segunda-feira, 28 de junho de 2021

 Conspiracionistas são eles (2)

 

Em resposta à intimação do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, a que me referi no texto anterior, a DGS informou que não possui:


a)     Cópia de publicação científica revista por pares que mostre que os testes RT-PCR são fiáveis na identificação do vírus SARS-CoV-2;

b)     Informação documentada sobre o número de ciclos usados nos testes RT-PCR, em Portugal, nem é capaz de indicar a entidade que definiu esse número;

c)     Informação sobre que tipo de vírus e respectivas estirpes são detectadas nos testes RT-PCR;

d)     Prova científica que fundamente as medidas de quarentena e de confinamento;

e)     Prova científica da eficácia do distanciamento social;

f)      Prova científica de que as “vacinas” de mRNA não constituem perigo a médio e longo prazo para a saúde dos “vacinados”.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

 Conspiracionistas são eles (1)

 

No passado dia 19 de Abril, após intimação do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, na sequência de requerimento apresentado por cidadãos anónimos, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) admitiu que, desde o seu início até ao dia anterior (18 de Abril de 2021) a pandemia CoViD-19 fez em Portugal 152 vítimas mortais e não as 16 946 que constavam no relatório diário disponibilizado à comunicação social e que pode ser consultado na sua página.

De facto, até ao dia 19 de Abril de 2021 foram passadas 152 certidões de óbito que apresentam como causa de morte a infecção por SARS-CoV-2 (doença conhecida por CoViD-19). Sendo que, vinte destas vítimas não realizaram teste PCR mas apresentavam, à data da morte, sintomas compatíveis com uma infecção respiratória. Apenas 4 destes 152 casos foram confirmados por autópsia e ainda assim, não se percebe como foi obtida essa confirmação uma vez que a DGS reconhece não possuir nenhuma prova científica do isolamento do vírus, nem qualquer documento científico que ateste o seu código genético.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

 "Terraplanistas são eles"

"Antes da Covid, o “argumento” mais revelador da falta de argumentos e de neurónios de quem o utilizava era o da Rennie. Quando alguém confrontava um palerma com alguma coisa que lhe desagradasse, o palerma respondia imediatamente: “Toma Rennie que isso passa”, e a seguir retirava-se triunfante e seguro de que ganhara o debate. Num país cujo serviço de saúde não colapsasse à primeira oportunidade, o palerma ganharia a avaliação de uma junta de psiquiatras, mas esse é outro ponto. Aqui, o ponto é o recuso ao refluxo gástrico, vulgo azia, para encerrar uma discussão. Às vezes, o Kompensan substituía a Rennie, embora não houvesse massa encefálica que substituísse o ar morno na caixa craniana dessa gente. Bons tempos.

Em tempos de Covid, e contra todas as expectativas, o nível da “argumentação” conseguiu baixar. Hoje, a turba indistinta do “fique em casa”, do “confinamento” eterno e das máscaras permanentes é tão desprovida de razão que faz o pessoal da Rennie parecer sofisticado por comparação. O caso é particularmente irónico na medida em que, no lugar dos antiácidos, a nova estirpe de magos da retórica invoca a ciência. Ou melhor, aquilo que julga ser ciência, na verdade umas curvas estatísticas apresentadas em reuniões no Infarmed por matemáticos e veterinários desejosos de agradar ao governo. Não importa que as curvas sejam inúteis a descrever o presente e desastrosas a prever o futuro. Não importa que ninguém perceba a sensatez de trucidar uma economia débil a partir de curvas mal amanhadas. E não importa que as curvas se limitem a confirmar as conclusões previamente tomadas pelo dr. Costa e pelo prof. Marcelo: manter os cidadãos em clausura parcial, rebentar com a iniciativa privada e produzir mais dependência face ao Estado e às quadrilhas que o controlam.  Importa que, na cabeça dos tontos, as curvas e as desumanas restrições que delas “decorrem” são “ciência”. E importa sobretudo que, armados com solenidade “científica”, os tontos se sentem habilitados a insultar e perseguir quem deles discorda.

Quem sugerir que o estado de emergência não é adequado para lidar com uma doença que quase só afecta gravemente velhos é “negacionista”. Quem lembrar que teria sido decente proteger os velhos, em alternativa a prender a população em peso, é “terraplanista”. Quem notar que a evolução da Covid  não depende exclusivamente de “confinamentos” e regras abstrusas é “medieval”. Quem inventariar os países e as regiões em que a falta de “confinamento” e de regras abstrusas coabita com o decréscimo nos infectados e nos mortos é “conspiracionista”. Quem insiste em conviver com familiares e amigos é “bolsonarista”. Quem repara que o Brasil tem menos mortos “com” ou “de” Covid do que Portugal é “primitivo”. Quem não respeita as normas decretadas por governantes que não se dão ao respeito – nem respeitam as próprias normas – é “fascista”. Quem questiona a prepotência é “nazi”. Quem não sai de casa sem se disfarçar de iraniana ou assaltante de bancos é “anti-social”. Quem não reduz a vastidão do universo a um vírus é “inconsciente”. Quem recorda que a existência implica sempre riscos é “criminoso”. Quem previne que esta demência colectiva terá consequências muito feias para todos, excepto para os irresponsáveis que a provocaram, é “assassino” e indigno de merecer o proverbial ventilador no dia em que precisar de um.

Estamos nisto. É, literalmente, o mundo ao contrário.  De repente, a “ciência” viu-se apropriada por devotos da virologia de veterinários, da fancaria dos telejornais e da hipocondria do inquilino de Belém. Ou seja, por místicos que não fazem a mínima ideia do que é a ciência. Boa parte destes “cientistas” instantâneos até se diz de esquerda, o que os coloca logo no mesmo campeonato da credibilidade de astrólogos, cartomantes, homeopatas e cultores do Feng Shui. Muitos não sabem ler uma tabela estatística. Muitos são incapazes de alinhavar uma frase sem dois erros ortográficos e três de sintaxe. Muitos julgam que Steinmetz é um defesa do Dortmund. Mas nenhum abdica de uma ideia infantil acerca do que é ciência para fundamentar o seu dogmatismo.

Em circunstâncias normais, não custaria deixar os fanáticos a berrar sozinhos e assistir de bancada ao espectáculo. Afinal, há certa graça em ver em acção as principais características do método científico: a intolerância, a fúria e a vontade de enfiar blasfemos na cadeia ou na fogueira. A chatice é que as circunstâncias não são normais, e estes adeptos do pensamento mágico (sem a parte do pensamento) não contam apenas com a força da cegueira, que já é bastante. Para azar dos que prezam a civilização,  os fanáticos contam com a força literal, a dos senhores que legislam alucinações e a da polícia que as executa. A boçalidade, enfim, tomou por completo o poder, através dos que o ocupam e através dos que os apoiam. Salvo milagre, os factos estão condenados a subjugar-se a indivíduos que enchem a boca com ciência como antes a enchiam com liberdade, embora desconheçam a primeira e detestem a segunda. Terraplanistas, negacionistas e primitivos são eles."

                                                                                                                       Alberto Gonçalves, no "Observador" de 27 de Março

terça-feira, 22 de junho de 2021

Acabaram-se as férias


Após alguns anos de pausa e a acabar de descobrir que o 'blogger' está muito diferente e parece mais confuso, vou voltar a publicar, ainda que provavelmente mais esporadicamente.