[O velhinho "fado perdição" que tantos interpretaram, mais que pela música, vale pelo poema e (aqui) por uma das mais belas vozes da nova geração de fadistas.]
“Este amor não é um rio,
tem a vastidão do mar…
E a dança verde das ondas
soluça no meu olhar.
Tentei escrever as palavras
nunca ditas entre nós…
Mas pairam sobre o silêncio
nas margens da nossa voz.
Tentei esquecer os teus olhos,
porque não sabem ler os meus…
Mas neles cresce a alvorada
que amanhece a Terra e os Céus.
Tentei esquecer o teu nome,
arrancá-lo ao pensamento…
Mas regressa a cada instante
entrelaçado no vento.
Tentei ver a minha imagem
mas foi a tua que vi
no meu espelho… porque trago
os olhos rasos de ti.
Este amor não é um rio,
tem abismos como o mar…
E o manto negro das ondas
cobre-me de negro o olhar.
Este amor não é um rio…
Tem a vastidão do mar…”
Fado Perdição – Cristina Branco
13 comentários:
Gostei muito do poema que escreveste...
Não é meu! Cristina Branco (da nova geração de fadistas)
Chama-se "Fado Perdição", é do CD "Murmúrios" de 1999.
Tentei esquecer o teu nome,
arrancá-lo ao pensamento…
Mas regressa a cada instante
entrelaçado no vento.
Pois é, devo estar a precisar de óculos, ou no caso, de lentes de contacto novas porque não vi as letras pequeninas... muito triste :)
E porque não conheço não seria uma boa ideia colocares o vídeo aqui? Assim também podia ouvi-la a cantar...
É que agora além de descobrir que são à Milú e os Cócós (ainda não consegui saber) tenho que tratar de ouvir como é que esta canta. Isto está a ficar muito trabalhoso...
Bem escolhido, Apache!
O poema é lindo...
Conheces algum "site" com vídeos de música portuguesa, que dê para copiar os "codecs" para aqui, Redonda?
Também acho, Morgana!
Owa :o)
que poema lindo :o)
Um beijo grande :o)
Bem, na verdade nunca procurei mas vou procurar e se encontrar venho logo aqui dizer-te...
Este amor não é um rio,
tem abismos como o mar…
E o manto negro das ondas
cobre-me de negro o olhar.
Este amor não é um rio…
Tem a vastidão do mar…”
Li e reli
Um tema apaixonante, este dos amores "impossíveis"...
É pouco relevante (no meu modesto ponto de vista) se a relação é homossexual ou heterossexual.
A questão do casamento do Jorge, a filha dele, talvez o facto de o Manuel ser "apenas" o assistente, a dificuldade em assumir a outra relação, etc. Em suma, a falta de coragem dele, retratada nas palavras frias e directas do Manuel, "és um maricas!"
Esta tendência para considerarmos impossível a "única" coisa na vida pela qual faz sentido lutar, a felicidade, está aqui muito bem explorada.
Um texto destes, merecia outras guerras nos comentários!
Abril 17, 2006 11:58 PM
Reli este seu comentário
Lembra-se onde o fez?
E pergunto-lhe: Então porque é que não lutamos pela nossa felicidade?
Então porque é que nos acomodamos em silêncios?
Porque é que não compreendemos que os outros têm de perceber que temos como eles de ser felizes?
Porque é que tantas pessoas sofrem em silêncio e se tornam amrgas?
Porque são mal amadas?
Ai Apache...
vale uma postagem sobre isto?
Humm, se leu e releu é porque gostou... Agrada-me!
Pelo visto, também gostou do meu comentário à "postagem" "Homens de negro" no "Primeiro Moicano"?!
Pois é, mantenho, aquele "post" merecia outros comentários, com mais... sangue na guelrra.
"E pergunto-lhe: Então porque é que não lutamos pela nossa felicidade?
Então porque é que nos acomodamos em silêncios?
Porque é que não compreendemos que os outros têm de perceber que temos como eles de ser felizes?
Porque é que tantas pessoas sofrem em silêncio e se tornam amargas?
Porque são mal amadas?"
Tantas perguntas?! Olhe que eu sou professor mas não tenho respostas para tudo...
Temos, não só o direito, mas o dever de lutar pela nossa felicidade.
Receio é que alguns passem a vida a lutar e entre "tantas" batalhas perdidas, acabem por perder a guerra, mas a esperança deve ser a última a cair!
"Vale uma postagem sobre isto?"
Talvez, num outro dia, quem sabe...
“Este amor não é um rio,
tem a imensidão do mar…
Não me canso de ler a letra deste fado
Finalmente adicionado o áudio. Mais vale tarde…
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