quarta-feira, 5 de setembro de 2007

M.E. (Mentiras e Embustes)

Nos últimos dias, a Sr.ª Ministra da Educação voltou a dirigir-se (várias vezes) à comunicação social para manifestar publicamente as duas únicas competências que caracterizam a sua gestão (extensíveis ao chefe do governo), a mentira e a manipulação de dados.
Em conferência de imprensa afirmou:
“O 1º e 2º, ciclos do ensino básico não estão em crescimento.”
Em 2005/2006 estiveram matriculados no 1º ciclo, 467 061 alunos, em 2006/2007 esse número subiu para 469 463, um acréscimo de 2 382 alunos.
Na mesma conferência, disse:
“São apoiados cerca de 30 mil alunos, queremos duplicar esse número nos próximos anos.”
Grande objectivo, Sr.ª Ministra… os 30 mil alunos apoiados, correspondem a 1,8% dos (1 669 470) alunos que frequentam o ensino pré-escolar, básico e secundário em Portugal. Ora toda a gente sabe que apenas 3,6% dos alunos portugueses são oriundos de famílias carenciadas, assim ficaremos (brevemente) com este problema resolvido.
Em entrevista à RTP (no telejornal do dia 3) tentou novamente denegrir a imagem dos professores…
“(…) 9 alunos por professor nos três ciclos de ensino. (…) 7 alunos por professor, no secundário.”
No 1º ciclo, cada professor lecciona uma turma com 24 alunos (22 se a turma for constituída por alunos de 3 ou mais anos de escolaridade diferentes), havendo professores que prestam apoios educativos a alunos com necessidades educativas especiais e escolas com menos de 24 alunos, que fazem (obviamente) baixar a média nacional para 14 alunos por professor. A média no pré-escolar é de 15 educandos por educador.
No 2º ciclo, estiveram matriculados 239 819 alunos, a quem leccionaram 32 302 professores. Dividindo os dois números, obtemos 7,42 alunos por professor. Este número não tem significado físico, pois cada aluno tem (pelo menos) 9 disciplinas, leccionadas (normalmente) por 9 professores diferentes; portanto, se por hipótese absurda, uma escola tivesse apenas um aluno, precisaria de 9 professores. Para termos uma ideia do número médio de alunos por professor no 2º ciclo, poderemos multiplicar os 7,42 por 9, chegando a (aproximadamente) 67.
Neste tipo de contabilidade, é impossível separar o 3º ciclo do secundário, porque nas escolas secundárias, a maioria dos professores lecciona (no mesmo ano lectivo) turmas do 3º ciclo e turmas do secundário. Os números conjuntos para os dois níveis de ensino são: alunos 781 868, professores 91 015. Dividindo os dois números, que (repito) nada representam, obtemos 8,6 alunos por professor. No 3º ciclo do básico, cada aluno tem (pelo menos) 13 disciplinas e no secundário 8. As turmas são constituídas (tal como no 2º ciclo) por 24 a 28 alunos, tendo apenas 20 se houver nelas, alunos com necessidades educativas especiais. Por regra, cada professor lecciona por ano, um número de alunos que varia entre os 50 e os 200.
(Fonte: Relatório Nacional de 2006/2007 da Inspecção Geral da Educação)
Apache, Setembro de 2007

8 comentários:

gata disse...

Absurdamente, vivi e estudei num pais onde o numero máximo de alunos por turma, era de 15, onde as aulas começavam às 8h00 e acabavam às às 16h30(isto até ao secundário, ou equivalente), onde os professores e não os alunos mudavam de sala para a aula seguinte, onde não existiam furos,faltas ou artigos (4º?)que prejudicassem os alunos.Nunca deixei de ter uma aula porque este ou aquele professor não podia estar presente(substituição pontual. Em escolas nde aulas de música, dança, linguas e informatica faziam parte do "pacote-base"(isto na d´´ecada de 80),onde todos éramos avaliados a nível nacional semestralmente, havendo no entanto diferentes níveis de avaliação, da mesma forma que isso existia diáriamente na sala de aulas, onde um aluno (aqui considerado com necessidades especiais) seguia exactamente o ritmo dos outros,sendo avaliado por parâmetros diferentes pelos mesmos professores que avaliavam os outros(....isto é complicado), nunca sendo "Rotulado" e tendo no entanto as suas necessidades especiais salvaguardadas.
Vivi e estudei num país em que os professores são mais ou menos da terra. Não viajam quilómetros por mês, para dar aulas no fim-do-mundo, a 5 alunos que acabam por sofrer(quero acreditar que poucas vezes) o cansaço e demotivação que este professor acaba por acumular(e aqui refiro-me concretamente ao 1º ciclo, que marca definitivamente o gosto pela escola e pelo estudo para os alunos)e nesse país, os professores não mudam todos os anos, pode seperar-se alguma conitnuidade, porque, apesar de cada qual leccionar o seu ano, no seguinte vai ser assim, e no outro, e no outro....
Acho que já escrevi muito, provavelmente poderia dizer outro tanto ou 100 vezes sem esgotar o tema. Vou resumir assim, vivi num país assim, quando olho para a educação (e outras coisas) em Portugal, pergunto-me o que tinha na cabeça quando decidi voltar. Talvez saudades de algo que mal conhecia e por isso me parecia tão apelativo. O facto é que, olhado em particular para a educação, não sei se quero que filhos meus tenham este tipo de ensino, e se voltar a sair de Portugal, essa será uma das razões de peso, porque aqui, não tenho acesso ao tipo de ensino que lhes gostaria de proporcionar.
E não estou a abstrair-me do meu papel de educadora, como muitos professores gostam de dizer, penso que os pais devem complementar, mas complementar algo que já seja muito bom, e não preencher lacunas...

Beijos de gata.
Acho que vou gostar de começar o dia com este espirito, já quem convive comigo não sei! e depois dizes que a gata é que só arranja sarilhos!!

Bjinhos
PS: já não tenho tempo de proceder à habitual correcção ortográfica, portanto....

gata disse...

Tanta gralha!!!

cris disse...

Bem, gata adorei o teu testemunho. Haja gente com visão ampla, capacidade de análise e objectividade.

Apache, nem vale a pena falar mais da senhora ministra... a estatística nunca foi o meu forte. Sou péssima em números... mas quando aprendi a cena do frango que, dividido a meio, pode ser metade para mim, metade para outro, , estasticamente falando, e no entanto, eu posso comê-lo todo na realidade e o outro pode bem ficar a olhar... a partir desta altura a estatística deixou de me servir...

Hoje ri-me com outra do ME: a definição das verbas para mateiais desgastáveis ao nível do jardim de infância ahahahah, ao longo do ano lectiv... do melhor... para não chorar... a quantia é tão irrisória que chega a ser hediondo. Para não dizer que achei interessante o raciocínio: à medida que o número de alunos aumenta na sala a verba tem um aumento tal que parece que diminui ehehehehe e olha que eu sou mesmo péssima em números... mas deu para perceber...


Estamos uma vez mais, prontos para mais coelhos a pular de cartolas. Sem dúvida. O que me baralha é que as barbaridades ditas pelos governantes não são passíveis de saneamento. por que será? Não é lá muito correcto...


Boa quinta

Apache disse...

“Tanta gralha!!!” Estás a falar de que ministério, Gata? Lol...

“Apache, nem vale a pena falar mais da senhora ministra”. Não concordo, Cris, vale sempre a pena lembrar que a senhora mente compulsivamente, ao ponto de podermos considerar um caso patológico. Mentiu quando disse que o número de alunos do 1º ciclo estava a diminuir. E inventou um rácio alunos/professor para o ensino secundário, fingindo que se pode fazer uma conta de dividir com dividendo mas sem divisor, uma vez que não é possível contabilizar o número de professores que leccionam o ensino secundário.
Boa quinta-feira.

gata disse...

:)
acho que serve para todos!!

Apache disse...

Temo que sim!

Anónimo disse...

Eu já nem a oiço...tanto disparate...


Ugh! Tou farta de me rir com teus comentários aos 'nus' lá no bloguito :-D

Abraços

cris disse...

Na verdade eu não a consigo ouvir. Preciso de tradutores ( como tu) ahahahahah nunca fará sentido o que diz a real senhora... Que se trata de uma corja de aldrabões já todos toparam... Ainda não percebi é porque ainda lhe vão dando tanta corda. Se era para se enforcar, ainda deve andar a enrolá-la nos tornozelos ou na cintura, não?