Na Circular n.º 33/DSPCD, datada de 8 de Setembro de 2009, assinada por Francisco George, Director-Geral da Saúde, dirigida a “todos os médicos e enfermeiros”, lê-se: “A vacina contra a gripe sazonal não confere protecção contra o vírus da gripe A pandémica” [H1N1]. Mais abaixo, a mesma circular informa: “A OMS recomenda que, para a época de Inverno de 2009-2010 no Hemisfério Norte, as vacinas trivalentes contra a gripe, tenham a seguinte composição:
Uma estirpe viral A (H1N1) idêntica a A/Brisbane/59/2007;
Uma estirpe viral A (H3N2) idêntica a A/ Brisbane /10/2007;
E uma estirpe viral B idêntica a B/Brisbane/60/2008.”
[De facto, as 7 vacinas contra a gripe sazonal, postas à venda em Portugal, contêm todas esta composição]
Numa página portuguesa da farmacêutica “Roche” [consultada hoje, às 2:24] lê-se: “Dos 2 tipos de vírus clinicamente relevantes [A e B, pois os vírus do tipo C não provocam “doença clinicamente relevante”], o tipo A é o que sofre alterações mais profundas, motivo pelo que está frequentemente associado a epidemias e a pandemias de gripe. Em contraste, o vírus tipo B pode sofrer pequenas alterações antigénicas, contribuindo apenas para as epidemias de gripe.”
Vamos lá tentar perceber…
A vacina da “gripe sazonal” protege contra 3 vírus, dois do tipo A, o H1N1e o H3N2 e, um do tipo B, mas não protege contra o vírus da “gripe A” (aqui designada pandémica) H1N1. O H1N1 da “gripe sazonal” é diferente do H1N1 da “gripe A”? Partindo do pressuposto que a resposta só pode ser, sim [em alternativa, o Dr. Francisco George tem muito que contar], então, trata-se de uma mutação (suponho que significativa), mantendo-se o nome do vírus. Mas, diz a Roche, os vírus do tipo A sofrem “alterações mais profundas” enquanto os do tipo B sofrem “pequenas alterações”. Então, porque é que está a ser vendida para 2009/2010 uma vacina com vírus (inactivados) do tipo B de 2008, e do tipo A de 2007? Não seria mais lógico substituir os H1N1 de 2007 pelos H1N1 de 2009? E já agora, se a cada mutação corresponde um vírus substancialmente diferente, sabendo nós que (só) os vírus do tipo A são 144 (numerados de H1 a H16 e de N1 a N9), considerando múltiplas mutações ao longo dos anos, teremos, provavelmente, em circulação, várias centenas (quiçá milhares) de vírus substancialmente diferentes. Então, para que queremos nós duas vacinas (a da “gripe sazonal” e a da gripe “pandémica”) que no conjunto protegem contra 4 dos alegados "milhares de tipos” de vírus existentes?
Se um infecciologista, perdido na navegação, aportar aqui ao acampamento, agradece-se (antecipadamente) o esclarecimento das dúvidas.
Apache, Outubro de 2009
2 comentários:
Estamos aqui a falar de assassínio premeditado. Talvez o Dr. Francisco George esteja a precisar de algumas balas no peito, como dizia Eça.
Para o curar da gripe fraudulenta.
“Estamos aqui a falar de assassínio premeditado.”
Não sou tão radical, Diogo. Sem provas concretas, prefiro dar às pessoa o benefício da dúvida. Talvez Francisco George e Ana Jorge sejam apenas os idiotas certos, colocados no lugar estratégico que interessa às grandes farmacêuticas.
Que se movimentam grandes interesses económicos em volta deste assunto, parece-me por demais evidente. Basta termos em conta a rapidez com que a OMS se apressou a declarar o nível mais alto de pandemia (nível 6) quando o número de infectados e a gravidade das infecções eram (na generalidade dos casos), por comparação com outras doenças, ridículos. Mas, da tentativa de convencer as pessoas a adquirirem algo que, na generalidade dos casos, lhes é desnecessário, a assassínio premeditado, acho um exagero. Quase aposto que a vacina da (agora chamada) “gripe A” é composta pelo mesmo vírus inactivo que compõe a vacina da (agora chamada) “gripe sazonal” (a amostra H1N1 Brisbane 59/2007). Aguardemos…
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