A associação ambientalista, Plataforma Sabor Livre interpôs uma providência cautelar tentando impedir a construção da Barragem do Baixo Sabor, porque a Declaração de Impacte Ambiental que autorizava a obra caducou a 15 de Junho. A obra já devia ter sido iniciada, mas foi atrasada (entre outros motivos) por sistemáticos entraves jurídicos colocados pela associação ambientalista.
Não querendo tomar a parte pelo todo, há muito Sá Fernandes por esse país fora. - À e tal, termoeléctricas a carvão ou fuel não, que libertam dióxido de carbono e há aquilo do aquecimento global e cada vez que usamos um ou dois neurónios entramos em sobreaquecimento… À e tal, termoeléctricas a energia nuclear não, que libertam radiações e se houver mutação genética ainda ficamos com um palminho de testa... À e tal, hidroeléctricas não, que a malta tem aversão à água desde que a vizinhança começou a pedir para tomarmos banho pelo menos uma vez por ano.
Se a estupidez pagasse imposto, certas organizações ambientalistas nem com os chorudos apoios de algumas multinacionais se safavam.
Apache, Julho de 2008
5 comentários:
As associações ambientalistas têm de começar a ser desmascaradas. Devem começar a explicar de onde lhes vem o dinheiro e o objectivo. Temos de começar a abrir os olhos para estes «amigos da natureza».
Independentemente de aceitar ou não estas associações, sou contra as barragens. Fui pescadora de rio e o meu pai ainda é. Muitas vezes conversamos sobre isto. Uma barragem altera para sempre os habitats dos peixes. O rio Sabor é dos exemplos. Depois nas barragens, por causa das descompensações de espécies, enfiam axigãs, predadores mauzões que estragam pesqueiros. Porque é que não se investe em placas fotovoltaicas nos telhados? Em vez do TGV e do aeroporto, aposto que se passava a poupar muito mais dinheiro. Quiçá a gasolina e gasóleo não baixariam?
Baralhei?
Beijocas
Ou muito me engano ou o financiamento destas (e de outras) associações é muito estranho, Diogo…
Não tenho conhecimentos na área da Biologia e não percebo nada de pesca, Cris. É lógico que qualquer alteração que o homem faça ao meio natural traga desvantagens para umas espécies e vantagens para outras. Daí a importância dos estudos de impacto ambiental antes da decisão das grandes obras. Do ponto de vista da tecnologia, as hidroeléctricas (barragens) são uma das formas mais ecológicas e baratas de produção de energia eléctrica, daí terem sido das primeiras formas de produção de electricidade no início do século vinte e manterem o seu uso ainda hoje (e cada vez mais). Sendo, no caso português, responsáveis pela produção de cerca de 35% de toda a energia eléctrica.
Não conheço o Rio Sabor e admito que pontualmente uma ou outra barragem portuguesa tenha sido construída em local menos propício. Mas o sentido do “post” era o de criticar quem está sempre contra tudo e todos, excepto aqueles que os sustentam, escondendo-se na capa da protecção ao ambiente. Por isso fiz referência ao vereador (de Lisboa) Sá Fernandes, um homem que nada percebendo da maioria dos assuntos passa a vida a atirar areia para as engrenagens justificando-se com baboseiras pseudo-ambientalistas.
“Porque é que não se investe em placas fotovoltaicas nos telhados, em vez do TGV e aeroporto?” Acho que já percebeste que sou contra o TGV que não vai ter passageiros que o justifiquem, custa uma fortuna e num país pequeno como o nosso permite apenas ganhar uns minutos nas viagens. Também sou contra a construção de um novo Aeroporto Internacional de Lisboa, porque a Portela é mais que suficiente, passa a maior parte das horas às moscas, excepto nos meses de Verão.
Quanto aos painéis fotovoltaicos, a maioria das pessoas não tem dinheiro para investir neles, são relativamente caros (apesar dos 30% dedutíveis em IRS, até 777 euros) e o que poupas na factura de energia é pouco. Quando obténs retorno no investimento já a vida útil dos painéis vai a mais de meio. No entanto a EDP parece prepara-se para entrar neste mercado concorrendo com as empresas já existentes através da microgeração com o nome de campanha de “MyEnergy”. Deixo-te aqui o link do site, se quiseres. http://www.edp.pt/EDPI/Internet/PT/Group/Clients/FAQs/microgen/microgen_faq.htm
Quanto ao investimento do estado nesta área, até tem acontecido, mas o custo por quilowatt-hora é muito elevado em comparação com a energia produzida nas hidroeléctricas ou nas termoeléctricas o que inevitavelmente se vai reflectir no preço final ao consumidor. Na Amareleja (concelho de Moura) está já parcialmente em funcionamento (e parcialmente em construção) a maior central fotovoltaica do mundo. Custou cerca de 240 milhões de euros (não incluindo os elevados custos de reciclagem dos painéis) e prevê-se que gere (quando estiver totalmente em funcionamento) 93 Gwh (gigawatt-hora) em cada um dos 25 anos da sua vida útil. Com este dinheiro construía-se uma barragem que gerava mais do dobro da energia em cada um dos 150 a 200 anos da sua vida útil. Para teres uma ideia da energia produzida pelas hidroeléctricas, a de Castelo do Bode (agora remodelada produz 429 Gwh por ano (18 vezes mais) e a maior barragem construída pela engenharia portuguesa, Cahora Bassa, no Rio Zambeze em Moçambique, que José Sócrates vendeu (ao desbarato) aos moçambicanos por 750 milhões de euros (3 vezes o custo da Amareleja) tem capacidade para produzir mais de 17 Twh (terawatt-hora) por ano (180 vezes mais que a fotovoltaica).
Rendo-me! E a eólica? e a das ondas do mar? Percebi o porquê da preferência pelas hidoeléctricas. Castelo do bode trouxe-me memórias de campismo, pesca desportiva em concurso mundial e foi ali que aprendi a nadar :)
Desconhecia o tempo de vida das placas... é demasiado curto e é pena.
Obrigada pela explicação detalhada tão útil. Andava a pensar em pôr uma placa fotovoltaica aqui... agora vou ponderar
Vais-me obrigar a escrever mais um “testamento”, mas ok.
O homem usa a energia, essencialmente, em três grandes sectores de actividade. Em sua casa (iluminação, aquecimento, força motriz, etc.), nos meios de transporte (transportes pessoais, transportes públicos, transporte de mercadorias) e na indústria (sobretudo a pesada: siderúrgica, química e mineira).
Em pequena escala (por exemplo na casa de cada um de nós) há energias alternativas, mas são economicamente pouco “apetecíveis” ao consumidor e permitem às grandes multinacionais fazer fortuna à nossa custa, daí os milhões investidos na propaganda do aquecimento global, dizendo-nos que cada um de nós pode fazer um pouco e que todos juntos conseguimos alterar as coisas. Mas a energia que nós consumimos é uma pequena fatia quando comparada com a gasta no transporte de mercadorias, na iluminação pública, na indústria.
Pontualmente podemos e devemos continuar a aproveitar o Sol. É ele que aquece o planeta, que faz crescer as plantas, que ao evaporar a água do mar contribuiu para formar os rios e os lagos de água doce. Desde os nossos antepassados que é usado como fonte de energia, para secar a roupa, para secar peixe (e outros alimentos), etc. Os painéis solares quando chegam ao fim da vida (20 a 25 anos) precisam de ser reciclados pois contém substâncias muito poluentes. Podem ser usados para iluminação pública, por exemplo colocando um pequeno painel em cada candeeiro, como já se faz com os semáforos. Até podem alimentar completamente um edifício (mesmo um grande prédio) que seja projectado “de raiz” para ser auto-suficiente. Por exemplo, se as paredes do edifício forem maioritariamente em vidro os gastos com aquecimento são quase nulos e no Verão, os estores corridos e as janelas abertas poupam no arrefecimento. Se as canalizações da água forem bem isoladas, os painéis dão conta das outras necessidades.
Os aerogeradores, a meu ver, não têm grande futuro (a ver vamos no caso da microgeração que não conheço). Os actuais aerogeradores não podem estar perto das habitações porque o seu ruído é ensurdecedor. A energia que é produzida não é constante (depende da velocidade do vento) e no nosso país há pouco vento.
Nas horas de ponta do consumo de electricidade, que acontecem nas duas horas seguintes ao anoitecer, não há Sol ou Vento que nos possa valer. Apenas grandes quantidades de energia geradas por hidroeléctricas, termoeléctricas ou nucleares resolvem o problema das nossas necessidades de electricidade. É entre estas três que se deve centrar a discussão, o resto são “trocos”.
Há alguns geradores a partir da energia das ondas (maré-motriz) na Holanda. Cá em Portugal há também uma pequena exploração nos Açores (salvo erro). Numa pequena ilha, pode ser alternativa, num país, mesmo que pequeno, a energia produzida desta forma quase não tem significado.
A biomassa, em casos muito particulares, como nas explorações agropecuárias também pode ser alternativa, mas a uma escala maior não tem significado.
Quanto aos transportes, a única alternativa é mudar de motor. Nem o biodisel, nem o álcool nem o hidrogénio (de novo, salvo algumas excepções) são alternativos. Ou há combustíveis em grande quantidade e baratos (só vejo na quantidade o petróleo, que no preço estou a ficar cegueta) ou acabe-se com os motores de combustão. Temos então duas hipóteses (para já…), ou os motores de ar comprimido (de que o lóbi do petróleo nem quer ouvir falar) ou os motores eléctricos (que apenas agradam ao lóbi mineiro). Nesta segunda hipótese, voltamos de novo aos problemas ambientais com a eliminação das pilhas e à discussão do aumento da produção de electricidade barata (termoeléctricas (a carvão), hidroeléctricas ou nucleares).
Finalmente, a necessidade da grande indústria vai dar ao mesmo problema, os motores ou são de combustão ou eléctricos, mesmo que a solar e a eólica resolvam o problema da iluminação, coisa que não me parece provável, como movemos os gigantescos motores dos grandes camiões, dos aviões, dos barcos, da maquinaria agrícola, das escavadoras, das perfuradoras, etc? Como aquecemos os altos-fornos e os grandes reactores químicos?
Resumindo… Se houvesse aquecimento global e isso fosse mau, ou se o petróleo acabasse em 10 ou 15 anos, estávamos mesmo em dificuldades. O primeiro, infelizmente não existe, porque as vantagens superariam as desvantagens, e o petróleo há-de acabar mas…
Quanto a nós pequeninos, sem força para nadar contra a corrente, vamos indo na onda, mas com cuidado para não dar com o nariz nalgum calhau :)
Enviar um comentário