terça-feira, 29 de julho de 2008

Marte do tamanho da Lua?

Um e-mail fora de prazo.
No lançamento do ‘post’ de sábado passado referenciei um mail que circula na Internet e que, dependendo das versões, diz mais ou menos isto: No próximo dia 27 de Agosto, Marte estará na sua distância mínima em relação à Terra e ficará tão grande como a Lua, voltando o acontecimento a repetir-se somente em 2287. A Internet é, como todos sabemos, um meio de comunicação com cada vez mais utilizadores, com todas as vantagens que daí advêm. Tem, no entanto, também por isso, sido aproveitada por todos quantos, por desconhecimento, idiotice ou interesses estranhos, pretendem disseminar rapidamente informações falsas, incorrectas ou apenas parcialmente verídicas. No caso do mail acima referido, parece que a sua origem remonta a 2003, ano em que, de facto, a Terra e Marte estiveram alinhados com o Sol e, a uma das menores distâncias possíveis um do outro (cerca de 56 milhões de km). Ao que parece, todos os anos, por esta altura, o mail é posto de novo a circular. Quanto à repetição do acontecimento, somente em 2287… É provável que apenas nesta data, os dois corpos celestes fiquem de novo tão próximos quanto em Agosto de 2003. No entanto, de 26 em 26 meses (aproximadamente) os dois planetas alinham-se, do mesmo lado do Sol, sendo relativamente pequena a distância entre eles (habitualmente menos de 100 milhões de quilómetros). A distância entre os dois corpos pode chegar (no seu máximo afastamento) aos 400 milhões de quilómetros. Já agora, por curiosidade, a última aproximação deu-se no início da segunda quinzena de Dezembro passado, tendo os dois, ficado separados por 88 milhões de km. Neste momento os planetas estão muito mais afastados e esse afastamento vai continuar. No próximo dia 27 de Agosto, Marte não será visível dos céus de Portugal, pois nasce depois do Sol e põem-se quase simultaneamente a este, distando da Terra quase 360 milhões de quilómetros. Quanto a haver algum momento na sua órbita elíptica em torno do Sol, em que Marte se aproxime tanto da Terra que o seu tamanho aparente se assemelhe ao da Lua, isso é completamente impossível. Usando a mesma fórmula apresentada no ‘post’ anterior, verificamos que, quando em Agosto de 2003, Marte (cujo diâmetro é de 6 794 km) ficou a 56 milhões de quilómetros do nosso planeta, o disco marciano media 0,00695º. Ou seja, 70 vezes menor que a Lua (no seu menor tamanho aparente). Só mais uma curiosidade… O Planeta Vénus é habitualmente, depois da Lua, o corpo celeste mais próximo da Terra, podendo aproximar-se de nós a menos de 40 milhões de quilómetros. É também, normalmente, logo a seguir à Lua, o ponto mais brilhante do céu nocturno. Na sua máxima aproximação, o tamanho aparente de Vénus é “apenas” 28 vezes menor que o menor tamanho do nosso satélite natural.
Apache, Julho de 2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Qual é maior, o Sol ou a Lua? (Resposta)

[Cliquem na imagem para ampliar e seleccionem depois o 'zoom' pretendido, no canto inferior direito do ecrã]
Apache, Julho de 2008

sábado, 26 de julho de 2008

Qual é maior, o Sol ou a Lua?

Como devido aos afazeres profissionais não tem havido muito tempo para passar por aqui, o blogue tem andado um bocadinho abandonado, nada que não se consiga alterar (espero eu) nos próximos dias. Entretanto, a propósito de um “mail” que anda por aí a circular, de que falarei amanhã, lembrei-me de ressuscitar os desafios. Desta vez, um, muito simples, com uma só pergunta. Olhando para o céu, (aqui da Terra, obviamente) qual é o maior disco, o Solar ou o Lunar?
Apache, Julho de 2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

Welcome to the real world

"I devoted six years to carbon accounting, building models for the Australian Greenhouse Office. I am the rocket scientist who wrote the carbon accounting model (FullCAM) that measures Australia's compliance with the Kyoto Protocol, in the land use change and forestry sector. (…) When I started that job in 1999 the evidence that carbon emissions caused global warming seemed pretty good. (…) But since 1999 new evidence has seriously weakened the case that carbon emissions are the main cause of global warming, and by 2007 the evidence was pretty conclusive that carbon played only a minor role and was not the main cause of the recent global warming. (…) Most of the public and our decision makers are not aware of the most basic salient facts:
1. The greenhouse signature is missing. We have been looking and measuring for years, and cannot find it. (…) 2. There is no evidence to support the idea that carbon emissions cause significant global warming. None. (…) 3. The satellites that measure the world's temperature all say that the warming trend ended in 2001, and that the temperature has dropped about 0.6 ºC in the past year (to the temperature of 1980). (…) 4. The new ice cores show that in the past six global warmings over the past half a million years, the temperature rises occurred on average 800 years before the accompanying rise in atmospheric carbon. (…) None of these points are controversial. The alarmist scientists agree with them, though they would dispute their relevance."
David Evans, Consultor do “ Australian Greenhouse Office” entre 1999 e 2005
[Parte de um texto publicado no blogue “Mitos Climáticos” com ‘link’ na coluna da direita]
Apache, Julho de 2008

sábado, 19 de julho de 2008

O Período Quente Medieval (em Portugal)

Um estudo elaborado em 2005 por F. Abrantes, S. Lebreiro, T. Rodrigues, I. Gil (e outros), do Departamento de Geologia Marinha do Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação (INETI), baseado em sedimentos recolhidos junto à foz do rio Tejo, na região de Lisboa, concluiu que o Período Quente Medieval ocorreu entre os anos 550 e 1300, tendo neste período, as temperaturas médias à superfície do Oceano sido 2 ºC superiores à média das registadas no final do século XIX. A temperatura média da superfície das águas oceânicas nas imediações de Lisboa está hoje menos de 0,3 ºC acima da verificada no século XIX.
Apache, Julho de 2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pérolas…

O que um jornalista tem de escrever para "ganhar a vida"
Este artigo do DN, assinado por (AFP), seria uma verdadeira pérola, ainda mais hilariante que alguns textos do Gato Fedorento, se não fosse tão degradante, alguém escrever o que lhe encomendam sem ter a mínima noção do que diz. Quanto é que terá recebido o AFP para publicitar a tal nova hormona do crescimento, para o gado bovino, descoberta nos Estados Unidos? Algumas das frases que escreve (ou copia) são de tal forma contrárias às leis da Química, que supostamente as deviam sustentar, que parecem dignas de um licenciado pela UNI. A saber…
“Embora só seja responsável pela emissão de nove por cento do CO2 [refere-se ao gado bovino] (…)” A serem verdadeiros estes 9% de CO2, terão de ser contabilizados em função do total de CO2 proveniente das actividades humanas, que por sua vez é menos de 2% do CO2 lançado para a atmosfera. Os restantes, mais de 98% são de origem natural. “O hemióxido de azoto (…) é um gás 296 vezes mais nocivo para o aquecimento global que o CO2.” Pressuponho (segundo a propaganda oficial) que ser nocivo para o aquecimento global é bom para o arrefecimento global e consequentemente para o planeta. Agora mais a sério que pode haver alunos de ciências a ler isto. Hemióxido de azoto é um nome que ninguém usa para a substância em causa. Deve ter sido usado para ninguém perceber a que substância se estava a referir... Estamos a falar de N2O, conhecido por protóxido de azoto ou óxido de diazoto. Popularmente esta substância é designada por óxido nitroso ou gás hilariante e é muito usado em medicina para anestesias (gerais) ligeiras. Tem um “efeito de estufa” ligeiramente superior ao do CO2 (considerando igual quantidade de ambas), mas menos do dobro e não 296 vezes superior. A sua percentagem na atmosfera ronda os 0,000000032% (320 partes por bilião em volume). A percentagem (oficial) de CO2 é de 0,038% (380 partes por milhão em volume). “O metano (…) incide nas alterações climáticas 23 vezes mais que o CO2”. O metano (CH4) tem um efeito de estufa (para iguais quantidades) que é sensivelmente o dobro do apresentado pelo CO2. A sua abundância na atmosfera é de 0,0002%. “O amoníaco lançado na atmosfera (…) contribui para o fenómeno das chuvas ácidas”. O amoníaco (NH3) é o poluente mais sério de todas as substâncias aqui referidas, no entanto a poluição que causa é um fenómeno local (sobretudo nas imediações das fábricas de agentes de limpeza, de adubos, e de explosivos) porque a substância é muito mais leve que o ar, subindo até à estratosfera, onde é destruído pela radiação ultravioleta de tipo B e C. O amoníaco é uma base (de média força), portanto tem propriedades químicas contrárias aos ácidos, contribuindo para a sua neutralização, reduzindo assim o fenómeno das chuvas ácidas, que se devem essencialmente ao trióxido de enxofre (SO3) e ao dióxido de azoto (NO2) e em menor quantidade ao dióxido de enxofre (SO2) e ao monóxido de azoto (NO). Por ser uma substância bastante tóxica, a legislação europeia é extremamente rígida, no que se refere à libertação de amoníaco para a atmosfera, daí que a sua abundância nesta seja (excepto locais muito restritos, repito) quase nula. A título de exemplo (porque numa busca rápida não encontrei valores europeus), deixo o valor médio da semana passada em São Paulo (Brasil), onde a presença de amoníaco na atmosfera era da ordem de 0,0000000003% (três partes por bilião). P.S. A expressão “efeito de estufa” é usada neste ‘post’ na sua designação oficial e não na que me parece cientificamente mais correcta. As concentrações na atmosfera, apresentadas, são as oficiais.
Apache, Julho de 2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Vêm aí os carros eléctricos…

Na semana passada, o senhor Pinto de Sousa, com o habitual espalhafato que caracteriza a sua acção, gafes e aldrabices incluídas, anunciou um acordo com a Renault/Nissan para a comercialização em Portugal de carros eléctricos já em 2011. Ao que parece a marca vai estrear os carros um ano antes (2010, portanto) em Israel, estando previsto o lançamento dos mesmos na Dinamarca no início de 2011, chegando depois ao nosso país na segunda metade do ano. Segundo a Renault, serão (numa primeira fase) introduzidos no mercado nacional 4 mil veículos destinados a empresas, podendo posteriormente ser introduzidos (por volta de 2020) veículos destinados a particulares. As empresas adquirirão o carro, com motor (ou motores, segundo consta, um para cada eixo) eléctrico, alimentado por uma bateria que se manterá propriedade da marca, pagando uma mensalidade por um pacote de carregamentos (20 numa primeira fase) que efectuarão em postos próprios que a Renault vai construir em parceria com outras empresas. O acordo parece (como convém) satisfazer ambas as partes. O Governo anuncia com grande propaganda, já para daqui a 3 anos, algo que nos próximos 10 terá uma cota de mercado insignificante, desdobrando uma vez mais a já bafienta bandeira ecológica. A Renault aproveita para testar a resposta do mercado a este tipo de veículo, praticamente não correndo riscos inerentes ao negócio, que deverá ser subsidiado na quase totalidade pelo Governo e pela União Europeia, embolsando ainda mensalmente (além do pagamento a prestações das viaturas) os lucros das cargas das baterias. Aproveitando ainda para testar a durabilidade dos motores, único calcanhar de Aquiles desta tecnologia, se excluirmos a autonomia e o tempo de carga das baterias, que espero sejam de iões Lítio (semelhantes às dos telemóveis). Para já, a marca não anunciou nenhum pormenor técnico dos carros, mas é de esperar um custo de produção idêntico ao associado a motores a gasolina de igual potência, o que significa um preço de venda ao público bem abaixo do dos carros actuais, porque os veículos eléctricos estão isentos de Imposto Automóvel e como o IVA incide também sobre este imposto, os carros eléctricos pagarão também menos IVA. Estes veículos estão também isentos do Imposto de Circulação (vulgo Imposto de Selo). Quanto ao desempenho dos carros, será de esperar uma velocidade máxima idêntica à dos carros com motores de combustão de idêntica potência e, acelerações e recuperações muito melhores, pois o motor eléctrico apresenta um binário máximo praticamente desde o arranque. Quanto à segurança passiva e activa, nada tem a ver com a questão mecânica, portanto não se esperam alterações. É ainda espectável uma assinalável redução no ruído do motor. As grandes questões que se levantam e me levam a aconselhar, quem precisar de mudar de carro nos próximos anos, a esperar para ver, antes de se meter em aventuras, prendem-se, como já referi, com a durabilidade dos motores no pára-arranca das nossas cidades e com o tempo de carga e mensalidade das baterias. Quanto à questão ecológica, nada de euforias, não à gases a saírem pelo escape, mas mais de 60% da electricidade que se produz em Portugal é proveniente da queima de carvão e fuel, as fábricas de baterias estão entre as industrias mais poluentes e a reciclagem das mesmas no final da vida (que não será (para já) superior a 3 ou 4 anos) também não se vislumbra tarefa fácil.
Apache, Julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O fenómeno da Tunguska fez 100 anos (3)

(continuação...)
A equipa da Universidade de Bolonha que aposta na teoria da queda de um meteorito, prometeu regressar à Tunguska brevemente. Curiosamente, a principal crítica a esta teoria veio de David Morrison da NASA que afirmou ser estranho que tratando-se de um meteorito, este tenha deixado apenas uma cratera de impacto, ainda por cima tão pequena (cerca de 700 metros de comprimento, 360 de largura e 50 de profundidade). Considerando a área de floresta destruída e o abalo sísmico provocado, seria espectável um meteorito com dimensões muito maiores, que deixaria no solo, uma cratera muito maior que o lago Cheko. Ou então poderia, ainda no ar ou ao embater no solo, fragmentar-se em vários pedaços menores, deixando múltiplas crateras. A hipótese do cometa (pedaço de gelo e poeira que ardeu completamente em contacto com a atmosfera) encaixa perfeitamente no relato referente à bola de fogo que as testemunhas oculares viram no céu (o segundo sol) e na ausência de cratera mas não justificava a enorme onda de calor e a destruição verificada. Mas em 1976 os cientistas soviéticos, Vladimir Stulov e Georgi Petrov, afirmaram que as temperaturas atingidas pelo cometa (que viajaria a mais de 40 mil quilómetros por hora) deveriam ser tão altas que este não se evaporou, antes, os núcleos dos átomos de hidrogénio e de oxigénio que constituem a molécula da água desintegraram-se, tal como acontece numa reacção de fissão nuclear e foi a radiação daí resultante que destruiu a floresta. Muitos cientistas não estão, no entanto, convencidos que as dezenas de milhares de quilómetros por hora que o alegado cometa possa ter atingido tenham, devido à colisão com as moléculas do ar, gerado energia suficiente para desencadear uma reacção nuclear. Como referi no “post” anterior, várias outras teorias foram apresentadas, algumas por cidadãos comuns, outras por conceituados cientistas. Por exemplo, Chandra Atluri e Clyde Cowan da Universidade Católica Americana, acreditam que o fenómeno foi causado pela queda de um pedaço de antimatéria, daí a inexistência de cratera ou de fragmentos. O “único” problema desta teoria é a falta de prova científica da existência de antimatéria. Oura das teorias que se tornaram populares nos últimos anos, foi a proposta por A. A. Jackson e Michael Ryan Jr. da Universidade do Texas, que estão convencidos que naquela manhã a Sibéria foi atingida por um minúsculo buraco negro. Esta teoria tem o mesmo problema da anterior, carece de prova científica convincente, da existência de buracos negros. Talvez o mais surpreendente nos relatos (que Kulik recolheu) de algumas das mais de 900 testemunhas oculares registadas, seja a afirmação de que o objecto de grande luminosidade, semelhante a uma esfera de fogo, mudou de direcção durante o voo, primeiro sobre a localidade de Keshma, depois ao sobrevoar Preobrashenska, antes de desaparecer numa violenta explosão, no céu de Vanavaara, que ficou completamente coberto de fumo. A serem verídicos estes relatos, todas as hipóteses relacionadas com a queda “livre” de objectos celestes ficariam afastadas. Estranha coincidência (ou não, depende da vontade especulativa de cada um), a essa hora (ainda noite do dia 29 de Junho) em Nova Iorque, Nikola Tesla testava a sua nova invenção, o “Raio da Morte”. Passaram cem anos e a ciência não conseguiu ou não quis apresentar uma explicação coerente para um dos acontecimentos mais insólitos (e felizmente não o mais trágico porque por sorte ocorreu num local quase desabitado) da história recente da humanidade. O único dado que (a mim me) parece adquirido é que naquela solarenga manhã de 30 de Junho de 1908, radiação electromagnética de elevadíssima energia estigmatizou o coração da floresta siberiana.
Apache, Julho de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O fenómeno da Tunguska fez 100 anos (2)

(continuação...)
Apesar da violenta explosão que às 7 horas, 17 minutos e 11 segundos (hora local, sete horas menos no Tempo Universal) daquela manhã de 30 de Junho de 1908, junto ao Rio Tunguska, cuja potência foi posteriormente estimada em mil (a duas mil) vezes a da bomba atómica lançada (quase 4 décadas depois) em Hiroxima (equivalente a 15 a 40 megatonelada de TNT) e, da enorme onda electromagnética que deixou um rasto de destruição pelas infindáveis terras montanhosas do coração da Sibéria, à época, apesar das notícias continuadas dos jornais das metrópoles, na Rússia em particular, mas também em toda a Europa, o fenómeno passou quase despercebido à larga maioria da população. Talvez devido ao isolamento da região, ou à era feudal que a Rússia ainda vivia, ou ainda aos anos conturbados que se seguiram, com a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Bolchevique, o certo é que a primeira expedição científica, liderada pelo mineralogista Leonid Kulik (são da sua equipa as fotos deste e do “post” abaixo) só foi enviada ao local em 1921. Quando Kulik chegou ao local deparou-se com um cenário insólito, nunca antes visto. Num raio de 50 km a partir de um ponto central, todas as árvores estavam derrubadas e apontavam para fora do alegado circulo. Digo alegado, porque imagens aéreas da expedição seguinte mostraram que não se tratava de um círculo, as árvores derrubadas desenhavam no solo a forma de uma borboleta, apontando todas elas, do centro para o exterior. Em redor desta zona (central) estendendo-se por 215 mil hectares, tudo havia sido incinerado, não se vislumbrando o menor sinal de vida. A zona onde viviam Semenov e Luchektan ficava a mais de 60 km do centro da ocorrência. Kulik foi o primeiro a propor uma explicação para o fenómeno, a queda de um meteoro. Curiosamente, apesar de nunca ter sido encontrado qualquer vestígio do (suposto) meteoro e, de oficialmente nenhuma cratera de impacto ter sido encontrada, esta é, ainda hoje, a hipótese com mais adeptos na comunidade científica internacional. Kulik apontou a hipótese de o meteoro ter explodido a 5 ou 6 km de altitude, antes de atingir o solo, mas cientista italianos da Universidade de Bolonha, que se deslocaram ao local no ano passado, dizem-se convencidos de que a cratera de impacto é o Lago Cheko que não existia antes do evento e deverá ter no seu fundo pedaços de ferro ou rocha do meteoro. Apesar da demora de 13 anos na chegada da primeira expedição, inúmeras outras se seguiram até aos nossos dias (excepção apenas para o período da Segunda Guerra Mundial), tendo chegado às mais variadas teorias para a explicação do fenómeno. A versão oficial Russa (da Academia de Ciências), repetida uma vez mais, este ano, aquando das comemorações do centésimo aniversário do acontecimento, é a de que se tratou de um pequeno cometa (objecto celeste constituído essencialmente por gelo e poeira) que ao contactar com a atmosfera terrestre se incendiou (devido ao atrito com o ar) tendo derretido por completo antes de atingir o solo. De acordo a versão oficial, o lago Cheko com 50 m de profundidade, fica 8 km a noroeste do epicentro. (continua…)
Apache, Julho de 2008

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O fenómeno da Tunguska fez 100 anos

O agricultor Semenov tinha o hábito de se levantar de madrugada adiantando as primeiras tarefas na quinta, antes de observar diariamente o nascer do Sol. Naquela manhã de 30 de Junho de 1908, dezassete minutos depois das sete horas, Semenov olhava estupefacto para o céu. Não havia um mas sim dois sóis no horizonte. Um deles, de tom azulado, rasgava o céu a uma velocidade astronómica em direcção a Semenov que não conseguia esboçar reacção. Antes que a fantasmagórica bola de fogo o atingisse, um fortíssimo vento quente elevou-o do solo e fê-lo voar uma centena de metros. Ao estatelar-se no solo desmaiou. Quando voltou a si, atordoado, olhou em volta o cenário dantesco que o rodeava. A sua roupa rasgada e chamuscada queimava-lhe a pele, a casa onde morava pura e simplesmente desaparecera, todas as árvores que o seu olhar alcançava estavam derrubadas ou tinham perdido os seus ramos. Centenas de cabeças de gado do vaqueiro Luchektan a cerca de 2 km de si tinham sido assadas e jaziam pela estepe, algumas trespassadas pelos ramos da vegetação. Alguns riachos e pequenos lagos da região secaram instantaneamente. Dois mil quilómetros quadrados de floresta (mais de 80 milhões de árvores) foram arrasados. A 750 km dali passava o comboio transiberiano. O maquinista relatou que sentiu um vento forte e muito quente, enquanto os vidros das janelas estilhaçavam e as cortinas eram arrancadas. Assustados, muitos dos passageiros gritavam, mas os seus gritos foram rapidamente abafados por um trovão como nunca se tinha ouvido. Quando olhou para os carris, reparou que estes ondulavam à sua frente, enquanto o comboio se sacudia. Aterrorizado, puxou o travão de emergência debruçou-se sobre os joelhos e rezou. A 4 mil quilómetros do local, a estação meteorológica de São Petersburgo registou um abalo sísmico de média intensidade e uma enorme perturbação do campo magnético terrestre. Um dos funcionários da estação afirma que as agulhas das bússolas rodavam como moinhos ao vento. A oito mil quilómetros dali, em Londres, os sismógrafos registavam um abalo sísmico de fraca intensidade. Mas durante semanas, a qualquer hora da noite e sem luz artificial, era possível ler o jornal. (continua…)
Apache, Julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Aparências…

«Olá, apesar do fato, eu sou Richard Feynman. Normalmente dou as conferências em mangas de camisa, mas, quando saí de casa esta manhã, a minha mulher disse-me: "Devias usar um fato." Eu respondi-lhe: Mas dou sempre as conferências em mangas de camisa. E ela retorquiu: "Sim, mas desta vez não sabes do que estás a falar; por isso resta-te tentar causar boa impressão..." E vesti o casaco.»
Richard P. Feynman

terça-feira, 1 de julho de 2008

Os “Velhos do Sabor"

A associação ambientalista, Plataforma Sabor Livre interpôs uma providência cautelar tentando impedir a construção da Barragem do Baixo Sabor, porque a Declaração de Impacte Ambiental que autorizava a obra caducou a 15 de Junho. A obra já devia ter sido iniciada, mas foi atrasada (entre outros motivos) por sistemáticos entraves jurídicos colocados pela associação ambientalista. Não querendo tomar a parte pelo todo, há muito Sá Fernandes por esse país fora. - À e tal, termoeléctricas a carvão ou fuel não, que libertam dióxido de carbono e há aquilo do aquecimento global e cada vez que usamos um ou dois neurónios entramos em sobreaquecimento… À e tal, termoeléctricas a energia nuclear não, que libertam radiações e se houver mutação genética ainda ficamos com um palminho de testa... À e tal, hidroeléctricas não, que a malta tem aversão à água desde que a vizinhança começou a pedir para tomarmos banho pelo menos uma vez por ano. Se a estupidez pagasse imposto, certas organizações ambientalistas nem com os chorudos apoios de algumas multinacionais se safavam.
Apache, Julho de 2008

Se a estupidez pagasse imposto...

Na Áustria, um grupo de activistas pediu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para reconhecer o chimpanzé Matthew Pan como pessoa. Será que é desta que (pelo menos juridicamente) se demonstra a fantasiosa teoria de Darwin?!
Apache, Julho de 2008