era pré-industrial é qualquer data que der jeito a cada um. Alguém acredita que o Burkina-Faso já começou a sua era industrial? E o Kiribati? Por sua vez, para os europeus, é qualquer data antes de 1850, que tanto pode ser 1500 como 3000 antes de Cristo; A temperatura média global, de hoje, ninguém sabe qual é, depende de quantos e quais os termómetros, de que locais, vão ser usados para calcular a média; Certamente, no Burkina-Faso muito poucos sabem o que é um termómetro, e em 1850 também muito poucos europeus sabiam o que era; Temperatura é uma grandeza física que a maioria dos políticos também não sabe o que é. E em 3000 A.C. ainda ninguém se tinha dado ao trabalho de inventar a palavra.
Imagine-se agora que, daqui a dois anos, ou dez, é irrelevante, aparece um gajo ainda mais lunático que estes do G8, que a NASA, o IPCC ou outro caça-subsídios qualquer, vão recrutar a uma qualquer associação de alcoólicos anónimos (assim, do estilo Pachauri, o bruxo que actualmente preside ao IPCC), vem dizer que a temperatura do planeta subiu 2,07 ºC nos últimos anos (inventam-se sempre números com várias casas decimais para dar uma ideia de rigor à coisa). O que fazem os líderes do G8? Subsidiam a indústria dos frigoríficos? Ou arranjam um biombo para encobrir o Sol?
Apache, Julho de 2009

quarta-feira, 8 de julho de 2009

“A caixa negra do PS e a Educação”

“O episódio Manuel Pinho tornou degradante o debate sobre o estado da nação. A grosseria a que o país assistiu em directo espelha a cultura que nos tem governado nos últimos quatro anos, afastada do povo e sem respeito pelo órgão que o representa. Não me interesso por futebol. Mas as recentes eleições do Benfica entraram-me em casa e demonstraram-me que o Estado está em licença sabática. Um tribunal tomou uma decisão sobre o acto. Logo os visados anunciaram que não a cumpririam. E não cumpriram, não se coibindo de a comentar na televisão, em linguagem ordinária. E nada aconteceu, para além de celebrações entusiásticas em que participaram figuras públicas, que desempenharam e desempenham cargos de grande responsabilidade social. O verdadeiro estado da nação está espelhado nestes episódios da vida quotidiana. A criação de mitos é sempre servida por poderosas máquinas comunicacionais. À sombra dos mitos acoitam-se legiões de incondicionais. E quando o processo claudica, face à linguagem incontestável dos resultados, é degradante ver a máquina em tentativa desesperada de se auto-alimentar, à custa do que julgam ser a irracionalidade dos outros. Caiu Jardim Gonçalves, caiu Rendeiro, caiu Oliveira e Costa, caiu Dias Loureiro, afunda-se Sócrates e este PS alienante e redutor. O eleitorado tem dois meses para lhe analisar a imensa caixa negra e perceber as causas do desastre. No que à Educação respeita, a próxima legislatura tem uma tarefa: apanhar os cacos e trazer paz às escolas e aos professores. Para isso tem, entre outras, oito acções incontornáveis, a saber: a) Assumir, finalmente, a autonomia das escolas. O paradigma tradicional de gestão do sistema está esgotado. O poder tem de confiar nos professores e entregar-lhes a responsabilidade efectiva de gestão das suas escolas. Como corolário óbvio, devem ser extintas as direcções regionais de Educação e proceder-se à adequação consequente da estrutura orgânica do Ministério da Educação. As valências centrais devem limitar-se à definição das políticas de natureza nacional, à supervisão, ao controlo da qualidade e aos instrumentos de avaliação e relativização dos resultados. Deste enunciado genérico emana a imperiosa necessidade de despolitizar todos os serviços técnicos. Há que ganhar uma estabilidade de funções, que persista para lá das mudanças dos políticos, protegendo a administração superior da volatilidade política. b) Conceber um verdadeiro estatuto de carreira docente, em que os professores portugueses se revejam, que seja instrumento de desburocratização da profissão, fixador de claro referencial deontológico, gerador de estabilidade profissional e indutor de uma verdadeira autonomia responsável, de natureza pedagógica, didáctica e científica. Naturalmente que o fim da divisão da carreira em duas é obrigatório. Naturalmente que a adequação das necessidades das escolas à dimensão dos quadros é desejável. c) Definir um modelo de avaliação do desempenho útil à gestão do desempenho, isto é, que identifique obstáculos ao sucesso e se oriente para os solucionar, que tenha muito mais peso formativo que classificador. Que se preocupe mais com a apropriação, por parte dos professores, dos valores que intrinsecamente geram sucesso e melhoram o desempenho, que com os instrumentos que extrinsecamente o pretendam promover. Que reflicta a evidência da complexidade do acto educativo, que não pode ser alvo dos mesmos instrumentos que se aplicam à medição de bens tangíveis. Que assente no reconhecimento de que a actividade docente tem uma natureza eminentemente colaborativa e dispensa instrumentos geradores de competição malsã. Que seja exequível e proporcional à sua importância no cotejo com outras vertentes da profissão. d) Alterar o modelo de gestão das escolas, compatibilizando-o com o novo paradigma de autonomia, devolvendo-lhe a democraticidade perdida, adequando a natureza dos órgãos às realidades sociais existentes e abandonando a lógica concentradora do poder num só órgão. e) Alterar o estatuto do aluno, orientando-o como instrumento promotor de disciplina e gerador de responsabilidade, rigor e trabalho. Deve ser abandonada a promoção estatística do sucesso e retomada a seriedade dos instrumentos de certificação dos resultados. f) Redefinir globalmente os planos de estudo e os programas disciplinares, articulando-os vertical e horizontalmente. Cabe aqui a aceitação de que há limites institucionais e pessoais, uma hierarquização de importância das diferentes disciplinas, em função de faixas etárias, ciclos de estudo e orientação vocacional, e um papel nuclear de outras, que se deve reflectir na composição dos curricula. g) Reorganizar as actividades de resposta a necessidades educativas especiais, com expresso abandono de utilização, em contexto pedagógico, da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e retorno dos professores especializados ao trabalho exclusivo com crianças portadoras de necessidades especiais. h) Devolver aos professores espaço e tempo para reflexão sobre a prática profissional e autoformação e promover o debate sobre conceitos educacionais não suficientemente apreendidos pela sociedade. Com efeito, a insuficiente tentativa de obter consensos possíveis sobre esses temas e o fomento de climas de quase ódio entre correntes doutrinárias opostas e ideologias políticas diversas têm impedido que as decisões perdurem para além dos tempos políticos e mudem em função do livre arbítrio de sucessivos governos e ministros.”
Santana Castilho, professor do ensino superior, no "Público" de hoje

terça-feira, 7 de julho de 2009

Valter Lemos e a “stand up comedy” (2)

Foram afixadas hoje as pautas da 1ª fase dos Exames Nacionais do Ensino Secundário. Na conferência de imprensa, promovida pelo Ministério da Educação (ME), para apresentação dos resultados, o Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirmou: “Os resultados da 1.ª fase dos exames do Ensino Secundário evidenciam uma tendência de estabilidade dos resultados, numa época de exames que tem sido exemplar, com provas de elevada qualidade, adequadas e, até ao momento, sem falhas.” Em primeiro lugar, acho que devemos agradecer a esta equipa do ME, pelo facto de os “resultados evidenciarem estabilidade dos resultados”. Em segundo lugar, devemos estar gratos ao GAVE (organismo do ME responsável pela elaboração dos exames pelas provas “de elevada qualidade e até ao momento sem falhas”, produzidas. Isto, apesar dos vários erros, perdão, apesar dos vários lapsos, gafes e perdas de rigor científico, das provas (“de elevada qualidade”) emanadas daquele “Gabinete”, nomeadamente o exame de Física e Química A (código 715), por sinal, uma prova, uma vez mais, excessivamente fácil, com consulta de formulário e de inúmeras páginas dos cadernos e dos livros que os alunos colocam nas calculadoras gráficas programáveis permitidas pelo ME, que ainda assim, se mantém de há longos anos a esta parte, a pior média a nível nacional (8,4 valores, este ano), e a disciplina com maior percentagem de reprovações (24% em 2009). Quem gostar de humor negro, pode ler aqui o texto integral das declarações do Secretário de Estado, e ver aqui, as médias nacionais dos exames da 1ª fase, dos quatro últimos anos.
Apache, Julho de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A última música que Michael Jackson cantou

Nunca fui fã da música de Michael Jackson, reconheço no entanto que conjuntamente com Madonna (13 dias mais velha) constitui um dos maiores ídolos musicais das últimas décadas. Excêntrico, polémico, amiúde envolto em rocambolescos “acontecimentos”, mas acima de tudo um artista com qualidades excepcionais, Michael Jackson, o cantor que detém vários recordes de discos vendidos, deixou-nos de forma inesperada em circunstâncias ainda por apurar. É em jeito de singela homenagem que deixo minuto e meio da música “They don´t care about us” (a música cujo videoclipe foi gravado na Favela de Santa Marta, no Rio de Janeiro), a última do seu último ensaio a 23 de Junho de 2009, cerca de 40 horas antes de partir.

Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Estará o PS a trabalhar para a maioria absoluta… do PSD?

No último debate parlamentar antes das férias, Manuel Pinho, à hora, Ministro da Economia dirigia-se aos deputados nos moldes que a imagem documenta. Portugal, a mais velha nação da Europa e historicamente uma das mais prestigiadas nações do mundo, não pode continuar a dar-se ao luxo de ter, há vários anos a esta parte, nos mais altos cargos da nação, gentinha sem competência, sem educação, sem cultura e sem o mínimo sentido de estado. Se os principais partidos políticos querem reocupar alguma credibilidade junto da opinião pública, além de uma imperiosa alteração de políticas, têm de parar de arregimentar nas suas fileiras a borra da nossa sociedade.
Apache, Julho de 2009