Se digitarem no Google, Penélope Cruz, aparecem-vos como resultado da procura, cerca de 10,2 milhões de páginas. Se a opção de busca for por, Scarlett Johansson, as páginas encontradas sobem para 13,5 milhões. Confirma-se, portanto, a máxima: “os homens preferem as louras…” ou talvez não. É que, em pouco mais de três meses, a (alegadamente) nova estirpe de vírus da gripe, a H1N1, tornou-se tão mediática que destronou as conhecidas actrizes. Uma pesquisa por H1N1, no citado motor de busca, revela 14,9 milhões de páginas.
Já todos sabemos que a popularidade de determinada pessoa nem sempre é directamente proporcional à qualidade do trabalho por si desenvolvido. Parece agora, que idêntica extrapolação é extensiva a muitos outros assuntos. O mediatismo da gripe, que começou por ser suína, depois mexicana e agora é conhecida por Gripe A (como se não existissem mais 143 estirpes de vírus da gripe do tipo A) não pára de aumentar. Em Portugal, (segundo números do Ministério da Saúde) o número de pacientes que contraiu o vírus atingiu hoje a centena.
Ainda não percebi o interesse nesta cuidada contagem. Não estado nós perante um surto de gripe (mesmo considerando a totalidade das estirpes, dos três diferentes tipos de vírus da “influenza”), aliás, o Verão (apesar das cada vez mais baixas temperaturas) é normalmente a época do ano mais hostil ao vírus, para quê este preciosismo e esta mediatização? Mesmo no Hemisfério Sul, que atravessa agora o Inverno (estação mais favorável à disseminação da gripe, ainda para mais, quando vários países estão sobre os efeitos de intenso e invulgar frio) o H1N1 não tem, felizmente, justificado o alarmismo que grassa na comunicação social, mundo fora. Sabe-se que o sistema imunológico humano se debilita em situações de stress e de medo ou pânico, então porquê insistir nestas ridículas e minuciosas contagens? Acaso os jornalistas ou as autoridades de saúde se deram ao trabalho de comparar, em determinado período de tempo, o número de pacientes atingidos pelo H1N1, com o dos restantes infectados pelas demais estirpes?
Não sei se há estatísticas destas em Portugal, se há não consegui aceder-lhes, mas nos Estados Unidos, a partir dos dados fornecidos pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) é possível fazer uma estimativa. Desde meados de Abril até ao passado dia 10 de Julho (página actualizada às 11 horas locais), nos EUA, tinham sido contabilizados 37 246 casos, dos quais resultaram 211 mortos. Em igual período, as restantes estirpes de vírus terão infectado, na melhor das estimativas, perto de 4 milhões de americanos (a população está estimada pela CIA em 307 milhões de habitantes e a taxa de infecção varia entre os 5 e os 20% ao ano). Neste período, a totalidade de vírus “influenza” terá morto, naquele país, cerca de 9 mil cidadãos.
Apache, Julho de 2009
2 comentários:
Bom post, meu caro. Vou fazer circular estes números.
Entretanto, o Tamiflu lá se vai vendendo...
"Entretanto, o Tamiflu lá se vai vendendo..."
A publicidade é boa.
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