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sábado, 28 de setembro de 2013

Dia de reflexão (4)

Cumpriu-se hoje mais um dia de reflexão e de futebol e, como já vem sendo hábito, por aqui, a reflexão é (sempre) pertinente.
E como foi dia de futebol ocorreu-me que algumas vezes tenho criticado (à semelhança de muitos outros) jogos com desempenhos medíocres, entre outros, do mais bem pago dos mariconços nacionais. Mas é justo que se destaque, com idêntico enfase, o melhor de Cristiano Ronaldo:
 
 
 
 
Fotos de Irina Shayk [Cliquem nas imagens para ampliar]
Apache, Setembro de 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

sábado, 30 de julho de 2011

Escabeche

“Se eu mandasse, toda a gente era autarca uma vez na vida. Infelizmente, como os mandatos autárquicos chegam a durar 40 anos, nem toda a gente teria uma esperança de vida que lhe permitisse aguardar a sua vez. Mas parece-me evidente que a gestão de uma autarquia rejuvenesce. Aponto como exemplo Fernando Ruas, presidente não só da Câmara de Viseu como também da associação de municípios, e que, aos 62 anos, não tem ainda um único cabelo branco. Há qualquer coisa no trabalho autárquico que protege a saúde de quem o executa. Creio que é a absoluta ausência de preocupações. O autarca, em princípio, sabe que não há nada que o apanhe. Se fizer falcatruas, em princípio não é condenado. Mas, se for condenado, mais depressa é reeleito. Se for reeleito, não pode ir preso. Mas, se for preso, foge para o Brasil. O destino do autarca oscila entre o poder perpétuo e o turismo tropical. São ‘minimonarquias’ que podem ser interrompidas por ‘miniexílios’ dourados. Além disso, a actividade autárquica é isenta de stresse, como pôde voltar a constatar-se esta semana: todo o País está absorvido pelos problemas do desemprego, da crise da dívida, do décimo terceiro mês e da bancarrota, mas a Câmara Municipal do Fundão não deixa que essas pequenas preocupações a afectem, e tem tempo para tratar dos grandes assuntos. E decidiu processar a organização do concurso gastronómico 7 Maravilhas por uma infracção culinária. Ao que parece, a perdiz de escabeche, que a edilidade do Fundão garante ser originária de Alpedrinha, vai apresentar-se a concurso como se fosse - e peço ao leitor que contenha a revolta e a indignação - de Idanha-a-Nova. Assim que a Câmara do Fundão percebeu que ia ser espoliada da perdiz de escabeche entrou em acção e fez, aliás apropriadamente, um escabeche. De acordo com o Expresso, a Câmara ameaça "accionar todos os meios legais que se encontrem disponíveis e se afigurem necessários e pertinentes". Sossega-me saber que, de acordo com este comunicado, a Câmara não pretende accionar meios legais que não se encontrem disponíveis. Já não é mau. Mas a intenção de recorrer a todos os disponíveis faz antever uma batalha legal longa e violenta: quem tenha vagar para ir à procura, encontra, na legislação portuguesa, uma vastíssima gama de meios apropriados para a defesa das vítimas da deslocalização dos pratos de caça. O Código Civil dedica dois capítulos a este flagelo, e há uma subsecção que regulamenta em especial os escabeches. O perpetrador do crime que se cuide. O ‘desperdizamento’ da Câmara do Fundão não passará impune.”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” da passada quinta-feira

sábado, 4 de junho de 2011

Dia de reflexão (3)

Tal como os políticos, a brasileira Tabatha Fher gosta de nos dar música. Tal como com os políticos, há sempre alguém que não se importa.
Merecerá reflexão?
Apache, Junho de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Capital financeiro e capital semântico

«Primeiro, Portugal era um dos PIGS. Agora, estamos a um passo de ser lixo. Quando um país se move na alta finança é logo tratado com outra educação. As "agências de notação financeira" e os "mercados" dizem que o porco está a caminho do lixo. O porco somos nós. E o lixo também, o que é curioso - mas fisicamente improvável, uma vez que não é fácil alguém estar a caminho de si próprio. Não deixa de ser interessante que estas opiniões dos mercados não sejam propriamente secretas. São publicadas nas primeiras páginas dos jornais. Há manchetes sobre o porco e reportagens acerca da distância a que ele está do lixo. Os mercados podem ter muitos defeitos, mas ao menos são sinceros. Se acham que um país é porco e caminha para o lixo, dizem-lho na cara. Infelizmente, este tipo de linguagem só se tolera a quem usa gravata. A hipótese de Portugal ripostar parece estar posta de lado. Seria justo que, ao lado de uma notícia que diz "Mercados consideram que o país está a um patamar do lixo", houvesse outra cuja manchete fosse: "Portugal tenta renegociar a dívida junto dos chulos". O problema é que os mercados, além de deterem o capital financeiro, detêm ainda o capital semântico. Tudo o que seja capital, eles açambarcam. Um insulto na boca dos credores é realismo económico, na boca dos devedores é primarismo ideológico. Esta evolução do jargão económico tem, como é evidente, pontos positivos. A substituição de palavras como ‘subprime´ e ‘rating’ por terminologia financeira como "porcos" e "lixo" é um contributo muito saudável para aproximar os cidadãos da vida económica. Pouca gente saberá ao certo o que é o ‘subprime’, mas não há ninguém que não saiba o que é um porco. Quanto menos bem-sucedidos somos, na economia, melhor dominamos o vocabulário técnico, o que é reconfortante. Antes da crise, eu não sabia bem o que poderia significar uma queda no ‘rating’. Agora, percebo perfeitamente que sou lixo. O que se perde de um lado em qualidade de vida, ganha-se do outro em conhecimento. A qualidade de vida tem sido sobrevalorizada. O conhecimento é que é importante.»
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” da passada quinta-feira

sábado, 22 de janeiro de 2011

Dia de reflexão (2)

Eis-nos chegados a mais um dia de reflexão. E para reflectir-mos condignamente, à semelhança de uma reflexão anterior e, a pedido de “várias famílias” aqui fica, de novo, a modelo brasileira Patrícia Andrade.
Apache, Janeiro de 2011

sábado, 1 de janeiro de 2011

Ano Novo, Vida "Velha"

Diz-se que o mundo mudou em 15 dias e constata-se que o Ano muda em um segundo, mas há coisas que nunca mudam. Se esperavam mudanças significativas no blogue, lamento desiludi-los, a tradição ainda é o que era. P.S. Ia colocar uma foto do tradicional fogo-de-artifício (aqui de Lisboa) mas cheguei tarde demais ao dito, pelo que, passo a improvisar...

Catherine Zeta-Jones

Apache, Janeiro de 2011

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Happy New Year

Este blogue tem estado (meio) parado, é que às vezes sabe bem recostar a cabeça.
As irmãs Emily e Zooey Deschanel
Entretanto e porque um novo ano se vai iniciar é o momento de desejar a todos, um Bom Ano de 2011.
Scarlett Johansson
Volto Já...
Apache, Dezembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um brinquedo inconveniente

“Tinha, desde há anos, o capricho de comprar um medidor de dióxido de carbono (CO2) e por fim consegui-o. Pedi-o há um mês pela Internet, aos Estados Unidos, pagando previamente 230 dólares e mais uns 60 euros de direitos aduaneiros para conseguir que ele entrasse em Espanha, mas finalmente chegou-me às mãos. Olho-o, cuido-o e mostro-o aos amigos. Acima coloquei uma foto da engenhoca. Fico ingenuamente assombrado ao ver como dispara por aí acima quando, ao entrar no quarto, dele me aproximo. Detecta a minha presença num instante. Se ventilo o quarto, abrindo as janelas de par em par, assinala umas 450 partes por milhão (ppm), que é o mesmo que dizer 0,045% da mistura de gases que é o ar (constituído essencialmente por azoto e oxigénio). Mas quando entro na habitação, fecho a janela e sento-me a escrever estes disparates, começa a subir, várias partes por milhão por minuto e, rapidamente, assinala mais de 800 ppm. Eu já sabia que os humanos emitem muito CO2 (cada um, mais de 1 kg por dia) mas é agora que o vejo, ainda que ele seja um gás invisível. Lá fora, na atmosfera livre, a concentração média de CO2 no ar é de umas 390 ppm (oficialmente medidas no observatório de Mauna Loa, no Havai) e está a aumentar anualmente umas 2 ppm.”
Antonio Luís Silvestre de Uriarte, Geógrafo e Climatologista espanhol, autor do blogue “CO2” [Tradução minha]

segunda-feira, 7 de junho de 2010

“Apagada e vil tristeza”

Nos tempos de Scolari fartava, a conversa mole e saloia do dito cujo, a publicidade enjoativa à Galp, o ‘pseudopatriotismo’ das bandeirinhas que pareciam portuguesas mas eram fabricadas na China com a heráldica trocada, amarrotadas e rotas, a mostrarem o desleixo em que há muito caiu o orgulho nacional. O futebol praticado era fraquinho, mas as arbitragens controladas à distância lá nos iam dando vitórias de Pirro e esperança de, mais cedo ou mais tarde, os nossos jogadores se exibirem de forma a justificarem, vá lá, 20% do que ganham, e nos fazerem esquecer, ainda que momentaneamente, o descalabro moral, educativo e social em que mergulharam o país. Ainda que tarde, chegou a hora do brasileiro ir sambar para outro lado e, aquele senhor que de tão patético até podia ser ministro, que dizem que preside à Federação Portuguesa de Futebol, lá conseguiu enxergar um treinador português para a selecção. Mas… ó musa do etanol que o Gilberto inspiras, como permitiste que ele contratasse o Fernando Nobre dos treinadores de futebol? Isto não é uma selecção, é uma ONG patrocinada pelas baronesas do BES. Temos piqueniques bimbos a encherem o Parque Eduardo VII e a grelha de programação das, ainda mais bimbas, televisões. Temos cornetas (perdão, vuvuzelas) terceiro-mundistas a fazerem um cagaçal descomunal, dando um ar de arruaça a umas centenas de alienados desprovidos de massa encefálica. Mesmo sem o brasileiro aos comandos, temos quase tantos brasileiros na selecção, como a própria selecção do Brasil – infelizmente os gajos escolheram primeiro. Temos jogadores (sem ofensa) com tantas tatuagens como um destruidor de milho transgénico, ou uma qualquer Gaga da música internacional. Por falar em música, temos um hino fantástico para a selecção, desse estilo musical tão português que dá pelo nome de… hip hop, interpretado por uma banda que, não sendo portuguesa porque o destino assim não quis, podia muito bem ter nascido na Porcalhota, que tal não beliscaria a excelência do lixo que produz e que a indústria musical tanto se esforça por premiar. Depois das tormentas por que passámos naquele grupo de apuramento que de tão difícil, sublimou o nosso heroísmo, e dos jogos de preparação onde o espírito de sacrifício e de empenho dos jogadores tanto se tem evidenciado, ansiamos sofregamente pelo inicio do Mundial. Aliás, as pitas do Secundário já nem conseguem estudar para os exames, desesperam por ver as peles de Dragão de Komodo dos nossos jogadores, enquanto os putos encolerizam se não desfrutam dos seus famosos penteados, modelo de bairro-de-lata. Até eu começo a ter dificuldade em repartir o tédio entre os discursos do Carlos Nobre, perdão, do Fernando Queiroz e os da Peixeira de Santos. Venha de lá esse Mundial, e os mergulhinhos abichanados do Ronaldo, que a rapaziada já não consegue aguentar mais, o vómito.
Apache, Junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

“Hannah Montana: um estudo”

“Esperava-se que a passagem de Miley Cyrus por Portugal estimulasse uma reflexão profunda acerca do fenómeno Hannah Montana. Tal não sucedeu. Não houve um único colunista português que tenha dedicado cinco minutos a pensar na menina de 16 anos que todos os pais de crianças pré-adolescentes desejam que contraia uma amigdalite que a impeça de cantar até 2025. Pois bem, esse silêncio acaba hoje. Hannah Montana é uma série televisiva cuja protagonista leva uma vida normal durante o dia e, à noite, em segredo, veste uma roupa provocante e sai de casa para ir trabalhar. Esqueci-me de dizer que se trata de uma série infantil. E que a protagonista trabalha à noite como cantora. Os leitores que já se tinham precipitado para o canal Disney devem sentir-se fortemente envergonhados e procurar tratamento. A série conta a história de Miley Stewart, uma adolescente normal e pacata frequentadora da escola que tem, no entanto, uma identidade secreta: depois das aulas, beneficiando de um astuto disfarce que consiste numa cabeleira loira, encanta o mundo inteiro como Hannah Montana, uma estrela pop de indumentária galdéria. Ou seja, durante o dia é uma vulgar rapariga, durante a noite é uma rapariga vulgar. Miley Cyrus, a actriz que faz de Miley Stweart e Hannah Montana, acaba de dar, no Rock in Rio, um concerto que, nos primeiros cinco minutos, foi o mais concorrido do festival. O concerto começou às 22h00 e, às 22h05, 70% da plateia já tinha ido para casa fazer ó-ó, pois estava com soninho. Mas Miley bateu, ainda assim, o recorde de assistência, deixando para trás, por exemplo, Elton John. Ambos os artistas vestem lantejoulas, mas o público distingue claramente aquele que prefere. Mas o mais interessante em Hannah Montana talvez seja o modo como a série contribui para um mundo mais moderno e mais tolerante. Hannah Montana é uma referência e uma inspiração para pais travestis de todo o mundo. "Vês, Pedrinho? O papá é como a Hannah Montana: à noite põe uma peruca loira e passa a ser outra pessoa. Não é decadente, é fofinho. Não é estranho, é Disney." Talvez seja este o fascínio de Hannah Montana: uma estrela que sabe encantar as crianças mas também consegue ser entusiasmar o mundo do transformismo. Não há muitos artistas que se possam gabar do mesmo. E, aqui para nós, ainda bem.”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão”, desta semana

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Blá, blá, blá… (2)

Diz Mourinho: “Até tenho vergonha de ganhar o que ganho, com esta crise”. Não vejo o que o impede de pegar em 50% do seu ordenado e oferecê-lo a instituições de beneficência, ou melhor ainda, de investir o seu dinheiro na criação de emprego. A menos que Mourinho seja, apenas, mais um demagogo envergonhado.
Apache, Maio de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar? (2)

“A PT sempre apostou na portugalidade. Sempre apostou na portugalização dos conteúdos.” [Zeinal Bava, administrador-executivo da Portugal Telecom perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República.] Constata-se (ao ver e ouvir, este e o vídeo do texto anterior) que a PT nunca apostou no fornecimento atempado das gotas… e o que se vê e ouve é este… “frituére”.

Apache, Abril de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Era para escolher?

Citando a “Lusa”, o “Diário de Notícias” de ontem informa que os prejuízos causados recentemente pelo mau tempo (que ascendem a mil e quinhentos milhões de euros) quase davam para pagar a terceira ponte sobre o Tejo, orçada (segundo a notícia) em mil e setecentos milhões de euros. Muitos argumentos se poderiam esgrimir sobre a utilidade e os custos dessa infra-estrutura, mas não é esta a discussão que nos propõem. O que nos apresentam é algo diferente, com o qual os mais distraídos nem sonhavam: a possibilidade de optarmos por um temporal ou uma ponte nova. Ok, para a próxima já sei o que escolher. E a velhota do 3º esquerdo, com quem me cruzei à hora do almoço, também. Manda dizer que está disposta a trocar a próxima chuvada por dois pares de cuecas novas e uma peúgas mais quentinhas.
Apache, Março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Um Óscar e uma tesoura s.f.f.

O dia mais machista do calendário (o dia internacional da mulher) ficou marcado pela cerimónia dos Óscares. Uma das surpresas (ou talvez não, afinal este é o terceiro prémio individual em 3 meses (dois de melhor e um de pior)) da longa noite de domingo (madrugada de segunda-feira, em Portugal) foi o Óscar de melhor actriz para Sandra Bullock, a miúda (de 45 anos) que além das típicas taras ambientalistas (muito comuns em Hollywood) e daquele estranho beijo em Meryl Streep, conjuntamente com algum jeito para certos personagens, ainda mantém um intermitente gosto por roupas, como esta, que só apetece rasgar.
Apache, Março de 2009

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jobs for the boys

[Imagem surripiada do blogue “We have kaos in the garden”]
Pouco depois de Maria Isabel Vilar, a nova Ministra da Educação assinar, com a larga maioria dos sindicatos de professores (sem que os docentes tenham sido tidos nem achados) um vergonhoso “acordo”, a ex-detentora da pasta, Maria de Lurdes Rodrigues era nomeada por José Sócrates para o cargo de Presidente do Conselho Executivo da Fundação Luso-Americana para o desenvolvimento. Ao que consta, a anarquista com especialização técnica em colagem de selos, toma posse a 1 de Maio próximo. Na política portuguesa, a inteligência ou a competência são valores acessórios, os tachinhos sempre foram atribuídos por razões que à razão escapam.
Apache, Janeiro de 2009

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Serviu para alguma coisa.

“Haja esperança. Acredite-se ou não na lenda do «aquecimento global», as notícias do fracasso da Cimeira de Copenhaga são altamente exageradas. Ao menos conseguiu-se que alguns dos «activistas» que foram à Dinamarca observar o evento (e destruir as zonas envolventes) cortassem o cabelo. Parece que a medida ocorreu em protesto contra a falta de um acordo entre os líderes presentes. Não importa. Importa que, no seu afã contestatário, os militantes do ambiente também costumam contestar os procedimentos da higiene básica, o que lhes confere, digamos, um ambiente pouco asseado. Por isso, rapar cabeças que constituem o sonho de lêndeas e derivados é, além de alternativa à violência, uma atitude coerente com a defesa de um mundo mais limpo, afinal o autêntico objectivo desta Cimeira. Se houver outra, caso o mundo não acabe entretanto, é possível que os activistas aumentem o nível de protesto e enfim tomem banho integral.”
Alberto Gonçalves, no "Diário de Notícias" do passado sábado.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

RAP é a “Miss Dezembro” da Playboy

“Veja o leitor o que pode acontecer a um cidadão incauto. A revista Playboy manifestou o desejo de me entrevistar. Como todas as pessoas que não têm nada para dizer, gosto muito de ser entrevistado. Por isso, aceitei. E devo ter dado uma entrevista de tal forma sensual que a Playboy resolveu colocar a fotografia do meu rosto apolíneo na capa. Sim, sim: na capa. No sítio em que costuma estar uma senhora nua, estou eu sozinho. Como sempre costuma acontecer, assim que eu entro as senhoras nuas desaparecem. Sou, portanto, a capa da revista Playboy deste mês. Quando me fui deitar, era um pacato pai de família; quando acordei, era a Miss Dezembro. Uma coisa é eu ser um humorista; outra é a minha vida ser ridícula. Deus sabe quanto tenho tentado separar as águas, mas tem sido quase sempre em vão.
Não sei quantos leitores perdeu a Playboy com esta capa, mas posso garantir que perdeu um: eu não compro aquilo, de certeza. Por um lado, é óbvio que as fotografias foram submetidas ao tratamento do photoshop e outras ferramentas de correcção de imagem: o meu nariz tem bastante mais celulite do que parece ali. Por outro, impressiona-me que este seja, até agora, o maior sinal de que o momento que vivemos é mesmo grave. A Playboy, especialista na divulgação de mulheres nuas, publica, este mês, um homem (se isto é um homem) vestido. É bem verdade que a crise não é apenas financeira - é também uma crise de valores. Esta interrupção súbita e sem aviso da exploração do corpo feminino é, evidentemente, imoral. Eu sempre gostei de explorações. E gosto mais ainda do corpo feminino, um gosto que é exacerbado pelo pouco contacto que tenho com ele. Ver-me agora envolvido na suspensão das actividades exploratórias é uma mancha de que a minha biografia não precisava.
A Playboy justifica o despautério com o facto de me ter eleito homem do ano, uma ofensa que 2009, por muito mau que tenha sido, não merecia. Significa isto que, no espaço de um mês, fui distinguido pela ILGA e pela Playboy. O mundo homossexual e o mundo heterossexual deram as mãos e convergiram na necessidade urgente de me agraciar. Que se passa com o mundo? Homossexuais e heterossexuais têm tido, desde sempre, discordâncias, conflitos, tensões. Quando finalmente concordam, dá isto. É bom que os apreciadores da paz e da concórdia façam uma reflexão profunda sobre as ideias que defendem. O que em teoria é bonito, na prática pode ser grotesco.
Resta a curiosidade de saber como vai este número da Playboy trilhar o seu caminho. Que mecânicos irão buscar o martelo e os pregos para pendurarem a minha entrevista na parede das suas oficinas? Que adolescentes se entusiasmarão, no recato dos seus quartos, com as minhas opiniões sobre o sentido da vida? E, a mim, sobra-me o consolo amargo de, finalmente, poder dizer que já tive intimidades com uma capa da Playboy.”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” da passada quinta-feira (10 de Dezembro)
A ilustrar este texto, poderia colocar a capa da Playboy de Dezembro, mas como o frio, para já, resolveu o problema das formigas no açucareiro, em nome da “reflexão profunda” a que o Ricardo apela optei antes por uma foto da GQ de Novembro.

[Helena Costa]

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Vai um mergulho, nas águas das Maldivas?

[Imagem de parte do exterior do “Anatara Resort & Spa”, hotel de 5 estrelas situado numa ilha privada do sul das Maldivas.]
As Maldivas (ocupadas pelos portugueses, durante cerca de 15 anos, na segunda metade do século XVI) são um arquipélago de mais de mil pequenas ilhas, de clima tropical húmido, situadas em pleno Oceano Índico, a sudoeste do Sri Lanka (4º Norte; 73º Este), com uma população estimada em cerca de 400 mil habitantes. Apesar das excelentes condições para a prática da agricultura e dos quase 500 mil visitantes por ano, as Maldivas importam a maior parte dos alimentos e apresentam um Produto Interno Bruto per capita típico de um país do 3º mundo (cerca de 4400 dólares por ano (aproximadamente 1/5 do nacional [Fonte:CIA]). No passado sábado, o “Público” anunciava que o governo das Maldivas reuniu debaixo de água para alertar para as alterações climáticas. Este tipo de reuniões parece-me bastante útil porque permite que durante as mesmas, enquanto se discutem os assuntos agendados, se aproveite para capturar o almoço. E como as ilhas se situam numa zona onde (de acordo com os dados dos marégrafos) o nível do mar não se tem alterado nos últimos anos, não parece haver inconvenientes na repetição das mesmas. Já se o território se situasse numa região em que o nível do mar estivesse a descer, passava a haver uma boa desculpa para os atrasos às reuniões do executivo, a dificuldade em encontrar o local.

[Imagem construída a partir de dados da Universidade do Havai. A vermelho e a laranja, as regiões onde o nível do mar tem vindo a subir nos últimos anos, a amarelo, as regiões sem alterações e a verde, os locais onde o nível do mar tem descido.]

Apache, Outubro de 2009