terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O derreter da mentira

Num longo artigo de 6 páginas (16 a 21), desnecessariamente sensacionalista, que faz a capa desta semana, da revista indiana “Open”, o jornalista Ninad Sheth escreve sobre a fraude das alterações climáticas, mostrando-se impiedoso com Rajendra Pachauri e com o IPCC (Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas) a que ele preside, apelidando-os de “máfia das alterações climáticas”. Na capa lê-se que: “é agora claro que o relatório sobre aquecimento global, que permitiu ganhar o Prémio Nobel, está cheio de exageros imprecisões, conclusões ilógicas e mentiras.” No interior, logo abaixo do título do artigo, acrescenta: “Foi apresentado como um facto. O IPCC, liderado pelo famoso Rajendra Pachauri chegou a anunciar que havia consenso sobre o assunto. O mundo estava a aquecer e os humanos eram os culpados. Despejou um monte de mentiras.” Mais adiante: “Nunca tão poucos enganaram tantos por tanto tempo, nunca.” E continua: “A verdade é que o mundo não está a aquecer significativamente. Nem os glaciares dos Himalaias vão derreter em 2035 como foi afirmado. Nem há nenhuma ligação entre desastres naturais como o furacão Katrina e o aquecimento global. Tudo isto é puro disparate, ou se preferirem, ‘não-ciência’.” [Tradução minha] O artigo pode continuar a ser lido aqui. Por um lado, é de saudar que a comunicação social comece a despertar para o chorrilho de mentiras convenientes que umas centenas de políticos, na generalidade ignorantes e umas dezenas de cientistas maioritariamente corruptos, propagaram durante cerca de 20 anos. Mas por outro, é caso para perguntar onde esteve a comunicação social nestas últimas duas décadas? E já agora, por onde anda a dignidade e o profissionalismo dos cientistas que se mantiveram e permanecem calados a esta e a várias outras mentiras ridículas que caçadores de subsídios, auto-denominados cientistas, venderam no último meio século e infestam o ensino das ciências mundo fora?
Apache, Fevereiro de 2010

1 comentário:

Diogo disse...

«Onde esteve a comunicação social nestas últimas duas décadas?»

Esteve sempre no seu lugar: a soldo dos grandes interesses, neste caso da «indústria do carbono».