O Presidente da Republica (PR) que até há poucos meses parecia personagem meramente contemplativo da acção da máfia rosa, decidiu comprar uma guerrinha institucional a propósito do novo Estatuto dos Açores. Afirmou que tinha dúvidas da sua constitucionalidade. A grande sopeira rosa puxou da chinela e… reaprovou o documento. Para maior derrota de Cavaco, o (seu) PSD absteve-se na votação.
Esta semana, à semelhança do que havia feito aquando do veto, o PR voltou a dirigir-se aos portugueses (via televisão). Fez um discurso retórico e vigoroso. Disse que esta lei continha “absurdos” e “ilegalidades”. Promulgou-a!
Personificou o absurdo que evoca!
Se queria promulgar a lei, porque a vetou, devolvendo-a ao Parlamento?
Se contém ilegalidades (na sua interpretação), porque não a enviou para o Tribunal Constitucional? Acaso ter-se-á esquecido que jurou “defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.” (número 3 do artigo 127º)?
O ano de 2008 termina assim, com a certeza de que no Palácio de Belém já não mora ninguém. A mensagem de Ano Novo, que há algumas horas ecoou nas televisões portuguesas, da qual destaco esta pérola: “o futuro será 2009, mas também os anos que a seguir vierem”, não é do Presidente da República, “a man who does not exist”. Nos corredores de Belém, quando muito, ressoa a voz do fantasma de Lili Caneças.
Apache, Janeiro de 2008
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