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domingo, 5 de janeiro de 2014

“Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando” (2)


Dia triste, este em que partiram dois dos mais destacados exemplos de mérito profissional, do século XX: Eusébio da Silva Ferreira (Lourenço Marques, 25 de Janeiro de 1942 – Lisboa, 5 de Janeiro de 2014) o “Pantera Negra” e Nelson Ned d´Avila Pinto (Ubá, 2 de Março de 1947 – Cotia, 5 de Janeiro de 2014) o “Pequeno Gigante da Canção”.
Apache, Janeiro de 2014

domingo, 5 de agosto de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (6)

Decorria o ano de 1917, os Estados Unidos participavam na Primeira Guerra Mundial e Tesla (aparentemente preocupado com as baixas provocadas pela guerra) ocupa-se de mais uma invenção, a que chamou “Raio Explorador”. O engenho permitia, através do envio e recepção de ondas electromagnéticas, detectar à distância, a posição exacta dos veículos inimigos. Mais uma vez, os militares ignoraram a sua proposta. Curiosamente, o “Radar” (assim rebaptizado na segunda metade dos anos 30) ajudaria à vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
A destruição do Wardenclyffe Tower, que operava conjuntamente com outro laboratório que Tesla construiu em Long Island, a Telefunken Wireless Station, dá-se precisamente em 1917, por alegadamente, a segunda, ser usada pelos alemães para espionagem. A torre tinha sido construída em parceria com a emissora de rádio alemã (Telefunken) que iniciara emissões (na Alemanha) em 1903.
Por esta altura Tesla manifesta publicamente outra rara doença, diagnosticada como sendo “Transtorno Obsessivo-Compulsivo”. A partir desta data surgem com frequência na imprensa várias acusações de insanidade. Tesla era um homem de poucas mas corrosivas palavras e o facto de se ter tornado vegetariano, de ser um crítico da “Sociedade das Nações” criada no final da Primeira Guerra Mundial, de prever que no futuro a sociedade seria dominada (no topo hierárquico) pelo sexo feminino, entre outros, politicamente incorrectos (à época) contribuíram significativamente para a generalização do boato de que o inventor enlouquecera.
Em 1928 Tesla registou a sua última patente, um “avião de descolagem vertical”.
Outro facto que contribuiu para a descredibilização de Tesla foi ter criticado publicamente Albert Einstein. Ambos procuravam uma teoria que juntasse as quatro forças fundamentais do universo, a gravítica, a electromagnética, a nuclear forte e a nuclear fraca. Einstein conseguiu a sua maior aproximação com a “Teoria da Relatividade” (Geral e Restrita) que Tesla disse (aparentemente com alguma razão) ser plagiada de trabalhos anteriores do compatriota, Ruder Boskovic. Nikola, por seu lado, afirmou tê-lo conseguido, na sua “Teoria do Campo Unificado”, obra nunca publicada, onde Tesla conclui ser a gravidade causada por forças electromagnéticas, sendo as forças nucleares, também elas forças electomagnéticas. Tesla acompanhava os trabalhos e subscrevia-se com vários físicos quânticos de renome.
Os últimos anos da sua vida foram passados no New Yorker Hotel, entre livros e revistas com as novidades da ciência, livros de poesia e correspondência com outros ilustres cientistas e com escritores célebres, como o amigo de longa data, Mark Twain.
Como invenções suas dos últimos anos, destacam-se vários equipamentos de electroterapêutica, tendo mesmo fundado uma empresa que (apesar da novidade para a época) conseguiu algum sucesso financeiro.
Com a teoria do físico francês De Broglie (1926) da natureza ondulatória e corpuscular da luz, posteriormente demonstrada por George Thomson (1937), Tesla interessa-se de novo pelo mais polémico dos seus “inventos”, o “Raio da Morte” (que havia testado, sem (aparente) sucesso, em 1908), como lhe chamou a imprensa, posteriormente por “Paredes de Luz” (que deveriam permitir a invisibilidade de um objecto) e mais tarde pelo “Teletransporte”.
Tesla chegou a escrever ao Presidente Americano para lhe pedir que assistisse a uma demonstração do “Raio da Morte”, tendo apenas recebido uma carta a agradecer mas declinar o convite.
Por esta altura, J. P. Morgan havia-se juntado à enorme campanha que Edison (entretanto falecido) iniciara para denegrir a imagem do inventor e era frequente a imprensa sensacionalista o apelidar de louco.
Em 1940, a famosa banda desenhada de Max Fleischer, apresentava o herói (o Super-homem) a lutar contra o Raio da Morte de um cientista louco que queria conquistar o mundo, de nome Tesla. Os seus colegas universitários gozavam-no nas colunas do “New York Times”, excepto um pequeno grupo que se correspondia com ele, quase anonimamente.
Tesla havia recusado, anos antes, apoios monetários que considerava miseráveis, provenientes de entidades oficiais americanas e vivia essencialmente de um subsídio concedido pelo Governo Jugoslavo e de algumas patentes que ainda não tinham caducado, bem como dos direitos da tradução para o Inglês, do (mais conhecido) poeta Sérvio, Jovan Jovanovic Zmaj.
A 7 de Janeiro de 1943, o FBI entra na suíte 3327 situada no 33º andar do New Yorker Hotel e (aparentemente) encontra Nikola Tesla (de 86 anos) morto. O corpo é levado, o quarto selado e todos os pertences confiscados ilegalmente, em nome da “segurança nacional”. Dias depois é indicada como causa da morte, uma paragem cardíaca e (alegadamente) o corpo é cremado, fazendo-se um funeral público, estranhamente com grande aparato.
Polémico e excêntrico em vida, não podia deixar de o ser, na morte. Existem várias testemunhas que afirmam que trabalhou para os militares, até finais dos anos 50, tendo desempenhado papel importante na estranha “Experiência de Filadélfia”, que oficialmente nunca existiu.
Durante 40 anos, vários tentaram em vão, apagar da história o nome de Nikola Tesla. Nos anos 80, o FBI divulgou uma parte dos documentos confiscados 40 anos antes e começaram a surgir vários investigadores da obra do génio, bem como (pelo menos quatro) biografias.
Tesla Possui actualmente uma estátua na sua terra natal e outra nas Cataratas de Niágara. Na comemoração dos 150 anos do seu nascimento (2006) a estação pública dos Estados Unidos (PBS) produziu um documentário de (curta) homenagem “Master of Lightning”. Os Sérvios colocaram a sua imagem nas notas de 100 dinares, deram o seu nome ao Aeroporto Internacional de Belgrado, e com as “suas” cinzas e os documentos disponibilizados pelo FBI, construíram-lhe um pequeno museu. Também os russos lhe construíram (com réplicas) um pequeno museu em Moscovo.
Aos poucos, os Norte Americanos vão perdoando a genialidade do homem que disse “Sou cidadão americano e estou grato ao país que me acolheu, mas acima dessa gratidão está o meu orgulho pela minha Croácia natal e pela minha educação e cultura Sérvia”.
Do muito que dele recentemente escreveram vários biógrafos, merecem destaque, os epítetos de J.J. O´Neil, “Tesla, o génio prodigioso” e, de Robert Lomas “Nikola Tesla, o homem que inventou o século XX”. Mas a mais célebre frase que lhe foi dedicada é de Mark Twain, “Nikola Tesla é o inventor dos sonhos”.
Registou 272 patentes em 25 países, mas viu muitas mais terem-lhe sido roubadas. Um biógrafo atribui-lhe cerca de 900 invenções, outro, mais de 1 200.
Excêntrico como Newton, multifacetado como Da Vinci, dedicado como Galileu, mais ou menos louco que qualquer mortal, Nikola Tesla pertence ao grupo restrito dos mais geniais entre Nós.
Apache, Agosto de 2007

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (5)

Quebrada a parceria com George Westinghouse e sem electricidade para as suas experiências, Tesla atravessa sérios problemas financeiros. A campanha de Thomas Edison para o descredibilizar vai no auge. Westinghouse convenceu o governo a adoptar a corrente alternada nas cadeiras eléctricas, fazendo renascer o mito da maior perigosidade desta face à corrente contínua. Para ajudar ao descrédito, Tesla interpreta uns estranhos sinais recebidos por uma antena colocada no seu laboratório em Colorado Spings, como sendo sinais enviados por seres inteligentes de outros planetas, tal interpretação descredibiliza-o junto dos seus colegas universitários e muitos começam a considerá-lo louco. Tesla desmonta o laboratório, vende os equipamentos para pagar as dívidas e, a 7 de Janeiro de 1900, regressa a Nova Iorque.
Pouco depois da sua chegada regista mais duas patentes de aparelhos transmissores de energia sem fios, um deles, idêntico às actuais antenas de telemóvel, o outro, baseado no (agora) chamado “Efeito de Tesla” é a base das modernas armas electromagnéticas. Necessitado de fundos para a construção de um novo laboratório, Nikola convence o banqueiro, coleccionador de arte e industrial J. P. Morgan, à data, o homem mais rico dos Estados Unidos, a contribuir com 150 000 dólares (então, uma pequena fortuna) para a construção da Wardenclyffe Tower em Long Island. A torre, pensava Morgan, serviria para transmitir emissões de rádio para o mundo inteiro, mas descobriu rapidamente que afinal o objectivo era o fornecimento de energia gratuita, abandonando de imediato o projecto que nunca chegou a estar totalmente concluido. Aliás, a parceria com Morgan sofrera logo no início um duro revés, quando Nikola se recusou a casar com a filha do milionário, gorando as expectativas deste.
Para garantir a sobrevivência económica, Tesla volta-se de novo para os militares, conseguindo uma demonstração para as chefias. Apresenta de novo vários navios com controlo remoto, agora com comando de voz, mas uma vez mais os militares não reconhecem utilidade ao invento. Desesperado anuncia que consegue constrir uma arma que numa só tarde afunda uma poderosa armada, mas a única resposta que obtém são risos.
Dedica-se então ao aperfeiçoamento de grandes motores para navios. Constrói (em série) turbinas com 5 000 Cavalos de Potência que vende à Marinha Alemã para equipar os seus navios de guerra. Este contrato (financeiramente bem sucedido) termina com a entrada da Alemanha na Primeira Guerra Mundial.
Entretanto, em 1912 o nome de Tesla surge nas possíveis nomeações para o Nobel da Física, mas Tesla furioso com a Academia por 3 anos antes ter atribuido idêntico galardão a Marconi pela invenção do rádio, que na realidade foi inventado por Tesla, escreve para a Academia dizendo que se for nomeado recusará o galardão, a menos que sejam pedidas desculpas públicas pelo erro de 1909. O prémio iria parar às mãos de Nils Dalén.
Em 1915, A Real Academia de Ciências Sueca insiste, e os nomes de Nikola Tesla e Thomas Alva Edison surgem na imprensa como prováveis vencedores, "dividindo" o prémio. Edison diz que não partilhará o prémio com um seu antigo funcionário e Tesla deixa claro que ou a Academia repara erros anteriores ou jamais aceitará um Nobel. O galardoado foi William Bragg. (continua…)
Apache, Agosto de 2007

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (4)

O ano de 1897 culmina um longo trabalho de pesquisa na transmissão de dados a longa distância, sem o auxílio de fios, com a invenção do rádio (ou melhor, daquilo a que hoje chamamos rádio e, que à data recebeu o nome de “wireless transmission of data”). Inicialmente atribuída ao Italiano Guglielmo Marconi e pela qual receberia em 1909 o Prémio Nobel da Física, viria a descoberta (após uma longa batalha jurídica) a ser atribuida, pelo Supremo Tribunal Americano, a Tesla.
Mas Nikola era um cientista “insaciável” e as suas pesquisas não paravam. Insistia na necessidade de fornecer energia eléctrica gratuita ao mundo, acreditava que seria esse o passo decisisvo na irradicação da pobreza. Só que a ideia irritava solenemente os seus finenciadores que se recusavam a investir em semelhante investigação.
No ano seguinte, o génio faz mais uma demostração pública, desta vez em Madisson Square Garden, onde apresenta um protótipo de um barco com controlo remoto, equipado com torpedos comandados por rádio, que pensa produzir para a Marinha Americana, no entanto esta menospreza o invento não lhe encontrando utilidade. Era o início da Robótica.
Meses depois, apresenta publicamente a ignição eléctrica para motores de combustão que ainda hoje usamos nos nossos automóveis.
Finalmente em 1899, depois de Tesla ter sido impedido pela Polícia de Nova Iorque de realizar arrojadas experiências na via pública, um jovem advogado, Curtis de seu nome, (que já antes o havia defendido em tribunal quando o génio se vira acusado de perturbação da ordem pública, por causar pequenos terramotos causados pelas suas pesquisas sobre ressonância), lhe ofereceu ajuda para montar um “campo de testes” na sua terra, Colorado Springs.
Curtis, trabalhava para a companhia de electricidade local e conseguiu que esta fornecesse gratuitamente a energia para as pesquisas de Tesla. Este mudou-se de imediato e construiu um “estranho” laboratório nos arredores da cidade (Colorado Springs), que mais parecia um celeiro com uma enorme torre central, com 27 metros de altura. A torre era um transformador amplificador de Tensão.
O filme “The Prestige” (“O terceiro Passo”, em Português), que relata a obsessiva competitividade entre dois ilusionistas, descreve com algum rigor histórico o curto período de permanência de Nikola naquelas paragens.
A presença do estranho edifício, cedo atraiu a curiosidade dos locais, que amiúde se deslocavam ao local, testemunhando a estranha luz azul que era emitida pela relva e o acender das lâmpadas que Tesla espalhava pelo chão.
Certa noite, Tesla e os assistentes ligaram o amplificador no máximo, criando uma Tensão Eléctrica de dez milhões de Volt. A onda electromagnética percorreria todo o planeta (à velocidade da luz) e perderia parte da sua “força”, mas quando regressasse ao local, um novo pulso seria emitido, reforçando-a. O processo repetir-se-ia até se atingir, por efeito cumulativo, a “força” desejável para que em todo o planeta houvesse energia gratuita. Do amplificador saltavam arcos eléctricos com mais de 40 metros de altura (a maior trovoada artificial jamais criada pelo Homem) e o ar ficou de tal forma ionizado que o gerador da Central Eléctrica de Colorado Springs ardeu e com ele “ardia” também o fornecimento de energia gratuita aos laboratórios de Tesla, tendo também “azedado” definitivamente a parceria com George Westinghouse que recusava a ideia da energia gratuita.
Dá-se ainda no Colorado, mais exactamente nas montanhas de Pikes Peak a primeira transmissão de telegrafia sem fios, até Paris, efectuada neste mesmo ano. Iniciaram-se também aqui as pesquisas de Tesla (provavelmente na sequência do acidente acima descrito) sobre ionização atmosférica. O Projecto HAARP de estudo (ou manipulação) do clima e o "escudo anti-míssil" (bem como projectos semelhantes dos Russos), agora tão discutidos nos Estados Unidos (e não só), são sequenciais a estas experiências iniciadas por Tesla no Colorado.
(continua…)
Apache, Julho de 2007

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (3)

Com as suas pesquisas financiadas por A. K. Brown e G. Westinghouse, Tesla preparava-se no início da década de noventa (séc. XIX) para viver o período de maior prosperidade económica.
Logo em 1891, adquire a nacionalidade Norte-Americana e constrói o “engenho” que perpetuaria o seu nome, a “Bobina de Tesla”, um pequeno rolo de fio que seria a base do desenvolvimento electrotécnico do século XX.
Já antes, em 1887, Nikola havia realizado várias experiências com radiação de alta frequência, trabalhando com “aquilo” a que, em 1895, Wilhelm Rontgen chamou Raio-X. É injusta a atribuição da descoberta ao físico alemão pois era pública a imagem dos ossos da própria mão, que Tesla obteve três anos antes da descoberta de Rontgen, bem como as ligeiras queimaduras, por radiação X, que acidentalmente sofrera um dos seus assistentes. Mas é, de facto, a partir dos anos 90, que os trabalhos com ondas electromagnéticas de alta frequência o levam a descobertas “fantásticas”.
Em 1893 a Feira Mundial em Chicago, electrificada por Tesla com corrente alterna, é um sucesso. O jovem engenheiro, aproveita para demonstrar que a variação de fluxo magnético induz uma Força Electromotriz. Estava inventado o motor de indução. Mas a Feira ficou marcada por algo mais “mágico”, um enorme ovo em cobre era colocado na vertical sem que ninguém lhe tocasse. A experiência ficou conhecida como o “Ovo de Colombo” e não era mais que um campo magnético que criava uma força que vencia outra (a gravítica). Estava descoberto o princípio que levaria, décadas depois, aos famosos comboios de levitação magnética, hoje tão populares e úteis no Japão e na Alemanha.
O ano de 1895 é marcado pelo estrondoso sucesso da inauguração da hidroeléctrica do Niágara (no Canadá) que Westinghouse constrói, sob o comando de Tesla, por metade do preço proposto por Edison, permitindo a electrificação total da cidade de Búfalo nos Estados Unidos. Mas também pelo misterioso incêndio que destruiu completamente o seu laboratório na 5ª Avenida em Nova Iorque, que se especulou ser obra do rival. Felizmente por esta altura, Tesla tinha já em funcionamento mais dois laboratórios, e pouco se perdeu no incêndio, pois o Croata tinha o defeito de quase não escrever nada no papel, passando das ideias à construção dos engenhos.
Tesla tornou-se popular pela espectacularidade das demonstrações públicas das suas descobertas, que fascinavam tanto leigos como especialistas. Foram feitas demonstrações em vários estados americanos e o público anónimo misturava-se com jornalistas e com catedráticos, para assistir boquiaberto aos raios eléctricos que saíam das suas bobinas, e a lâmpadas de vácuo, sem filamento, que se acendiam ao contacto com as suas mãos. Foram exibições destas que lhe conferiram o título de mágico e que irritaram solenemente Edison, que organizou também uma gigantesca digressão pelo país para através de espectáculos ridículos denegrir a imagem do génio.
A transmissão de energia eléctrica, sem fio, a longas distâncias, e gratuita tornar-se-ia uma das grandes empresas das suas futuras pesquisas. Ele descobriu que um tubo de vácuo colocado na proximidade de uma “Bobina de Tesla” começava imediatamente a brilhar; estava descoberta a Ressonância Eléctrica. Encontrando a frequência certa para a onda electromagnética, Tesla ligava e desligava séries de lâmpadas (sem filamento) a metros de distância, umas das outras, sem qualquer fio metálico a ligá-las.
Por esta altura, Tesla havia já patenteado outra das suas descobertas, o sistema polifásico de distribuição de electricidade, ainda com a ajuda de cabos eléctricos de transporte, e que é hoje o sistema usado em todos os países industrializados (três fases, desfasadas 90º entre si e um neutro).
São os estudos da Ressonância Eléctrica que trazem a Tesla os primeiros problemas com as autoridades, de facto, estas experiências abanavam os prédios da vizinhança, e com eles abanava também a simpatia da população para com o génio.
(continua…)
Apache, Julho de 2007

domingo, 15 de julho de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (2)

De facto, mal Tesla começou a trabalhar na “Edison Machine Works”, uma das companhias de Edison, mais tarde fundida na “General Electric” (uma das maiores empresas do mundo), Nikola propõe que os dínamos que a empresa usava para produzir corrente eléctrica contínua, que para ser distribuída necessitava de grossos cabos, de cobre ou alumínio e que devido ao aquecimento destes (perdas por efeito de Joule) a impedia de chegar às populações a mais de 10 km dos geradores, fossem substituídos por geradores de corrente alterna, com menores perdas por aquecimento e que poderiam chegar a muito mais gente, mas Edison (o homem que dizem que tinha um QI de 240), recusou a proposta, apesar das várias insistências e demonstrações de Tesla.
Poucas semanas depois (incapaz de convencer a porta, perdão, o patrão), o irreverente empregado, após várias melhorias efectuadas em vários sectores da empresa (melhorias essas, que mais tarde Edison registaria como patentes suas; Edison registou em seu nome 1093 patentes, que fazem dele o inventor com mais registos, mas os seus empregados acusam-no de ter roubado mais de 1000 delas), propõe-se a melhorar o rendimento dos dínamos de corrente contínua em 25%, em apenas dois meses. O patrão incrédulo, diz-lhe que se o fizer lhe paga 50 mil dólares de prémio (hoje, tal quantia representava mais de um milhão de euros). Tesla ganhava 18 dólares por semana e, ao perceber que esta quantia representava o vencimento de 53 anos de trabalho, pôs mãos à obra e, segundo relatos dos colegas, trabalhava cerca de 20 horas por dia. Antes do prazo terminado, Tesla concluiu a tarefa e os dínamos aumentaram o seu rendimento em mais de 30%. Ante a ausência do bónus prometido, o trabalhador resolve questionar o patrão, que lhe responde com um sorriso “Estás cá à pouco tempo, ainda não conheces o humor americano, obviamente estava a brincar contigo quando disse isso. Vou-te aumentar a semanada para 25 dólares”.
Há várias versões da resposta de Nikola, mas é certo que terminou nesse instante a relação laboral entre os dois. Em simultâneo nascia uma rivalidade que impediria o êxito financeiro do génio.
Seguiu-se um curto período de sucesso quando um grupo de investidores o ajudou a criar a sua própria companhia, em troca de direitos sobre as suas futuras patentes, mas perante a insistência de Tesla em substituir a débil rede pública de distribuição de corrente contínua por corrente alterna, os investidores abandonaram-no e a empresa faliu.
Tesla passa os meses seguintes a trabalhar para uma empresa de construções que abria valas nas ruas da cidade, mas apercebe-se que as valas são para enterrar os cabos de corrente contínua, e que a empresa trabalha para Edison, despedindo-se de imediato. Por esta altura, com a fortuna gerada pelas melhorias que ele havia introduzido, o ex-patrão é já um dos homens mais ricos da América. Tesla dedica o seu imenso tempo livre a planear um espectacular suicídio à meia-noite do seu trigésimo aniversário.
Felizmente, o banqueiro A. K. Brown da “Western Union” vai ter com ele e oferece-lhe apoio financeiro para construir um laboratório e continuar as pesquisas de corrente alterna.
Tesla constrói então o primeiro gerador de corrente alterna, ou alternador, como lhe chamou, com que viria a equipar a central hidroeléctrica do Niágara (a primeira hidroeléctrica do mundo a fornecer corrente alterna) e, no ano seguinte construiu o motor de indução, que apresentou em 1888 no "American Institute of Electrical Engineers". A partir deste momento, o Croata passa a ser a nova referência da Engenharia Electrotécnica mundial, para fúria de Thomas Edison.
Um dos fascinados com as palestras e inventos de Tesla, era outro poderoso Engenheiro, pioneiro da electricidade e homem de negócios, além de arqui-inimigo de Edison, George Westinghouse, que vai passar a ser o financiador do génio e que assegurou a construção da já citada hidroeléctrica do Niágara.
(continua…)
Apache, Julho de 2007

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade…

Precisamente à meia-noite de 9 para 10 de Julho (27 para 28 de Junho, no calendário ortodoxo), de 1856, debaixo de uma violenta trovoada, nascia em Smiljan, actual Croácia (à época, Áustria-Hungria) Nikola Tesla, o mais polémico, e extravagante (e digo eu, genial) inventor, de todos os tempos.
Filho de um pastor da Igreja Ortodoxa Sérvia, Milutin Tesla e de uma (pequena) inventora de utensílios de cozinha, Duka Mandic, Tesla teve uma vida recheada de grandes e estranhos acontecimentos.
Quando Tesla tinha cinco anos, morreu o seu irmão Dane, de 12 anos, vítima de uma queda de cavalo provocada por uma semente lançada por uma fisga que o próprio Tesla construíra. O triste acontecimento tê-lo-á estigmatizado para sempre.
A infância foi marcada pelo convívio com a família, de que faziam parte mais três irmãs, Milka, Angelina e Marika, e por estranhas doenças que o acometeram.
Depois de concluída a escolaridade obrigatória em Karlovac, foi estudar para o Instituto Politécnico em Graz (Áustria). Apesar de ser um aluno interessado e extremamente aplicado, Tesla não chegou a graduar-se, os biógrafos referem que um esgotamento nervoso e falta de dinheiro para pagar o curso o impediram de continuar os estudos.
Mudou-se depois para a Eslovénia, onde arranjou o primeiro emprego, como ajudante de um engenheiro electrotécnico, ramo da Física que constituía a grande novidade da época e matéria que (conjuntamente com mecânica) sempre interessou Tesla, que em criança havia construído uma máquina movida a mosquitos.
Mais tarde, o pai, consciente das elevadas capacidades intelectuais do filho, convence-o a continuar os estudos na prestigiada Universidade de Praga (República Checa). Tesla acaba por aceder a fazê-lo em 1880, mas abandona os estudos no ano seguinte, após a morte do pai, devido, (novamente) a dificuldades económicas. Muda-se então para Budapeste (Hungria), para trabalhar na recém-criada companhia dos telefones.
Passado outro ano (1882) muda-se para Paris, para trabalhar na “Continental Edison Company” de Thomas Edison, o inventor da lâmpada de incandescência. É nesta empresa que Tesla revela o seu génio criativo e patenteia os seus primeiros inventos, nomeadamente, o famoso motor de indução.
Regressa à Terra Natal para acompanhar as últimas horas da mãe... por esta altura, Tesla o autodidacta, fala fluentemente seis línguas e os seus inventos são comentados pela comunidade científica europeia. As últimas palavras da mãe “babada” terão sido, “Nidzo (diminutivo de Nikola) és o meu orgulho”. A morte da mãe abala profundamente a frágil saúde de Tesla que fica vários dias em convalescença. Segundo o próprio, além de outros problemas neurológicos, sofria de Sinestesia, rara perturbação em que o estímulo de um sentido provoca uma percepção automática noutro, por exemplo, um cheiro traz uma visão, ou um sabor. Tesla refere na sua autobiografia que via frequentemente luzes à sua frente e que elas lhe proporcionavam visões de novos inventos com impressionante realismo.
A 6 de Junho de 1884, Tesla chega a Nova Iorque para trabalhar na empresa de Edison, com uma carta de recomendações do gerente da filial francesa, onde se lia: “Só conheço dois grandes homens, tu (referindo-se ao patrão) e este jovem”. Com uma recomendação destas, Tesla passa a trabalhar e a ganhar como Engenheiro Electrotécnico, mas como parecia ser marca do destino, não ficaria muito tempo na companhia de Edison.
(continua…)
Apache, Julho de 2007