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sábado, 28 de março de 2015

A “Hora do Planeta”, o ritual irrelevante

Cumpriu-se hoje, entre as 20:30 e as 21:30 locais, a nona “Hora do Planeta”.
A “Hora do Planeta” é uma iniciativa simbólica da World Wide Found of Nature (WWF) principiada em 2007, na cidade australiana de Sidney, que ocorre no último sábado de Março, e visa consciencializar para as alegadas alterações climáticas antropogénicas.
Ano após ano, mais cidades e vilas, mais monumentos nacionais, mais pessoas anónimas aderem à iniciativa que consiste em desligar, durante 60 minutos, as luzes dos edifícios mais emblemáticos dos locais ou das casas de cada um.
Porque é que cada vez há mais aderentes à simbólica diligência? Mark Twain respondeu há mais de cem anos, porque “o Homem é um animal religioso”. É da tendência natural do homem para a crença que desde a antiguidade foi aproveitada por oportunistas para criar (sobretudo em actividades imprevisíveis, que vão dos jogos de azar às grandes manifestações da natureza) superstições e rituais a elas ligados. O ritual confunde-se com a própria crença porque surge da ideia de que fazer algo é sempre melhor que não fazer nada. Ora, toda a gente sabe que jogar no Euromilhões é, para a generalidade das pessoas, pior (para as suas finanças) que não jogar. A esmagadora maioria dos jogadores acabarão, após cada jogo, com um pouco menos dinheiro que se nada tivessem feito. Apenas uma ínfima minoria terá um retorno monetário superior ao investimento feito, mas vamos tentando a sorte dado o generoso retorno para aqueles a quem ela sorri.
A “Hora do Planeta”, que aos poucos vai ganhando o estatuto de ritual, é baseada nessa ideia de que fazer algo é sempre melhor que estar quieto. A fé implícita é a de que o Homem (que com todas as cidades, vilas, aldeias, estradas, plantações…) ocupa menos de 4% da superfície do planeta consegue controlar o clima global (ou melhor, os climas, porque são vários e bem diferenciados). E como o controla, pode fazê-lo para o “mal”, provocando o aquecimento da Terra ou para o “bem” mantendo as temperaturas actuais. A ideia da WWF permite, nas cidades que aderem à iniciativa, "poupar", em média, cerca de 2% da electricidade que se consumiria nessa hora. Como a iniciativa ocorre uma vez por ano, tal permite "poupar" (naqueles locais) cerca de 0,0002% de electricidade anual. Nas nossas casas, uma iniciativa destas, em teoria, pode poupar 5, 10, ou mesmo 15 cêntimos em electricidade, conforme o número de lâmpadas que habitualmente estão acesas aquando da iniciativa. Na prática, as poupanças são insignificantes, porque o que não fizemos naqueles minutos, por falta de luz, fica para fazer mais tarde com idêntico consumo de electricidade ou será feitas com outras formas de iluminação mais caras. Mas pode-se alegar que a ideia da WWF não é poupar custos mas sim emissões de dióxido de carbono, gás que diabolizam por acreditarem que causa “efeito de estufa”. Mas nesse caso, a poupança também é insignificante ou mesmo nula. Só parte da electricidade produzida (através do carvão, biomassa e gás natural) é que liberta dióxido de carbono, a restante é obtida (fundamentalmente) da água e do urânio. Quando apagamos as luzes (ou adiamos as tarefas para mais tarde, como escrevia acima, ou) acendemos velas, candeeiros (ou lamparinas) a petróleo ou azeite ou até a lareira, libertamos tanto ou mais dióxido de carbono que o que se libertaria na produção da electricidade.
Há dias um aluno perguntava-me: mas se fosse possível convencer todos os habitantes de um país a aderir a uma iniciativa destas, ainda assim, ela não teria impacto? A resposta: Teria, mas não em economia de custos ou emissões. A sobrecarga (pela redução de consumo, impossível de corrigir na produção) produzida na rede levaria a várias avarias de grande significado e poderíamos passar vários dias sem luz (até substituir parte da rede) com as consequências graves que daí adviriam.
Apache, Março de 2015

domingo, 28 de setembro de 2014

Pesquisa inconveniente (2)

As “ilhas de plástico”
O Projecto Malaspina permitiu também, não propriamente uma conclusão, antes uma constatação que já quase "toda a gente" sabia mas raramente aparece referida na comunicação social: a famosa “Ilha de Plástico”, supostamente existente entre a costa dos estados norte-americanos do Oregon e da Califórnia e o arquipélago do Havai, obviamente, não existe. Muito menos, as cinco “ilhas” modernamente alegadas. [Após o sucesso mediático da invenção da dita ”Ilha de Plástico” (numa zona, relativamente isolada, para onde a circulação oceânica conduziria os plásticos flutuantes) alguns oportunistas alegaram existirem ainda mais quatro ilhas “idênticas” noutras tantas zonas remotas do planeta, onde as correntes oceânicas são similares.]
A possível existência da “ilha” foi prevista em 1988 pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos Estados Unidos e “confirmada” em 1997 pelo oceanógrafo e velejador desportivo, Charles J. Moore, no regresso da competição de veleiros “Transpacific Yacht Race”. No entanto, só em 2008 a “ilha de plástico” atingiu o estatuto de verdadeiro mito urbano quando em Fevereiro foi sucessivamente anunciada pela BBC e pelo jornal britânico “The Independent”. Apesar de nunca ter sido captada qualquer imagem de satélite, sequer de avião, da alegada “ilha”, esta chegou a ser anunciada com sendo do tamanho do Texas. Justificando esse facto, alguns ambientalistas alegaram que a “ilha” (mas tarde, cinco “ilhas”) seria constituída por pequenas partículas de plástico que só poderiam ser observadas nos locais, de muito difícil acesso, a bordo de embarcações.
Confirmou-se “agora”, através desta expedição, que as “ilhas” não existem e que a quantidade de plásticos nos oceanos não tem aumentado desde a década de oitenta do século passado. A máxima concentração encontrada aproxima-se dos 200 gramas de plástico por quilómetro quadrado de oceano (o equivalente, em média, a uma garrafa plástica de um litro e meio, por cada 21 campos de futebol) cerca de 26 vezes inferior ao que é habitualmente alegado em textos menos sensacionalistas (por exemplo a Wikipédia, de 5,1 quilogramas por quilómetro quadrado).
Apache, Setembro de 2014 

domingo, 14 de novembro de 2010

“O novo mantra ecologista”

“Foi apenas há um ano, mas as imagens das tribos ecologistas ansiando pelo acordo de Copenhaga que (ele e só ele) salvaria o mundo (deles e só deles) parecem agora polaróides de um mundo extinto. Algumas estatísticas ilustram a atenuação do fascínio exercido pelo milenarismo ecologista sobre a opinião pública ocidental, uma consequência do escândalo Climategate, que expôs o enviesamento ideológico imposto aos estudos climáticos: nos EUA, um estudo do German Marshall Fund sugere que apenas 6% consideram as alterações climáticas uma prioridade política; no Reino Unido um inquérito da BBC efectuado em Fevereiro revelou que apenas 26% acreditam na tese antropogénica, contra 41% três meses antes. Se o ‘slogan' climático perde eficácia, mude-se de ‘slogan': eis que rebenta a berraria das ameaças à "biodiversidade", mesmo a tempo da conferência de Nagoya, um interlúdio entre Copenhaga e a próxima cimeira de Cancún. Quem pretender levar a sério a sugestão de um "apocalipse da biodiversidade" necessitará de duas informações elementares: qual o número total das espécies existentes e qual o ritmo de extinção? A Wikipédia propõe as seguintes respostas: desconhece-se o total de espécies existentes, mas sabe-se que estão a desaparecer a um ritmo "sem precedentes". Ora a validade da segunda asserção, cuja fonte indicada é um artigo do The Guardian, depende crucialmente do total das espécies existentes, mas a incerteza sobre este valor é tão grande que é impossível aferir a validade das estimativas dos estudos amostrais. Considerando as estimativas mais baixas para o total de espécies -as mais favoráveis ao cenário apocalíptico- o prof. Philip Stott calculou uma taxa de extinção de 0,006% a cada 50 anos desde 1600, o que está muito longe dos valores alarmistas publicados por jornais panfletários como o The Guardian. Este é apenas um exemplo da perversão da Wikipédia por activistas, utilizando a edição "aberta" para convertê-la num poderoso instrumento de propaganda global. Recentemente os mediadores da enciclopédia impediram William Connolley de aceder aos conteúdos: Connolley, um missionário do milenarismo ecologista, usava os privilégios de administrador para eliminar os contributos contrários à ortodoxia ideológica que pretendia passar por ciência. Este autoritarismo ecologista é, no essencial, semelhante ao autoritarismo fascista: se no fascismo a autoridade prescritiva da conduta política advém do carisma do líder, no ecologismo ela resulta da fé messiânica na revelação da salvação ambiental. Em ambos os casos, a autoridade funciona como uma injunção ético-política à qual todos se devem submeter. Tal como no fascismo, os ecologistas não admitem contestação racional às suas posições. A discussão, assente nos pressupostos da racionalidade científica ou no carácter prático do confronto ideológico, não é só desnecessária - é contraproducente, porque retarda a acção política "urgente". Daí a irrelevância política das "alterações climáticas" ou da "biodiversidade": são apenas pretextos para a concentração de poder em organizações inimputáveis e para a legitimação de um vasto programa extorsionário posto em marcha por uma coligação de ideólogos, académicos e burocratas. Aliás, sem menosprezar o batráquio multicolor que ilustrou diversas "notícias" recentes sobre as ameaças à biodiversidade, a espécie que esta coligação ameaça de extinção é o homem livre ocidental, para quem a governação era a arte da contingência e não a imposição de um plano político que nega a autonomia moral e reduz todos à condição de bichos.”
Fernando Gabriel, investigador universitário, no “Diário Económico” do passado dia 3

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A precipitação com a precipitação

Infelizmente, por malvadez, incúria, ou ignorância, vários crimes graves de lesa-ambiente têm sido praticados pela humanidade, no entanto, tais actos restringem-se à escala local, pois a quantidade total de matéria planetária (sólida, líquida ou gasosa) manipulada pelo homem é insignificante, por comparação à massa do planeta (às massas de águas oceânicas, ou à massa da atmosfera). Localmente (entenda-se uma aldeia, ou uma cidade; um lago ou um rio) a actividade humana, pode, não só, criar graves problemas ambientais, como repará-los, assim haja vontade política e disponibilidade económica. No entanto, generalizou-se a ideia, inicialmente propagada pelas organizações ecologistas e posteriormente repetida na comunicação social por caçadores de subsídios à investigação (de honorabilidade duvidosa) que se auto-intitulam cientistas, por industriais e banqueiros a quem o dinheiro fácil inebria, e por políticos ávidos de manipulação de massas, que o homem consegue alterar o clima, à escala global e, ainda por cima, fá-lo de forma prejudicial ao ambiente, perturbando o (na versão deles) frágil equilíbrio do planeta. No final dos anos setenta e início da década de oitenta “venderam-nos” o “buraco do ozono” antropogénico (no qual fomos acreditando sem exercer espírito crítico, confiando nas competências de quem o anunciava). Percebemos tarde que se trata de uma das mais estúpidas teorias científicas até à época apresentadas. Confiantes na capacidade de manipulação, cerca de 10 anos depois, vieram com a teoria (ainda mais aberrante) do “aquecimento global” antropogénico. Tomam-nos por tolos e de curta memória, quanto mais não seja, por apontarem o dióxido de carbono como principal responsável, quando nos anos setenta foi apontado como causador de um “arrefecimento global antropogénico”. As contínuas notícias de secas devastadoras têm sido anunciadas na comunicação social, nas últimas décadas, com se algo substancialmente diferente (por comparação com 50 ou 100 anos antes) se esteja a passar actualmente. O gráfico que a seguir se apresenta (da responsabilidade de um dos organismos que sustenta a propaganda idiota; para que não se diga que se trata de obra de leigos ou “descrentes”) é da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), o equivalente nos Estados Unidos, ao nosso Instituto de Meteorologia e mostra a variação anual da quantidade total de chuva (em litros por metro quadrado, no eixo vertical) caída no planeta, anualmente (datas no eixo horizontal), entre 1900 e 2008. O valor “zero” representa a média do período em questão. Da análise do gráfico conclui-se que não houve nenhuma tendência significativa nestas (quase) onze décadas, apenas uma ligeira diminuição da precipitação nos primeiros 15 anos do século XX. A partir daí, os períodos "mais secos" têm alternado com outros "mais chuvosos", a cada 3 a 5 anos.

Apache, Fevereiro de 2010

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O ranking das escolas

Na passada terça-feira, a SIC divulgava o ranking das escolas do ensino secundário (com mais de 100 provas realizadas), ordenado de acordo com as classificações obtidas pelos alunos nos exames nacionais, às 12 disciplinas mais representativas. Como era de esperar, acentuou-se a tendência dos 4 anos anteriores, de afundamento na tabela, das escolas públicas. Continua (à semelhança do sucedido em 2008) a não haver nenhuma pública nos 10 primeiros lugares e contam-se apenas 6 nos 25 lugares cimeiros. É claro que estes rankings interessam essencialmente aos estabelecimentos de ensino privado que ocupam os primeiros lugares, porque daí advém a publicidade resultante da conclusão fácil de que as escolas onde os alunos obtêm (em média) melhores resultados, apresentam a melhor qualidade de ensino. Será? Convém lembrar que parte significativa dos professores que leccionam no privado, fazem-no por não terem obtido colocação em escolas públicas, o que inviabiliza qualquer conclusão em termos de qualidade do corpo docente, em ambas as realidades. Convém ainda esclarecer que a maioria das escolas públicas faz selecção de alunos, umas de forma mais directa, recusando liminarmente os que apresentam classificações mais baixas, outras indirectamente, através das elevadas mensalidades cobradas. Uma das curiosidades deste ranking, é constatar que, após 4 anos e meio de tutela de Maria de Lurdes Rodrigues à frente do Ministério da Educação, com quase todas as medidas de politica educativa centradas: na avaliação do desempenho docente, no aumento dos equipamentos tecnológicos e, no aumento do tempo de permanência de docentes e de discentes, nas escolas, os alunos dos estabelecimentos de ensino público, se afastam cada vez mais do desempenho dos seus colegas do privado. Quanto tempo mais é preciso, para que certa gentinha perceba que a grande diferença entre o público e o privado está no aluno?! São os alunos, através do seu comportamento, da sua atenção, do seu empenho e participação nas actividades, o factor determinante das classificações obtidas. Papel importante, através do acompanhamento dos mesmos (da disciplina que incutem, das expectativas que geram), é o desempenhado pelos encarregados de educação. Tudo o mais, são pormenores. O texto que a seguir transcrevo, publicado no blogue “Pedro na Escola”, relata um caso real que vai de encontro ao que muitos professores pensam mas poucos têm a coragem de assumir. “Hoje, recebemos um telefonema de uma jornalista do jornal Público, que desejava saber quais foram os factores que nos fizeram subir mais de 700 lugares no ranking nacional, segundo as estatísticas daquele órgão de comunicação social. Nós ainda não sabíamos do nosso lugar no ranking, mas a senhora jornalista fez o favor de informar. Um salto fabuloso! A simpatia da senhora jornalista foi tanta que até sugeriu respostas: mudança de práticas?, mudança de professores?... Com o devido respeito, tenho a dizer que é preciso muita patetice junta e concentrada para sequer se ousar pensar que se trepam 700 lugares num ranking às custas de mudança de práticas ou de professores. É preciso viver mesmo noutro planeta para se adiantar hipóteses destas. Francamente! Ainda assim, foi necessário dar resposta à senhora jornalista, não sei bem para quê, pelo que se gerou ali logo uma saudável discussão sobre os tais factores que fizeram a diferença. Eu tentei forçar a barra, insistindo que o único factor em causa era a mudança dos pais dos alunos. Alunos diferentes, porque pais diferentes, e o resto são estórias da Carochinha, disse eu. Não colou. Assim sendo, elencámos três factores para justificar o salto: 1- Em 2008, não tínhamos uma turma de CEF no 9º ano, pelo que a exame foram alunos interessados, alunos assim-assim e alunos que se estavam a borrifar completamente para a escola (estes com a conivência dos pais, obviamente). Em 2009, mais de um terço dos alunos do 9º ano estavam num CEF, pelo que, automaticamente, acabaram os níveis 1, e os níveis 2 ficaram em minoria. 2- Os alunos que foram a exame, em 2008, tiveram um 3º ciclo para esquecer, sempre com malucos na turma, a provocarem diariamente perturbações e interrupções das aulas para tratar da indisciplina. Os alunos que saíram do 2º ciclo com quatros e cincos, terminaram o 3º ciclo, incapazes de passar acima da fasquia do 3. Tiveram azar, coitados, aqueles que sonhavam voar mais alto, porque, às custas de três ou quatro “órfãos de pais vivos”, ficaram com as “pernas cortadas” para o futuro. 3- Calhou, em 2009, grande parte dos alunos vir desde o 7º ano sem malucos nas turmas e, além disso, grande parte dos alunos ter pais com expectativas, que nunca se demitiram do seu papel de pais, nem das suas exigências para com os deveres e obrigações dos filhos (entenda-se: estudar, ter bons resultados e ter bom comportamento). Calhou, simplesmente. Tiveram sorte, estes alunos. Têm pernas para andar, uns querem seguir para medicina, outros para engenharias, e por aí fora. As práticas lectivas, os apoios dados pela escola, a qualidade dos professores e mais uma mão-cheia de balelas que enchem páginas de jornais, revistas e blogues, são de uma irrelevância brutal neste assunto. Lamento como tanto se insiste em factores que, na minha humilde opinião, não passam de poeira, de tão insignificantes que são. E falo com conhecimento de causa. Fui professor destes alunos que subiram 700 lugares no ranking, durante todo o 3º ciclo, e preparei-os para o exame nacional. Tal como todos os meus colegas de Matemática que também prepararam os seus alunos para o exame nacional. Ao contrário do que muitos patetas pensam, não se faz pão sem farinha! E a minha escola teve muita sorte, porque, em 2009, teve um saco cheio de farinha, quando habitualmente o saco traz bem mais areia do que farinha...”
Apache, Outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

“Há claramente um excesso de alarme e de zelo” em torno do H1N1

Numa entrevista dada à “Lusa” à margem da inauguração da nova sede distrital de Beja da Ordem dos Médicos (OM), Pedro Nunes, citado pelo jornal “i”, afirma que “há claramente um excesso de alarme e de zelo” em volta de algo que “não passa de uma gripe, uma doença banal, pouco letal”. Acrescentando que “o melhor contributo da Ordem dos Médicos é chamar a atenção dos médicos e, através deles, das pessoas, de que isto é uma doença banalíssima e que não é preciso andarmos todos assustados". Pecam por tardias as declarações do Bastonário da OM que há muito deveria ter criticado o alarmismo oficial. Não se percebe, no entanto, (a menos que razões económicas se sobreponham a valores éticos) porque concorda Pedro Nunes com o plano de vacinação que obedece a "consensos internacionais", sendo dever de Portugal se “integrar na comunidade internacional". Onde é que eu já ouvi falar de consensos ao som do tilintar do vil metal?
Apache, Outubro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gelo inconveniente… Custava-lhe alguma coisa colaborar na propaganda?

[A imagem (obtida com dados fornecidos por satélite) mostra o mapa da Gronelândia, correspondendo as zonas amarelas e laranjas a locais onde a quantidade de gelo tem vindo a diminuir e as zonas azuis aos locais onde tem vindo a aumentar. (As zonas assinaladas a branco são aquelas onde não se detectaram alterações na altura do gelo.)]
Embora se verifique algum derretimento de gelo junto à costa, nos últimos anos do século passado, devido à fraca intensidade dos Anticiclones Móveis Polares (que agora se tornaram de novo mais intensos), tal como havia acontecido no período quente das décadas de 30 a 50, na generalidade do território da Gronelândia, a neve e o gelo têm vindo a aumentar continuamente. Um estudo realizado por, Ola Johannessen, Kirill Khvorostovsky, Martin Miles e Leonid Bobylev, publicado na “ Science” de 11 de Novembro de 2005 concluiu que em média, o gelo que cobre a quase totalidade da ilha tem vindo a aumentar continuamente 5,4 cm por ano (margem de erro ± 0,2 cm).
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[Perito Moreno, um dos maiores glaciares do mundo, com 30 quilómetros de comprimento e quase 200 quilómetros quadrados de área]
O glaciar “Perito Moreno” na Argentina cresce constantemente desde que começou a ser observado, há mais de um século, apesar de espalhar pelo lago gelado da base, icebergues do tamanho de prédios. A imagem do “Perito Moreno” despejando enormes blocos de gelo no “Lago Argentino” ficou famosa no documentário de Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente” e foi usada para dar a ideia de que o glaciar está a derreter, quando na realidade se tem verificado um significativo crescimento do mesmo. As derrocadas de gelo (dizem, um dos espectáculos mais belos da natureza, que muitos consideram a oitava maravilha do mundo) acontecem porque o glaciar barra as águas do “Rio Braço” que ao acumularem-se, atingindo uma altura de cerca de 30 metros, exercem sobre o icebergue enormes forças de pressão que acabam por provocar a derrocada de gigantescas estruturas de gelo.
Apache, Setembro de 2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Gripe A: a epidemia do medo

“Está-se a criar um alarme e uma angústia exagerada em torno da gripe A, diz o Conselho Geral de Colégios Médicos de Espanha (OMC), citado pelo jornal “El País”. O seu presidente, Juan José Rodríguez Sendín, foi mesmo mais longe e, numa conferência de imprensa, disse que a Espanha está imersa numa epidemia de medo provocada por uma doença fantasma. O presidente da OMC não descarta a hipótese de existirem interesses económicos e políticos por trás da pandemia, porque o ênfase que se colocou numa doença tão comum como a gripe não se deve a razões sanitárias. Diz o médico que “10 a 12% dos espanhóis são hipocondríacos” e em Espanha, a fantasia e a novela são muito comuns. Afirmou também que os dados disponíveis mostram que o H1N1 se tem revelado menos severo, causando menos e mais leves complicações e uma taxa de mortalidade muito inferior à da gripe sazonal. A OMC havia já referido que em todo o Hemisfério Sul, ao fim de 4 meses de contabilização e, a menos de um mês do final do Inverno, o H1N1 fez 1 796 mortos, quando, só em Espanha, a gripe mata entre 1 500 a 3 000 pessoas por ano. Curiosamente, em Portugal, onde a propaganda em torno do H1N1 não é menor, a Ordem dos Médicos permanece muda e queda à verborreia ‘ad nauseam’ de dois dos seus membros (a pediatra, Ana Jorge e o médico interno, Francisco George), ou será que sou eu que tenho andado distraído?
Apache, Setembro de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

“E pur si muove”

A foto acima, da Associated Press, publicada no Sunday Telegraph, é uma das fotos mais caricatas do ano. Nashville, Tennessee, 21 de Julho de 2009 (pleno Verão no hemisfério norte), Al Gore (um dos principais responsáveis pela propaganda em volta do alegado aquecimento global antropogénico) acena junto da janela da sua mansão, a um repórter fotográfico da AP, enquanto a neve lhe vai serenamente cobrindo a vidraça.
P.S. Já agora, uma curiosidade em relação ao título:
A frase “no entanto ela move-se” é muito usada em meios académicos para contrariar teorias oficialmente aceites e cientificamente incorrectas. A frase é atribuída a Galileu Galilei, no final do julgamento a que a Santa Inquisição o submeteu por ter defendido publicamente a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico. No entanto, o mais provável é que Galileu nunca a tenha proferido. Que a Terra se movia em volta do Sol, sabia-o a Igreja há algum tempo, o que a instituição pretendia é que isso não fosse tornado público, daí Galileu ter sido “forçado” a negar publicamente a teoria. A célebre frase terá (ao que consta) sido inventada por Giuseppe Baretti.
Apache, Agosto de 2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Da “gripe dos porcos”...

É curioso o facto de o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos (CDC) chamar “new influenza virus of swine origin” (novo vírus da gripe de origem suína) ao H1N1, o vírus (do tipo A) que entre 1918 e 1920 poderá ter morto mais de 40 milhões de pessoas, tendo à época ficado conhecido por “gripe espanhola”. Talvez o CDC, tal como a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenham problemas com a História, é habitual hoje em dia. Convém no entanto, que os hipotéticos leitores não refresquem a memória dos dirigentes destes organismos, caso contrário, a propaganda alarmista que eles têm levado a cabo nos últmos dias (ainda hoje a OMS aumentou para 5, numa escala que vai até 6 o nível de alerta) acabará por destronar as novelas na competição pelo horário nobre das televisões portuguesas, o que, apesar da duvidosa qualidade das primeiras não parece augurar vantagens na sua substituição pela segunda. Recorde-se que ainda recentemente (com várias repetições nos últimos anos) o CDC e a OMS fizeram uma campanha alarmista à escala mundial, em volta do H5N1 (conhecido por “gripe das aves”) que vitimou cerca de duas centenas e meia de pessoas a nível mundial. Campanha incompreensível se considerarmos que o próprio CDC escreve agora que o “H5N1 virus does not usually infect people” (vírus H5N1 normalmente não infecta pessoas). De há uma semana para cá, por influência destes dois organismos com grandes responsabilidades em matéria de saúde pública, a “gripe dos porcos” é constantemente badalada na comunicação social. Segundo o CDC, nos Estados Unidos estão confirmados 91 casos, dos quais resultou a morte de um paciente (ao que consta, uma criança transferida de urgência por um hospital mexicano). Para termos uma ideia da dimensão do problema, refira-se que a gripe, em todas as suas variantes, mata 36 mil pessoas por ano, nos Estados Unidos. Diariamente são hospitalizadas cerca de 550 pessoas, acabando 98 delas por falecer. Não creio que haja números credíveis sobre o número de vítimas da gripe em todo o mundo, mas considerando o nível de desenvolvimento de alguns países e o facto de a malária (doença geograficamente restrita) matar mais de 1 milhão de pessoas, por extrapolação, não é crível que a gripe faça menos de 2 milhões de vítimas por ano, pelo que, para já, a “gripe dos porcos” é uma não notícia.
Apache, Abril de 2009

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Aquecimento Global e os Ciclones

Já aqui tinha referido que, apesar do esforço de meia dúzia de analfabetos científicos (nos quais incluo Al Gore, obviamente) e da continuada insistência de alguma (infelizmente não pouca) comunicação social, na relação de causa e efeito entre temperatura do ar e intensidade dos ciclones (furacões e tempestades tropicais), essa relação não existe. Dado o alarmismo amiúde propagado pelos órgãos de (des)informação, é ideia generalizada que nos últimos anos tem havido um aumento da intensidade dos ciclones. Essa ideia não é corroborada pelos factos, bem pelo contrário. A demonstrá-lo deixo um gráfico publicado pela Universidade Estadual da Florida. No eixo vertical do gráfico está representada a Energia Acumulada (Accumulated Cyclone Energy (ACE)) de todos os ciclones de cada mês. No eixo horizontal estão representados todos os anos entre 1980 e o presente. A linha azul representa os ciclones do Atlântico Norte e a linha verde, todos os ciclones do planeta.

[Cliquem na imagem para ampliar]

Apache, Dezembro de 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Uma verdade muito inconveniente

“Há um grupo de cientistas que inventam as paranóias mais inacreditáveis, e falam delas com «voz grossa» dando a entender que quem não os acompanha é porque é intelectualmente limitado; e assim, a pouco e pouco, a ciência tem vindo a tornar-se pura ficção, vale-nos a tecnologia que vai empurrando esta nave enquanto a ciência se transforma em circo que entretém o ‘povão’.”
Alf, num comentário no ‘post’ intitulado “Passeios no tempo”, no blogue “Outra Física” (imperdível para quem gosta de astrofísica) de que é autor.
Apache, Setembro de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

Marte do tamanho da Lua?

Um e-mail fora de prazo.
No lançamento do ‘post’ de sábado passado referenciei um mail que circula na Internet e que, dependendo das versões, diz mais ou menos isto: No próximo dia 27 de Agosto, Marte estará na sua distância mínima em relação à Terra e ficará tão grande como a Lua, voltando o acontecimento a repetir-se somente em 2287. A Internet é, como todos sabemos, um meio de comunicação com cada vez mais utilizadores, com todas as vantagens que daí advêm. Tem, no entanto, também por isso, sido aproveitada por todos quantos, por desconhecimento, idiotice ou interesses estranhos, pretendem disseminar rapidamente informações falsas, incorrectas ou apenas parcialmente verídicas. No caso do mail acima referido, parece que a sua origem remonta a 2003, ano em que, de facto, a Terra e Marte estiveram alinhados com o Sol e, a uma das menores distâncias possíveis um do outro (cerca de 56 milhões de km). Ao que parece, todos os anos, por esta altura, o mail é posto de novo a circular. Quanto à repetição do acontecimento, somente em 2287… É provável que apenas nesta data, os dois corpos celestes fiquem de novo tão próximos quanto em Agosto de 2003. No entanto, de 26 em 26 meses (aproximadamente) os dois planetas alinham-se, do mesmo lado do Sol, sendo relativamente pequena a distância entre eles (habitualmente menos de 100 milhões de quilómetros). A distância entre os dois corpos pode chegar (no seu máximo afastamento) aos 400 milhões de quilómetros. Já agora, por curiosidade, a última aproximação deu-se no início da segunda quinzena de Dezembro passado, tendo os dois, ficado separados por 88 milhões de km. Neste momento os planetas estão muito mais afastados e esse afastamento vai continuar. No próximo dia 27 de Agosto, Marte não será visível dos céus de Portugal, pois nasce depois do Sol e põem-se quase simultaneamente a este, distando da Terra quase 360 milhões de quilómetros. Quanto a haver algum momento na sua órbita elíptica em torno do Sol, em que Marte se aproxime tanto da Terra que o seu tamanho aparente se assemelhe ao da Lua, isso é completamente impossível. Usando a mesma fórmula apresentada no ‘post’ anterior, verificamos que, quando em Agosto de 2003, Marte (cujo diâmetro é de 6 794 km) ficou a 56 milhões de quilómetros do nosso planeta, o disco marciano media 0,00695º. Ou seja, 70 vezes menor que a Lua (no seu menor tamanho aparente). Só mais uma curiosidade… O Planeta Vénus é habitualmente, depois da Lua, o corpo celeste mais próximo da Terra, podendo aproximar-se de nós a menos de 40 milhões de quilómetros. É também, normalmente, logo a seguir à Lua, o ponto mais brilhante do céu nocturno. Na sua máxima aproximação, o tamanho aparente de Vénus é “apenas” 28 vezes menor que o menor tamanho do nosso satélite natural.
Apache, Julho de 2008

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Desta vez, a ciência perdeu

A vida é mesmo assim, feita de vitórias e derrotas e a História da Humanidade está pejada de avanços e de retrocessos, de períodos de luz e de épocas de trevas, não valendo a pena dramatizar excessivamente. De facto, à pouco mais de um mês atrás, tinha destacado em três publicações consecutivas e complementares, a decisão de um tribunal londrino considerar provada a existência de nove erros no DVD de Al Gore “Uma verdade inconveniente” e, uma vez que em Inglaterra é obrigatória a exibição do “documentário” a todos os adolescentes, entendeu o juiz que os professores, imediatamente antes ou logo após a exibição do dito, deverão alertar os alunos para o facto de este conter opiniões políticas contrárias ao conhecimento científico actual.
Esta é, do ponto de vista da ciência, apenas uma meia vitória, pois o documentário, poderia ser visualizado em qualquer lado, menos nas aulas de ciências, onde é suposto aprender-se ciências. E o único ensinamento que resulta da visualização do DVD é que tanto no passado como no presente, pessoas de elevada responsabilidade, muito têm contribuído para a criação de mitos que em nada contribuem para a evolução do conhecimento científico e para o progresso da humanidade.
Soube hoje, através de uma colega, que à poucos dias, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, decidiu por cinco votos contra quatro, considerar o dióxido de carbono, um gás poluente.
Sim, eu sei que é vulgar aparecer na comunicação social idêntica classificação, até já se chegou ao cúmulo de o considerar tóxico, mas obviamente, ninguém espera que a maioria dos jornalistas, seja, em matéria de ciência, pouco mais que analfabeta, de facto, ninguém é mestre em todas as artes e a sua formação académica é, na generalidade dos casos, na área das letras.
Sim, eu sei, e neste caso é gravíssimo que assim seja, que muitos autores de manuais escolares (alguns deles, professores universitários) escrevem semelhante aberração nos mesmos. Conheço alguns manuais de 10º ano, da disciplina de Física e Química A e (pelo menos) um da disciplina de Química do 12º ano, onde o dióxido de carbono é considerado poluente. Neste último manual, chega-se mesmo ao ridículo de escrever que o vapor de água não tem efeito de estufa, ele que é o responsável por mais de 90% desse efeito, na atmosfera terrestre.
Sim, eu sei que não podemos criticar os tribunais sempre que as decisões são contrárias à nossa opinião e considerar que não têm competência para tal decisão, mas mostrarmo-nos agradados quando as decisões vão mais de encontro ao que pessoalmente defendemos.
Mas, acontece que, apesar de ambas as decisões (do tribunal inglês e do norte-americano) versarem assuntos científicos, o primeiro caso, parece-me de facto, susceptível de decisão judicial, enquanto o segundo, não.
No primeiro caso (tribunal inglês), discutia-se se era ou não legítimo o governo britânico obrigar os professores a exibir, em contexto de sala de aula de ciências, um filme que difunde uma ideia nada consensual na sociedade e totalmente rejeitada por inúmeros cientistas, ainda que aceite por alguns outros (sabe Deus com que contrapartidas) .
Entendeu o juiz, que tal obrigatoriedade de exibição é legítima, em nome da liberdade de expressão e da competência do governo na definição das políticas educativas (decisão com a qual não concordo, por causa da obrigatoriedade imposta). Entendeu também que devem, no entanto, ser destacados pelos professores, vários erros, facilmente perceptíveis (mesmo para o juiz) que atropelam a “verdade” científica, em nome do rigor que a esta se associa.
No segundo caso (tribunal norte-americano), entendeu o Supremo ser competente para decidir uma matéria estritamente científica, de incluir ou não, o dióxido de carbono na lista das substâncias poluentes. Tal decisão (certa ou errada) só podia, a meu ver, ser tomada por um organismo composto apenas por pessoas com elevada formação académica na área científica. Apetece-me perguntar, porque não se pronuncia o Supremo americano, pela decisão tomada em Agosto de 2006, pela União Astronómica Internacional, de "despromover" Plutão da categoria de planeta, logo o único que havia sido descoberto por um astrónomo americano?
Ao tomar conhecimento da cómica decisão judicial, lembrei-me do (este, tristemente) célebre episódio "medieval", de 1616, em que Galileu enfrenta a decisão do Tribunal do Santo Ofício, de considerar herético o Modelo Heliocêntrico do Sistema Solar, do padre Copérnico, que Galileu tanto se esforçou por demonstrar, e que, ao que parece, tê-lo-ia levado ao churrasco, não fora a sua amizade pessoal com um destacado cardeal romano, pouco depois eleito papa, Urbano VIII.
Em pleno século XXI, alguns políticos parecem continuar a querer guardar para uma elite dirigente restrita (e acéfala), o conhecimento científico e tecnológico que muito poderia contribuir para o progresso e para a redução das tremendas desigualdades sociais que o mundo, cada vez mais enfrenta. Pelo contrário, empenham-se pessoalmente e esbanjam fortunas na criação de mitos idiotas, para que alguns continuem a recolher fortunas colossais à custa da miséria de milhões.
Apache, Novembro de 2007

domingo, 2 de setembro de 2007

SOS Frio…

O programa “SOS Calor” da TSF passou os meses de Verão a “vender” baboseiras sem nexo, publicitando o alegado aquecimento global, e alertando para a previsão de ondas de calor, em Portugal, que não só, não se fizeram sentir, como não foram previstas pelos meteorologistas, antes, inventadas pela comunicação social.
Diga-se, em abono da verdade, que assim que as primeiras emissões do programa foram para o ar, o Instituto de Meteorologia (IM) veio acalmar o alarmismo. No seu comunicado à imprensa, de 11 de Maio de 2007, pode ler-se: “Notícias divulgadas hoje pelos Órgãos de Comunicação Social com referência a previsão de altas temperaturas para o Verão de 2007 não podem ser confirmadas pelo Instituto de Meteorologia”.
Apesar disso, a TSF manteve as emissões regulares do programa, onde se continuaram a fazer previsões alarmistas e a dar conselhos, muitos deles estapafúrdios face ao conhecimento científico actual.
No genérico do programa, afirma-se que o Verão de 2006 foi o mais quente, em Portugal e que para 2007 estão previstas novas ondas de calor. A realidade é que, nunca estiveram (oficialmente) previstas ondas de calor (até porque os contestados e altamente falíveis modelos matemáticos usados pela meteorologia não o conseguem fazer), e o Verão de 2007 veio a revelar-se bastante fresco.
Em novo comunicado à imprensa, datado do passado dia, 31 de Agosto de 2007, O IM destaca: “O Verão (Junho, Julho e Agosto) de 2007 apresentou as temperaturas médias do ar mais baixas dos últimos 20 anos. (…) Os valores médios mais elevados registados em Portugal Continental ocorreram no ano de 1997”.
Será que a TSF vai repor a verdade, ou sacudir a água do capote? Para já, (consta que) foram suspensas as emissões do programa “SOS Calor”.
Apache, Setembro de 2007

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Baixos salários e competitividade

Políticos, economistas, "fazedores" de opinião e outros artistas de prosápia, tentam amiúde convencer-nos que para o país ser competitivo, em comparação com os parceiros europeus, é fundamental manter baixos salários. Esta teoria, como muitas das habitualmente na moda, em variados assuntos, apresenta um pequeno defeito, é contrariada pelos factos.

Apache, Junho de 2007

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Portela + 0

A 6 de Julho de 1998 encerrava ao público, uma das mais belas obras de engenharia do início do século XX, o Aeroporto Internacional de Kai Tak, em Hong Kong.
Situado na baía de Kowloon, estava rodeado, a Norte, a Sul e a Este por várias colinas, estas últimas a menos de 5 km da pista. À medida que a cidade foi crescendo, o aeroporto foi sendo envolvido por arranha-céus.
A aterragem era possível por um único corredor aéreo. Possuía, por isso, apenas uma pista, cujo comprimento era inferior a 3 400 m. Para evitar que o ruído perturbasse seriamente o sono dos moradores, o aeroporto encerrava todas as noites às 23 horas, reabrindo às 6:30 da manhã seguinte. No seu último ano de operação recebeu 30 milhões de passageiros.
O Aeroporto Internacional de Lisboa, situado na Portela de Sacavém, possui duas pistas, a maior com 3 805 m e por ele passaram em 2006, cerca de 12 milhões de passageiros.
Estão actualmente a decorrer obras de modernização e ampliação do aeroporto, que ganhará mais espaço, com a prevista deslocalização para Beja, da área de manutenção da TAP. Existe ainda a possibilidade de desmantelar a "Base Aérea" de Figo Maduro, passando esses terrenos a integrar o aeroporto civil, que assim ficará com uma área, superior em cerca de 50%, à de Kai Tak.
Esgotado e provavelmente emerso em "essência" do deserto, está o neurónio do "menino" Linocas e eventualmente os dos amigos oportunistas a quem encomenda estudos e pareceres.
Apache, Junho de 2007

terça-feira, 19 de junho de 2007

Conversa de... "Cocó"

Na noite da passada sexta-feira, a nº 3 da lista de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa, Ana Sara Brito disse que a candidatura socialista está aberta à realização de casamentos civis, incluindo de homossexuais, no Salão Nobre da autarquia. No domingo, Costa afirmou que "a existência de casamentos homossexuais depende do legislador mas a autarquia deverá respeitar todas as formas de construção de uma família." No Salão Nobre da Câmara? E porque não na sua casa, Dr. Multiusos? Ou no "Largo do Rato"? Aproveitava e convidava também os seus amigos, Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues e outros... Usavam gabinetes contíguos como "salas de chuto" e reservavam pelo menos um, para sala abortiva, não vá a vossa ciência pútrida descobrir uma forma de gravidez homossexual, acelerando a contrução da família. Mas atenção, desta vez, tenham cuidado com a idade dos convidados, evitem os oriundos de colégios públicos de Belém.
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Entretanto hoje, numa acção de campanha na Avenida da Liberdade, dedicada ao ambiente e à segurança rodoviária, os temas preferidos da sua demagogia bacoca, o Dr. Multiusos, disse que "em 2006 houve 252 acidentes com vítimas, na cidade, dos quais 101 foram atropelamentos, resultando daí 11 mortos e cerca de 150 feridos com gravidade." "Estes números mostram que Lisboa é insegura para o peão. Por isso, impõem-se medidas para reforçar a segurança de quem circula a pé na cidade." Curioso, estive a ler o relatório de 2006, da DGV e confirmei que para a cidade de Lisboa, os números que apresentou estão todos correctos, excepto o número de feridos graves por atropelamento, foram 94 e não "cerca de 150". Entre as capitais de distrito portuguesas, Lisboa é a 2ª com menor "índice de gravidade" dos acidentes, depois do Porto, apresentando 0,9 mortos por cada 100 acidentes. E o distrito ocupa o 1º lugar (menor gravidade) com um índice de gravidade de 1,4. O número de acidentes no Concelho de Lisboa, comparado com o número de veículos em circulação é também o 2º menor, logo atrás do Conselho do Porto (considerando apenas os 50 maiores concelhos do país, pois nos outros, os dados estatísticos são muito distorcidos pelo reduzido universo em estudo). A região metropolitana de Lisboa apresenta o menor número de acidentes comparando o número de veículos e de peões. Se Lisboa é insegura, que dizer do resto do país? Se a sua preocupação é a segurança rodoviária é melhor candidatar-se a uma câmara do interior do país. Nas capitais dos distritos do interior, certamente saudariam as suas preocupações. Com o seu discurso pró-homossexual é que talvez tivesse que tomar algumas precauções...
Apache, Junho de 2007

terça-feira, 1 de maio de 2007

Ainda o Antárctico...

O Antárctico é um continente coberto de gelo, rodeado por um oceano com o mesmo nome. Todos os Outonos, protegido pela longa noite polar, o gelo continental avança sobre o mar, atingindo no final do Inverno uma área que em Setembro de 2006 atingiu os 16 milhões de quilómetros quadrados. Com a chegada da Primavera e consequentemente da luz solar, que brilha ininterruptamente até ao final do Verão, o gelo marítimo derrete quase por completo. O gráfico da figura acima (resultante das observações de satélite da NASA) representa a variação anual dessa área de gelo (marítimo) nos últimos 28 anos, correspondendo os picos, aos máximos e mínimos de cada ano. No seu documentário "Verdade Inconveniente", Al Gore referiu que o aquecimento global estava a traduzir-se numa redução dos gelos do Antárctico. Qual redução? Ou eu ando a ver mal, ou há pessoas com uma imaginação muito fértil.
Apache, Maio de 2007

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Blá, blá, blá...

Notícia do Jornal "Sol" da passada quinta-feira... "Dois deputados noruegueses nomearam o antigo vice-presidente americano Al Gore para Prémio Nobel da Paz pelos seus feitos na consciencialização global das alterações climáticas. (...) Se ganhar, não será o primeiro Nobel a ser gratificado por trabalho ambiental." Eu diria mais, se ganhar, não será o primeiro charlatão a consegui-lo, depois de em 1973 o Nobel da Paz ter ido parar às mãos do perverso Henry Kissinger, tudo se espera do Comité Nobel. Ontem, o "Sol" insistia... "Até ao final do século, o planeta vai aquecer entre 1,8 e 4 graus Celsius, o que fará subir o nível dos mares até 58 centímetros e multiplicar as secas e vagas de calor, de acordo com um estudo internacional divulgado hoje. Estas são as principais conclusões do relatório hoje apresentado em Paris pelos 500 delegados do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU, após quatro dias de intensas negociações. Os peritos basearam as suas conclusões no conjunto das investigações científicas realizadas nos últimos seis anos para actualizar e corrigir os dados do seu anterior relatório, de 2001. Para o presidente do painel, Rajendra Pachauri, trata-se de «um documento muito impressionante que vai vários passos além das investigações anteriores», e, segundo a cientista Susan Dolomon," (peço desculpa pela correcção, mas o apelido da artista é Solomon) "representante do governo norte-americano, «não há dúvida de que o aumento dos gases com efeito de estufa é dominado pelas actividades humanas». Segundo uma síntese do relatório, intitulada «Resumo à Atenção dos Decisores», o aumento da temperatura global será muito diferenciado conforme as regiões, podendo ser multiplicada por dois nos pólos, por exemplo. A subida dos termómetros fará subir também o nível dos mares entre 18 e 59 centímetros e estará na origem de múltiplos fenómenos extremos, como vagas de calor, episódios de seca e precipitações intensas cada vez mais frequentes que poderão provocar a deslocação de cerca de 200 milhões de refugiados climáticos daqui até ao fim do século. (...) O aquecimento previsto reduzirá a cobertura de neve e as calotes polares, e não se exclui a possibilidade de o gelo do Pólo Norte se derreter completamente em finais do século. (...) O painel científico deverá divulgar nos próximos meses outros relatórios sobre o impacto do aquecimento global, as formas de o mitigar e um documento final de síntese, a aprovar em Novembro em Valência (Espanha)." Isto é pior do que eu pensava, eles prometem mais episódios da novela. Aliás a repetição da mentira é de tal ordem que vários manuais escolares, editados este ano, viram alguns textos sobre os mais variados assuntos acrescentados com barbaridades científicas sobre este assunto. Como toda a gente sabe, o clima da Terra foi-se alterando ao longo de milhares (ou talvez milhões) de anos até à chegada do homem, mantendo ainda hoje uma lenta mas continuada evolução. A revolução industrial ocorreu há pouco mais de 200 anos e as "ferramentas" que nos permitem medir com precisão grandezas relacionadas com o clima têm cerca de 100 anos, por isso, apesar de parecer que na Idade Média, a Terra era bem mais quente que hoje, deixemos as "incertezas" e concentremo-nos nos factos. Segundo dados fornecidos em Dezembro pela NASA, o Planeta aqueceu, no seu todo, em termos médios, cerca de 0,5 graus Celsius, desde 1880. Obviamente, houve zonas que aqueceram mais e zonas que arrefeceram, contando-se entre as que aqueceram, a América do Norte, a Europa, parte da Ásia Central e uma pequena faixa junto ao Pólo Norte. Entre as que arrefeceram, destacam-se, a Gronelândia e quase todo o Continente Antárctico. A distribuição do gelo permanente na superfície da Terra é aproximadamente de 85% no Antárctico, 10% na Gronelândia, 4% no Árctico e 1% no topo dos cumes mais elevados do planeta. Ou seja, 95% do gelo terrestre situa-se em regiões que têm arrefecido nos últimos 120 anos. O Antárctico "vê" a espessura da sua camada de gelo aumentar 1,4 cm por ano. Ainda assim, não me choca que se chame "Aquecimento Global" a um aumento médio das temperaturas de 0,5 ºC em mais de um século, o que me choca, é que fundamentando em modelos de previsão com mais de 30 anos e comprovadamente desfasados da realidade, se insista num aquecimento de alguns graus nos próximos 100 anos, acusando disso, os gases com efeito de estufa (principalmente o dióxido de carbono), que como sabemos (no caso de serem produzidos pelo Homem e, exceptuando a respiração) são provenientes da queima de combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, que (dizem) se esgotará dentro de 30 a 40 anos. Mas... admitamos por pura especulação que a previsão, perfeitamente ridícula, (desta vez) se confirma e o planeta aquece 5 ºC, melhor, já que é para especular, digamos 10 ºC. Agora, neste preciso momento, são 9 horas da manhã em Vostok (provavelmente o local mais frio do planeta), estação meteorológica Russa, no coração do Antárctico (latitude 80º Sul), estamos em pleno Verão, o Sol, que nasceu pela última vez a 23 de Setembro de 2006, só baixará a linha do horizonte a 21 de Março de 2007, brilhando neste momento num céu sem nuvens, os termómetros marcam 40,4 ºC negativos; em meados do passado mês de Agosto, em pleno Inverno, e após 5 meses de longa noite polar, os termómetros desciam 80 ºC abaixo do ponto de solidificação da água. Ou seja, desde Agosto até Fevereiro, a temperatura subiu no Pólo Sul terrestre (como acontece aliás, todos os anos) 40 graus. Alguém ouviu falar de cheias neste, ou em qualquer outro Verão, na Austrália, na Nova Zelândia, na Argentina, na África do Sul? Enormes quantidades de gelo derreteram e voltaram a solidificar, ano após ano, sem que isso tenha alterado o nível dos oceanos. Uma parte do gelo existente na Terra, encontra-se sobre o mar, se derreter, a água ocupará o seu lugar não resultando daí qualquer alteração no nível desta (Principio de Arquimedes). O nível do mar sobe, apenas quando derretem gelos que estão à superfície de terra firme e nunca na mesma quantidade, porque uma parte da água daí resultante é absorvida pela terra e outra evapora-se para a atmosfera em resultado do aumento de temperatura. Mas continuemos a especulação… Admitamos que a Terra aqueceria e o nível médio dos oceanos subiria significativamente, atropelando as Leis da Física, então, o clima temperado e húmido, tropical, atingiria latitudes maiores, tanto no hemisfério Norte como no Sul, os Invernos seriam mais quentes e os Verões mais frescos, devido à humidade do ar e, choveria com mais frequência. Então e onde entra a "estória" das secas extremas, dos incêndios e da escassez de água? Não faço ideia, alguém achou que ficavam bem no argumento. Tínhamos também o problema da submersão de alguns quilómetros quadrados de litoral costeiro com a subida do nível do mar… Pois tínhamos, partindo do pressuposto que todo este "romance" era verdadeiro e os governantes nada faziam para alterar a situação. Imaginem que tinham uma enorme poça de água, numa zona arenosa, e que decidiam retirar areia de dentro da poça, que acontecia à água? Ocupava o lugar deixado vago pela saída da areia, baixando assim o nível, em comparação com a terra fora da poça... E se depositassem a areia extraída, nas margens da poça? Aumentaria ainda mais o desnível entre a água e a terra firme, certo? Tecnologia de ponta!... Ah, já agora... para que é que estão a gastar uma fortuna com aquelas ilhas artificiais no Dubai, (como a palmeira da foto, ou o conhecido mapa-mundo) se o mar ao subir vai afundar aquilo tudo nos próximos anos?...

Apache, Fevereiro de 2007