Há dias ficou-se a saber que dois milhões de portugueses vivem com menos de 10 euros por dia, ou melhor, viviam. É que um tal de José Sousa esclareceu no parlamento que os dados se referiam a 2004. Ficámos então muito mais descansados, de 2004 para cá talvez algum deles já tenha arranjado emprego como jardineiro de um dos vencedores do Euromilhões.
Poucos dias antes, havíamos tido conhecimento dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2008, da Galp, onde a “crise” que se vive no sector petrolífero é bem patente. Recorde-se que o seu presidente, Manuel Ferreira de Oliveira, disse que a subida dos preços do petróleo é uma “realidade preocupante, mas contra a qual nada há a fazer”. A Galp apresentou lucros (líquidos) de 13,86 € por segundo. A crise tem destas coisas. E para terem uma ideia da globalidade da dita "crise", tantas vezes repetida pelos nossos “governantes” e pela comunicação social, fiquem a saber que a Exxon Mobil, apresentou no ano de 2007 lucros jamais alcançados por qualquer outra empresa de 1300 dólares (835,96 €, ao câmbio de 29/05/2008) por segundo (algo semelhante aos lucros da Galp num minuto).
Apache, Maio de 2008
5 comentários:
É extremamente complicado sair desta situação.
A alta finança mundial domina tanto as grandes petrolíferas como os produtores de petróleo. E a última coisa que os preocupa é o bem-estar das pessoas. De forma que só vejo três hipóteses ou qualquer combinação delas:
a) Uma revolução violenta, de baixo para cima, começando, por exemplo, pelos directores e administradores das Galps e por todos os que derem a cara pelos lucros dos petróleos e dos bancos.
b) Uma revolução paradigmática na energia (como foi da passagem do carvão para o petróleo), mas para um tipo de energia infinitamente mais barato e disponível.
c) Uma revolução paradigmática na tecnologia e no consumo. O tele-trabalho pode enviar centenas de milhões para casa evitando o «vai e vem» inútil diário.
Ainda há quem acredite no pinóquio Sousa? Irra que até dói!
Bom domingo
O poder tem de sair das mãos das grandes multinacionais e regressar aos estados. Nos partidos políticos, há que correr com os fantoches e colocar lá homens e mulheres a sério para credibilizar a política. Depois é deixar o povo decidir em consciência. Mas isto custará sangue suor e lágrimas, Diogo.
Quanto à revolução energética, os senhores que governam actualmente não a permitirão. Para evitar a dependência do petróleo e do carvão, há duas coisas fundamentais a fazer: substituir as termoeléctricas a carvão e fuel por centrais nucleares (veja a pressão que os Estados Unidos fazem sobre o Irão por causa disso); e há que substituir o motor de combustão (dos carros particulares) por motores a ar comprimido, ou eléctricos, ou nucleares, e reduzir os autocarros e camiões de transporte, substituindo-os por comboios (preferencialmente de levitação magnética). Mas isto, em larga escala não interessa aos ditos.
O teletrabalho não resolve o problema. Os veículos particulares devem gastar menos de 1% do petróleo que é consumido no mundo.
Bom domingo, Cris.
O teletrabalho resolve em parte o problema. Não é só a deslocação que acaba. A possibilidade de dispersão das pessoas por aglomerados muito mais pequenos permite fazer o aproveitamento de outras formas de energia (eólica, hidráulica, solar, etc.) que a grande cidade não permite.
Não estou tão optimista, Diogo. Os grandes aglomerados urbanos trouxeram sérios problemas de organização das nossas sociedades, mas não são um problema recente. As grandes cidades (à escala da época, obviamente, sempre existiram, por exemplo: Atenas, Cartago, Roma. Não sei se não será uma questão psicológica, um reconhecimento de protecção…
Quanto às energias, a hidráulica já está a ser aproveitada em larga escala há vários anos, veja-se o caso português e pontualmente tem margem para progresso em alguns países.
As outras duas são conhecidas desde a antiguidade.
A energia eólica tem uma produção muito irregular devido à variação da intensidade do vento, não creio que venha a ter importância significativa. Além de extremamente inestéticos, os aerogeradores são muito ruidosos e a sua construção (normalmente em alumínio) é muito dependente dos combustíveis fósseis. Sem avultados subsídios do estado é uma energia muito cara.
A solar, além de necessitar de grandes áreas para a instalação de painéis, a durabilidade destes não vai além de 25 anos e no final ainda ninguém sabe muito bem como os reciclar. Excepto em pequenas utilizações de iluminação de rua ou aquecimento de águas em casas particulares também não tem grandes possibilidades de expansão. É também uma energia muito cara e será ainda mais quando contabilizarem os custos da reciclagem que para já todos fingem ignorar.
Continuo na minha teimosia… Estas energias foram “inventadas” pelo lóbi petrolífero e mineiro para lucrarem uns milhões a curto prazo, mas a médio a moda terá que ser outra.
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