Mostrar mensagens com a etiqueta Noção do Ridículo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Noção do Ridículo. Mostrar todas as mensagens

sábado, 24 de setembro de 2011

“Desculpe o auê”

Valter Lemos (por favor, não comecem já a rir) escreve (ou provavelmente alguém por ele) hoje, no Expresso, em defesa do Programa Novas Oportunidades, projecto que maquinou com Luís Capucha e que o actual Ministro da Educação, Nuno Crato, mandou avaliar. Por esta altura estão os hipotéticos leitores a sentirem uma certa urticária antevendo que me preparo para comentar o texto atribuído ao ex-Secretário de Estado da Educação. Vamos lá a ter calma e a respirar fundo… Ok! Agora pensem lá se faz algum sentido comentar textos de quem ainda não aprendeu a argumentar?
Bom, agora que os hipotéticos leitores estão mais descansados, resta-me deixar um pequeno conselho que, talvez, uma alma caridosa possa fazer chegar ao senhor doutor por Boston: Valter, o conceito de “ciúme social” (não é que não soe bem para título de uma música pimba mas) deixará de te fazer sentido no dia em que aprenderes a pentear-te e a escolher as peúgas.
Apache, Setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

E se alguém sugerisse mais um imposto?

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, sugeriu a criação de um imposto sobre a comida-rápida (“fast-food”) e aquilo que denominou de “dezenas de variedades de outro lixo alimentar” (o que quer que isso signifique no linguajar do senhor doutor), imposto esse que serviria para financiar o Serviço Nacional de Saúde compensando os cortes previstos.
Diz ele que “um duplo cheeseburger e um pacote de batatas fritas equivalem a 2200 calorias e é preciso uma maratona” para queimar estas calorias.
Ponto 1- Duas mil e duzentas calorias são uma quantidade ínfima de energia. Calculando a minha Taxa Metabólica Basal (quantidade de energia necessária para, em repouso, manter as funções básicas do organismo) pela fórmula sugerida pela Organização Mundial de Saúde obtenho o valor de um milhão novecentos e oitenta e uma mil calorias, pelo que, as 2200 calorias que refere são queimadas em um minuto e trinta e seis segundos, de sesta. Claro que, provavelmente, quando o douto cavalheiro refere 2200 calorias na realidade pretende dizer 2200 quilocalorias (que é o mesmo que dois milhões e duzentas mil calorias).
Ponto 2- Dando, portanto, como adquirido que José Manuel Silva quis dizer que “um duplo cheeseburguer e um pacote de batatas fritas equivalem a 2200 quilocalorias”, vejo-me na obrigação de corrigir o exagero que cometeu. Ao consultarmos a tabela de nutrientes fornecida pela McDonald´s (revista há cerca de 15 dias), somando as 440 quilocalorias de um duplo cheeseburguer com as 500 quilocalorias de um pacote de batatas fritas grande (230 se o pacote for pequeno) chegamos a 940 quilocalorias. Menos de metade do propalado pelo doutor. Mesmo considerando que o senhor Silva se referia a um menu completo, acrescido de sobremesa, temos mais 310 quilocalorias de uma coca-cola grande (150 se for pequena) e mais 230 quilocalorias de um gelado (grande) de caramelo, o que perfaz um total de 1480 quilocalorias (no caso de estarmos perante um menu pequeno acrescido de sobremesa, o total é de 970 quilocalorias). Lembro ao senhor doutor que, mesmo nos restaurantes de comida-rápida há sopas, saladas, águas e bebidas “lighht”, à medida de quem, mesmo para usar o cérebro, denota relevante preguiça.
Ponto 3- O doutor Silva acha que se é possível ingerir muitas calorias por pouco dinheiro o melhor é o Estado colocar mais um imposto para que a comida fique mais cara. A sua máxima parece ser: antes passar fome que comer barato.
Imaginemos, por absurdo, que um outro douto, do “calibre” do senhor José Manuel Silva, sugeria um imposto extraordinário (que funcionaria como uma espécie de Taxa Moderadora) a incidir sobre as idiotices ditas em público por titulares de cargos de relevo. Qual seria o resultado? O Estado dispunha de fonte adicional de receita, o senhor bastonário (e muitos outros “eruditos”) veria o fisco penhorar-lhes as peúgas.
Apache, Setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Que pobreza de cenário

Às treze horas e onze minutos, do dia 25 de Agosto de 2011, no Primeiro Jornal, da Sic Notícias, a jornalista Cândida Pinto relata, em directo, deitada no chão do terraço do Hotel Coríntia, em Tripoli, um tiroteio, a ocorrer junto ao hotel onde se encontram os jornalistas. O vídeo está (por enquanto) disponível aqui. Às treze horas e dezasseis minutos, do mesmo dia, igualmente em directo, no mesmo terraço de hotel, atrás do mesmo arbusto, o enviado da RTP à Líbia, Paulo Dentinho relata o mesmo suposto ataque, alegadamente perpetrado por forças leais a Kadhafi. O vídeo do Jornal da Tarde está (para já) disponível aqui. Alguém dispara contra o hotel onde estão alojados os jornalistas, não identifica qualquer alvo, gasta munições apenas porque lhe apetece. É comum vermos, nas notícias, populares dispararem para o ar, em actos alegadamente festivos. Não são militares, não sabem quanto custa uma “brincadeira” destas.
Neste caso, diz-se que os pretensos militares disparam contra o hotel e os jornalistas expõem-se (alegada e) irresponsavelmente ao perigo. “Montam” o cenário e entram e saem de cena, uns após outros, debaixo de fogo “real”. Fazem-no como se de um palco de teatro se tratasse. Os tempos são de crise, o cenário é pobre, o “romance” é de cordel, mas podiam ter tirado dali a garrafa de água. Ou seria o patrocínio?
Apache, Setembro de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

Nobre, mas não muito

Fernando Nobre, ex-candidato à Presidência da República, como independente, vai ser o cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral de Lisboa. Nobre diz que aceitou o convite de Pedro Passos Coelho porque o país vive uma situação dramática. Engana-se, o país vive, há muito, uma farsa que parece não ter fim. Basta atentarmos nas palavras do próprio, entrevistado (já este ano) por Judite de Sousa (ainda) na RTP.

Apache, Abril de 2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Podem ir perfurando o cinto, vem aí o FEEF

Ontem (quarta-feira), por volta das 11 horas da manhã, o Primeiro-Ministro demissionário desmentiu, através de um comunicado do seu gabinete, que Portugal fosse pedir ajuda externa, como anunciava o Financial Times. Por volta das 20:30, o mesmo personagem (ou alguém muito parecido com ele) anunciava em directo, nas televisões, que Portugal, cedendo à pressão que os banqueiros impuseram nos últimos dias, iria pedir ajuda ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), tal como há muito os especuladores desejavam. Sócrates, que já tinha avisado que o mundo muda numa semana, parece querer dizer-nos agora que, afinal, muda em pouco mais de nove horas, o que só poderá ser para acompanhar as mudanças, de antes para depois do almoço, do nosso caricato Ministro das Finanças e agora do senhor Sousa. Ficámos assim a saber que o Zé nunca governaria com ajuda externa, a menos que liderasse um governo de gestão; governo esse que não tem poderes para pedir ajuda externa, no entanto, vai pedir; ajuda essa que não é precisa, mas que se espera não demore a chegar. Ao ouvir o Zé, lembrei-me dum texto publicado no jornal irlandês, Sunday Independent, no passado dia 27 de Março, intitulado “Bit of friendly advice, Portugal” que transcrevo. “Caro Portugal, daqui quem te escreve é a Irlanda. Sei que não nos conhecemos muito bem, mas ouvi dizer que alguns dos meus investidores estão interessados em ajudar-te a sair da recessão. É provável que estejam, durante algum tempo. De qualquer forma, sem querer intrometer-me, tenho lido o que se diz sobre ti, nos jornais, e acho que sou capaz de te dar um conselho sobre aquilo por que estás a passar e sobre o que ainda vais ter pela frente. Em jeito de anedota, costuma perguntar-se: “sabes qual é a diferença entre Portugal e a Irlanda? Cinco letras e seis meses”. Noto que tens estado sob pressão para aceitares um resgate (bailout), mas os teus políticos declaram que estão determinados em não o aceitar. Dizem que só por cima dos seus cadáveres. De acordo com a minha experiência isso significa que irás ser resgatado brevemente, provavelmente num domingo. Mas primeiro deixa-me dar-te uma dica sobre as nuances da língua inglesa. Considerando que o inglês é a tua segunda língua, poderás ser levado a pensar que as palavras: resgate (bailout) e ajuda (aid) implicam que vais receber auxílio dos irmãos europeus, para te livrares das actuais dificuldades. O inglês é a minha primeira língua e era isso mesmo que eu pensava que resgate (bailout) e ajuda (aid), significavam. No entanto, deixa-me avisar-te que, quando fores forçado a aceitar a inevitabilidade deste resgate, não só não te livrarás dos problemas actuais, como ainda irás estendê-los às futuras gerações. Ainda assim, esperam que te sintas agradecido. Se quiseres encontrar o significado em português para esse resgate (bailout) de que se fala, sugiro que pegues num dicionário de inglês-português e procures palavras como: “moneylending (agiotagem), “usury” (usura), “subprime mortgage” (hipotecas de alto risco) ou “rip-off” (exploração). Isto dar-te-á uma tradução mais adequada do que te irá acontecer. Vejo também que vais mudar de governo nos próximos meses. Perdoar-me-ás o meu pequeno sorriso perante isso. Faz tudo o que estiver ao teu alcance para colocares uma camada de tinta fresca sobre as fendas da tua economia. E disfruta, por todos os meios ao teu alcance, por breves momentos, do cheiro dessa tinta fresca. Por aqui, também tivemos um novo governo e isso foi uma boa diversão durante algumas semanas. O que irás descobrir é que esse governo resultará numa ligeira euforia popular. Tal governo, seja ele qual for, fará todo o tipo de promessas, durante a campanha eleitoral, sobre a forma como controlará os credores, e outros enfeites, e a União Europeia sorrirá benevolentemente enquanto essa conversa fiada durar. Assim que esse novo governo tomar posse irá, nas negociações com a Europa, tentar lançar-se num jogo de sombras. É possível, até, que consiga ganhar alguns encontros contra o velho inimigo, seja ele quem for, e até talvez consigas atrair aí algumas visitas de dignitários estrangeiros como o Papa ou outros. Vão sentir-se boas vibrações no ar, pelos breves momentos que a ilusão durar. Aproveita o mais que puderes, esses momentos, Portugal. Porque a realidade vai estar à espera para se te apresentar de novo, mal a diversão saia de cena. O lado positivo de tudo isto é que o preço do golfe se tornou bem mais competitivo por estas bandas. Felizmente, o mesmo está a acontecer por aí, por isso estou ansiosa por te ver em breve. Com amor, Irlanda.” [Tradução minha] Comentários para quê? Porreiro, pá!
Apache, Abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Hora do Planeta dos Macacos (de imitação)

“Enfim, uma boa notícia. Parece que um "número recorde" de 134 países aderiu à edição deste ano da Hora do Planeta e desligou as luzes entre as 20.30 e as 21.30 de sábado a fim de sensibilizar o mundo para, cito, "os perigos do aquecimento global". Por mim, também acho necessário sensibilizar o mundo, que é casmurro, para os perigos do aquecimento global, da gripe suína, dos lobisomens e de outras coisas assim imaginárias e assustadoras. Não é que tenha apagado a luz e andado às cabeçadas na parede durante uma hora, não senhor. Mas contribuí à minha maneira: dado que evitei perder dezenas de horas a publicar convocatórias alusivas ao "apagão" no Facebook e no Twitter, acabei por poupar muito mais electricidade do que os militantes que participaram activamente na causa. Em simultâneo, participei passivamente no combate a outra calamidade, menos fictícia e popular: a crendice colectiva, a qual, ao contrário do aquecimento global ou dos lobisomens, provoca-me um medo desgraçado.”
Alberto Gonçalves, no Diário de Notícias da passada quarta-feira

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ingénuos ou brincalhões?

Lia-se no “Jornal de Notícias” de ontem que Timor-Leste, pela voz do seu Presidente (Ramos Horta), se manifestou disponível para comprar títulos da dívida pública portuguesa. Convinha avisar o senhor Ramos Horta que não compra dívida pública portuguesa quem quer, apenas quem pode. Com juros a mais de 7%, a nossa dívida torna-se muito apetecível para os investidores, o que leva a que a procura seja sempre muito superior à oferta. Mais abaixo (na notícia) lia-se que tal acção visa a diversificação da carteira de investimentos do “Fundo do Petróleo” que, segundo o jornal tem mais de 6 mil milhões de dólares. Percebemos então o ridículo da notícia. Timor-Leste apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) de 2,74 mil milhões de dólares, pelo que, não pode ter um Fundo de 6 mil milhões (a que corresponderia o PIB de mais de dois anos). Por outro lado, convém lembrar que a dívida pública nacional ascende (dados de 2009) a mais de 185 mil milhões de dólares (68 vezes o PIB timorense), pelo que, mesmo que Timor-Leste tivesse um Fundo do Petróleo tão “gordinho” como o anunciado, ainda assim, não iria longe na aquisição de títulos da dívida pública portuguesa.
Apache, Novembro de 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Taras e manias (2)

O jornal “i”, na sua edição de ontem, dava conta de uma polémica gerada em torno da aquisição, por parte de algumas escolas, de um “kit” a ser usado nas aulas de Educação Sexual.
“O assunto promete criar polémica, uma vez que o modelo pedagógico e o material educativo é, na maioria das escolas, fornecido pela Associação para o Planeamento da Família (APF). (…) Duarte Vilar, é o primeiro a assumir que o material didáctico da associação tem sido um dos principais recursos das escolas públicas e que, desde Setembro de 2009, foram vendidos mais de 1300 kits” Belo negócio para a APF. Estaremos perante mais uma JP Sá Couto?
“(…) Mais de 70% das escolas públicas já encomendaram ou estão a encomendar os kits de Educação Sexual à APF.” Onde terão arranjado o dinheiro para adquirir este lixo?
“Questões como as da masturbação (…) são respondidas através de exemplos práticos." Exemplos práticos? Com a Bruninha de Mirandela? Rasura-se já o comentário anterior.
“Duarte Villar reconhece que a APF tem sido a principal entidade formadora dos professores, em Portugal.” Cá está, as fotos para a Playboy integravam-se, provavelmente, no plano de formação da APF.
“(…) Mas esclarece que os conteúdos dos materiais didácticos e das acções de formação estão orientados «numa lógica de conhecimento científico e de diversidade moral». Julgamentos de valor não existem, esclarece o responsável; o que existe são valores promovidos na Constituição portuguesa, como a igualdade de direitos de homens e mulheres ou questões «consensuais» na sociedade portuguesa.” Ah… se há consenso e a ciência subscreve, ficamos muito mais descansados, Duarte Gore Villar.
Apache, Junho de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

À deriva

“O primeiro-ministro anunciou no final de Conselho de Ministros de hoje as novas medidas para redução do défice do Estado, onde se cria uma taxa adicional de IRS de um a 1,5 por cento, e de IRC de 2,5 por cento, para as empresas com lucros acima de dois milhões de euros.” Não aumento os impostos. Aumento os impostos. Não aumento os impostos. Reduzo os impostos. Não aumento os impostos. Aumentos os impostos. Incoerente, eu? Não. Simplesmente um mentiroso, à deriva.
Apache, Maio de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Deve haver uma forma de taxar o gajo…

Milhões de toneladas de vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre e cinzas, além de muitas outras substâncias, são diariamente lançadas para a atmosfera pelos mais de quinhentos vulcões activos do planeta. Nos últimos dias (talvez pelo elevado número de voos cancelados), o Eyjafjalla, um vulcão situado num dos mais pequenos glaciares da Islândia (o Eyjafjallajoekull) ganhou tal destaque na comunicação social, que ofuscou todos os outros, mostrando quão ilógico (e efémero) é o mediatismo, nos nossos tempos.

Apache, Abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar? (2)

“A PT sempre apostou na portugalidade. Sempre apostou na portugalização dos conteúdos.” [Zeinal Bava, administrador-executivo da Portugal Telecom perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República.] Constata-se (ao ver e ouvir, este e o vídeo do texto anterior) que a PT nunca apostou no fornecimento atempado das gotas… e o que se vê e ouve é este… “frituére”.

Apache, Abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar?

Há dias, Francisco Louça dizia que o ex-administrador da Portugal Telecom (PT), Rui Pedro Soares, ganhava 8 vezes mais que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Muita gente deve ter ficado chocada com tal injustiça, afinal, quando Obama abre a torneira da parvoíce parece não ficar aquém do nosso “fraquinho no discernimento”. De facto, não se entende, Obama costuma gozar com 300 milhões de americanos, enquanto que o mais bem pago sócio do Futebol Clube do Porto, se fica por pouco mais de dez milhões e meio de portugueses, ainda que, com a insolência (é certo) de o fazer, por via indirecta, na cara dos deputados da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, da Assembleia da República. Mesmo assim, e admitindo que um Português valha por uns dez americanos, não me parece que se justifique a discrepância. Para quem ainda não viu, fica o vídeo de parte da intervenção de Rui Pedro Soares.

Apache, Abril de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os “camaradas papagaio”…

Há quem pense que a “cassete” é propriedade exclusiva da esquerda. Santa Ingenuidade. A “cassete” é típica da generalidade dos angariadores de adeptos (seja de causas políticas, religiosas, etc.) e dos vendedores (sejam eles de bens, de serviços, ou de ideias). Os camaradas papagaio (reprodutores incansáveis da “cassete”) mais mediáticos são, na sua maioria, políticos e comentadores políticos que ocupam a totalidade do espectro partidário, mas também abundam nas ciências sociais (principalmente na economia) e, pasme-se começam a proliferar que nem cogumelos nas ciências exactas. Têm uma característica comum, são (como diria a outra) “fraquinhos no discernimento” mas, apesar disso, ou talvez por isso, são muito úteis aos interesses instalados. O José Luís Sarmento, autor do blogue “As minhas leituras” traça (pela transcrição da “cassete” do “rigor salarial”) um fidelíssimo retrato de um “camarada papagaio”. “Se há perigo de inflação, é preciso conter os salários. Se há perigo de deflação, é preciso conter os salários. Se a crise é económica, é preciso conter os salários. Se a crise é financeira, é preciso conter os salários. Se não estamos em crise, é preciso aproveitar para melhorar a competitividade - e portanto conter os salários. Se o défice das contas do Estado está alto, é preciso conter os salários. Se o défice das contas do Estado está baixo, é preciso não entrar em euforia - e conter os salários, claro está. Se o desemprego está alto, é preciso encorajar as empresas a empregar mais gente - o que só se consegue contendo os salários. Se o desemprego está baixo, os salários tendem a subir - e portanto contê-los é mais necessário que nunca. Finalmente percebi. Não vale a pena perguntar em que circunstâncias é que os salários podem aumentar: a resposta politicamente responsável e tecnicamente rigorosa é que não podem aumentar em circunstâncias nenhumas.”
Apache, Fevereiro de 2009

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mais uma prova...

“Sempre que escrevo sobre o "aquecimento global", e reconheço que o faço com frequência e com o cepticismo que as aspas sugerem, sou acusado de estar do lado oposto à credibilidade. Durante algum tempo, porém, supus que a tal credibilidade fosse sinónimo dos cientistas e activistas que vivem a expensas de interesses diversos e não liguei. É difícil ligar a sujeitos que, como tem sido notório, distorcem, omitem e inventam informação de modo a legitimar (digamos) as respectivas teses. O problema é que, quando parecia desacreditada de vez, a tese da influência humana no clima ganhou enfim um defensor acima de qualquer suspeita. Falo, é claro, de Bin Laden, cuja mais recente (e atribuída) gravação é inteiramente dedicada à preocupação com as "alterações climáticas". Para cúmulo, a intervenção segue passo a passo o cânone do género e inclui visões apocalípticas, evocação do Tratado de Quioto, críticas aos EUA e a George W. Bush e, num acto de ecumenismo, citações de um judeu. A evidência ecuménica diminui se se disser que o judeu se chama Noam Chomsky. Ainda assim, o testemunho de Bin Laden é arrasador para os cépticos. Eu, pelo menos, confesso-me inclinado a começar a acreditar no "aquecimento global", sobre o qual apenas aguardo a confirmação de Ahmadinejad e daquele canibal que manda na Guiné Equatorial para abolir as aspas, aderir à Quercus, berrar contra o capitalismo americano e engrossar as fileiras credíveis.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” de 4 de Fevereiro
Ahmadinejad é um descrente da propaganda ocidental. O canibal da Guiné Equatorial, mais cedo ou mais tarde, papam-no. A lengalenga do morto mais palrador (e mediático) é a gota de água que faltava (se é que faltava alguma) para transbordar o copo da credibilidade da negociata. Pelo que, apesar de muitos (nos quais me incluo) subscreverem várias das críticas ao Jorginho dos arbustos, não vislumbro grande número de futuras adesões à associação portuguesa de chaparros.
Apache, Fevereiro de 2010

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Os tais 150 mil empregos…

Despacho n.º 26368/2009 “(…) nomeio (…) Sílvia Simões Esteves para exercer funções de adjunta do meu Gabinete (…) Este despacho produz efeitos a 26 de Outubro de 2009 (…) O Primeiro -Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.” Despacho n.º 26369/2009 “Exonero (…) Sílvia Simões Esteves das funções de adjunta do meu Gabinete (…) Este despacho produz efeitos a 30 de Outubro de 2009 (…) O Primeiro -Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.” Despacho n.º 26370/2009 “(…) nomeio (…) Paula Alexandre Cunha Coelho Ferreira para exercer as funções de secretária pessoal do meu Gabinete (…) Este despacho produz efeitos a 26 de Outubro de 2009 (…) O Primeiro -Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.” Despacho n.º 26371/2009 “Exonero (…) Paula Alexandre Cunha Coelho Ferreira das funções de secretária pessoal do meu Gabinete (…) Este despacho produz efeitos a 30 de Outubro de 2009 (…) O Primeiro -Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.” Despacho n.º 26384/2009 “(…) nomeio (…) Sílvia Simões Esteves para exercer funções como adjunta do meu Gabinete (…) O presente despacho produz efeitos a partir de 31 de Outubro de 2009 (…) O Secretário de Estado Adjunto do Primeiro -Ministro, José Manuel Gouveia Almeida Ribeiro.” Despacho n.º 26385/2009 “(…) nomeio (…) Paula Alexandre Cunha Coelho Ferreira para exercer funções como minha secretária pessoal. (…) O presente despacho produz efeitos a partir de 31 de Outubro de 2009 (…) O Secretário de Estado Adjunto do Primeiro -Ministro, José Manuel Gouveia Almeida Ribeiro.”
Nomeio, exonero, nomeio, exonero, nomeio… Ainda falta muito para chegar aos 150 mil?
Apache, Fevereiro de 2009

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Falar para dentro…

Dizia hoje o Presidente da República, na cerimónia de abertura do ano judicial: "Muitas das leis produzidas entre nós não têm correspondência à realidade portuguesa. Em alguns casos as leis produzem o efeito contrário à intenção do legislador.” Acrescentando que se justifica "mais ponderação e prudência" porque "a pretensão de mudar a realidade da vida pela força da lei raramente produziu bons resultados." Concluindo que "muitas das leis produzidas entre nós correspondem a impulsos do legislador, muitas vezes ditados por puros motivos de índole política ou ideológica, mas não vão ao encontro das necessidades reais do país, nem permitem que os portugueses se revejam no ordenamento jurídico nacional." Desta vez (para variar um pouco) estou completamente de acordo com as declarações do Senhor Presidente da República, mas… Quem será aquele totó que assina como Aníbal Cavaco Silva, e anda por aí a promulgar um rol de lixo em forma de diplomas legais?
Apache, Janeiro de 2010

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A aldeia dos zelotas

Através da Portaria n.º 1226/2009, de 12 de Outubro, o Governo, proibiu a aquisição de uma série de espécies de animais, ditos selvagens, bem como a reprodução dos actualmente detidos pelos seus legítimos proprietários. É longa, a lista de animais, cuja posse é agora proibida, estendendo-se, por exemplo, dos felinos aos cetáceos, ou das avestruzes às tartarugas. Segundo se lê no texto da ridícula Portaria, “a aprovação destas medidas de proibição ou condicionamento da detenção de espécimes vivos de determinadas espécies prende-se, no essencial, com motivos relacionados com a conservação dessas espécies, com o bem-estar e a saúde desses exemplares e com a garantia da segurança, do bem-estar e da comodidade dos cidadãos em função da perigosidade, efectiva ou potencial, inerente aos espécimes de algumas espécies utilizadas como animais de companhia”. Ou seja, as pessoas escolhem para “animais de companhia” animais “potencialmente ou efectivamente perigosos” e o Governo, através de alguns dos seus iluminados membros, no caso, os Ministros do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, vem a terreiro protegê-los, enquanto em simultâneo, proibindo a sua reprodução, zela pela preservação das espécies em causa. Na prática, a portaria em causa, teria (se alguém a levasse a sério) como principal consequência “cultural popular”, o fim, a médio prazo, da utilização dos animais no circo. E como efeito social, a lenta mas persistente tendência castradora dum Estado com cada vez mais tiques totalitários. Mas sobre isto, escreveu o sociólogo Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” da passada sexta-feira: “Infelizmente, a lei que a prazo acabará com os animais selvagens nos circos não promete acabar com os animais teoricamente racionais que a inventaram. O presidente do Instituto da Conservação da Natureza, entidade irónica num país em que a natureza é periodicamente arrasada por construtores e incendiários, justifica a medida com a saúde pública e a segurança. Ignoro quantos milhares de pessoas os macacos do “Chen” e os tigres do “Cardinali” mataram até hoje. Porém, estimo em milhões as vítimas desta senha reguladora que aos poucos procura, e aos poucos vai conseguindo, censurar-nos a comida, o tabaco, o álcool, o sedentarismo, o automóvel, o jogos, os noticiários críticos do Governo e, em suma, tudo o que ainda distingue o homem civilizado da bicharada, selvagem ou outra. Às vezes penso se os pequenos zelotas da padronização foram escolhidos para cargos públicos por serem assim ou ficaram assim depois de alcançar os cargos. A psiquiatria explicará. Para já, suspeito da primeira hipótese: além do Estado, não faltam na "sociedade civil" sujeitinhos sempre dispostos a apoiar ou instigar medidas repressivas. Veja-se, no caso dos animais, as associações do ramo. Conheço algumas e, salvo excepções dignas, nunca lhes notei a menor preocupação com o bem-estar dos bichos. Em compensação, aflige-os imenso que alguém os possa ter, gostar deles e ser retribuído. Os macacos e os tigres circenses são evidentemente um pretexto. Ou um início. A insignificância que dirige uma Associação Animal apareceu a avisar que a nova lei não basta: é urgente abolir todas as criaturas não humanas do circo. Entre parêntesis, diga-se que seria preferível abolir o dito: notoriamente, para ver palhaços não é necessário comprar bilhete e entrar numa tenda. Fora de parêntesis, sabe-se como estas coisas começam e tenho um palpite sobre como podem acabar. Nem aprecio circos, mas é possível que tarde ou cedo o Estado e os parasitas que lhe habitam as franjas estendam o instinto totalitário à privacidade dos lares. No meu, onde convivo babado com quatro rafeiros adoráveis, não lhes prometo uma recepção simpática: se se quer de facto proteger as espécies, aconselho a não deixar a dos pequenos zelotas à solta.”
Apache, Outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Obama, Nobel da Paz? Porque não?

Quando ouço tanta gente a perguntar – Obama, Nobel da Paz? Porquê? – apetece-me responder com outra pergunta – Porque não? Até acho que foi das melhores escolhas das últimas décadas. Quem parece concordar comigo é o Ricardo Araújo Pereira que escreveu assim, na “Visão” da passada quinta-feira: “A atribuição do prémio Nobel da Paz a Barack Obama é, evidentemente, absurda. É inconcebível que o recém-eleito presidente dos Estados Unidos tenha recebido o prémio Nobel. Especialmente, é inconcebível que o tenha recebido antes de vencer um Óscar, de ganhar a Bota de Ouro e de ser coroado Miss Portugal. Que se passa com a academia de Hollywood, a Liga de Futebol Profissional e o júri do popular concurso de beleza para não terem ainda premiado Barack Obama? Como é possível que Obama esteja há quase um ano na Casa Branca e tenha vencido apenas um prémio Nobel? E logo o da Paz, que não exige qualquer mérito da parte do premiado - nem sequer o mérito de promover a paz, conforme se constata pelo facto de Henry Kissinger ter recebido o galardão em 1973. Porque não o da Literatura, se as suas autobiografias (as 23) estão escritas num estilo tão elegante e enxuto? Porque não o da Economia, o da Química ou da Medicina? Pode perguntar-se: que fez ele para vencer o Nobel da Economia, da Química ou da Medicina? E pode responder-se: o mesmo que fez para ganhar o da Paz. As candidaturas para o prémio Nobel da Paz são entregues em Fevereiro. Barack Obama tomou posse como presidente dos Estados Unidos no final de Janeiro. Em duas ou três semanas, Obama teve uma acção suficientemente meritória para ganhar o Nobel da Paz. Que fez ele? A resposta é clara: nada. Não ordenou retiradas, mas também não ordenou ataques. Não ordenou nada, o que já é bem bom. Um estadista que não faça nada tem, hoje, um valor inestimável. Há quem diga que o prémio foi atribuído a Obama como sinal de esperança no que o presidente americano poderá fazer no futuro. Sinceramente, não creio. Julgo que o comité norueguês atribuiu o prémio agora por uma questão de oportunidade: há que aproveitar enquanto é tempo. Normalmente, é uma questão de meses até o presidente dos Estados Unidos lançar o país numa guerra qualquer. É preciso premiá-lo enquanto não começa a rebentar com coisas no Médio Oriente. Por outro lado, é muito curioso que a atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama tenha desencadeado uma série de comentários extremamente beligerantes. Raras vezes terá havido tanta discórdia a propósito da Paz. É mais um mérito de Obama: recebe prémios, promove discussões, agita o mundo. E tudo sem se mexer. Minto: há uns meses comprou um cão. Mas imaginem o que acontecerá quando ele começar mesmo a fazer coisas.” De facto, se compararmos Obama com outro norte-americano, recente vencedor do Nobel, Al Gore, constatamos facilmente que em relação a este, Obama leva uma grande vantagem, o seu menor tempo de permanência na alta-roda da política permitiu-lhe um menor acumulado de mentiras. Desta vez, acho que os cinco iluminados do Comité Nobel (a quem compete a escolha) estiveram muito bem, é despachar o prémio cedo, antes que se torne demasiado escandaloso.
Apache, Outubro de 2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Gripe A: a epidemia do medo

“Está-se a criar um alarme e uma angústia exagerada em torno da gripe A, diz o Conselho Geral de Colégios Médicos de Espanha (OMC), citado pelo jornal “El País”. O seu presidente, Juan José Rodríguez Sendín, foi mesmo mais longe e, numa conferência de imprensa, disse que a Espanha está imersa numa epidemia de medo provocada por uma doença fantasma. O presidente da OMC não descarta a hipótese de existirem interesses económicos e políticos por trás da pandemia, porque o ênfase que se colocou numa doença tão comum como a gripe não se deve a razões sanitárias. Diz o médico que “10 a 12% dos espanhóis são hipocondríacos” e em Espanha, a fantasia e a novela são muito comuns. Afirmou também que os dados disponíveis mostram que o H1N1 se tem revelado menos severo, causando menos e mais leves complicações e uma taxa de mortalidade muito inferior à da gripe sazonal. A OMC havia já referido que em todo o Hemisfério Sul, ao fim de 4 meses de contabilização e, a menos de um mês do final do Inverno, o H1N1 fez 1 796 mortos, quando, só em Espanha, a gripe mata entre 1 500 a 3 000 pessoas por ano. Curiosamente, em Portugal, onde a propaganda em torno do H1N1 não é menor, a Ordem dos Médicos permanece muda e queda à verborreia ‘ad nauseam’ de dois dos seus membros (a pediatra, Ana Jorge e o médico interno, Francisco George), ou será que sou eu que tenho andado distraído?
Apache, Setembro de 2009