Ontem, na Comissão de Direitos Humanos da ONU, Jean Ziegler pediu uma moratória de 5 anos na produção de biocombustíveis, de forma a permitir o desenvolvimento de tecnologias que em vez de utilizar o milho, o trigo ou a cana-de-açúcar na produção de etanol, utilizem os lixos agrários, tais como as folhas de bananeira ou as folhas do milho.
Jean Zieegler, de 73 anos, sociólogo, ex-professor universitário em Geneva (Suíça, sua terra natal) e em Sorbonne (Paris), autor de vários livros polémicos, tais como: A fome no mundo explicada ao meu filho”; “Os Senhores do Crime”; “Os Rebeldes”; “Os novos Senhores do Mundo”; ou o best-seller “O Império da Vergonha” é actualmente (desde 2000) Relator Especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação. Discursando perante a Comissão, denunciou que, apesar de 854 milhões de pessoas sofrerem de subalimentação e de mais de 36 milhões morrerem de fome, em cada ano (70 em cada minuto), 6 milhões delas, crianças com menos de 5 anos de idade, assiste-se actualmente a uma utilização de terrenos agrícolas para a produção de milho, trigo e outros cereais e cana-de-açúcar, para a produção de álcool, com vista à redução da dependência do petróleo e isto, afirmou “é um crime contra a humanidade”.
Ziegler recordou que o milho é a base da alimentação de suínos, bovinos e aves e que o seu preço nos mercados internacionais duplicou no último ano, enquanto o trigo aumentou 30%. Tal, conduz inevitavelmente a um aumento do preço de bens essenciais, como o pão, a carne, o leite e os ovos, contribuindo ainda mais para a difusão da fome no mundo. Lembrou que o milho necessário para produzir (apenas) 50 litros de etanol (cerca de 250 kg) podia alimentar uma criança durante um ano. Voltou também a condenar o negócio da privatização da água em cada vez mais países, enquanto 2 mil milhões de pessoas, quase um terço da humanidade, continua sem acesso a água potável.
Continuou, dizendo que nunca como agora, se produziu tanto, o Produto Mundial Bruto duplica a cada 10 anos, a tecnologia permite alimentar o dobro da actual população mundial, mais de 70% da superfície do planeta está coberta de água e, ainda assim, a fome, a sede, as epidemias e as guerras, matam por ano 60 milhões de pessoas, mais do que a Segunda Guerra Mundial matou, em seis anos de conflito.
Apache, Outubro de 2007
7 comentários:
É triste não é? Alguém que vê e alerta e tudo continua igual... vou linkar-te quando conseguir ser assertiva.
beijoca e boa semana
Puxa...que verdade nua e crua :-/
Bjs
A morte de muitos à custa dos interesses de alguns.
Sempre foi assim, e já não tenho esperança que mude.
Beijos
Às vezes só mudam as moscas, Cris.
Gosto de "pôr o dedo na ferida", Sulista.
Que mais temos, se não a esperança, Morgana.
Fiquei sem folgo.
Gosto deste POST
Da brutalidade da verdade que encerra.
vou fazer refgerência lá no Cleopatramoon
Saudades de si por lá.
Muito triste. Que mundo este.
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