terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Copenhaga - A ficção climática

“Se calhar não é novidade a história dos e-mails roubados à Universidade de East Anglia. A instituição em causa possui um importante centro de estudos climatológicos e a correspondência em causa, trocada ao longo de duas décadas entre proeminentes cientistas do ramo, revelou que, além de tentarem destruir a reputação de colegas discordantes e bloquear a publicação dos respectivos trabalhos, os cientistas distorcem, escondem, esquecem e aldrabam informação alusiva às mudanças climáticas. E tudo isto para «demonstrar» que as ditas mudanças seguem o sentido do «aquecimento global» e que este se deve à acção do homem. Se calhar, para muitos a história é mesmo novidade. Embora, no mínimo, os e-mails insinuem a forte possibilidade de a lengalenga em volta do clima constituir uma desmesurada fraude, a verdade é que os «media» não lhes têm dedicado um milésimo da atenção merecida, por exemplo, pelo «documentário» de Al Gore, um projecto com o rigor científico de «Marte Ataca». Os «media» nacionais, então, não dedicam aos e-mails atenção nenhuma, enquanto «Marte Ataca», perdão, «Uma Verdade Inconveniente» continua em exibição nas escolas a título de evangelho. Claro que a indiferença com que a imprensa procura enterrar o escândalo é compreensível: deve ser embaraçoso admitir um logro que se divulga há anos. Aliás, se formos justos compreendemos a indiferença de todos, incluindo da comunidade científica «oficial», que arrisca perder os abundantes financiamentos, e da classe política, que apanhada algures no meio dos negócios e da histeria ergueu o «aquecimento global» a centro da sua retórica. A partir de determinada aceleração, o avião não pode interromper a descolagem. Principalmente se o avião levanta rumo à Dinamarca, onde decorrerá a Cimeira de Copenhaga. Para um evento devotado à influência do homem no clima, de facto não conviria à Cimeira admitir a forte suspeita de que tal influência é nula ou quase. A solução passa por fingir o oposto e prosseguir os trabalhos na presunção de que o mundo, o autêntico e não o do catastrofismo ambiental, está à beira do fim. Assim, durante os próximos dias, sumidades e estadistas vários arriscam discutir de cara séria uma calamidade imaginária, mais ou menos como se o planeta se mobilizasse para inventariar os estragos dos marcianos, enfrentar a ameaça dos marcianos e impor medidas ruinosas a pretexto dos marcianos. Até prova em contrário, os marcianos não existem. Além de perigosa, a Cimeira de Copenhaga será hilariante”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” da passada sexta-feira (4 de Dezembro)