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quinta-feira, 29 de março de 2012

"A Calúnia"

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Henrique Monteiro, no blogue HenriCartoon

sábado, 31 de julho de 2010

O «subvivente»

“O eng. Sócrates considera demonstrado que não houve irregularidades no licenciamento ambiental do Freeport. Eu considero curiosa a forma como um instituto subsidiário do Ministério do Ambiente por ele chefiado recusou, em 1999 ou 2000, a construção de um cemitério municipal na zona que acabaria arrasada pelo outlet, dado que a construção "contrariava o espírito" (embora favorecesse os espíritos) da zona e "provocaria o aumento da densidade humana". O eng. Sócrates declara que as conclusões da Procuradoria-Geral no processo Freeport provam a "enormidade das calúnias" lançadas sobre a sua pessoa. Ou, digo eu, a razoabilidade das acusações lançadas sobre a Procuradoria-Geral, a qual, segundo os jornais, obstou a que os procuradores do Ministério Público sequer interrogassem o eng. Sócrates. O eng. Sócrates acha "extraordinário que ainda haja quem pretenda ver" na declaração dele "um exercício de vitimização artificial". Eu não acho. O eng. Sócrates espera que esta seja a última vez que fala no assunto. Embora sem convicção, eu também. Não é por o eng. Sócrates aguentar as sucessivas "cabalas" que teimam em manchar o seu excelentíssimo nome que se explica a respectiva sobrevivência política. Pelo contrário, ele sobrevive justamente à custa das "cabalas", cuja curiosa inconsequência judicial alimenta a aura de perseguido que tão bem explora. Da Independente ao Freeport, com passagem pela Cova da Beira, pelo apartamento lisboeta e pelos projectos da Guarda, a história dos mandatos do eng. Sócrates resume-se à história das trapalhadas que o perseguem. Infelizmente, as trapalhadas prejudicam a contemplação do resto, e o resto é a prodigiosa inaptidão do senhor primeiro-ministro para o cargo que ocupa. Sem as insinuações do Freeport e imbróglios afins e sem a "vitimização artificial" que se lhes seguiu, seriam flagrantes o desgraçado saldo político, económico e social destes cinco anos e meio e a horrífica factura deixada aos anos que virão. Assim, um número cada vez menor mas ainda significativo de cidadãos olha o eng. Sócrates e vê nele um resistente, o resistente à infâmia que finge ser e não o resistente à realidade que de facto é.”
Alberto Gonçalves, no Diário de Notícias de ontem

sábado, 5 de setembro de 2009

Novela à portuguesa – Jornal Nacional de sexta

Diz o “Expresso” que foi este vídeo de promoção ao “Jornal Nacional” que desagradou à administração da “Média Capital” e levou ao afastamento de Manuela Moura Guedes.

Entretanto, em entrevista ao “Diário de Notícias”, a jornalista aproveitava para (como é seu estilo) "escaqueirar a louça". Deixo um resumo… "Gostava de ter José Sócrates como seu espectador? Ah, mas ele só pode ser meu espectador. Está sempre a par do jornal. É óbvio que é meu espectador. (…) Este Jornal Nacional de hoje é uma espécie de arranque da «rentrée». É o Pontal das televisões... (…) Espero, como é óbvio, que as pessoas dêem alguma atenção ao jornal, mas foi muito empolado este meu regresso. Isso despertou alguma curiosidade, claro. (…) Sei que sou incómoda. Recebi tantos telefonemas de jornalistas nas últimas semanas, que nem consigo contar. E muitos deles perguntavam-me: "Então, já lhe disseram que não vai para o ar?" Achei surpreendente porque era como a pescada: antes de ser já o era [risos]. Toda a gente partiu do princípio de que eu estaria fora do ar. E a Manuela nunca partiu desse princípio? Eu? Não. Não mesmo? No actual contexto político, no contexto desta empresa, no contexto da sua relação com esta administração, não temeu que isso pudesse acontecer? Não tenho dúvidas de que há muita gente que gostaria que eu e que aquele jornal não fosse para o ar... (…) Cá dentro, na TVI, também? [longa pausa] Na TVI? Só se fosse alguém muito estúpido. Como você sabe, o meu jornal faz grandes audiências, esta televisão é uma televisão comercial que vive de audiências e daquilo que elas geram, portanto... (…) Acha que não gostam de si? [Pausa] Não sei. Que incomodo, sei que incomodo. Ao longo da minha carreira tenho tido provas disso. Sejam de direita, sejam de esquerda. Acho engraçado que só se fale do Sócrates, mas o Jornal Nacional tem sido o único a dar dados relevantes de investigação do caso Portucale. São processos escondidos, coisas vergonhosas. Eu já apanhei Bloco Central, Cavacos, Guterres, Durões, Santanas. Ninguém gosta de ser alvo deste tipo de notícias. Mas quando estão no poder têm mais responsabilidades. E há uma coisa importante: eu percebia a contestação se tivéssemos cometido erros. Mas não cometemos um único erro. Não há um único desmentido das notícias que fizemos. (…) Há quem diga que com a saída de Moniz a administração livrou-se de uma pedra no sapato. A Manuela é a outra pedra no sapato? Não sei, pergunte-lhes a eles. (…) Sente-se um alvo a abater? Sinto, claro que sinto. Pelas pessoas que eu incomodo. O primeiro-ministro é o mais óbvio, não vale comentar mais. As coisas que ele disse sobre mim são tão claras, que é claro que ele me quereria abater. Entre aspas, naturalmente [pausa]. Entre aspas [fala mais alto e olha para o gravador, como que a confirmar que ficou bem gravado]. Mas não teme que a saída do director-geral a fragilize a si e a deixe mais isolada na TVI? Tudo depende de quem estiver a liderar a informação da TVI. Nesse campo, para já, não parece haver novidade. João Maia Abreu é o director de informação. Sim, o João continua e tem exactamente o mesmo entendimento do que eu. O Jornal Nacional de 6.ª tem uma linha editorial que assenta muito na investigação. E isso vai continuar a ser feito. (...) Como é que convive com as críticas da classe jornalística, que tem sido demolidora para si? Não tenho grande apreço pela classe jornalística actualmente. É muito má. Sente que é melhor do que a generalidade dos jornalistas? Sinto que sou mais séria. Perdoem-me a imodéstia. Mas sabe que a classe jornalística que a critica diz de si, precisamente o contrário, que é pouco séria... [pausa] Aquilo que é idiota na classe jornalística que me critica é que só se preocupa com o que é acessório. "Os trejeitos, porque ela faz opinião, porque um jornalista não deve ir para ali confundir opinião com jornalismo" [enquanto enumera as críticas que lhe fazem, faz uma voz de falsete]. As mesmas pessoas, em seguida, fazem os maiores fretes possíveis aos políticos, deixam para trás as coisas que são importantes, são capazes de estender o microfone sem os confrontar com o que quer que seja. Têm medo. São cobardes. Cobardes até à última. Porque no fundo, no fundinho, o que eles queriam ser era Luíses Bernardos, Damiões [ambos assessores de imprensa]. Andarem ali com as pastinhas deles. Babam-se com os políticos. Babam-se com os Sócrates deste país. Há gente dessa na televisão? Na televisão, nos jornais. Claro que há. Em todos os órgãos de comunicação. Babam-se. E passam-se, para não dizer outra palavra mais grotesca, quando um político lhes liga. "Que bom, ligaram-me. Que importante que eu sou" [e volta a fazer voz de falsete]. E aquela ligação telefónica passa a ser um veículo para o político e não para o jornalista. Você acha normal que o primeiro-ministro apresente uma iniciativa cinco vezes e que nenhum jornalista tenha a coragem de dizer que ele já apresentou aquilo cinco vezes? Nada. Porque essa gente é incapaz de perguntar, é incapaz de pensar. Sindicato dos Jornalistas, ERC, opinion makers... Estão todos errados quando criticam a sua forma de fazer jornalismo? Sindicato dos Jornalistas? Você sabe como foi a decisão do sindicato sobre as críticas que me fizeram? Vá lá ver se não houve votos vencidos. E veja se eles divulgaram os votos vencidos. Veja o currículo daquela gente que faz aquele programa de imprensa, ou lá o que é aquela porcaria na RTP2 [Clube dos Jornalistas]. [gargalhada sonora]. Veja o currículo daquela gente. Eram todos daquele jornal do PCP, não era o Avante!. Ai, como é que aquilo se chamava? O Diário. Isso! [gargalhada] O currículo deles é esse. Passaram pelo Diário. Ah, e claro, pelo Notícias da Amadora. É o currículo daqueles pobres sem eira nem beira. E o Sindicato dos Jornalistas a mesma coisa. É sempre a mesma coisa. Depois têm uns tachos, estão lá durante décadas e nunca fizeram a ponta de um corno na vida. E acham-se no direito de fazer críticas. A ERC também a criticou... A ERC? A Estrela Serrano? Aquela pérola do jornalismo! Que escreveu aquelas normas básicas para os jornalistas [gargalhada]. Por amor de Deus, andamos a brincar! Mas se a Manuela opina no seu noticiário, essas pessoas, todas essas pessoas que citou, também têm o direito de o fazer... Eu não dou opinião. O que eu digo são coisas do senso comum. Mas é suposto um pivô de telejornal fazer eco do senso comum, ser o repositório do que ouve na rua? Os meus pivôs [textos de ligação entre peças] não são iguais aos dos outros. Sim, isso eu sei. Mas acha que é legítimo terminar um pivô com a expressão "pois!" e os olhos arregalados ou dizer "é sempre a mesma história"? Eu não digo "é sempre a mesma história". Tento contextualizar a informação. Procuro que o meu pivô tenha mais informação, recordando coisas que já aconteceram, procuro relacionar as coisas. E admito que possa ter lá um bocadinho do que eu penso. E isso é legítimo? Claro que é. Normalmente, de um pivô de telejornal espera-se... ... espera-se o quê? Que seja uma alforreca? Que seja idiota? Que seja um autómato? Não, que seja imparcial, equidistante, ponderado... Então metam lá uma boneca insuflável. Acho uma graça... E depois a ERC vem dizer que não ouvimos todas as partes. Isso é de uma desonestidade a toda a prova. A ERC sabe muito bem que não há um único membro do Governo que fale connosco. Toda a gente critica o facto de eu dizer "pois!" ou de arregalar os olhos, mas ninguém comenta a brejeirice dos meus coleguinhas, do piscar de olhos às gajas. Ou aqueles sorrisos depois de uma gaja boa aparecer na televisão. Só falta babarem-se. Essa coisa muito macho, muito de homem. (…) Está ou não está a fazer campanha contra o Governo de José Sócrates? Claro que não. O Governo diz que sim. Diz, diz. O Governo diz muita coisa. (…) Tem limites? [surpreendida] Se tenho limites? Claro que tenho limites. Eu faço os textos com o Vítor Bandarra. Rimo-nos imenso. E muitas vezes temos de pôr um travão em algumas coisas. Mas não nega que gosta de uma boa polémica. Sócrates, Sousa Tavares, Marinho Pinto, José Alberto Carvalho, Judite de Sousa... Porque as pessoas não estão habituadas. Fala aí do Sócrates. Porquê? Não tenho qualquer polémica com o Sócrates. Eu nunca o entrevistei. Ele não deixa. Gostava? Claro. Mas não era como aquelas que lhe fazem. Já alguma vez o primeiro-ministro aceitou ser entrevistado sobre o tema da justiça? Não. Isso, eles não lhe perguntam. (...)

Apache, Setembro de 2009

domingo, 17 de maio de 2009

Interpretação alternativa (?) da teoria da pressão

A propósito das alegadas pressões sobre os magistrados que investigam o mediático caso “Freeport”, o jornalista Joaquim Letria escreve com refinado humor… (ou talvez não?!) “Em Portugal já não se pode ser amigo do seu amigo. É o que demonstra o rumor dum estranho caso de alegadas pressões sobre magistrados. Vamos supor que há um magistrado que se vira para colegas e, imaginemos, lhes diz, à boca pequena: «Oh pá, vocês tramam-se!». E insiste: «Resolvam lá isto como os gajos querem, senão dizem adeus à carreira!». E recomenda: «Olha o trabalho da tua mulher que vai para o galheiro, se não mandas arquivar esta porcaria». E recorda: «Tinhas uma vida tão bonita diante de ti e deitas tudo para o lixo por causa dessa tua mania de seres sério!» E sublinha: «Olha que eu conheço estes gajos de ginjeira!» E suplica: «Tenham cuidado, que estes fulanos não são para brincadeiras!». E, desesperado, recorda: «Olhem que ainda falta vir aí o Ninja de Shaolin!» Então, isto são pressões?! Em Portugal já é proibido preocupar-nos com aqueles a quem queremos bem?! Já não se pode ser bom colega, amigo do seu amigo?! Francamente! São pobres e mal agradecidos!” - Joaquim Letria no "24 Horas" da passada sexta-feira
Apache, Maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

“Sem eira nem beira” – Xutos & Pontapés e Dona Rosete

Do disco lançado faz hoje precisamente um mês, comemorativo dos 30 anos de carreira dos “Xutos & Pontapés”, esta é a música de que mais se fala.

“Anda tudo do avesso

Nesta rua que atravesso

Dão milhões a quem os tem

Aos outros um passou-bem.

Não consigo perceber

Quem é que nos quer tramar

Enganar

Despedir

E ainda se ficam a rir.

Eu quero acreditar

Que esta merda vai mudar

E espero vir a ter

Uma vida bem melhor.

Mas se eu nada fizer

Isto nunca vai mudar

Conseguir

Encontrar

Mais força para lutar...

Senhor engenheiro

Dê-me um pouco de atenção

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver

Quem anda na roubalheira

E quem me anda a comer.

É difícil ser honesto

É difícil de engolir

Quem não tem nada vai preso

Quem tem muito fica a rir.

Ainda espero ver alguém

Assumir que já andou

A roubar

A enganar

o povo que acreditou.

Conseguir encontrar mais força para lutar

Mais força para lutar

Conseguir encontrar mais força para lutar

Mais força para lutar...

Senhor engenheiro

Dê-me um pouco de atenção

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver

Quem anda na roubalheira

E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Mas eu sou um homem honesto

Só errei na profissão.”

Uma outra versão, em jeito de resposta de um tal senhor “inginheiro”, na voz da Dona Rosete [Maria Ruef na TSF a 20 de Abril de 2009]

“Senhores Pontapés

Dêem-me um pouco de atenção

Que quem se mete comigo

Anda na conspiração

Eu processo a malta dos blogues

E directores de jornais

Têm toda a liberdade

Mas de mim não falam mais!

Senhores Pontapés

Dêem-me um pouco de amor

Processei o Zé Manel Fernandes

O Tavares e um professor

Processo sem eira nem beira

Eu conheço a lei de cor

Dizem que há lá saldos bons

Mas não volto ao Fripóre!”

Apache, Maio de 2009

sábado, 25 de abril de 2009

Freeport – A TVI vai abrindo a “caixa”

No “Jornal Nacional” de ontem, a TVI divulgou mais um pouco do conteúdo do DVD onde Charles Smith fala do Freeport. A reportagem refere que a polícia inglesa seguiu o rasto das “luvas” do licenciamento.

Apache, Abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Caso Freeport – Reacção e Contra-reacção

Na entrevista concedida esta semana à RTP, Sócrates entrevistado por Judite de Sousa e José Alberto Carvalho reage ao “caso Freeport” atacando o “Jornal Nacional da TVI. A contra-resposta da estação privada surgiu pela voz do director-geral, José Eduardo Moniz.

Apache, Abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Charles Smith diz que Sócrates é corrupto (2)

Há dias a TVI voltou a passar (desta vez a cores) o DVD em que Charles Smith se refere a Sócrates como “corrupto” associando-o a ilegalidades relacionadas com o licenciamento do “Freeport” de Alcochete. Para quem não teve a oportunidade de ver o “Jornal Nacional” desse dia, aqui fica a reportagem.

Apache, Abril de 2009

terça-feira, 31 de março de 2009

Charles Smith diz que Sócrates é corrupto

É impressão minha ou, de há uns tempos para cá, muitos portugueses ligam a televisão para ouvirem: "Boa noite, eu sou a Manuela Moura Guedes"?

[Há um desfasamento entre o som e a imagem do vídeo, que não foi possível corrigir]

Apache, Março de 2009