sábado, 14 de abril de 2012

“Revolta” na NASA

A NASA [nomeadamente através do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) dirigido por James Hansen, o principal suporte científico das fantasias convenientes de Al Gore] tem vindo, de há uns anos a esta parte, a destacar-se entre os propagandistas daquele que para muitos é o maior escândalo científico de sempre, a teoria do “Aquecimento Global Antropogénico”, manhosamente transformado em “Alterações Climáticas” quando a média das temperaturas terrestres deixou de aumentar.
Mesmo em páginas destinadas (essencialmente) a professores e alunos a NASA não se tem coibido de fazer propaganda ao alegado efeito de estufa do dióxido de carbono, chegando mesmo ao ridículo de justificar o facto de Vénus ser o planeta mais quente do Sistema Solar (quando num raciocínio simplório levaria a pensar em Mercúrio, o mais próximo do Sol) com o facto de a sua atmosfera ser maioritariamente constituída por dióxido de carbono e não (como é correcto) com o facto de a sua atmosfera ser extremamente densa (a pressão atmosférica à superfície é noventa vezes maior que a daqui da Terra). O facto de Marte também ter uma atmosfera muito rica em dióxido de carbono e ser mais frio que o nosso planeta [em cuja atmosfera este gás tem presença vestigial (inferior a 0,4%] não parece incomodar os propagandistas da NASA.
Fartos da conversa da treta, quarenta e nove destacados funcionários da agência (entre os quais se contam astronautas engenheiros e cientistas) decidiram escrever (no passado dia 28 de Março) ao administrador da agência, nos seguintes termos:
“Março 28, 2012
Ao honroso Charles Bolden Jr., Administrador da NASA
Quartel-General da NASA, Washington, D.C. 20546-0001
Com conhecimento de: Sr. John Grunsfeld, Administrador Associado para a Ciência e Sr. Chris Scolese, Director do Centro Goddard de Voos Espaciais
Caro Charlie
Nós, os abaixo assinados, pedimos respeitosamente que a NASA e o Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) se abstenham de incluir afirmações não comprovadas nos comunicados públicos e nas páginas de Internet da agência. Acreditamos que as afirmações da NASA e do GISS que as emissões de dióxido de carbono da responsabilidade dos humanos têm um impacto catastrófico nas alterações climáticas globais não têm fundamento, especialmente quando se têm em conta milhares de anos de dados experimentais. Centenas de conhecidos climatologistas e dezenas de milhares de outros cientistas declararam publicamente a sua descrença nas previsões catastróficas, oriundas especialmente da liderança do GISS, deixando claro que o assunto não é consensual.
A sistemática insistência em que o dióxido de carbono é a principal causa das alterações climáticas é incompatível com o historial da NASA de fazer uma avaliação objectiva dos dados científicos disponíveis antes de tomar decisões ou fazer declarações públicas.
Como funcionários da NASA sentimos que o assumir, por parte da agência, de uma posição extrema, antes de um estudo aprofundado dos mecanismos naturais que regem o clima, é inapropriado. Assim, pedimos que a NASA se abstenha de incluir afirmações, sobre este assunto, não provadas nem suportadas pelos dados, nos seus relatórios e nas suas páginas de Internet. Em risco de sérios danos está a reputação exemplar da NASA, dos seus actuais e antigos funcionários e até da própria ciência.
Caso deseje obter informações científicas que suportam as nossas preocupações recomendamos que contacte Harrison Schmitt ou Walter Cunningham ou outros que eles lhe recomendem.
Obrigado por considerar este pedido.
Sinceramente…”
Apache, Abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Do Acordo “horto-gráfico” (4)…

«É fascinante que um pequenino bando de ociosos tenha decidido corromper a língua de milhões. O fascínio esvai-se quando se percebe que os ociosos atingiram os intentos. O Acordo Ortográfico, criação de arrogantes com uma missão, é oficial e está aí, perante a complacência dos poderes públicos em princípio eleitos para defender o país e não para o enxovalhar deliberadamente.
Até hoje não se percebe a serventia do dito Acordo. A partir de hoje, também não se irá perceber. Ao que consta, a ideia seria “unificar” a escrita de todos os países de expressão portuguesa. Naturalmente, ficou muito longe disso. Ainda que não ficasse, onde estaria o ganho? Por mim, os brasileiros e os moçambicanos são livres de adoptar o húngaro sem que eu os censure ou sequer note a diferença. Não sou brasileiro nem moçambicano. Sou português e, não fosse pedir demasiado, dava-me jeito redigir na língua em que cresci. À revelia da proclamação gratuita de Fernando Pessoa, a minha pátria não é a língua portuguesa. Mas a minha língua é.
Em abono dos Malacas Casteleiros e restantes conspiradores do Acordo, é verdade que semelhante aberração não caiu do céu. A repugnância que esses senhores dedicam às palavras, e que os leva a esventrá-las sem escrúpulos, encontra um ambiente hospitaleiro na sociedade em geral, a começar pelos políticos que avalizaram a vergonha lexical em curso. Dificilmente os sujeitos cuja retórica é um amontoado de “alavancagens” e “empoderamentos” travariam a degradação do vocabulário.
E o resto não melhora. Da televisão às SMS, do Facebook à escola, pouco, quase nada, nos lembra que comunicamos no mesmo idioma do referido Pessoa. Assistir a um “telejornal”, ler um texto produzido pelo universitário médio ou espreitar os padrões do romance contemporâneo indígena é descer a jargões e graus de analfabetismo abjectos, com ou sem "c". Porém, se os maus-tratos à língua já eram habituais, não eram obrigatórios. E essa é a diferença entre temer pela vida de um moribundo e assinar, oficial e urgentemente, o respectivo óbito.»
Alberto Gonçalves, no Diário de Notícias