terça-feira, 24 de junho de 2008

"Eduquês", "Sociologuês" ou incapacidade cognitiva? (2)

"Confirma-se a tendência já patente no exame nacional do 9ºano da semana passada, em propor exercícios que correspondem aos primeiros exemplos usados para introduzir as noções. Por outro lado, no que diz respeito ao capítulo da trigonometria, apenas aparece numa questão um limite notável elementar, envolvendo a função seno, o que fica muito aquém do indicado e exigido no programa do décimo segundo ano. A questão 3 do Grupo II, poderia ser abordada numa aula do nono ano e resolvida por considerações de simples bom senso. A questão 5 do Grupo II pouco ou nada avalia em termos matemáticos. Testa apenas a destreza no uso da calculadora. O grau de dificuldade deste exame é inferior ao do ano passado. O padrão utilizado pelo G.A.V.E. para avaliar o desempenho dos alunos não permite distinguir aqueles que efectivamente trabalham dos que pouco trabalham, e não ajuda os professores a incentivarem os alunos a aprofundar os seus conhecimentos."
Comentário da Sociedade Portuguesa de Matemática ao exame nacional (1ª fase) do 12º ano.

3 comentários:

cris disse...

Somos todos craques! :)

Diogo disse...

Penso, meu caro Apache, que isto faz parte de uma «política» que ultrapassa as nossas fronteiras. Não se pretende ensinar, não se pretende formar. Pretende-se «ocupar os tempos livres» de uma juventude que não irá entrar no mercado de trabalho.

Apache disse...

Concordo, Diogo, e ainda acrescento que há várias dezenas de anos que o ensino se tem vindo a degradar. O alargamento da escolaridade a todos serviu o único intuito da formatação dos alunos numa única forma de pensar. Na maioria das disciplinas ensina-se o que dá jeito em termos políticos, veja-se o caso da História, da Biologia, da Física ou da Química. A escola não é independente, antes mais um dos veículos de propaganda, tal qual a comunicação social.
À medida que o poder foi percebendo que não conseguia guardar o conhecimento só para si, devido à evolução dos meios de comunicação, alargou a escolaridade, escondendo esse conhecimento num mar de mentiras. Se atentarmos nos actuais programas (por exemplo do Ensino Secundário) reparamos que a maior fatia destes, aborda temas referentes a um mundo virtual. A desvalorização das certificações (resultado directo do facilitismo) de que o acordo de Bolonha é expoente máximo é outra das frentes de batalha do “terrorismo educativo”.