M@M: “Administrar as catástrofes mostrou-se sempre uma fórmula muito útil para se remodelar as sociedades. Já não se fala daquilo que ‘ontem’ poderia dizimar a humanidade, a Gripe A (ex-suína). Sabe-se que muitas vacinas foram vendidas e descobriu-se agora que para muitos casos ela era totalmente ineficaz. Não seria caso para se responsabilizarem as autoridades que impõem por força da lei mudanças drásticas de atitude da sociedade por ameaças que se comprovam serem fraudulentas ou mesmo inexistentes?”
Daniela de Souza Onça: “Sim, essas ‘autoridades’ deveriam ser responsabilizadas. Mas acredito que uma boa parcela dessa culpa deve recair sobre a comunidade científica e sobre o público, pois é este quem vota em políticos que anunciam nas suas campanhas que vão ‘salvar o planeta’, combater o ‘aquecimento global’, etc.. A justificação de que o público não percebe do assunto e não pode julgar as questões climáticas, embora parcialmente correcta, não resolve o problema: quando o público está desencantado com a política, é muito comum ouvi-lo dizer ‘vou votar num qualquer, pois um voto não faz diferença’, demonstrando o seu sentimento de impotência. Mas na questão climática é diferente: o cidadão comum acredita poder controlar o clima ao rodar a chave da ignição do seu carro! Acha que não consegue mudar a política da sua cidade, mas consegue controlar os fluxos de matéria e energia da atmosfera do planeta! O público gosta de catástrofes, daí o desejo delas por parte da comunicação social; ele sente-se ‘todo-poderoso’ ao saber que, mesmo na sua insignificância, quando nada mais na sua vida está sob o seu controlo, o clima do planeta está nas suas mãos. Como o público possui esta crença, tudo o que as ‘autoridades’ precisam de fazer é estimulá-la. Não há uma imposição por parte dos políticos ou das empresas: eles estão simplesmente a insistir freneticamente no que o público (em geral) deseja.”
Geraldo Luís Lino: “Para quem está interessado em emergências globais, não há qualquer escassez delas. Por exemplo, a falta de saneamento básico afecta quase metade da população mundial e influencia directamente 2,3 milhões de mortes de crianças por ano, nos países subdesenvolvidos - isto significa uma morte a cada 14 segundos. A falta de acesso à energia moderna afecta 1,5 mil milhões de pessoas, principalmente na Ásia e na África, que são obrigadas a recorrer aos combustíveis mais primitivos conhecidos, o esterco e a lenha, para as necessidades mais básicas, como cozinhar. Estas são emergências reais e imediatas, que não existem apenas em modelos matemáticos que correm em computadores colocados em salas com ar condicionado, mas raramente se vêem os ambientalistas a fazer campanhas sobre esses temas, principalmente os dos países desenvolvidos. Ou seja, além de uma percepção bastante equivocada sobre as reais prioridades das discussões, há também uma grande dose de hipocrisia por parte dos que pregam a necessidade de controlo sobre os combustíveis fósseis. Mas o problema é que a mudança deste paradigma só será possível com uma "massa crítica" de consciencialização da opinião pública em geral, e é neste processo que temos de investir, com a multiplicação de iniciativas de esclarecimento, como nós temos feito.”
Luiz Carlos Molion: “Certamente! Assim como há tribunais, como o de Haia, que julgam crimes de guerra e genocídios, deveria haver um tribunal que condenasse governantes que, movidos pelos interesses de grandes grupos económicos, prejudicassem os povos de outras nações directa ou indirectamente. Porém, a grande questão é quem estaria na liderança de tal organização?”
Ricardo Augusto Felício: “Sim, as administrações deveriam ser responsabilizadas e punidas. Adoptar políticas públicas e mudar leis baseados exclusivamente no princípio da precaução são atitudes alarmantes! Eles querem mudar todo o quotidiano das pessoas, principalmente das que vivem nas cidades, baseados numa mentira. Eles querem remodelar as sociedades utilizando os três grandes medos da humanidade: o futuro, a mudança e a morte.
A falsa gripe suína é um caso típico de falácia que usa estas falsas premissas. Entendo que ela foi utilizada como um teste. O primeiro, à escala planetária, antes, tinha sido a falácia dos CFC e da ‘camada de ozono’. No caso da gripe, a implementação foi mais rápida. Tratava-se de um surto de uma gripe comum (se é que houve um surto) cuja gravidade e difusão foram amplificadas por um plano mediático para ver se haveria uma resposta da população. Uma vez dado o alarme, qualquer pessoa que ‘apanhasse’ uma gripe corria para os hospitais. Desta maneira, aumentava-se o número de casos. Se não fosse pelo alarmismo da comunicação social, as pessoas ficavam em casa, tomavam uns chás, umas vitaminas e uns antigripais e passados dois ou três dias estavam de volta às suas tarefas. Com a propaganda doentia, as pessoas corriam para os médicos e tomavam aqueles remédios. Das muitas pessoas com quem conversei, fui informado de que algumas quase morreram, nas pela doença mas pelos efeitos secundários dos antivirais. Este facto deveria ter sido investigado, mas não foi. De qualquer maneira, a gripe teve diversos efeitos colaterais mundiais, em diferentes escalas: em certos países, planos e leis foram postos em prática pela calada da noite, além de terem sido impostas mudanças no quotidiano das pessoas, nos seus hábitos, calendários, obrigações, etc.”
Apache, Maio de 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário