[O velhinho "fado perdição" que tantos interpretaram, mais que pela música, vale pelo poema e (aqui) por uma das mais belas vozes da nova geração de fadistas.]
“Este amor não é um rio,
tem a vastidão do mar…
E a dança verde das ondas
soluça no meu olhar.
Tentei escrever as palavras
nunca ditas entre nós…
Mas pairam sobre o silêncio
nas margens da nossa voz.
Tentei esquecer os teus olhos,
porque não sabem ler os meus…
Mas neles cresce a alvorada
que amanhece a Terra e os Céus.
Tentei esquecer o teu nome,
arrancá-lo ao pensamento…
Mas regressa a cada instante
entrelaçado no vento.
Tentei ver a minha imagem
mas foi a tua que vi
no meu espelho… porque trago
os olhos rasos de ti.
Este amor não é um rio,
tem abismos como o mar…
E o manto negro das ondas
cobre-me de negro o olhar.
Este amor não é um rio…
Tem a vastidão do mar…”
Fado Perdição – Cristina Branco