“Vejo uma multidão incontável de homens iguais que giram sobre si mesmos à procura de pequenos e vulgares prazeres com que enchem a alma.
Cada um deles, visto separadamente, é como que estranho ao destino de todos. (...) Não existe, a não ser em si e para si.
(...) Acima deles eleva-se um poder imenso e tutelar, que se encarrega de assegurar as suas necessidades e de velar pela sua sorte. É absoluto, detalhado, regular, preciso, previsível e dócil. Pareceria um poder paterno se tivesse como objectivo prepará-los para a idade adulta; mas, pelo contrário, procura apenas fixá-los perpetuamente na infância; quer que os cidadãos desfrutem, na condição de pensarem só em desfrutar. Trabalha de bom grado para o seu bem-estar, mas quer ser o único agente e o único árbitro, providencia a sua segurança, assegura as suas necessidades, facilita os seus prazeres, conduz os seus principais negócios, dirige a sua indústria, regula as suas sucessões, divide as suas heranças. Porque não haveria de tirar-lhes por completo o transtorno de pensar e o esforço de viver?!
(...) É assim que cada dia converte em inútil o emprego do livre arbítrio; encerra a acção da vontade num espaço menor e, reduz cada um ao uso de si mesmo.
(...) Depois de ter tomado, a pouco e pouco, cada indivíduo, nas suas poderosas mãos, e de o ter moldado à sua maneira, o soberano abre os braços sobre a sociedade inteira; cobre a sua superfície com uma rede de pequenas regras complicadas, minuciosas e uniformes, através das quais os talentos mais originais e as almas mais vigorosas não poderão encontrar a luz que as destaque da multidão;
Não destrói as vontades, mas amolece-as, submete-as e dirige-as;
Raras vezes obriga a agir, mas opõe-se, sem cessar, a quem actue;
Não destrói, mas impede que nasça;
Não tiraniza, mas estorva, comprime, enerva, apaga. Reduz, enfim, cada nação, a não mais do que um rebanho de animais tímidos e laboriosos, de que o Governo é pastor.”
P.S. “Estou convencido que, em qualquer época, eu amaria a liberdade; mas, na época em que vivemos, sinto-me tentado a idolatrá-la.”
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
6 comentários:
Eheheheheheheh, pareces um pintor poeta... tá aqui tudo dito. Tal qual... Bravo. Adorei o texto, a ironia, o velado da mensagem. Parabéns!!!!!!
Cris, não é que eu não goste de elogios mas, o texto não é meu. Apenas o subscrevo.
Quanto a pintura, não tenho jeitinho nenhum.
É o poder soberano de uma poderosa máfia...
ahahahahahah... Vês como os meus neurónios estão um must? Nem li as letrinhas pequenas. Tadito do autor deve ter ficado danado.
Ficam os parabéns ao autor e a ti que fizeste a escolha. Agora espero ter acertado.
Vai ver isto:
http://haltadefinizione.deagostini.it/
;-)
Bjs
SULISTA
Nem mais, Morgana.
"Agora" acertaste, Cris.
Olá Sulista, belas imagens as deste "site"!
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