Há quem pense que a “cassete” é propriedade exclusiva da esquerda. Santa Ingenuidade. A “cassete” é típica da generalidade dos angariadores de adeptos (seja de causas políticas, religiosas, etc.) e dos vendedores (sejam eles de bens, de serviços, ou de ideias). Os camaradas papagaio (reprodutores incansáveis da “cassete”) mais mediáticos são, na sua maioria, políticos e comentadores políticos que ocupam a totalidade do espectro partidário, mas também abundam nas ciências sociais (principalmente na economia) e, pasme-se começam a proliferar que nem cogumelos nas ciências exactas. Têm uma característica comum, são (como diria a outra) “fraquinhos no discernimento” mas, apesar disso, ou talvez por isso, são muito úteis aos interesses instalados.
O José Luís Sarmento, autor do blogue “As minhas leituras” traça (pela transcrição da “cassete” do “rigor salarial”) um fidelíssimo retrato de um “camarada papagaio”.
“Se há perigo de inflação, é preciso conter os salários.
Se há perigo de deflação, é preciso conter os salários.
Se a crise é económica, é preciso conter os salários.
Se a crise é financeira, é preciso conter os salários.
Se não estamos em crise, é preciso aproveitar para melhorar a competitividade - e portanto conter os salários.
Se o défice das contas do Estado está alto, é preciso conter os salários.
Se o défice das contas do Estado está baixo, é preciso não entrar em euforia - e conter os salários, claro está.
Se o desemprego está alto, é preciso encorajar as empresas a empregar mais gente - o que só se consegue contendo os salários.
Se o desemprego está baixo, os salários tendem a subir - e portanto contê-los é mais necessário que nunca.
Finalmente percebi. Não vale a pena perguntar em que circunstâncias é que os salários podem aumentar: a resposta politicamente responsável e tecnicamente rigorosa é que não podem aumentar em circunstâncias nenhumas.”
Apache, Fevereiro de 2009
2 comentários:
É como a divisão por zero. É uma impossibilidade matemática.
Já andava a desconfiar disto...
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