terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Desonestidade intelectual

Depois de se constatar que 2007 foi o ano mais frio dos últimos dez, o Serviço Meteorológico Britânico, veio dizer que 2008 será ainda mais frio, mas isso "não terá impacto no aquecimento global”, [tradução do nosso Instituto de Meteorologia (IM)]. Obviamente que não. Nada tem impacto no “Aquecimento Global”, algo que (nos moldes em que nos é apresentado) não existe, não pode ser afectado por nada.
É lamentável que a meteorologia britânica tenha feito tais afirmações, produzidas por um qualquer charlatão de serviço, lançando mais uma nódoa sobre a credibilidade da ciência.
É também lamentável, que no seu 'site', o IM não tenha tido a honestidade moral e científica que a sua meteorologista, Vânia Lopes, demonstrou, nos esclarecimentos que prestou à RTP, incluindo as declarações da senhora na sua página, preferencialmente junto da tradução da ridícula notícia difundida pelos ingleses.
De facto, independentemente de se concordar ou não com a antropogenia do “Aquecimento Global” (e a ciência não concorda), dever-se-ia enfatizar uma diferença clara entre ciência e adivinhação. Uma previsão meteorológica a três dias tem cerca de 90% de probabilidade de estar correcta, uma previsão a 10 dias de distância (vulgar, do outro lado do Atlântico), tem cerca de 50% de probabilidade de ocorrência. Uma previsão a 30 dias, não tem credibilidade. Prever (em termos meteorológicos) o que vai acontecer até ao final do ano, que agora começou, é pura adivinhação.
Tenham vergonha!
Apache, Janeiro de 2008

6 comentários:

DarkMorgana disse...

Não dês ideias aos astrólogos!
Jinhos

Apache disse...

Acabo de constatar que o Instituto de Meteorologia retirou da sua página a tradução da previsão efectuada pelos serviços de meteorologia britânicos. Parece-me que seria mais correcto proceder ao esclarecimento dos factos, tal como fizeram no comunicado à RTP, no entanto, o retirar da notícia sempre é melhor que mantê-la sem qualquer explicação sobre o ridículo da mesma.

José M. Sousa disse...

Onde é que foi buscar essa ideia que 2007 foi o mais frio dos últimos 10? Convinha que citasse a fonte, porque isso é um disparate:

http://futureatrisk.blogspot.com/2008/01/2007-ano-mais-quente-no-hemisfrio-norte_14.html

Apache disse...

Olá José, obrigado pela visita.
Como já lhe tinha dito, na nossa “discussão” no “Zero de Conduta”, há várias formas de medir a temperatura e nenhuma delas (obviamente) nos dá um valor exacto. Daí que a temperatura média global seja um dado tão impreciso que em ciência vale praticamente zero. Mas adiante…
O GISS calcula a média global, através das leituras efectuadas por 1200 termómetros colocados em vários pontos do Globo. Se efectuasse o mesmo cálculo, mas com dados de 5 ou 10 mil estações meteorológicas, os resultados seriam, necessariamente diferentes. Outros organismos com idêntico reconhecimento científico, fazem-no, ou usando os satélites ou escolhendo outras estações meteorológicas terrestre para calcular a média global. Os valores do GISS são sempre mais elevados, tal como os da Universidade de East Anglia (em Inglaterra). É normal, tendo em conta a opinião política de quem os dirige. Para termos uma visão mais independente convém confrontar os dados destes dois organismos com outros dados.

Não leu bem o “post”, a fonte é o Instituto de Meteorologia (português), que cita o homólogo britânico. No meu comentário anterior fiz referência a que o “link” foi apagado.
Segundo os dados fornecidos pelo satélite RSS (Rotating Shadowband Spectrometer), para encontrarmos um ano mais frio que 2007, temos de recuar a 1997. Portanto, considerando estes dados, em minha opinião mais fiáveis que os do GISS, 2007 foi o ano mais frio dos últimos 10.
Ainda lhe digo mais, segundo o Instituto de Meteorologia, o Verão de 2007 em Portugal foi o mais frio dos últimos 20 anos.

José M. Sousa disse...

Nota: estamos a falar da temperatura do Planeta, não de Portugal:

O GISS diz que 2007 foi o mais quente de sempre no Hemisfério Norte, e o 2ª mais quente (igualando 1998) a nível global:
http://www.columbia.edu/%7Ejeh1/mailings/20080114_GISTEMP.pdf
e
http://www.earthpolicy.org/Indicators/Temp/2008.htm
Para o MetOffice, com dados provisórios até Novembro, 2007 foi o sétimo mais quente desde 1850:
http://www.metoffice.gov.uk/corporate/pressoffice/2007/pr20071213.html

o NOAA ((National Oceanic and Atmospheric Administration) também dos EUA, diz que, segundo os seus dados, foi o 5º mais quente (o que não é pouco) e diz também que "Seven of the eight warmest years on record have occurred since 2001"
http://www.noaanews.noaa.gov/stories2008/20080115_warmest.html

Quanto a 2008, é esta a previsão e a sua explicação:
http://www.metoffice.gov.uk/corporate/pressoffice/2008/pr20080103.html

Apache disse...

“Nota: estamos a falar da temperatura do Planeta, não de Portugal” Pois… E nenhuma estação meteorológica portuguesa agrada ao GISS, eu sei. E em quantos países, nestes dois últimos meses têm sido batidos recordes de temperatura negativa? Sim, eu sei, a maior parte deles também não têm estações meteorológicas na contabilidade global do GISS, mas isso não significa que essas temperaturas anormalmente baixas, não se estejam a fazer sentir. E não me vai dizer que são a prova do aquecimento global, como faz o tonto do Al Gore, pois não. É que nas palavras dele, esta parece ser a única teoria que justifica algo e também o seu contrário.

“O GISS diz que 2007 foi o mais quente de sempre no Hemisfério Norte, e o 2ª mais quente (igualando 1998) a nível global.” Pois diz, José, tem toda a razão. E o que eu lhe digo é que os satélites dizem algo muito diferente disso.
Por exemplo, o RSS, como lhe disse, diz que o último ano mais frio que 2007 foi 1997.
E sabe que mais, estatísticas há-as para todos os gostos, e sabe porquê, porque o GISS doura a pílula como mais lhe convém e, satélites só temos de à 30 anos para cá, que é um período muito curto para tirar conclusões em termos climáticos. Além disso, nenhum dos dados (estações ou satélites) pode ser levado muito a sério, em ciências, quando se formula uma hipótese, basta ela não ser comprovada uma vez, para não ser verdadeira e a ideia de que a Terra está a aquecer, já foi contrariada várias vezes em vários lugares, até pelas ondas de calor do início deste século.
De qualquer forma, o disparate maior nesta “estória” não é dizer-se que a Terra está a aquecer (porque isto é discutível e irrelevante, tendo em conta os valores disponíveis, é dizer-se que isso é culpa do dióxido de carbono antropogénico, e dar a ideia que se houvesse aquecimento global (ainda que da ordem dos 2 ou 3 graus Celsius, ele traria consequências graves para a humanidade, quando tudo indica que os benefícios seriam sempre superiores aos inconvenientes.