Foi recentemente divulgado um "estudo" da OCDE intitulado "Education at a Glance 2006" com vários dados estatísticos referentes à educação, nos países que fazem parte da organização. Os dados estão disponíveis em www.ocde.org e referem-se aos anos de 2003 e 2004.
Agora começa o vosso exercício de "pura" imaginação...
Imaginem que Portugal ocupa o último lugar em nº de anos em que os alunos frequentam a escola... Imaginem também que para a comunicação social, este assunto não é relevante...
Imaginem que em Portugal se gastam em média 4 875 Euros por aluno, por ano, o que representa o 23º lugar entre os países analisados...
Imaginem que o governo, fortemente preocupado com o estado da educação e os baixos níveis de literacia dos nossos cidadãos pretende (apesar disso) reduzir significativamente os gastos com a educação nos próximos anos, tal como afirmou ontem o primeiro-ministro... Imaginem uma vez mais que para a comunicação social, este assunto também não é relevante...
Imaginem que há, no entanto no sector da educação, algo deveras importante para a comunicação social portuguesa, com honras de destaque nos principais jornais...
Passo a citar a "Lusa"...
"Os professores portugueses são dos que menos recebem no início da profissão, mas integram o grupo dos mais bem pagos quando atingem o topo da carreira segundo um estudo da OCDE."
O relatório tem dezenas de páginas que no seu conjunto traçam uma imagem negra da educação em Portugal e o interesse reduz-se a uma mísera tabela. Aqui fica então parte dessa tabela...
Talvez tenham notado alguma diferença entre o que se escreve na imprensa e o que se lê no "estudo" da OCDE?!
E porque este é um assunto que “a tantos” apaixona, imaginem ainda que alguém pega numa tabela de vencimentos ilíquidos dos professores do quadro (de 2004, ano a que reportam os dados) e multiplica o valor por 14 (nº de meses de vencimento) convertendo o resultado obtido (em Euros) para US dólares (à taxa de câmbio de 1 Euro = 1,25 dólares). Chega então aos seguintes valores…
“Ligeiramente” diferentes dos apresentados pela OCDE.
Para o exercício ficar completo, imaginem agora que nada disto é imaginação, porque factos são factos, por mais que alguns se esforcem por os distorcer!
Apache, Outubro de 2006