No programa “Prós e Contras” da noite de segunda para terça-feira, a RTP 1 promoveu (à semelhança do que a SIC havia feito alguns dias antes) o branqueamento de imagem dos mais altos dirigentes do Ministério da Educação, fomentado uma espécie de debate entre a Sr.ª Maria de Lurdes e representantes dos professores.
Digo uma espécie de debate, porque num debate sério, ambas as partes têm igual oportunidade de exposição das suas ideias, não foi o caso, a Sr.ª Maria de Lurdes e as oportunistas marionetas de pára-brisas que abanam afirmativamente a cabeça ao sabor das oscilações políticas do momento, tiveram direito à utilização da larga maioria do tempo disponível.
Num debate sério, a Sr.ª moderadora, não toma deliberadamente partido de uma das partes, tomou várias vezes. Sempre que o vazio de ideias da mais alta representante do ministério caía no ridículo, Fátima Campos Ferreira apressava-se a fornecer-lhe bengala. Chegou à extravagância de defender o viciado sistema de quotas, quando à falta de argumento válido, dispara o chavão: “é assim em todas as empresas. Pergunto, pagam-lhe para moderar o debate ou dar opiniões? Acaso perguntou aos portugueses, cujos impostos lhe garantem o ordenado, se querem uma escola empresa, como a Senhora Maria de Lurdes propõem, onde os professores sejam ‘entertainers’ de adolescentes e progridam na carreira pelos valores que artificialmente somem às reais classificações dos alunos, ou uma escola que antes de certificar valorize o esforço, o trabalho e a aquisição de efectivos conhecimentos em vez da assinatura de certificados de habilitações que cada vez habilitam menos porque, salvo honrosas excepções, quase nada certificam?
Num debate sério, a Sr.ª moderadora depois de pedir ao orador que concretize uma afirmação não lhe interrompe a resposta, prometendo a retoma da palavra sem posteriormente dar cumprimento à promessa. Fê-lo, aquando da intervenção do colega que falou em nome do “Movimento Professores Revoltados”.
Num debate sério, a Sr.ª moderadora não se melindra com as palmas da assistência sempre que estas premeiam intervenções bem conseguidas que expõem a incapacidade argumentativa do Ministério da Educação. Começou por dizer que os aplausos roubavam tempo ao debate, terminou acusando de falta de educação os autores dos mesmos. Caiu no risível.
Num debate sério, sempre que a exposição de argumentos de uma das partes (no caso os professores) se torna comprometedora para a outra (o ME) a Sr.ª moderadora não quebra o ritmo colocando os papagaios de serviço a ‘encher chouriços’, arrefecendo o debate e embalando a plateia. Nada mais fez, um tal João Formosinho, advogado de defesa do ‘eduquês’, a espaços coadjuvado pelo ‘professor do ano’.
Num debate sério a principal responsável do ME, quando manifestamente incapaz de se defender perante a justeza das acusações, não achincalha nem ofende os interlocutores. Fê-lo, na forma ordinária com que se dirigiu à colega Maria Fernanda Velez.
Num debate a sério, a mais alta representante do ministério não usa sistematicamente das mesmas armas que ao longo de todo o mandato tem usado para enfrentar os seus subordinados e a opinião pública, a mentira, a manipulação de dados, a demagogia.
Ainda assim, quer a senhora Maria de Lurdes, e alguns elementos da comunicação social, queiram ou não, enquanto cidadão livre, reservo-me o direito de manifestar a minha opinião sobre as principais figuras participantes no programa.
Maria Fernanda Velez - Foi a figura da noite. Com intervenções directas e concisas, conseguiu por a nu, a má formação pessoal da senhora do ministério e expor parte do vazio de ideias de quantos nos últimos anos têm assumido a pasta da educação, dos quais, a actual representante é o vértice da pirâmide da incompetência.
Ludgero Leote – Não tendo atingido o brilhantismo da colega Fernanda, conseguiu também intervenções com substrato, sobretudo nas duas primeiras partes do debate. Na terceira parte deixou-se adormecer um pouco pelos músicos de serviço.
Arsélio Martins – A quem já me tinha referido em publicação anterior não começou mal, talvez por se encontrar perante uma audiência maioritariamente preenchida por colegas sem vocação para lambedores de botas. Acabaria por se afogar no orgulho bacoco do que fez ao longo da maior parte da sua carreira, e que verdadeiramente o caracteriza, ser a garota de programa nos corredores do poder. A certo momento da noite consegue mesmo seduzir Fátima Campos Ferreira.
O colega do “Promova” – Falou de forma calma, deixando inicialmente no ar a ideia de uma eloquência que não veio a concretizar, pois por excesso de atitude politicamente correcta acabou por passar um pouco ao lado do essencial.
O jovem colega do “Movimento Professores Revoltados – Fez jus ao nome do movimento e mostrou não ter papas na língua ao afirmar que os professores não concordam com a política de facilitismo que é apanágio deste ministério (aliás, neste aspecto, mero acelerador de dinâmicas anteriores), com suficiente falta de vergonha para decretar semelhante abjecção. Preparava-se para mandar a casa abaixo, quando a senhora moderadora, qual pedra angular da construção, lhe censurou irreversivelmente a intervenção. Parabéns ao colega que apesar de inexperiente evidenciou a coragem suficiente para chamar os bois pelos nomes.
Os Sindicatos – Tiveram um desempenho superior ao que seria de esperar, talvez porque o recente surgimento de novos movimentos representativos da classe poderá de certa forma roubar-lhes protagonismo. Ainda assim, João Dias da Silva mantém-se com um discurso algo difuso, levemente condimentado por críticas superficiais. Bem melhor Mário Nogueira lembrou à senhora Maria de Lurdes vários atropelos à Lei que a sua equipa tem praticado. Fátima Campos Ferreira viria uma vez mais em defesa da inquilina da ‘5 de Outubro’ quando o sindicalista evocou a aceitação por parte dos tribunais administrativos, das cinco providências cautelares com efeito suspensivo, que pesam sobre os despachos dos dias: 24 e 25 de Janeiro, do senhor Jorge Pedreira, a que já me tinha referido aqui.
A propósito deste assunto, convém recordar que a senhora Maria de Lurdes afirmou desconhecer tais decisões (uma delas, do domínio público à mais de 15 dias), não se podendo pronunciar sobre assuntos que desconhece. Curiosamente, cerca de 12 horas depois, de visita à Escola de Música Óscar da Silva, a responsável máxima pela educação afirma: “não há providências cautelares que possam interromper o processo de avaliação”. Assim vai o respeito desta senhora pelos tribunais.
Os Representantes do Conselho de Escolas e da CONFAP – Demonstraram uma vez mais que são parasitas do sistema.
O Representante do Ensino Privado – Foi suficientemente honesto para merecer o meu aplauso.
O Autarca de Paredes – Devia evitar a masturbação em frente às câmaras de televisão.
A senhora do ministério – Quem?
Apache, Fevereiro de 2008
2 comentários:
Foi interessante, apesar de tudo... caiu praticamente udo no risível... honra seja feita aos colegas que de forma clara lá foram dando vós à VERDADE dos factos, ainda que sempre interrompidos no raciocínio por uma senhora apresentadora que mais não fez que demonstrar a sua concordãncia com quem foi medíocre, tentando sempre de forma deprimente parecer provocadora mas nunca imparcial.
Muito lúcido o teu post, Moicano, para não variar.
Beijocas larocas
e bom resto de semana
Só aguentei ver um bocado, porque depois começou a enervar-me tudo o que de mau referes muito bem aqui.
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