No "Diário de Notícias" de ontem lia-se:
«Há dois anos, poucos poderiam supor, a começar por ela própria, que Nazaré da Cunha, 58 anos, administrativa da Câmara Municipal de Lisboa, com habilitação equivalente ao antigo ciclo preparatório, estaria hoje a frequentar o ensino superior. Mas é verdade. Por um conjunto de coincidências, e também pelo destino que - apesar de difícil - sempre a conduziu pelos caminhos da aprendizagem e do gosto pelo saber. Uma das coincidências no percurso de Nazaré tem um nome e chama-se "Novas Oportunidades", a iniciativa do Ministério do Trabalho que permite reconhecer, validar e certificar as competências adquiridas pela experiência e complementá-las com formação adicional até à obtenção do 9.º e do 12.º ano de escolaridade.
Nascida numa aldeia beirã e no seio de uma família humilde, Nazaré interrompeu os estudos na 4.º classe, para ir trabalhar e ajudar a criar as irmãs. Muitos anos volvidos, 24 dos quais na CML, Nazaré viu cair-lhe no colo a oportunidade por que sempre esperou. "Foi uma feliz coincidência, porque se isto tivesse calhado noutra altura, com quatro filhos por criar, não sei." Em Maio de 2005 Nazaré fez a prova de selecção para o reconhecimento e validação de competências e em Novembro já tinha a equivalência ao 9.º ano. Mas esta funcionária, que escreve poesia, não ficou por aqui: inscreveu-se num curso de aprofundamento da língua portuguesa e em 2006, via exame ad hoc, ingressou na Universidade Lusófona, no curso de História. "Sinto uma paixão por aprender e, quando me licenciar, espero pedir uma reclassificação de funções e ir para uma biblioteca ou museu."»
Ou seja, em Maio de 2005 (há 2 anos, portanto), a Dona Nazaré tinha como habilitações literárias, o equivalente ao 6º ano. Seis meses depois (em Novembro de 2005) já tinha completado o 9º ano. No início do Verão de 2006 (de novo, passados 6 meses) completou o 12º ano. E em Setembro começou a frequentar a Universidade (Lusófona, obviamente).
Isto sim, é "Simplex". Por esta altura já deve estar a dar entrada na Câmara Municipal de Lisboa, o Certificado de Habilitações que comprova a Licenciatura em História (e que história...) da Dona Nazaré da Cunha. Licenciatura?! Perdão, Mestrado, que a notícia já é de ontem!
Apache, Maio de 2007
6 comentários:
Mesmo assim, ela farta-se de estudar/trabalhar a comparar com um outro que tal que passou por uma universidade só para tirar um papel a um domingo...
Bjs
Obrigada lá pelos parabêns ;-)
Em vez de se darem canudos sem conhecimento deveriam dar conhecimento sem canudos.
Deviam era dar com um canudo, tipo tronco de árvore em alguém que arma em esperto e quer passar por cima de quem estuda de verdade. Fazer-se valer de cartões de apresentação e faxes públicos na tá com nada.
Pois é, Rui, também em termos académicos, a ostentação parece querer suplantar outros valores.
Infelizmente neste país a esperteza é uma competência muito privilegiada, contrariamente à inteligência e à educação.
"Mesmo assim, ela farta-se de estudar/trabalhar"
Não conheço a pessoa, admito que sim, Sulista, mas o esforço académico é nestes casos muito inferior ao de quem estudo pelo "percurso tradicional".
Beijinho.
Gostei do comentário do Rui Rebelo em cima quanto a dever dar-se conhecimento sem canudos (embora até goste dos canudos :)e até tenha conseguido alguns nos meus últimos mini-cursos)
"Gostei do comentário do Rui Rebelo". Eu também!
"E até tenha conseguido alguns"
Espero que sejam menos dúbios que os da moda.
;)
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