sábado, 22 de março de 2008

E o resto do país… dorme?

«As escolas do distrito de Coimbra uniram-se e apelaram ao Ministério da Educação para suspender o processo de avaliação de professores até ao final do ano lectivo. A falta de "suporte legal para uma avaliação simplificada dos professores contratados" é um dos principais motivos invocados pelos presidentes das mais de 20 escolas secundárias e agrupamentos que subscrevem o documento, contrariando as directrizes do Ministério da Educação (ME), que não permite a suspensão ou adiamento do processo.No pedido, que já foi entregue na Comissão Parlamentar de Educação, os professores referem não conhecer as ponderações nem terem "indicações sobre como funciona o sistema de quotas". Os dirigentes escolares, que representam mais de 200 escolas e 20 mil alunos, referem que se sentem "num processo sem directivas legais", propondo à ministra a suspensão da aplicação do processo de avaliação até ao final deste ano lectivo e o reatamento "imediato" do diálogo com os sindicatos. Entre as escolas que pedem a suspensão do processo de avaliação, contam-se duas que figuraram entre as 20 melhores no ranking das escolas secundárias elaborado pelo CM em Outubro: a Infanta Dona Maria (melhor pública e terceira no ranking geral) e a José Falcão (18.º lugar no ranking). Os presidentes dos conselhos executivos vão voltar a reunir a 2 de Abril.A reunião de quarta-feira ocorreu no dia em que foi divulgada pelo ME uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa sobre a providência cautelar interposta pelo Sindicato de Professores da Grande Lisboa e que pedia a suspensão da eficácia de três despachos do ME. O juiz considerou que as decisões não podiam ser impugnadas por serem instruções internas.Em reacção à decisão, a Fenprof argumenta que o tribunal "não se pronunciou sobre a legalidade ou ilegalidade dos despachos em causa". Segundo a Fenprof, enquanto se mantiver uma das cinco providências cautelares interpostas, "os actos decorrentes dos despachos de 24 e 25 de Janeiro mantêm-se suspensos". UMA PETIÇÃO SUBSCRITA EM DOIS ACTOSO documento em que é pedida a suspensão da aplicação do processo de avaliação foi subscrito em 11 de Março pelos dirigentes dos Agrupamentos de Escolas de Silva Gaio, São Silvestre, Martim de Freitas, Pedrulha, Alice Gouveia e Escolas Secundárias Avelar Brotero, D. Duarte, Jaime Cortesão, Infanta D. Maria e Quinta das Flores (Coimbra). Na quarta-feira, numa reunião realizada na Avelar Brotero, os Agrupamentos de Taveiro, Ceira, Eugénio de Castro (Coimbra), Soure, Lousã, Álvaro Viana de Lemos (Lousã), Penela, Góis, Poiares e secundárias José Falcão e da Lousã também se associaram ao protesto. No agrupamento de escolas de Montemor-o-Velho, os professores decidiram suspender todas as actividades relacionadas com a avaliação de desempenho, como foi noticiado ontem pelo CM.»
Lia-se hoje, na edição on-line do “Correio da Manhã”.
Esta não é uma decisão inédita. Um pouco por todo o país, mais algumas dezenas de escolas tomaram posição idêntica, mas é a primeira vez que todas as escolas de uma cidade se juntam na acção. A questão central, não é, no entanto, o adiamento para o próximo ano lectivo, deste modelo de avaliação, é a sua substituição por outra, mais justa, exequível e que não prejudique gravemente a qualidade das aprendizagens dos alunos. No entanto, ante a insistência da tutela em fazer dos contratados as cobaias desta aberração legislativa, qualquer medida que impeça a sua (imediata) implementação é louvável.
Apache, Março de 2008

6 comentários:

cris disse...

É... mas parece que continuamos a ter, de um lado professores que entendem o que é ensinar e para que servimos e de outro, a malta que apenas se importa consigo e se preocupa em pagear o governo, insistindo na elaboração da célebre documentação de avaliação...

Boa segunda e beijocas larocas

Diogo disse...

Quantas mais se juntarem, mais força terão. E darão coragem a muitas outras. A coragem, tal como a indignação, é contagiosa.

Cleopatra disse...

Apache vá ao anónimno Please!!!

Apache disse...

Pronto, já fui ao blogue do “JMCR” e então, que quer que lhe diga, Cléo?
Quer que comente o caso da aluna do 9º C da Carolina Micaelis? Ou as alegadas agressões da professora do 1º Ciclo, aos alunos?
Neste segundo caso, o assunto está em julgamento e, por isso e por falta de dados, prefiro não comentar.
Quanto ao primeiro caso, propositadamente não fiz nenhum ‘post’ sobre o incidente, acho que está já muito badalado, deram demasiada importância ao caso. Não que ele não seja grave, mas excessiva publicidade não o resolve e contribui para que, alunos com a mentalidade do autor do vídeo, se sintam tentados a procurar protagonismo com façanha idêntica.
Este empolgamento é uma tentativa de tirar dividendos políticos da situação, com os professores a criticarem o ministério e este a ‘dourar a pílula’.
Na generalidade, concordo com o que escreveu o Coutinho Ribeiro, mas vou mais longe, concordo com quase tudo o que foi escrito nos comentários.
Ponto um – O que ali se passou, não reflecte o dia-a-dia de grande parte das aulas/escolas, mas infelizmente não é tão raro assim. O mais estranho é ter-se passado com alunos do 9º ano, que devido à idade costumam ter um comportamento bem melhor, mas nas escolas com segundo ciclo (5º e 6º ano) tenho ouvido relatos incríveis.
Ponto dois – É-nos difícil comentar a situação em concreto, porque não sabemos como é que tudo começou. Quando se inicia o vídeo, o alvoroço já é por demais evidente, com a situação completamente fora do controlo da professora.
Ponto três – Vários alunos da turma revelam uma enorme falta de educação e um enorme desrespeito pela professora.
Ponto quatro – A professora ao deixar-se cair no ‘jogo do empurra’ pela posse do telemóvel perde o resto da autoridade que ainda lhe restava e desce ao nível da aluna. Parecia a Senhora Ministra quando ao visitar uma escola em Santa Maria da Feira, ao ser vaiada pelos alunos, decide pegar no microfone e decide uivar para eles.
Ponto cinco – Não percebi porque é que ante a publicitação do filme, com consequente denegrir da imagem da professora e da escola, o órgão de gestão não veio imediatamente a público dizer que tinha aberto o correspondente processo disciplinar aos alunos envolvidos, tendo sido a Direcção Regional a informar que tinha aberto um inquérito (palavras da imprensa), o que quer que isso queira dizer.
Concretizando um pouco mais…
O antigo Estatuto do Aluno (Lei nº 30/2002, de 20 de Dezembro) é omisso quanto ao uso de aparelhos de comunicação nas aulas e não sei se nesta escola já se aplica o novo Estatuto (Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro), uma vez que aqui em Lisboa a maioria das escolas optou por aplicá-lo apenas no próximo ano lectivo. No entanto, é comum os Regulamentos Internos das escolas proibirem o uso de telemóveis nas aulas, mas como os alunos os levam para a escola, muitas vezes por distracção ou malícia os telemóveis tocam nas aulas. Quando isso acontece, cabe ao professor mandar desligar, não só o telemóvel em causa, mas todos os outros que possam estar ligados. Não basta não terem som, porque alguns alunos vão depois usá-los para jogar ou mandar mensagens e além de se distraírem, cria problemas à autoridade do professor. Depois desta indicação, é simples, quem for apanhado a mexer no telemóvel, ou com este a tocar arrisca-se a ser posto fora da sala com a respectiva falta e participação disciplinar. Na sequência desta, cabe ao Director de Turma informar os pais e se entender, proceder disciplinarmente. Se considerar a atitude como grave ou reincidente, participar ainda ao Presidente do Conselho Executivo, para penalização disciplinar.
A atitude desta colega, em tirar o telemóvel à aluna, compreende-se, no sentido de evitar colocá-la fora da sala, mas só resulta com turmas bem comportadas, o que parece não ser o caso, e implica igual procedimento com os outros telemóveis, o que não foi o caso, pois o descontrolo da professora foi tal que não se apercebeu sequer das filmagens, acto que considero tão grave como a atitude da aluna em recuperar o telemóvel.
Considerando a opção de retirada do telemóvel, quando a aluna se levanta do lugar e grita para a professora, esta devia (na minha modesta opinião) ter-lhe dado o aparelho e a ordem de saída da sala, nunca, ter optado pela posição de força, que só era aceitável com alunos muito novinhos.
Os restantes elementos da turma, ao permitirem toda esta situação também não estão isentos de culpa.
Espero (mas tenho algumas dúvidas) que dada a publicitação do caso, se aplique uma penalização que sirva de exemplo para evitar casos semelhantes no futuro, mais graves (em termos de imagem pública da escola e dos professores) pelo comportamento colectivo da turma que pelo da aluna que protagoniza a deplorável cena.

P.S. Lamentável também, não ter havido um pedido de desculpas formal, dos pais, tanto da aluna, como do autor do vídeo, pela falta de educação dos filhos, da qual são os principais responsáveis.

Cleopatra disse...

Eu sabia!
Eu sabia que é sensato. Eu sei!
Aqui está um Professor Com letra grande.
Subiu 40% na minha consideração. Olhe que já ultrapassou os 100%.
Um braço e faça a postagem.
SEM MEDOS e para esclarecimento do "pessoal"!

Subscrevo.

E p/q não comentou no JC?

Apache disse...

Boa semana, Cris.

A união faz a força, Diogo.

O assunto já está demasiado badalado, Cléo.
Não comentei, porque como lhe disse, na generalidade concordo com muito do que lá se disse, daí não me tenha despertado reacção, fi-lo aqui, para responder à sua curiosidade.