O Princípio da Precaução
«A lengalenga do “É preciso ganhar o Natal / a Páscoa / o Verão / a
Ovibeja de
Alberto Gonçalves, no Observador
"Eras sobre eras se somem, no tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem... Que as forças cegas se domem pela visão que a alma tem!" (Fernando Pessoa)
O Princípio da Precaução
«A lengalenga do “É preciso ganhar o Natal / a Páscoa / o Verão / a
Ovibeja de
Alberto Gonçalves, no Observador
Sinais dos tempos… (4)
Donald Trump, à data presidente dos Estados Unidos, foi censurado várias vezes nas redes sociais, viu as suas contas sucessivamente bloqueadas e acabou definitivamente banido do Facebook e do Twitter. Um grupo de assassinos e violadores diz ter tomado o poder no Afeganistão e regozijou-se do feito no Twitter afirmando que libertaram Cabul.
Faz sentido. Os Talibãs libertaram Cabul e as redes sociais libertaram-nos a nós… da Democracia.
Façam-se Homens!
O Dr. Pedro Girão, médico anestesiologista, escreve artigos de opinião para o jornal Público. Ontem escreveu mais um artigo que o jornal publicou às 21:58, tendo-o retirando algumas horas depois de publicado por a opinião expressa não coincidir com a doutrina expressa na cassete oficial.
Atente-se, na vergonhosa justificação apresentada pelo jornal para fundamentar a censura a um seu colaborador habitual:
“Um erro de controlo editorial corrigido nesta quinta-feira às 17h42 permitiu que um artigo de opinião (“Uma vacina longe de mais” (sic.)) assinado pelo médico anestesiologista Pedro Girão estivesse disponível na nossa edição digital durante horas.
A sua despublicação justifica-se não apenas pelo tom desprimoroso e supérfluo usado pelo autor em relação a várias personalidades da nossa vida pública, como pelo seu teor que, de forma ora mais velada, ora mais explícita, tende a instigar a ideia de que a vacina contra a covid-19 é “uma experiência terapêutica” sem validade científica (…)”
Ficámos a saber que à censura prévia, a Direcção do Público chama “controlo editorial” e à censura pós publicação, provavelmente na sequência de algum telefonema de um Primata de São Bento ou de Belém, se chama “despublicação”. Ficámos também a saber que não se deve “intigar a ideia” de que um tratamento genético preventivo, nunca antes testado em humanos e actualmente ainda na fase 2 dos seus ensaios clínicos não pode ser chamado de “experiência terapêutica”. Já a ausência de vergonha manifestada pelos elementos da Direcção do Público poderá levar o nome que cada um de nós entender, pelo menos, enquanto o simulacro de Democracia em que vivemos ainda o permitir.
Segue o texto do Dr. Pedro Girão, que os directores do Público (e/ou algum dos seus donos) censuraram.
"O Miguelito da JS: a revelação de um idiota"
"Não é
novidade que a nossa vida pública está repleta de idiotas, e quem achar isto
polémico é provavelmente um deles. O idiota distingue-se sobretudo pela
coerência em expelir idiotices, que possui em quantidades abundantes e em
princípio inesgotáveis. Mas não só: além do que diz, que é idiota, o modo como
o diz também é idiota. Em casos frequentes, Deus os perdoe, até a cara com que
o diz é idiota – quando diz e quando está calada. Será injusto pensar que o idiota
prospera principalmente nos ramos da política e do desporto (e no comentário
político e desportivo): sucede que as actividades em questão beneficiam de mais
notoriedade que outras, as quais certamente terão inúmeros espécimes de
apreciáveis, embora obscuros, idiotas. A história da Covid, por exemplo, trouxe
à ribalta resmas de “especialistas” cuja idiotia passava antes despercebida em
gabinetes sombrios.
É
evidente que o idiota não nasceu ontem. Ou anteontem. Embora possa haver um
aperfeiçoamento gradual das suas capacidades, não restam dúvidas de que o
rematado idiota de hoje já mostraria sinais promissores na infância e na
juventude. Um Marques Mendes ou um Fernando Medina não atingiram aquele grau de
perfeição do dia para a noite. Uma Catarina Martins e um, ou dois, Eduardo
Cabrita não caem do céu. Os “politólogos” que dissertam nas televisões têm
decerto décadas de empenho em cima. E aqueles “especialistas” em virologia que
há ano e meio alertam para o carácter decisivo “das próximas duas ou três semanas”
treinaram as “valências” (e as sevilhas) durante toda a carreira, por sorte sem
que alguém os ouvisse. A verdade é que nem sempre é possível apanhar o idiota
nas fascinantes fases em que se forma e desabrocha. Porque em geral as
televisões não exibem o processo, o cidadão comum não testemunha a transição da
larva toscamente idiota para a borboleta orgulhosa e radiante de idiotia. É por
isso que Miguel Costa Matos, deputado do PS e chefe da Juventude Socialista, é
uma excepção que se saúda, e apetece regar com melaço quente.
Miguel
Costa Matos é um meteoro a rasgar o vasto firmamento de idiotas caseiros. Aos
26 aninhos, está para a idiotia como Pelé aos 17 e T.S. Eliot aos 23 estavam
para as respectivas profissões. À semelhança do que acontecia com estes, Miguel
Costa Matos leva-nos a questionar se existem limites à evolução, para cúmulo
numa carreira política, com margem de progressão bem superior ao futebol e à
poesia. Se, no que toca a idiotas, o PS é uma formidável escola de formação, um
prodígio imediata e fatalmente destaca-se.
Conheci
– salvo seja – Miguel Costa Matos há uns meses. Um jornal perguntou-lhe se
preferia Trump ou Xi Jinping, o prodígio preferia o déspota chinês ao
presidente americano. Percebi logo: tínhamos idiota. E dos bons, abençoado pelo
talento inato, por um percurso profissional alheio ao trabalho, por uma
fácies aparentada com a de Jorge Lacão e pelo ar de acólito que distingue
alguns dos maiores idiotas nacionais. Notava-se que o rapaz ia longe.
E tem
ido. Desde então, Miguel Costa Matos vem realizando o tipo de exibições de luxo
que caracterizam os idiotas eleitos (e nomeados). Nunca falha: ele é contra a
“desinformação” (leia-se é a favor da censura), ele é contra os “difusores do
ódio” (e odeia gente assim), ele é contra o “racismo” (se as cores em causa
forem as “correctas”), ele é contra o “machismo” (o que, corajosamente, o levou
a pintar os lábios de vermelho para uma fotografia: nos idiotas refinados, às
vezes os 26 anos equivalem a uma cabecinha de 5), ele é contra a carência de
regras para as prostitutas (que escreve “prostitutx”, provando que as regras do
português não o interessam tanto). E estes são os momentos banais de Miguel
Costa Matos. Os momentos restantes são puro deslumbre.
Os
aficionados da idiotia não se esquecem da recusa do idiota em aprovar o voto de
pesar pela morte de Marcelino da Mata, optando por experimentar arrepios
eróticos com a barbicha do “Che”. Nem da crítica à Hungria por proibir
cartilhas LGBT, enquanto o idiota exalta os palestinianos que enfiam
homossexuais na cadeia. Nem da aflição do idiota com ameaças gravíssimas aos
“direitos humanos” (a venda desregulada de haxixe, juro) e, em simultâneo, a
devoção beata à quadrilha que enterrou a Constituição e aboliu as liberdades
básicas. Nem da acusação ao governo de Pedro Passos Coelho, que o idiota acha
responsável pelo empobrecimento de um país que o PS arruinara antes e volta a
arruinar agora. Nem das declarações canalhas do idiota a propósito dos 4 anos
dos incêndios de Pedrógão Grande: “Não esqueceremos. Que não deixemos que se
repita” (até a gramática é idiota). Nem da reunião por “Zoom” em que o idiota
participou com máscara., decerto por recear os vírus informáticos. Aqui há
lata. Aqui há atraso de vida. Aqui há cegueira. Aqui há obediência. Aqui há
ignorância. Aqui há pulhice. Aqui há boçalidade. Aqui há, enfim, os
ingredientes essenciais ao idiota. Miguel Costa Matos não se limita a prometer:
faz questão de cumprir. A obsessão do idiota com a cannabis não é
inconsequente.
Esta
semana, disseram-me que Miguel Costa Matos realizou na TVI uma das prestações
mais ridículas desde qualquer declaração pública de Meryl Streep. Mandaram-me
um vídeo com o resumo. Fiquei fascinado. Mesmo numa terra de muitos idiotas, e
num partido com muitíssimos idiotas, o moço é um caso à parte. Em poucos
minutos, sem um lampejo do que antigamente se chamava raciocínio, espirrou
dezenas de patranhas tão delirantes, evangélicas e subservientes que
envergonhariam um servente de Maduro. Não liguem às más-línguas que desvalorizam
Miguel Costa Matos por apenas parecer idiota: ele é idiota, um idiota perfeito
e um perfeito idiota, uma esponja de reverência e clichés com um futuro radioso
num país que, por estas e por outras, não tem futuro nenhum."
Alberto
Gonçalves, no Observador
Julho terá sido um mês atípico? Esperemos que sim.
No passado dia dez, numa das habituais conferências de imprensa, a Directora Geral da Saúde, Graças Freitas (replicada em vários órgãos de comunicação) afirmou que, em Portugal, a maioria das vítimas de CoViD-19 tem mais de 80 anos, várias comorbidades e a vacinação completa. Se compararmos com idêntico período do ano passado constatamos que à data, a maioria das vítimas de CoViD-19 tinha mais de 80 anos, várias comorbidades e (ainda) não havia vacinas. Pareceria então, aos mais distraídos, que quase nada teria mudado nestes 365 dias, até porque Graça Freitas decidiu tranquiliza-nos - “a situação era expectável em função da efetividade da vacina”. É então que constatamos que a avozinha simpática se enganou. A situação não era nada expectável, ou estaríamos perante um crime premeditado. Há uma ‘pequenina’ diferença entre Julho de 2021 (com 60% da população portuguesa com a vacinação completa) e Julho de 2020 (com 0% de portugueses vacinados), atente-se: