O que um jornalista tem de escrever para "ganhar a vida"
Este artigo do DN, assinado por (AFP), seria uma verdadeira pérola, ainda mais hilariante que alguns textos do Gato Fedorento, se não fosse tão degradante, alguém escrever o que lhe encomendam sem ter a mínima noção do que diz.
Quanto é que terá recebido o AFP para publicitar a tal nova hormona do crescimento, para o gado bovino, descoberta nos Estados Unidos?
Algumas das frases que escreve (ou copia) são de tal forma contrárias às leis da Química, que supostamente as deviam sustentar, que parecem dignas de um licenciado pela UNI.
A saber…
“Embora só seja responsável pela emissão de nove por cento do CO2 [refere-se ao gado bovino] (…)”
A serem verdadeiros estes 9% de CO2, terão de ser contabilizados em função do total de CO2 proveniente das actividades humanas, que por sua vez é menos de 2% do CO2 lançado para a atmosfera. Os restantes, mais de 98% são de origem natural.
“O hemióxido de azoto (…) é um gás 296 vezes mais nocivo para o aquecimento global que o CO2.”
Pressuponho (segundo a propaganda oficial) que ser nocivo para o aquecimento global é bom para o arrefecimento global e consequentemente para o planeta.
Agora mais a sério que pode haver alunos de ciências a ler isto. Hemióxido de azoto é um nome que ninguém usa para a substância em causa. Deve ter sido usado para ninguém perceber a que substância se estava a referir... Estamos a falar de N2O, conhecido por protóxido de azoto ou óxido de diazoto. Popularmente esta substância é designada por óxido nitroso ou gás hilariante e é muito usado em medicina para anestesias (gerais) ligeiras. Tem um “efeito de estufa” ligeiramente superior ao do CO2 (considerando igual quantidade de ambas), mas menos do dobro e não 296 vezes superior. A sua percentagem na atmosfera ronda os 0,000000032% (320 partes por bilião em volume). A percentagem (oficial) de CO2 é de 0,038% (380 partes por milhão em volume).
“O metano (…) incide nas alterações climáticas 23 vezes mais que o CO2”.
O metano (CH4) tem um efeito de estufa (para iguais quantidades) que é sensivelmente o dobro do apresentado pelo CO2. A sua abundância na atmosfera é de 0,0002%.
“O amoníaco lançado na atmosfera (…) contribui para o fenómeno das chuvas ácidas”.
O amoníaco (NH3) é o poluente mais sério de todas as substâncias aqui referidas, no entanto a poluição que causa é um fenómeno local (sobretudo nas imediações das fábricas de agentes de limpeza, de adubos, e de explosivos) porque a substância é muito mais leve que o ar, subindo até à estratosfera, onde é destruído pela radiação ultravioleta de tipo B e C. O amoníaco é uma base (de média força), portanto tem propriedades químicas contrárias aos ácidos, contribuindo para a sua neutralização, reduzindo assim o fenómeno das chuvas ácidas, que se devem essencialmente ao trióxido de enxofre (SO3) e ao dióxido de azoto (NO2) e em menor quantidade ao dióxido de enxofre (SO2) e ao monóxido de azoto (NO).
Por ser uma substância bastante tóxica, a legislação europeia é extremamente rígida, no que se refere à libertação de amoníaco para a atmosfera, daí que a sua abundância nesta seja (excepto locais muito restritos, repito) quase nula.
A título de exemplo (porque numa busca rápida não encontrei valores europeus), deixo o valor médio da semana passada em São Paulo (Brasil), onde a presença de amoníaco na atmosfera era da ordem de 0,0000000003% (três partes por bilião).
P.S. A expressão “efeito de estufa” é usada neste ‘post’ na sua designação oficial e não na que me parece cientificamente mais correcta.
As concentrações na atmosfera, apresentadas, são as oficiais.
Apache, Julho de 2008
7 comentários:
AI Apache!!! Dá-me cabo da cabeça com estas coisas!
Quer isto dizer que se eu desatar às gargalhadas por um gás hilariante, isso pode ser sinónimo de aquecimento global? Se me rio, aqueço? Se choro, arrefeço? Como é que eu vou lidar com as estações do ano?
Não me diga que fica com dúvidas, Cléo?...
Contrariamente a uma frase célebre (ligeiramente mais recente) tive um professor que dizia que "em questões de ciências, as pessoas dividem-se em dois grupos, as que têm muitas dúvidas e as estão quase sempre enganadas."
Eh, eh…
Não sei se leste o artigo do DN a que me refiro, Diogo… A certa altura, o jornalista acusa as vacas de emitirem 65% da totalidade do gás hilariante existente na atmosfera, portanto aconselho-te a não passares perto de uma vaca, arriscas-te a desatar a rir sem mais nem porquê. Aproximares-te de 3 ou 4 vacas está totalmente fora de questão, como este gás é anestésico vais cair redondinho no chão e se isso acontecer próximo do traseiro do animal, nem o beijo de uma princesa te acorda :)
Onde chega a estupidez, Apache! E, no entanto, os media (todos eles) garantem-nos que o «Aquecimento Global» é um facto.
Devemos fazer uma barragem cerrada a estes mentirosos. Uma forma, é postar a mentira, com a fotografia do mentiroso bem visível, e apontar todas as inconsistências dos argumentos do «jornalista» ou «especialista». E enviar-lhes o post por e-mail.
«A nível mundial, o gado bovino produz mais gases com efeito de estufa do que a circulação automóvel, segundo dados de 2006 da FAO (Organização Mundial para a Agricultura e Alimentação). Embora só seja responsável pela emissão de 9% do CO2, outros gases bem mais nocivos concentram-se na produção de gado. Assim, esta é responsável por 65% de hemióxido de azoto - imputável essencialmente ao estrume -, que é um gás 296 vezes mais nocivo para o aquecimento global que o CO2.
O gado é igualmente produtor de 37% do metano, que incide nas alterações climáticas 23 vezes mais que o CO2. O metano advém da actividade digestiva dos ruminantes. Finalmente, 64% do amoníaco lançado na atmosfera é também da responsabilidade da criação de gado, contribuindo para o fenómeno das chuvas ácidas.»
Se eu já sentia ódio pelas vacas, agora, só não as mordo se não puder (evidentemente, bem grelhadas, bem condimentadas e acompanhadas da batatinha da época).
Eu sugiro que em vez de pagarmos IVA sobre a carne de vaca, baixem os preços da carne, no final de contas, comer carne de vaca é contribuir para a diminuição do efeito de estufa e consequente salvação do planeta.
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