quarta-feira, 14 de novembro de 2007

E o vencedor é…

Foram hoje conhecidos os vencedores dos prémios com que o Ministério da Educação pretende comprar a subserviência dos docentes às políticas que ao longo dos últimos anos têm vindo a destruir o já pouco que restava de qualidade no ensino em Portugal.
Recordo que às quatro categorias de mérito (Carreira, Inovação, Liderança e Integração), materializados em Diplomas de Mérito Pedagógico, concorreram 30 espertezas saloias. Teresa Pinto de Almeida, docente de Inglês na Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, venceu o prémio Carreira, enquanto Ana Paula Canha, que lecciona Biologia na Escola Secundária de Odemira, foi distinguida com o Prémio Inovação. O Prémio Liderança foi atribuído a Armandina Soares, presidente do Conselho Executivo da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Vialonga. E, por decisão unânime do Júri, presidido por Daniel Sampaio, o prémio Integração não foi atribuído.
Ao mais “cobiçado” dos prémios, intitulado “Prémio Nacional do Professor”, no valor de 25 mil euros, concorriam 35 oportunistas (menos de 0,02%, dos professores lusos), tendo a láurea, sido atribuída a Arsélio de Almeida Ribeiro, que lecciona Matemática na Escola Secundária José Estêvão, em Aveiro.
Arsélio Martins, tem 35 anos de serviço, contando no seu vasto currículo com a participação numa série de “eventos” de que certamente se orgulharia qualquer “boy”, tendo entre outras actividades, sido formador de docentes e integrado equipas de revisão dos programas de Matemática, desde 1995, sendo portanto responsável directo pelo estado caótico do ensino. Na década de 80 foi dirigente do Sindicato de Professores da Região Centro e actualmente é activista do Sindicato de Professores do Norte, sendo portanto co-responsável (por inércia subserviente) pela publicação dos vergonhosos diplomas legais produzidos pela Madame Lulu, nomeadamente, o que rege os concursos de docentes, o (novo) Estatuto da Carreira e o agora tão badalado, novo Estatuto do Aluno.
Acumula ainda as funções de representante (eleito) pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Aveiro.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma cerimónia onde estiveram presentes, além da Madame, o Sr. Lelé (o tal que perdeu o mandato de Vereador na Câmara Municipal de Penamacor, por excesso de faltas injustificadas, e que acha que quem falta muito são os professores) e o Seu Zé (que diz que é uma espécie de Engenheiro, por antecipação do “novas oportunidades”), afirmou: “Penso que sou um professor comum. O que me diferencia é sobretudo a participação cívica de que nunca abdiquei".
Não sejas modesto Arsélio, tu não és um professor comum, o teu currículo envergonharia a maioria de nós, para ser sincero (independentemente das competências que possas demonstrar nas actividades desenvolvidas com alunos, as quais não comento, por não conhecer), eu nem sei bem se te podemos chamar professor, pois ao longo dos 35 anos de carreira, deve ter sido muito pouco, o tempo que gastaste em actividades educativas, junto dos alunos. O que te distingue dos outros é esta tua capacidade para “surfar no esgoto”, de sorriso no lábio e coxinha destapada, com o ar mais angélico, tal qual a Madame que agora te premiou.
Eu exemplifico para que percebas melhor…
Estiveste na mesma sala que a corja dos fantoches que já citei, e não levantaste a voz contra o encerramento de milhares de escolas; nem contra as péssimas condições de muitos outros milhares; nem contra o facilitismo imposto pelo Ministério, para mascarar o insucesso; nem contra a inexplicável divisão da carreira docente em duas categorias e negação do acesso ao topo a dois terços dos docentes, independentemente do seu mérito profissional; nem contra o congelamento das carreiras, que vigora desde 2005; nem contra as constantes campanhas mentirosas do Ministério, visando denegrir a imagem pública dos docentes; nem contra o aumento do tempo que os docentes passam na escola, com consequente diminuição do tempo para preparar aulas e materiais de apoio, diminuindo assim a qualidade do ensino; nem contra os currículos ridículos que ajudaste a construir, onde, por exemplo a Físico-Química exige competências matemáticas de conteúdos que essa disciplina (a Matemática) ainda não abordou, os mesmos currículos que retiraram tempo precioso a várias disciplinas, em favor da palhaçada a que chamaram Áreas Curriculares não Disciplinares; nem contra a vergonha que agora se denuncia na blogosfera, de professores contratados para leccionarem actividades de enriquecimento curricular (AEC), que não recebem salário à vários meses (ver “post”, que o “ Carreira” publicou no blogue “Cegueira Lusa”); nem contra a perda de poder de compra dos professores, verificada continuamente nos últimos 7 anos, etc., etc., etc. Nem sequer uma palavra crítica contra o mais cínico governo e o mais abjecto Primeiro-Ministro português dos últimos 30 anos… E és tu, sindicalista à 20 anos, de um Sindicato associado a partidos da oposição, como seria se não fosses?
Não Arsélio, não és um professor como os outros, até agora eras apenas uma “garota de programa” que, nos intervalos da leccionação, ganhava uns trocos extra nas esquinas do poder, agora, repito, nada de modéstias, o prémio é inteiramente merecido, o teu currículo, associado a este concurso e, à visibilidade desta venda pública, por 25 mil euros, fazem de ti, uma verdadeira “Rainha das Putas”.
Apache, Novembro de 2007

6 comentários:

Cleopatra disse...

Uau!
A senhora ministra de cinto-liga...

Vim só desafiá-lo. tem lá um desafio na minha moon
Até pensei que me tinha enganado no Blog
Bj

cris disse...

Apache, mereces um beijo repenicado. Adorei! Está cá tudo, preto no branco.
Bravo!

beijoca laroca e bom fds

gata disse...

Rainha???



A priceless cat kiss for the amazing things you do here!!

Apache disse...

Quem pode, pode, Cléo (lol)

Beijinho para ti, Cris.

“Rainha” por causa da “coroação” pública, Gata. Também se poderia aplicar a expressão “prostituta de luxo”.
A imagem não é da minha autoria, foi “fanada” do blog “We have kaos in the garden”, onde há centenas de manipulações excelentes.

redonda disse...

Devias estar mesmo zangado ao escrever este post, não? Vou falar dele à minha irmã, penso que ela é capaz de gostar da imagem.

Apache disse...

Relativamente zangado, Redonda. Era de esperar que (à semelhança do que acontece, por exemplo, com o Nobel, salvaguardadas as devidas diferenças de importância) o prémio fosse parar às mãos de um vendido qualquer. A surpresa foi terem conseguido descobrir este. Dificilmente se encontraria na confraria ser mais nojento. Professor à tantos anos mas colaborador na elaboração dos actuais currículos, a jóia mais pútrida que o ME lapidou nos últimos anos; sindicalista (suposto defensor dos docentes), mas candidato a um prémio instituído no seguimento do Estatuto que destrói a dignidade da profissão. O “artista” é o homem das mil caras, o oportunista, o vendido. É o exemplo do tipo de criaturas repugnantes que se passeiam nos corredores do poder, em todos os patamares da hierarquia.