Há quem afirme que os continuados aumentos do preço do crude nos mercados internacionais se deve à guerra no Iraque. É uma guerra que já dura há vários anos, aparentemente sem fim à vista e ao que parece, para continuar, já que tanto o candidato Republicano à Casa Branca, John McCain, como o mais que provável candidato Democrata, BaracK Obama, já deixaram bem claro que tão cedo não farão regressar as tropas a casa. Estamos portanto numa situação relativamente estável, que não afecta significativamente o mercado, que (neste aspecto) reage negativamente a incertezas.
Há também quem afirme que os preços reflectem a escassez (futura) do bem. Muitos estão convencidos, que já foi atingido (ou sê-lo-á brevemente) o “pico petrolífero” [vejam a título de exemplo um estudo realizado nos Estados Unidos, disponível na Wikipédia]. Ou seja, que a maioria dos países produtores já ultrapassou o seu máximo de produção, encontrando-se agora na curva descendente, até ao esgotamento do mesmo. Recordo-me que quando era aluno do liceu, vários manuais escolares apresentavam previsões do esgotamento do petróleo em 30 anos. Entretanto, passados 20 anos, continuam a tentar “vender-nos” a teoria do esgotamento do petróleo, dentro de 30 a 40 anos. Fazer uma estimativa deste tipo, implicaria saber (com alguma exactidão) qual a quantidade total de petróleo extraível, disponível no planeta. Honestamente, não creio que alguém faça a mínima ideia. Não vejo sequer grande interesse dos fabricantes de motores a combustão (desde os automóveis, à maquinaria pesada agrícola e industrial, passando por barcos, aviões, etc.) em mudar a sua tecnologia a breve prazo.
O petróleo que hoje se vende nos mercados será entregue e consumido daqui a 6 meses, 1 ano, ou mais, daí que, o que influencia os preços de hoje, sejam fundamentalmente as perspectivas de procura “amanhã”. E essas perspectivas dificilmente poderiam ser melhores. A economia chinesa e indiana, os dois mais populosos países do mundo (quase 30% da população mundial) está a crescer continuadamente nos últimos anos, consequentemente, tanto a indústria como os particulares irão consumir cada vez mais petróleo (principal fonte de energia da indústria). Além disto, o investimento das petrolíferas na propaganda ao alegado “aquecimento global” começa a dar os frutos. A implantação em muitos países, de aerogeradores (construídos essencialmente em aço e alumínio) é um manancial de lucros para as indústrias mineiras e de transformação, ambas consumidoras de gigantescas quantidades de petróleo. O apelo sistemático à produção de bio-combustíveis aumenta também, significativamente, o consumo de petróleo, tanto na maquinaria agrícola, como nas indústrias químicas que sintetizam o produto final.
Em resumo, sem querer excluir outros possíveis (mas a meu ver, pequenos) contributos, o preço do petróleo sobe desmesuradamente, porque os especuladores apostam no (mais que) previsível aumento do consumo nos tempos mais próximos.
Apache, Maio de 2008
3 comentários:
Nem mais nem menos.
E para espairecer destas coisas "negras" tem lá um desafio Sr. professor...
Não conhecia e gostei muito (acabei o que estava a fazer, fui metê-lo na net para o enviar para local de trabalho e não resisti a ir ouvir a música - gostei mesmo muito, obrigada :) Amanhã volto com mais tempo, agora tenho de ir dormir, um beijinho e boa noite :)
Desafio, como é que não vi nada?! É do sono. Fica para mais logo, Cléo.
Também estou de saída, senão daqui a pouco, quando o despertador tocar, só com um palito em cada olho. Beijinho, Redonda.
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