«A ministra da Educação garantiu hoje que "não há uma única escola" que tenha pedido a suspensão da avaliação dos professores, e acrescentou que o processo "corre com tranquilidade" em todos os estabelecimentos de ensino.
"Não há uma única escola que tenha pedido a suspensão", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, à margem da inauguração das obras de remodelação e ampliação de uma escola do 1º ciclo na freguesia de Chafé, concelho de Viana do Castelo.» [Fonte: Lusa]
Há apenas uma hipótese destas declarações não serem uma rotunda mentira. Essa hipótese é a senhora ministra desconhecer totalmente o que se passa nas escolas, isto é, não ler jornais, não ver televisão, não ler a correspondência que chega ao seu ministério, não receber informações dos seus assessores e ir para as reuniões com os Conselhos Executivos com tampões nos ouvidos. Como sou pouco crédulo na verificação simultânea de todos estes pressupostos, tenho de admitir que há uma ligeira probabilidade da senhora ter mentido uma vez mais.
E para ilustrar a minha afirmação, no “Público” de hoje, lê-se…
«Os professores da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, no concelho de Ílhavo, assumiram – numa moção que irá, agora, ser remetida ao governo – “inibir-se, durante o presente ano lectivo, de contribuir para a elaboração de quaisquer documentos que visem alcançar a execução de procedimentos no âmbito da avaliação” dos docentes.
Esta tomada de posição vem juntar-se a outras 45 deliberações idênticas, devidamente formalizadas em documentos escritos, dados a conhecer à Fenprof»
Poder-se-ia dar o caso de o “Público” ter inventado esta notícia só para aborrecer a senhora ministra, admito que algum jornalista se pudesse sentir tentado a fazê-lo. Só que tal seria desnecessário. Por mais que este se esforçasse, jamais conseguiria obter, nesse acto, sucesso idêntico ao da própria realidade.
Uma vez mais, a título ilustrativo, deixo uma pequena parte do texto aprovado na Escola Secundária de São Pedro e tornado público recentemente…
“(…) o Modelo de Avaliação do Desempenho estatuído no Decreto Regulamentar nº 2/2008 não assegura a justiça e o rigor de que os professores e as escolas são devedores, nem protege, necessariamente, a valorização dos melhores desempenhos, de que a pseudo-avaliação, que o Ministério da Educação arquitectou no primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular, foi um exemplo paradigmático."
[Segue-se uma longa e fundamentada exposição da decisão]
"(…) As razões em que ancoramos a nossa decisão de suspensão da aplicação do novo Modelo de Avaliação do Desempenho, são, igualmente, extensivas à aplicação do mesmo aos professores contratados, pelo que defendemos que os professores a que se refere a Circular nº B080002111G sejam enquadrados, para efeito de avaliação, na legislação anterior à publicação do Decreto Regulamentar nº 2/2008.
Enquanto as limitações, as arbitrariedades e as injustiças aqui expostas não forem corrigidas, os professores da Escola Secundária de S. Pedro, abaixo assinados, suspendem a sua participação em toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação do desempenho à luz do novo Modelo de Avaliação do Desempenho.”
Reafirmo assim, que, ou a senhora ministra mente compulsivamente, ou desconhece totalmente a realidade das escolas. Em qualquer dos casos, a demissão seria a única saída digna.
Apache, Abril de 2008
2 comentários:
E que tal optarmos por ambas as possibilidades? a mim parece-me que distorce descaradamente a realidade e desconhece completamente a realidade das escolas. Mas também não me surpreende, porque o Primeiro Ministro desconhece que o número de desempregados cresce exponencialmente e a fome já começa a sentir-se em muitos lares.
bom domingo
Tens razão, Cris. Não está afastada a possibilidade da acumulação :)
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