"Há um plano para imbecilizar as novas gerações?
Há sim. E esse plano tem sido desenhado e aplicado pelo Banco Mundial, OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico], Comissão Europeia, Governo, ministros da educação, DGIDC [Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular], IGE [Inspecção-Geral da educação], DRE [Direcções Regionais de Educação], escolas e departamentos de educação e editoras de manuais escolares.
O plano persegue dois objectivos: tornar a educação pública mais barata e fornecer mão-de-obra dócil, conformada e ignorante para uma economia centrada em serviços rotineiros, com pouco valor e sem nenhuma criatividade. No mercado mundial globalizado, é esse o papel que cabe a Portugal no concerto das Nações.
As escolas e os departamentos de educação colaboram de duas formas: baixando os níveis de exigência à entrada dos cursos de formação de professores e oferecendo curricula carregados de generalidades e transdisciplinaridades vazias de conteúdos. Ganham espaço nos planos de estudos coisas como estas: matemática criativa, matemática contextual, matemática para a vida, estudo da comunidade e outras irrelevâncias.
O Governo e os ministros da educação colaboram no plano afogando os professores em burocracia com o objectivo de impedir que eles pensem, façam autoformação científica e esqueçam a sua missão: transmitir a herança científica, artística, tecnológica e humanista às novas gerações. Em nome da defesa de uma falsa inovação educativa, as escolas são afogadas em constante legislação e permanentes reformas curriculares. Cada nova reforma introduz mais confusão e cria obstáculos ao cumprimento da missão do professor.
As editoras de manuais escolares colaboram no plano pondo no mercado livros de textos cheios de bonecos e com um nível de aprofundamento dos conteúdos cada vez mais baixo. Em vez dos manuais serem repositórios de conteúdos apresentados de forma rigorosa e didacticamente apropriada ao nível etário dos alunos, são monumentos ao eduquês, à novilíngua e à imbecilidade.
A IGE, a DGIDC e as DRE colaboram no plano impondo planos de recuperação e de acompanhamento e respectivos relatórios que, regra geral, não passam de repositórios do eduquês acompanhados de mentiras piedosas sobre a recuperação de alunos que necessitariam de abordagens mais directivas e ambientes escolares menos relaxados."
Ramiro Marques do blogue “ProfBlog”
3 comentários:
O processo de imbecilização é capaz de estar agora em movimento acelerado. Mas lembro-me de, no meu tempo, encornar as coisas mais inúteis que poderiam existir para um jovem.
Ex: Ciências naturais – sistemas de cristalização monoclínico, triclínico, ortorrômbico e outros que tais.
Porcaria que até hoje ainda não consegui apagar da memória…
Entretanto a memória foi congelada, tendo cristalizado no sistema zeroclínico ou rombialarvizante... já nem se sabe bem...
Apagaste 4 (da memória), Diogo. Os Sistemas de cristalização são 7, certo?
Não me recordo de ter abordado este assunto no liceu, mas também só tive Ciências Naturais no 5º e no 6º ano.
Apesar de nas minhas aulas, apontar muitos exemplos, não sou um fã incondicional da contextualização dos “conteúdos”. Há situações em que a contextualização facilita muito a compreensão mas há outras em que limita muito (através do exemplo), conhecimentos mais abrangentes. Há espaço para o conhecimento “puro e duro”.
Olá Maria, obrigado pela visita. Bom ano.
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