domingo, 31 de agosto de 2008

E se metessem o chip naquele sítio…

A propósito da promulgação da lei que permite a introdução (para breve) do chip nas matrículas dos automóveis, que é assim uma espécie de pulseira electrónica para gente de brandos costumes, lembrei-me deste artigo de José Manuel Fernandes, no “Público” de 21 de Julho de 2008.
“Acordo com o toque do telemóvel. Num computador algures, fica registado o número de telefone que me ligou e a zona em que estava quando o atendi. Levanto-me, tomo o pequeno-almoço e passo por uma caixa multibanco. Noutro computador algures ficam registadas todas as operações que efectuei. E também o lugar exacto onde estava. Entro no automóvel e, a caminho do trabalho, sigo pela auto-estrada. Como tenho Via Verde, um outro computador regista a minha passagem e arquiva-a. Ao longo do dia, todos os telefonemas que fizer ou receber no meu telemóvel continuarão a ficar registados num computador, e o meu operador tem ordens para guardar os registos durante um período determinado para eventual utilização pelas autoridades. O mesmo vai suceder com todas as vezes que utilizar um dos meus cartões de débito ou de crédito. Ou quando estacionar num parque onde também exista Via Verde. No meu local de trabalho, como em quase todos, há câmaras de vigilância que não estão apontadas a nenhum posto de trabalho, mas onde ficam registadas todas as vezes que entro e saio do edifício. Pelo menos. Se, por acaso, me dirigir a um centro comercial, serei por certo filmado por mais uma mão cheia de câmaras, e os seus registos também ficarão guardados durante pelo menos 30 dias. Virtualmente, já é possível a uma qualquer polícia reconstituir tudo o que fiz ao longo do dia. Mesmo sem ter de recorrer a escutas nem colocar um agente a seguir-me. Apenas cruzando informação presente em computadores a que pode ter acesso quando desejar, bastando-lhe cumprir um mínimo de exigências legais. Mas mesmo tudo isto não chega ao nosso Estado. Num ousado gesto de inovação por certo integrado no "choque tecnológico" (suponho, pois já ninguém fala dele), agora os burocratas do Terreiro do Paço querem que a matrícula do meu carro - de todos os carros - tenha um chip. E se o Governo pensou na genial iniciativa, logo a acéfala maioria PS na Assembleia se prontificou para a votar sem se questionar um minuto sequer sobre o significado do que estava a fazer. A partir do próximo ano, o nosso querido Estado, se a lei passar o teste da constitucionalidade, pode passar a saber por onde anda o meu carro, a que velocidade se deslocou entre dois "sensores", onde o deixei estacionado, quem nele viajava (basta cruzar as informações do chip da matrícula com as dos telemóveis) e uma quantidade de outras coisas que fazem parte da intimidade de cada cidadão. Faltará passar do chip na matrícula para o chip subcutâneo, altura em que o Estado me poderá prestar, com a maior eficiência, uma enorme quantidade de serviços com enormes vantagens económicas. No chip subcutâneo pode estar tudo: os meus dados de identidade, a minha história civil, todos os registos médicos, os meus dados fiscais, porventura uma boa parte do que estiver em todas as outras bases de dados. E nem será muito difícil desenvolver a geringonça, pois já há chips para cães. Exactamente: para cães. E para outros animais domésticos ou de criação. Porquê? Porque esses animais têm um dono. Não são livres nem têm o livre arbítrio que associamos aos seres humanos. Mas, pelo caminho que as coisas estão a levar, não tarda nada que achemos natural que o que muitos apresentam como a sombra protectora do Estado se transforme num ambiente de absoluta claustrofobia que viola o mais central dos direitos humanos: o da livre escolha do que faz ou não faz na sua esfera privada, ou mesmo íntima, sem ter de sentir que, sob formas mais sofisticadas dos que as imaginadas por Aldous Huxley no seu Admirável Mundo Novo ou por George Orwell em O Triunfo dos Porcos ou 1984, vivemos sob vigilância permanente ou somos constantemente condicionados. Num país onde o valor da liberdade fosse minimamente valorizado, o chip nas matrículas teria levantado um sobressalto cívico. Em Portugal, suscitou pouco mais do que um encolher de ombros. Tal como o famoso "cartão único", que nos foi vendido como sendo inócuo mas que parece que vai ter um efeito perverso não anunciado: quando estiver em vigor, ninguém mais vai ter a liberdade de não se recensear para votar, pois o recenseamento eleitoral passará a ser automático. Parece pouco importante, mas é só um exemplo de como se podem embrulhar num laçarote de boas intenções outras intenções menos boas e não anunciadas. Nem sequer nas letras pequenas dos contratos.”
Apache, Agosto de 2008

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

‘Fotojornalistas’ na guerra da Geórgia… (2)

Quem serão estes? Os avós do Super-Chorão e o morto número dois? Para que raio está a senhora a olhar para o céu?
Hum… Acho que está a cantar “Aleluia… It’s raining man…” Entretanto, a camisa do morto rasgou-se um pouco mais, deve ter sido com a emoção…
Ups, o morto virou-se… será que vai bater palmas à intérprete? E já temos uma fã…
Mudando de cenário, eis que… É ele, O Super-Chorão! Mas… trabalha para os “Man in Black”?! O morto número um nem quer acreditar, até se virou para o chão. Quanto ao morto número três, está a precisar de uma dietazinha, se não se agarrasse ao braço da enfermeira batia com o rabiosque no chão.
E para finalizar, um bónus… O “making off” do Super-Chorão.
Convém lembrar uma vez mais que todas estas “fotos” são da responsabilidade da Reuters.
Apache, Agosto de 2008

terça-feira, 26 de agosto de 2008

'Fotojornalistas' na guerra da Geórgia…

Hum… um homem morto, cá está mais um trabalhinho para o Super-Chorão. Mas primeiro, vou trocar de roupa.
Ups, esqueci-me da farda, vai mesmo sem camisa… Está bom assim? Não, pouco realismo?
Agora parece uma tragédia grega? Vocês, jornalistas, são uns chatos, pá… Deste lado não!... É o menos fotogénico…
Agora aparecem-me estas duas melgas, já um homem não pode representar sozinho… Quer dizer, apenas na presença dum morto que transforma uma t-shirt bege num roupão amarelo, e isto, mexendo apenas o braço direito e abrindo ligeiramente as pernas.
Em respeito pelos direitos de autor, convém informar que esta manipulação fotográfica é uma produção e realização da Reuters.
Apache, Agosto de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Acabaram os Jogos Olímpicos, é tempo de balanço. (2)

Os Jogos da Vigésima Nona Olimpíada da Era Moderna, que muitos consideram como os melhores Jogos Olímpicos de sempre, ficaram marcados, do ponto de vista organizacional, pelas espectaculares cerimónias de abertura e de encerramento. Do ponto de vista desportivo, com a participação de 11 128 atletas, em representação de 204 países, o sucesso foi garantido pelos 37 Recordes do Mundo e 77 Recordes Olímpicos, batidos. As 748 medalhas olímpicas foram distribuídas por 81 países, dos quais se destacaram: os Estados Unidos, com 110; a China, com 100 e a Federação Russa com 72. Individualmente, dos mais de 100 atletas com múltiplas subidas ao pódio, os destaques foram para os nadadores dos Estados Unidos: Michael Phelps, que conquistou oito medalhas de ouro e bateu 7 Recordes do Mundo; e Natalie Coughlin, que arrecadou 6 medalhas (1 de ouro, 2 de prata e 3 de bronze). No Atletismo, por muitos considerada a modalidade rainha dos Jogos, sobressaiu o velocista jamaicano, Usain Bolt, que chegou por três vezes ao lugar mais alto do pódio com outros tantos Recordes do Mundo. Entre as poucas coisas que correram menos bem, merecem destaque: do ponto de vista organizacional, o atraso com que as transmissões televisivas (sobretudo no atletismo) exibiam os resultados parciais; e do ponto de vista desportivo (ainda que também organizacional), o facto de não terem sido exibidas publicamente, pelos responsáveis máximos da natação mundial (há semelhança do que há muitos anos se faz no atletismo), as imagens do fotofinish, da polémica final dos 100 metros mariposa, masculinos, onde a cronometragem oficial deu a vitória a Michael Phelps (curiosamente na única prova em que participou onde não bateu o recorde mundial), mas as câmaras de televisão mostraram que o primeiro a chegar foi o sérvio Milorad Cavic. Como não é a primeira vez, em competições deste nível, que são detectados erros na cronometragem electrónica, seria de bom-tom, em nome da verdade desportiva, que fossem exibidas publicamente as imagens que esclarecessem a polémica. Para quem gosta de saber tudo ao pormenor, aqui fica o “site” oficial dos jogos... Encerraram os jogos de Pequim, esperemos por Londres, em 2012. A Trigésima Olimpíada decorrerá de 27 de Julho a 12 de Agosto.
Apache, Agosto de 2008

domingo, 24 de agosto de 2008

Acabaram os Jogos Olímpicos, é tempo de balanço.

Os Portugueses
Portugal apresentou 77 atletas, aos jogos de Pequim. O Comité Olímpico Português tinha como expectativas a obtenção de quatro medalhas. A comunicação social tentou elevar ainda mais as expectativas dos portugueses, como se fosse fácil a obtenção de medalhas olímpicas, no estado actual do desporto português. Para a história da participação portuguesa ficam as medalhas: de ouro, no Triplo Salto, por Nélson Évora; e de prata, no Triatlo, por Vanessa Fernandes. Além da excelente participação de Gustavo Lima, na Classe Laser da Vela, onde obteve o 4º lugar, destaca-se o recorde de Portugal, de Ana Cabecinha, na Marcha, com um honroso 8º lugar. De resto, um ou outro desempenho acima das expectativas, não chegam para disfarçar uma participação que na generalidade roçou a vulgaridade. Porque a qualidade das participações está mais intimamente ligada ao número de praticantes e ao investimento na formação e na educação para o desporto, cabe agora ao Ministério da Presidência, que tutela a Secretaria de Estado do Desporto retirar a cabeça da areia e apresentar um projecto a longo prazo que aposte na formação de mais e, consequentemente melhores atletas. É também o momento certo para o Ministério da Educação repensar o Desporto Escolar e as condições para a prática desportiva nas escolas, além de fomentar uma verdadeira educação para o desporto. Em alternativa, a manterem-se as actuais políticas, talvez seja melhor, em 2012, em Londres, apresentar apenas a dezena de atletas que parece levar a sério a prática desportiva de alta competição, deixando em casa os que preferem usar as bolsas para brincar aos Jogos Olímpicos.
Apache, Agosto de 2008

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O CO2 oficial (de Mauna Loa) e o CO2 real

O gráfico acima mostra a média das concentrações de CO2 na atmosfera, medidas por processos químicos, em 43 estações espalhadas pelo mundo, entre os anos de 1812 e 1961. Por comparação com os valores oficiais, actuais, de 380 partes por milhão (ppm), em volume, foram medidos valores superiores a estes, entre 1810 e 1830, bem antes da Revolução Industrial se ter generalizado. Também no início da década de 40 do século passado, os valores medidos foram superiores aos (ditos) actuais, apesar da redução significativa da produção industrial provocada pela Segunda Guerra Mundial. Este gráfico conduz-nos a três importantes verdades inconvenientes: 1- Al Gore mente quando afirma que a actual concentração de dióxido de carbono na atmosfera é a mais alta dos últimos 650 mil anos; 2- O CO2 emitido pelos humanos, é praticamente desprezável quando comparado com o emitido pela natureza, repare-se que no final da 2ª Grande Guerra (1945) a produção industrial sofreu um incremento gigantesco e os níveis de dióxido de carbono na atmosfera baixaram significativamente; 3- Durante estes 150 anos de medições, os períodos em que o declive (inclinação) da linha foi aproximadamente constante não ultrapassaram os 10 anos, enquanto no gráfico apresentado (figura abaixo) pelos propagandistas do aquecimento global antropogénico, com concentrações “medidas” em Mauna Loa (no Havai), desde 1958, o declive tem-se mantido, com subida mais ou menos constante ao longo dos 50 anos. Claro que contra o gráfico acima se pode argumentar que os dados foram obtidos em apenas 43 estações. É verdade, mas como actualmente se mede numa única estação, o principal defeito nem é esse, mas sim, o facto de ser uma média e, sendo o CO2 mais denso que o ar, não atinge grandes altitudes, não sendo por isso de fácil dispersão no ar, além disso, é razoavelmente solúvel em água, portanto facilmente arrastado para o nível do solo (ou do mar) pelas chuvas, sendo previsível que a sua concentração varie muito de local para local, ao contrário do que afirma a propaganda oficial. Quanto ao gráfico abaixo (que repito, corresponde ao único valor oficialmente aceite), que já havia sido parcialmente publicado no ‘post’ de 27 de Junho de 2008, além de resultar de uma ideia ridícula é provavelmente falso. Ideia ridícula, porque, como já havia referido no ‘post’ referenciado, sabendo-se que os vulcões libertam enormes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera, só um tonto se lembraria de escolher como único local de medição o maior (entenda-se mais volumoso) vulcão activo do planeta, Mauna Loa. Mais, a “apenas” alguns quilómetros deste, fica Kilauea, considerado o vulcão mais activo do mundo. Ambos integram o Parque Nacional de Vulcões da Havai, que tem um terceiro vulcão activo, Hualalai. Tal como referi, o gráfico (abaixo) mostra um aumento constante da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, dando a ideia de que isso se deve ao contínuo aumento da actividade industrial humana, no entanto, seria previsível, que a quantidade de CO2, na atmosfera da ilha do Havai (Big Island) aumentasse mais significativamente a partir de 1983, data em que se iniciou a erupção do Kilauea, que se mantém. Esse incremento na quantidade de CO2 deveria ser ainda mais acentuado em 1984, ano em que se deu a mais recente erupção do Mauna Loa. Os valores de concentração de CO2 apresentados neste último gráfico sofrem pequenas oscilações anuais, que deveriam corresponder às estações do ano. No Inverno está mais frio e o abaixamento de temperatura favorece a dissolução do CO2 nas águas do oceano, com consequente diminuição da sua quantidade na atmosfera. No Verão, o aumento de temperatura provoca a evaporação de parte desse CO2, daí o aumento da sua concentração na atmosfera. Mas mais uma vez há aqui um pequeno problema, o Havai, onde foram “recolhidos” estes dados apresenta um clima tropical, com temperaturas praticamente constantes todo o ano (as variações de temperatura média diária, ao longo do ano, não vão além dos 4 ºC), pelo que, as oscilações apresentadas no gráfico não deveriam existir. Com base no exposto, concluímos que: ou as medições são mal efectuadas e não representam com o mínimo de fidelidade, a realidade, ou (hipótese mais provável) os dados para a construção do gráfico são pura e simplesmente inventados e, portanto, não fazemos a mínima ideia de qual é a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, nem no Havai, nem em qualquer outro local, o que, vendo bem as coisas, também não tem grande interesse.

Apache, Agosto de 2008

sábado, 16 de agosto de 2008

Carta ao IPCC

Uma carta dirigida ao Presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), da ONU, datada de 14 de Abril de 2008, não teve relevância na comunicação social portuguesa, mas é bastante interessante, na medida em que usa dados provenientes de vários organismos criados para propagandear a teoria do aquecimento global antropogénico, para demonstrar a impossibilidade científica do dito.
"Caro Dr. Pachauri e outros vinculados ao IPCC Estamos a escrever-lhe, bem como aos outros vinculados com a posição do IPCC – que o CO2 antropogénico é o principal responsável pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas – para lhe perguntar se, agora, com base nas evidências, vai corrigir as actuais posições do IPCC e, admitir que não há evidência nos dados observados nos últimos 22 mil anos, nem mesmo em milhões de anos anteriores, que o CO2, seja ele de origem humana ou natural, tenha influenciado as temperaturas mundiais, ou as alterações do clima. Se acredita que há evidência, nos dados disponíveis, que faça cair a responsabilidade no CO2, por favor apresente gráficos ou argumentos que o demonstrem. Chamamos a sua atenção para três factos observáveis que refutam a posição do IPCC (e note que há mais). Os cilindros de gelo retirados do Árctico pela equipa da ACIA (Avaliação do Impacto Climático no Árctico) mostram que as temperaturas têm vindo a cair nos últimos 4 mil anos, quando se registou o Óptimo Climático da Idade do Bronze, enquanto os níveis de CO2 têm subido, no entanto, este gráfico não foi incluído no Sumário do IPCC para os Decisores Políticos. Dados recentes mostram que contrariamente às previsões do IPCC, as temperaturas mundiais não subiram, de facto, têm vindo a descer nos últimos 10 anos, enquanto os níveis de CO2 continuam a subir. No gráfico seguinte, apresentamos a variação das temperaturas medidas, na baixa Troposfera, pelo satélite da NASA (MSU) e pelo Centro Hadley do Reino Unido (Hadley CRUT3).

Estes últimos representam temperaturas médias medidas em estações meteorológicas padronizadas, em vários pontos do planeta, localizadas tanto em meio urbano como rural. Os anteriores são dados de satélite geralmente aceites como muito credíveis por não serem vulneráveis a manipulações nem a erros de observação. É claro da leitura do gráfico que as temperaturas médias globais têm-se mantido quase estáticas com ligeira tendência para a descida, na última década. Um terceiro e importante facto, contrário à teoria do IPCC, é que as temperaturas da alta Troposfera (onde voa a larga maioria dos aviões), têm vindo a descer nas duas últimas décadas. As políticas do IPCC são actualmente responsáveis por problemas económicos e por danos ambientais graves. Especificamente a política de queimar alimentos para produzir biofuel deu um forte impulso à subida dos preços dos bens alimentares, facto que está a agravar as condições de vida em muitos países e a contribuir para a desflorestação maciça, no Brasil, na Malásia, na Indonésia, no Togo, no Camboja, na Nigéria, no Burundi, no Sri Lanka, no Benim e no Uganda. Considerando que a devastação de várias economias, está já em curso, qual é a justificação para se prosseguir com estas politicas? Pedimos-lhe, a si e a todos aqueles que se revêem nestas posições do IPCC que aceitem os factos científicos e renunciem às actuais políticas do IPCC."

Assinam: Hans Schreuder (Químico Analítico) e outros doze cientistas, três deles revisores científicos do IPCC. [Tradução minha]

Apache, Agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

As novas oportunidades: mais um caso de sucesso

Carlos Lobo, Secretário de Estado dos Assuntos fiscais, do actual Governo, doutorou-se no passado dia 16 de Julho, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com a tese, “Sectores em rede: regulação para a concorrência”, por unanimidade, com 17 valores. O Júri era presidido pelo vice-reitor da instituição, António Vallera, sendo ainda composto por Eduardo Paz Ferreira (orientador da tese) e Luís Morais, ambos sócios do doutorando no escritório de advogados, “Paz Ferreira e Associados”. À mulher de César não lhe basta ser séria, a certas pessoas só lhes resta parecê-lo!
Apache, Agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Jumbo e IKEA - Ricardo Araújo Pereira

Aqui por estas bandas, há pouco mais de um mês, o hipermercado Jumbo teve a ideia de abrir umas caixas onde é o cliente quem tem de efectuar todas as operações inerentes ao registo e pagamento dos produtos que pretende adquirir. Como o povo (que dizem, é de brandos costumes) não se fez ouvir com a intensidade sonora que se impunha, esta semana a nova moda é ser também o cliente a pesar os vegetais e frutos e a etiquetá-los. Dizem que é inovação tecnológica. Onde é que eu já ouvi isto? Certamente a um gajo cujo coeficiente de inteligência raia a mesma mediocridade que a dos gestores desta loja. Palpita-me que, ou os clientes mudam de loja, ou um destes dias, à entrada do hipermercado está alguém a distribuir um balde e uma esfregona para que cada cliente limpe os corredores por onde passa, antes de abandonar a loja. Com estas medidas, o hipermercado reduz o número de funcionários, poupa em salários e maximiza os lucros. O texto que apresento a seguir (já com uns meses mas igual actualidade), bem mais humorado, refere-se às lojas IKEA e descreve um tipo de actuação similar, a esperteza em substituição da inteligência, ou a gestão à boa maneira do artista de Vilar de Maçada…
“Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja. Diz-se «Iqueia» ou «I quê à»? E é «o» IKEA ou «a» IKEA? São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferioriza perante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no «I quê à», quando, para eles, é evidente que estou na «Iqueia». As dificuldades porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais. Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro. O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos. Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros. Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta. Achei que combinava bem com a minha personalidade. Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos. Percebi melhor o porquê do nome do móvel. É preciso vir ao IKEA com uma besta de carga para carregar a tralha toda até à registadora. Este é um dos meus conselhos aos clientes do IKEA: não vá para lá sem duas ou três mulas. Eu alombei com a meia tonelada. O que poupei nos móveis gastei no ortopedista. Neste momento tenho doze estantes e três hérnias. É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa de cabeceira engraçada. Por outro lado, há problemas de solução difícil. Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes. A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda e, a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira. Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens e ficou com o móvel incompleto. Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece-me um bocadinho. Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem umas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem. Idiossincrasias do comércio moderno. Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir. O meu é este: para a próxima pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro. E os suecos que montem tudo se quiserem receber.”
Ricardo Araújo Pereira – “IKEA: Enlouqueça você mesmo”
Apache, Agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O que é o efeito de estufa? (2)

“O efeito de estufa atmosférico, uma ideia que os autores da expressão foram buscar aos trabalhos de Fourier (1824), Tyndall (1861) e (Arrhenius) 1896, que suportam a climatologia global, descreve um mecanismo fictício, no qual a atmosfera planetária age como uma bomba de calor que permite a troca de radiação entre ela e a superfície, mas em equilíbrio radiante entre si. Ora de acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, tal mecanismo não existe. No entanto, é tido por garantido, na esmagadora maioria dos textos publicados sobre climatologia, mesmo em literatura secundária, que esse mecanismo é real e assenta em bases científicas (…) É importante esclarecer que não há leis físicas que se apliquem em simultânea a uma estufa (clássica) e ao efeito de estufa da atmosfera. Também não há nenhuma fórmula que permita calcular a temperatura média da superfície do planeta. O habitual balanço termodinâmico que se faz recorrendo à Lei de Stefan-Boltzmann e à Primeira Lei da Termodinâmica, conduz-nos a um resultado errado, a troca de energia por condução, convecção e trabalho, não pode ser reduzida a zero, donde a definição corrente de efeito de estufa atmosférico é falsa.” Tradução minha de um texto de Gerhard Gerlich e Ralf Tscheuschner da Universidade Técnica Carolo-Wilhelmina (Alemanha), publicado em Julho de 2007, intitulado “A falsificação do efeito de estufa do CO2 atmosférico, do ponto de vista da Física”.
Apache, Agosto de 2008

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A noite

Há muito tempo que não se publicava por aqui, uma sequência mal amanhada de letras, que às vezes, por sorte, formam palavras, a que o autor (eu) chama, na tentativa de fazer rir os hipotéticos leitores, de “poesia, ou tentativa de…” Hoje, um excelente dia para correr com os poucos leitores que restam, retoma-se o velho hábito.
Escrito sob o mote “quero-te não para te ter mas para te sonhar” lançado pela Cleópatra…
Demoro-me na balbucia dos teus gemidos, Aconchegas-te na firmeza do meu abraço… Falas-me de outros tempos, outros espaços Onde em utopia se sublimam os sentidos.
Fluis como seda na minha pele Em vagas mornas de embalar… Inebriados, sulcamos mar fiel, Extenuando em pelejas de encantar.
No suor incandescente do meu corpo Vais semeando os teus beijos de luar… Entre gestos e murmúrios de volúpia Florescem tuas danças de enfeitiçar.
Quero-te, não para te ter, Que a noite, ninguém a tem… Quero-te, para te sonhar acordado E te ver exausta e atordoada, Quando irrompendo em sorrisos de malícia Nos espreita atrevida, a madrugada!
Apache, Maio de 2008

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A contribuição do CO2 emitido pelo homem, para o "Efeito de Estufa"

A propósito da importância do dióxido de carbono antropogénico no efeito de estufa, diz Zbigniew Jaworowski: “much more important greenhouse factor is the water naturally present in the atmosphere, which contributes some 95 percent to the total greenhouse effect. (…) 97 percent of the total annual emission of CO2 into the atmosphere comes from natural emissions of the land and sea; human beings add a mere 3 percent. This man-made 3 percent of CO2 emissions is responsible for a tiny fraction of the total greenhouse effect, probably close to 0.12 percent.” Zbigniew Jaworowski é doutorado em Física. Tem dezenas de artigos publicados sobre vários temas científicos, nomeadamente, meteorologia, radiologia e biofísica. É o autor de “CO2 The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de onde extraí este pequeno excerto.
Apache, Agosto de 2008

domingo, 3 de agosto de 2008

"O IPCC é fundamentalmente corrupto."

“The IPCC is fundamentally corrupt. The only “reform” I could envisage, would be its abolition.”
“O IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) tem vindo a afirmar ter encontrado evidências científicas de que o clima na Terra está a aquecer por causa das alterações nas concentrações atmosféricas de gases ditos com efeito de estufa. Essas afirmações são falsas. O meu relatório explica como algumas afirmações dúbias e outras cientificamente genuínas foram distorcidas, sofrendo por vezes uma volta de 180º por forma a suportarem uma campanha global para limitar as emissões humanas de gases com efeito de estufa, para a qual não há nenhuma prova científica.”
Vicent Gray – Climatologista Neozelandês, Revisor Científico do IPCC desde 1990
[Tradução minha da “introdução” do relatório que este conceituado climatologista publicou no passado dia 11]
Apache, Agosto de 2008

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Vem aí o “Magalhães"!

O mérito a quem o tem…
Foi apresentado na passada quarta-feira, com a pompa e circunstância (entenda-se palhaçada) habitual o “Magalhães”, um computador portátil que na versão do Governo será distribuído por “meio milhão de alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico” (a antiga escola primária). Ainda, segundo o Governo, este “será o primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal.” Na apresentação do projecto, o Primeiro-Ministro afirmou que se trata de “um computador de última geração tecnológica - nomeadamente o último microprocessador da Intel”. No Portal do Governo pode ler-se ainda que “o Magalhães é um computador portátil que permite o acesso à Internet, tem uma autonomia de seis horas, é resistente ao choque e à água e trabalha com qualquer sistema operativo.” Na mesma apresentação, o Sr. Sousa, sem fazer (uma vez mais) a mínima ideia do que estava a dizer, aproveitou para informar que vai ser instalada ligação à Internet em todas as salas de aula e que a velocidade da Banda Larga será aumentada para um mínimo de 48 megabit por segundo. Anunciou ainda a instalação de câmaras de videovigilância e a criação de um cartão magnético que substitui o dinheiro e permite o controlo de entradas e saídas dos alunos. No anúncio da iniciativa, a RTP foi ainda mais longe na asneira e, além de ter mostrado uma reportagem, com alunos bem mais velhos que aqueles a quem o portátil se destina, manuseando-o, anunciou o produto como uma estreia mundial e totalmente fabricado em Portugal. Bom, em primeiro lugar, louve-se a capacidade que o “Seu Zé” tem em nos surpreender, dificilmente alguém conseguiria numa única iniciativa fazer e dizer mais asneiras. A saber: Não é dado adquirido (bem pelo contrário) que a introdução de máquinas de calcular no primeiro ciclo do ensino básico, efectuada há alguns anos, tenha tido contributo positivo na melhoria das aprendizagens, antes, a sua introdução coincidiu no tempo com uma degradação acentuada dos conhecimentos dos alunos no final deste ciclo. E várias organizações ligadas ao ensino, nomeadamente a Sociedade Portuguesa de Matemática, através do seu Presidente, Nuno Crato, têm tecido duras criticas a esta medida, que consideram uma das principais causas do baixo nível de conhecimentos dos alunos na área da Matemática. A larga maioria dos professores de Matemática e de Ciências Físico-Químicas do 3º Ciclo e do Secundário (incluindo vários autores de manuais escolares), com quem tenho contactado, subscreve as palavras de Nuno Crato. Imagine-se agora, o que será a qualidade das aprendizagens futuras com a introdução do “Magalhães”, que será destruído a todas as crianças a partir dos 6 anos, a maioria das quais desconhece as mais elementares regras de comportamento em sala de aula. Das duas, uma, ou a iniciativa foi feita à revelia de qualquer parecer técnico credível, como é usual no Ministério da Educação, ou fica demonstrada uma clara intenção do Governo em desferir mais um rude golpe na já muito débil qualidade do nosso ensino. Diz o Sr. Sousa que o portátil será distribuído a meio milhão de alunos, custando: 50 euros a quem não dispõe de apoios dos Serviços Acção Social Escolar (SASE), 20 euros, para quem está incluído no escalão B do SASE e, será gratuito para o escalão A. Como estão actualmente a frequentar o 1º Ciclo do Ensino Básico Público, pouco menos de 450 mil alunos e há 500 mil “Magalhães” será que vão obrigar todos os alunos a possuir o dito, mesmo aqueles cujas famílias, apesar de não serem apoiadas pelo SASE, mal dispõem de verba para comprar cadernos e material de escrita? Na apresentação do “Magalhães” o Sr. Sousa usou e abusou uma vez mais da propaganda, sem pejo no recurso à mentira sistemática, como é aliás prática corrente de toda a equipa governativa. Afirmou que este é o primeiro computador portátil montado em Portugal, com acesso à Internet, mas, por exemplo, a empresa que vai ser responsável pela montagem do “Magalhães” (a JP Sá Couto) monta também o Tsunami e o Solbi e há mais empresas portuguesas que importam os componentes e montam os computadores em Portugal. Como bom vendedor de “banha de cobra”o dito Sr. Sousa afirmou que o portátil viria equipado com o último processador da Intel, mas segundo a directora-geral da plataforma para os mercados emergentes, Lila Ibraim, a primeira leva de computadores será equipada com o processador mais antigo da Celeron, ficando para mais tarde os equipados com o microprocessador Atom. Inebriado pelas próprias palavras, o Sr. “inginheiro” prometeu uma autonomia de 6 horas para o “Magalhães”. Esperamos para ver. É que os primeiros portáteis, vendidos aos professores por 150 euros, integrados no pacote propagandístico do ano passado (e-escolas) apresentam a fabulosa autonomia de 50 minutos. No pacote de promessas, consta ainda, a de todas as salas de aula terem ligação à Internet (ninguém percebeu ainda muito bem para quê) e com uma velocidade de 48 Mbps, quando a velocidade máxima disponível no mercado (para todos os operadores) é de 24 Mbps. Já agora, uma correcção à peça da RTP que refere o “Magalhães” como totalmente produzido em Portugal. O que é produzido em Portugal é a caixa plástica exterior, e o pequeno logótipo nela colocado, tudo o resto é importado e montado cá pela já citada empresa de Matosinhos. O “Magalhães” é uma cópia integral (excepto a referida caixa exterior) do Classmate PC da Intel, disponível (com vários nomes comerciais diferentes) em cerca de 30 países.
E para terminar, uma perguntita para o Sr. Sousa: A Intel ganhou o concurso público para o fornecimento dos computadores e a JP Sá Couto o da montagem, ou…?
Hum… Pois…
Apache, Agosto de 2008