Muitos pensam
que a Revolução de 25 de Abril de 1974 foi concretizada pela vontade da maioria
das forças armadas, de facto, a ala vencedora representava um pequena facção
sem qualquer possibilidade de vitória caso algum dirigente do regime tivesse
dado ordem para resistir aos revoltosos.
Atente-se nos números que apresenta um
dos mais destacados (activos e ferrenhos) membros do Movimento das Forças
Armadas, Diniz de Almeida (que na época do PREC chegou a segundo-comandante do
RALIS):
“1. A componente vencedora (integrando cerca
de 5 % das Forças Armadas)
A - Ala spínolista - constituída por uma minoria de oficiais, geralmente
de valor, aos quais cedo acresceram oportunisticamente numerosos outros oficiais,
anteriores émulos ou não, do carismático general.
B - Ala Autónoma do Movimento ou MFA propriamente dito - constituída por uma
minoria de oficiais numericamente superior à primeira (cerca de duas vezes)
geralmente de valor aproximado aos primeiros, mas com uma média de patentes
acentuadamente inferior em relação a estes. Este último facto determinaria
novos focos de tensão...
2. A componente vencida (integrando cerca de 95% das Forças Armadas)
A - Amorfos - constituindo cerca de 50% dos efectivos totais das Forças
Armadas. Neste grupo incluem-se ainda, e aliás em elevada percentagem, oficiais
que, dispensando uma maior ou menor hostilidade do Movimento, por razões
diversas o não fizeram, contudo, directamente.
B - Activos (ou potencialmente activos) - cerca de 45 %, abrangendo uma vasta gama
de elementos num leque que incluía desde os oficiais ideologicamente afectos ao
regime, aos que por diferentes razões se viriam a sentir lesados económica,
social, profissional ou psicologicamente, pelo Golpe de Estado”
[Diniz de Almeida, em “Ascensão, Apogeu e Queda do MFA”]
Apache, Julho de 2015
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