sábado, 5 de maio de 2007

O 1º de Maio dos vencidos

«Hoje é dia do trabalhador. Há 33 anos mais de 1 milhão de pessoas invadiu as ruas de Lisboa numa manifestação de unidade popular que ficou para a História. Hoje um grupo de 10 mulheres, despedidas há 5 anos, protestava contra o seu sindicato que as enganou. Eram as únicas que pagavam as quotas, foram as únicas a não receber a indemnização de uma fábrica falida no interior. Portugal é hoje o país da União Europeia com menos sindicalizados, mas é o país onde as leis de trabalho são mais obtusas, mas será também o país europeu com o patronato mais analfabeto, bronco, estúpido e desactualizado. A precariedade do trabalho tornou-se selvagem, mas há instalados nas empresas, colados com goma eterna, que por muito incompetentes, malandros e calaceiros nunca poderão ser despedidos. Os sindicatos estão divididos, mas o desemprego aumenta e as novas gerações não conseguem um modo de vida que seja justo com as suas habilitações, desejos e competências. Portugal tem um governo de esquerda que bombardeou o Estado social, acabou com direitos adquiridos, aniquilou princípios básicos da solidariedade social. A contestação a isto tem sido quase zero. Fecharam-se maternidades, hospitais, escolas, cortaram-se nos apoios ao ensino especial, cortaram-se nos subsídios a medicamentos fundamentais, cortou-se na saúde. O povo calou. A despesa do Estado aumentou, às escondidas as benesses não pararam de aumentar para os agentes do poder. A Câmara de Lisboa está falida, mas só o vereador da cultura tem 40 assessores. A saúde é ineficaz mas a grande fatia da despesa vai para salários. O ensino está uma desgraça mas a maior despesa vai para salários. São postos na rua professores credenciados e há uma maioria de professores que nem para varrerem as ruas teriam aptidão. A apatia dos portugueses permite uma governação populista, telegénica. Sócrates é o manequim da Rua dos Fanqueiros, versão "Boss", que de pose em pose, convence povo, elites e jornalistas que é o maior primeiro-ministro de sempre. Falam mesmo da sua coragem e os jornalistas até perdoam o escândalo de lhes ter sido roubada a sua caixa, criada por Salazar e que tinha uma folgada finança. Não sei qual é o significado deste 1º de Maio num país demitido como este. Na verdade os trabalhadores amansaram, o tempo da ferrugem acabou, resta a geração dos 500 euros e os velhos que vão bulir arrastando o cadáver até aos 65 anos. Transformámos o país num bidé da Europa, em nome da esquerda, do deficit, da sobrevivência do Estado Social. A seguir vem a sobrevivência do planeta e os governos já descobriram a nova galinha dos impostos de ouro: o ambiente. Tudo vai ser taxado com essa desculpa: carros, energia, água, casas. E depois o fascismo puro. Na lógica da licença de isqueiro vamos ter a lógica da multa ao cigarro, a mesquinhez que confunde respeito pelos outros com repressão pura e simples. Mas o povo gosta. E quando voltarem a votar ainda votam no pobre Sócrates, o espertalhaço que um dia conseguiu um curso de engenheiro na Farinha Amparo.»
Texto publicado em 1 de Maio de 2007, por Luiz Carvalho, no seu blog

5 comentários:

cris disse...

Podes crer que o fazem. O home lá faz passe de mágica, aumenta uns aéreozitos nas reformas e no ordenado mínimo e a malta tem, derrepentemente uma amnésia e tungas, lá vai deitar o boto no sóscrates tra vex.

É povo que até gosta mesmo.

bom fds


P.S. Eu sei que aquilodos camelos não tinha nada a ver com os de casta, hirtos e dignos. ahahahahahahah

Apache disse...

Há muito tempo que a política portuguesa parece resumir-se a pão e circo, como na Roma Antiga, eu até costumo dizer que o objectivo dos nossos políticos é, menos pão e mais circo.
Quanto ao resto, "Camelos há muitos..."
Beijinho.

redonda disse...

Isto está muito pessimista!
Não seria possível tentarmos ver alguma coisa animadora? Nem que seja o bom tempo...

Apache disse...

O texto é da autoria do Luiz Carvalho do blogue “Instante Fatal” de qualquer forma, tal como comentei no blogue dele, exceptuando uma ou outra questão de pormenor, concordo com ele.
Não me considero pessimista mas confesso que sinto o optimismo cada vez mais diluído.
Quanto ao tempo, depois de duas semanas de temperaturas muito baixas para a época, aqueceu hoje um pouquinho, mas à tarde está muito vento e de noite arrefece bastante. Vamos ver se nos deixam ter um Verão de jeito.

redonda disse...

Até no boletim metereológico está diluído ... :)