(continuação...)
A equipa da Universidade de Bolonha que aposta na teoria da queda de um meteorito, prometeu regressar à Tunguska brevemente. Curiosamente, a principal crítica a esta teoria veio de David Morrison da NASA que afirmou ser estranho que tratando-se de um meteorito, este tenha deixado apenas uma cratera de impacto, ainda por cima tão pequena (cerca de 700 metros de comprimento, 360 de largura e 50 de profundidade). Considerando a área de floresta destruída e o abalo sísmico provocado, seria espectável um meteorito com dimensões muito maiores, que deixaria no solo, uma cratera muito maior que o lago Cheko. Ou então poderia, ainda no ar ou ao embater no solo, fragmentar-se em vários pedaços menores, deixando múltiplas crateras.
A hipótese do cometa (pedaço de gelo e poeira que ardeu completamente em contacto com a atmosfera) encaixa perfeitamente no relato referente à bola de fogo que as testemunhas oculares viram no céu (o segundo sol) e na ausência de cratera mas não justificava a enorme onda de calor e a destruição verificada. Mas em 1976 os cientistas soviéticos, Vladimir Stulov e Georgi Petrov, afirmaram que as temperaturas atingidas pelo cometa (que viajaria a mais de 40 mil quilómetros por hora) deveriam ser tão altas que este não se evaporou, antes, os núcleos dos átomos de hidrogénio e de oxigénio que constituem a molécula da água desintegraram-se, tal como acontece numa reacção de fissão nuclear e foi a radiação daí resultante que destruiu a floresta.
Muitos cientistas não estão, no entanto, convencidos que as dezenas de milhares de quilómetros por hora que o alegado cometa possa ter atingido tenham, devido à colisão com as moléculas do ar, gerado energia suficiente para desencadear uma reacção nuclear.
Como referi no “post” anterior, várias outras teorias foram apresentadas, algumas por cidadãos comuns, outras por conceituados cientistas.
Por exemplo, Chandra Atluri e Clyde Cowan da Universidade Católica Americana, acreditam que o fenómeno foi causado pela queda de um pedaço de antimatéria, daí a inexistência de cratera ou de fragmentos. O “único” problema desta teoria é a falta de prova científica da existência de antimatéria.
Oura das teorias que se tornaram populares nos últimos anos, foi a proposta por A. A. Jackson e Michael Ryan Jr. da Universidade do Texas, que estão convencidos que naquela manhã a Sibéria foi atingida por um minúsculo buraco negro. Esta teoria tem o mesmo problema da anterior, carece de prova científica convincente, da existência de buracos negros.
Talvez o mais surpreendente nos relatos (que Kulik recolheu) de algumas das mais de 900 testemunhas oculares registadas, seja a afirmação de que o objecto de grande luminosidade, semelhante a uma esfera de fogo, mudou de direcção durante o voo, primeiro sobre a localidade de Keshma, depois ao sobrevoar Preobrashenska, antes de desaparecer numa violenta explosão, no céu de Vanavaara, que ficou completamente coberto de fumo. A serem verídicos estes relatos, todas as hipóteses relacionadas com a queda “livre” de objectos celestes ficariam afastadas.
Estranha coincidência (ou não, depende da vontade especulativa de cada um), a essa hora (ainda noite do dia 29 de Junho) em Nova Iorque, Nikola Tesla testava a sua nova invenção, o “Raio da Morte”.
Passaram cem anos e a ciência não conseguiu ou não quis apresentar uma explicação coerente para um dos acontecimentos mais insólitos (e felizmente não o mais trágico porque por sorte ocorreu num local quase desabitado) da história recente da humanidade. O único dado que (a mim me) parece adquirido é que naquela solarenga manhã de 30 de Junho de 1908, radiação electromagnética de elevadíssima energia estigmatizou o coração da floresta siberiana.
Apache, Julho de 2008
4 comentários:
Que coincidência, a do sr Tesla, não? Gostava de o ter conhecido.
beijocas e bom fds
Não é garantido que Tesla tenha construído ou experimentado o “Raio da Morte” nesta ou noutra data, apenas se especula sobre o assunto. No entanto, Tesla havia escrito ao explorador Robert Peary que procurava atingir o Pólo Norte, dizendo-lhe que estivesse atento, porque neste dia iria ver algo de espectacular no céu, a este do seu acampamento. Entretanto, à hora do Evento, Tesla estava no seu laboratório, a Torre Wardencliff em Long Island e terá apontado o “engenho” de onde, segundo o seu assistente, terão saído uns raios que (cito) desintegraram uma coruja.
Quando Tesla soube da notícia do evento da Tunguska terá dito ao assistente e a amigos que o “Raio da Morte” era demasiado perigosos e não o voltaria a testar, no entanto, voltou a fazê-lo, segundo o New Iorque Times de 11 de Julho de 1934 que anunciou (creio que em primeira página) «TESLA, AT 78, BARES NEW “DEATH BEAM”.»
O que Tesla apresentou mais tarde, em público, era uma pequena engenhoca que ninguém percebeu como funcionava, nem tinha a espectacularidade com que Tesla costumava premiar a assistência às suas apresentações, por isso, ninguém quis financiar o projecto, apesar das cartas que ele dirigiu ao governo americano e ao Primeiro-Ministro inglês e, dos encontros pessoais com os líderes checo e sérvio. No entanto, já em 1937, a União soviética comprou (segundo a CIA, por 25 mil dólares) algo que ninguém saberia muito bem o que era, mas que muitos especulavam ser o “ raio da morte”, ainda que outros falavam “apenas” de tecnologia de controlo climático, outros falavam de uma parede de luz que criava a invisibilidade e outros ainda, diziam ser um acelerador de partículas com fins pacíficos.
Tesla era, pela personalidade tímida mas simultaneamente espalhafatosa e pelas doenças raras que possuía, um ser humano estranho, ingénuo e sensível e um cientista (e inventor) absolutamente genial.
Boa semana!
Era pois. Gostei do que aprendi contigo. :) Boa sexta, que a semana foi catastrófica :)
A minha vai acabar como começou. Daqui a umas horitas à vigilância de exames e depois de almoço reunião. Aliás (para mim), houve vigilância toda a semana excepto hoje, quinta-feira que houve coadjuvância.
O que vale é que a próxima semana promete ser pior… :)
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