As “ilhas de plástico”
O Projecto Malaspina permitiu também,
não propriamente uma conclusão, antes uma constatação que já quase "toda a gente"
sabia mas raramente aparece referida na comunicação social: a famosa “Ilha de
Plástico”, supostamente existente entre a costa dos estados norte-americanos do
Oregon e da Califórnia e o arquipélago do Havai, obviamente, não existe. Muito menos, as cinco
“ilhas” modernamente alegadas. [Após o sucesso mediático da invenção da dita
”Ilha de Plástico” (numa zona, relativamente isolada, para onde a circulação
oceânica conduziria os plásticos flutuantes) alguns oportunistas alegaram
existirem ainda mais quatro ilhas “idênticas” noutras tantas zonas remotas do
planeta, onde as correntes oceânicas são similares.]
A possível existência da “ilha”
foi prevista em 1988 pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration)
dos Estados Unidos e “confirmada” em 1997 pelo oceanógrafo e velejador desportivo,
Charles J. Moore, no regresso da competição de veleiros “Transpacific Yacht Race”.
No entanto, só em 2008 a “ilha de plástico” atingiu o estatuto de verdadeiro
mito urbano quando em Fevereiro foi sucessivamente anunciada pela BBC e pelo
jornal britânico “The Independent”. Apesar de nunca ter sido captada qualquer
imagem de satélite, sequer de avião, da alegada “ilha”, esta chegou a ser anunciada com sendo do tamanho do Texas. Justificando esse facto, alguns ambientalistas alegaram que a
“ilha” (mas tarde, cinco “ilhas”) seria constituída por pequenas partículas de
plástico que só poderiam ser observadas nos
locais, de muito difícil acesso, a bordo de embarcações.
Confirmou-se “agora”, através
desta expedição, que as “ilhas” não existem e que a quantidade de plásticos nos
oceanos não tem aumentado desde a década de oitenta do século passado. A máxima
concentração encontrada aproxima-se dos 200 gramas de plástico por quilómetro
quadrado de oceano (o equivalente, em média, a uma garrafa plástica de um litro
e meio, por cada 21 campos de futebol) cerca de 26 vezes inferior ao que é
habitualmente alegado em textos menos sensacionalistas (por exemplo a Wikipédia, de 5,1 quilogramas por
quilómetro quadrado).
Apache, Setembro de 2014