terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

“Aquecimento Global” mascarado a rigor

A propósito dos violentos nevões dos últimos dias na China, o Instituto de Meteorologia português, noticia que a “Neve na China não é alteração climática”.
Hum... O Al Gore não vai gostar desta frase. Vossas Sapiências ainda não perceberam que de acordo com a teoria do Nobilíssimo, alteração climática é tudo o que der jeito para assustar o Zé Povinho?
Vão ouvir outra vez a cassete, se faz favor… Ah, e entretanto, que tal mudar o título da notícia para algo mais consentâneo com a época, do género - Aquecimento Global vai de férias para a neve.
Apache, Fevereiro de 2008

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

“Notas absolutamente íntimas” - Dom Manuel II, Rei de Portugal

1 de Fevereiro de 1908 – O Regicídio
Faz hoje 100 anos que o Rei D. Carlos e o Príncipe Real Luís Filipe foram assassinados no Terreiro do Paço.
A evocação da data fica marcada pelo protagonismo infantil e mimado que o Sr. Ministro da defesa quis chamar a si, ao proibir a participação do Exército nas homenagens. De acordo com o “Sol”,parece que um grupo de alienados que diz que é uma espécie de Partido Político, indignou-se e o Sr. Ministro, que diz que é uma espécie de pau-mandado, disponibilizou-lhe alívio. Os restantes partidos, desta que se diz que é uma espécie de democracia, aplaudiram. Espero que em 2010 quando se comemorarem os 100 anos da implantação da que diz que é uma espécie de República, quem quer que esteja no cargo, a brincar aos ministros, se lembre de proibir o Exercito de participar nas “festividades”, por uma questão de igualdade de direitos.
E porque nestas datas o mais importante é reavivar a nossa memória colectiva, aqui fica um relato dos acontecimentos do século passado, na versão daquele que os viveu mais de perto.
“Notas absolutamente íntimas”
“Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas íntimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi, barbaramente assassinados, o meu querido Pai e o meu querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer franca e claramente e sem estilo tudo o que se passou. Como isto é uma história íntima do meu reinado vou inicia-la pelo horroroso e cruel atentado.
No dia 1 de Fevereiro regressavam Suas Majestades, El-Rei D. Carlos I, a Rainha, senhora D. Amélia e Sua Alteza o Príncipe Real, de Vila Viçosa onde ainda tinham ficado. Eu tinha vindo mais cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. Tinha ido passar dois dias a Vila Viçosa e tinha regressado novamente a Lisboa.
Na capital estava tudo num estado de excitação extraordinária: bem se viu no dia 28 de Janeiro em que houve uma tentativa de revolução, a qual não venceu. Nessa tentativa estava implicada muita gente: foi depois dessa noite de 28, que o Ministro da Justiça Teixeira de Abreu levou a Vila Viçosa o famoso decreto que foi publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência, ter sido rubricado nesse dia de aniversário da revolta do Porto. Meu Pai não tinha nenhuma vontade de voltar para Lisboa. Bem me lembro que se estava para voltar para Lisboa 15 dias antes e que meu Pai quis ficar em Vila Viçosa: Minha Mãe pelo contrário queria forçosamente vir. Recordo-me perfeitamente desta frase que me disse na véspera ou no próprio dia que regressei a Lisboa depois de eu ter estado dois dias em Vila Viçosa. "Só se eu quebrar uma perna é que não volto para Lisboa no dia 1 de Fevereiro. Melhor teria sido que não tivessem voltado porque não tinha eu perdido dois entes tão queridos e não me achava hoje Rei! Enfim, seja feita a Vossa vontade Meu Deus!
Mas voltando ao tal decreto de 31 de Janeiro. Já estavam presas diferentes pessoas políticas importantes. António José de Almeida, republicano e antigo deputado, João Chagas, republicano, João Pinto dos Santos, dissidente e antigo deputado, o Visconde de Ribeira Brava e outros. Este António José de Almeida é um dos mais sérios republicanos e é um convicto, segundo dizem. João Pinto dos Santos é também um dos mais sérios do seu partido. O Visconde de Ribeira Brava não presta para muito e tinha sido preso com as armas na mão no dia 28 de Janeiro. Mas o António José de Almeida e o João Pinto dos Santos não podiam ser julgados senão pela Câmara, como deputados da última Câmara. Ora creio que a intenção do Governo era mandar alguns para Timor tirando assim por um decreto ditatorial, um dos mais importantes direitos dos deputados. O Conselheiro José Maria de Alpoim par do Reino e chefe do partido dissidente tinha tido a sua casa cercada pela polícia mas depois tinha fugido para Espanha. Um outro dissidente também tinha fugido para Espanha e lá andou disfarçado. Outro que tinha sido preso foi o Afonso Costa: este é do pior que existe não só em Portugal mas em todo mundo; é medroso e covarde mas inteligente e, para chegar aos seus fins, qualquer pouca vergonha lhe é indiferente. Mas isto tudo é apenas para entrar depois mais detalhadamente na história íntima do meu reinado.
Como disse mais atrás eu estava em Lisboa quando foi o 28 de Janeiro; houve uma pessoa minha amiga (que se não me engano foi o meu professor Abel Fontoura da Costa) que disse a um dos Ministros que eu gostava de saber um pouco sobre o que se passava, o porquê de isto estar num tal estado de excitação. O João Franco escreveu-me então uma carta que eu tenho a maior pena de ter rasgado, porque nessa carta dizia-me que tudo estava sossegado e que não havia nada a recear! Que cegueira!
Mas passemos agora ao fatal dia 1 de Fevereiro de 1908 sábado. De manhã tinha eu recebido o Marquês Leitão e o King. Almocei tranquilamente com o Visconde de Asseca e o Kerausch. Depois do almoço estive a tocar piano, muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez "Tristão e Ysolda" de Wagner em S. Carlos. Na véspera tinha estado tocando a 4 mãos com o meu querido mestre Alexandre Rey Colaço o Séptuor de Beethoven, que era, e é uma das obras que mais aprecio deste génio musical. Depois do almoço, à hora habitual, quer dizer às 13:15 comecei a minha lição com o Fontoura da Costa, porque ele tinha trocado as horas da lição com o Padre Fiadeiro. A hora do Fontoura era às 17:30. Acabei com o Fontoura às 15 horas e pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa Branca, que não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. Vendo que nada tinha acontecido, dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como se pode calcular o que havia de acontecer. Agora pergunto-me eu, aquele descarrilamento foi um simples acaso? Ou foi premeditado para que houvesse um atraso e se chegasse mais tarde? Não sei. Hoje fiquei em dúvida.
Depois do horror que se passou fica-se a duvidar de muita coisa. Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num landau, com o Visconde de Asseca, em direcção ao Terreiro do Paço, para esperarmos Suas Majestades e Alteza. Fomos pela Pampulha, Janelas Verdes, Aterro e Rua do Arsenal. Chegámos ao Terreiro do Paço. Na estação estava muita gente da corte e outros sem ser. Conversei primeiro com o Ministro da Guerra, Vasconcelos Porto, talvez o Ministro de quem eu mais gostava no Ministério do João Franco. Disse-me que tudo estava bem. Esperámos muito tempo; finalmente chegou o barco em que vinham os meus Pais e o meu Irmão. Abracei-os e viemos seguindo até a porta onde entramos para a carruagem, os quatro. No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pai. O meu chorado Irmão diante do meu Pai e eu diante da minha mãe. Sobretudo o que agora vou escrever é que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz! Ninguém neste mundo pode calcular, não, sonhar sequer o que foi. Creio que só a minha pobre e adorada Mãe e Eu podemos saber bem o que isto é! Vou agora contar o que se passou naquela histórica Praça.
Saímos da estação bastante devagar. Minha Mãe vinha-me a contar como se tinha passado o descarrilamento na Casa Branca quando se ouviu o primeiro tiro no Terreiro do Paço: era sem dúvida um sinal: sinal para começar aquela monstruosidade infame, porque pode-se dizer e digo que foi o sinal para começar a batida. Foi a mesma coisa que se faz numa batida às feras: sabe-se que têm de passar por caminho certo: quando entram nesse caminho dá-se o sinal e começa o fogo! Infames! Eu estava a olhar para o lado da estátua de D. José e vi um homem de barba preta, com um grande "gabão". Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Eu estava tão longe de pensar num horror destes que disse para mim mesmo, sabendo o estado exaltação em que isto tudo estava "que má brincadeira". O homem saiu do passeio e veio pôr-se atrás da carruagem e começou a fazer fogo.
Faço aqui um pequeno desenho para me ajudar.1)Estátua de D. José;
2) Sítio onde estava o Buíça o homem das barbas;
3) Lugar onde ele começou a fazer fogo; 4) Sítio aproximadamente onde devia estar a carruagem Real quando o homem começou a fazer fogo;
5) Portão do Arsenal;
6) Praça do Pelourinho;
7) Sítio aproximadamente donde saiu o tal Costa que matou o meu Pai.
Quando vi o tal homem das barbas que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem, percebi bem, infelizmente o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou só Deus, a minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado Irmão presenciou poucos segundos porque instantes depois também era varado pelas balas. Que saudades meu Deus! Dai-me a força Senhor para levar esta Cruz, bem pesada, ao Calvário! Só vós, Meu Deus sabeis o que tenho sofrido!
Logo depois do Buíça ter feito fogo (que eu não sei se acertou) começou uma perfeita fuzilada, como numa batida às feras! Aquele Terreiro do Paço estava deserto, sem nenhuma providência! Isso é que me custa mais a perdoar ao João Franco. Se durante o seu ministério cometeu erros, isso para mim é menos. Tenho a certeza que a sua intenção era muito boa; os meios é que foram maus, péssimos, pois acabou da maneira mais atroz que jamais se poderia imaginar. Quando se lhe dizia que isto ia mal, que havia anarquistas no nosso País, ele não acreditou. O primeiro sintoma que eu me lembro foi a explosão daquelas bombas na Rua de Santo António à Estrela. Recordo-me perfeitamente a impressão que me fez quando soube! Foi no Verão, estávamos então na Pena. Quem diria o que havia de acontecer 6 ou 8 meses depois! Mas voltando novamente ao pavoroso atentado.
Sei de um dos comandantes da polícia, o Coronel Correia, que estava muito inquieto e o João Franco não acreditava que pudesse ter lugar qualquer coisa desagradável, quanto menos um horror destes, e infelizmente não estavam tomadas providências nenhumas.
Imediatamente depois do Buíça começar a fazer fogo saiu de debaixo da Arcada do Ministério um outro homem que disparou uns poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu Pai; uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, que O matou instantaneamente. Que infames! para completarem a sua atroz malvadez e sua medonha covardia fizeram fogo pelas costas. Depois disto não me lembro quase do resto: foi tão rápido! Lembro-me perfeitamente de ver a minha adorada e heróica Mãe de pé na carruagem com um ramo de flores na mão, gritando àqueles malvados animais, porque aqueles não são gente «infames, infames».
A confusão era enorme. Lembro-me também e isso nunca poderei esquecer, quando na esquina do Terreiro do Paço para a Rua do Arsenal, vi o meu Irmão em pé dentro da carruagem com uma pistola na mão. Só digo d'Ele o que o Cónego Aires Pacheco disse nas exéquias nos Jerónimos: «Morreu como um herói ao lado do seu Rei»! Não há para mim frase mais bela e que exprima melhor todo o sentimento que possa ter.
Meu Deus que horror! Quando penso nesta tremenda desgraça, ainda me parece um pesadelo! Quando de repente já na Rua do Arsenal olhei para o meu queridíssimo Irmão vi-o caído para o lado direito com uma ferida enorme na face esquerda de onde o sangue jorrava como de uma fonte! Tirei um lenço da algibeira para ver se lhe estancava o sangue: mas que podia eu fazer? O lenço ficou logo como uma esponja.
No meio daquela enorme confusão estava-se em dúvida para onde devia ir a carruagem: pensou-se no hospital da Estrela, mas achou-se melhor o Arsenal. Eu também, já na Rua do Arsenal fui ferido num braço por uma bala. Faz o efeito de uma pancada e um pouco uma chicotada: foi na parte superior do braço direito.
Agora que penso ainda neste pavoroso dia e no medonho atentado, parece-me e tenho quase a certeza (não quero afirmar porque nestes momentos angustiosos perde-se a noção das coisas) que eu escapei por ter feito um movimento instintivo para o lado esquerdo.
Na segunda carruagem vinham os Condes de Figueiró e o Marquês de Alvito e na terceira o Visconde de Asseca, o Vice-Almirante Guilherme A. de Brito Capelo e o Major António Waddington. Quando vínhamos a entrar o portão do Arsenal a Condessa de Figueiró entrou também na nossa carruagem e lembra-me que o Visconde de Asseca e o Conde de Figueiró vinham ao lado da carruagem. Dentro do Arsenal saí da carruagem primeiro e depois saiu a minha adorada Mãe. Foi verdadeiramente um milagre termos escapado: Deus quis poupar-nos! Dou Graças a Deus de me ter deixado a minha Mãe que eu tanto adoro. Sempre foi a pessoa que eu mais gostei neste mundo e no meio destes horrores todos dou e darei sempre graças a Deus de A ter conservado!
Quando a Minha adorada Mãe saiu da carruagem foi direita ao João Franco que ali estava e disse-lhe, ou antes, gritou-lhe com uma voz que fazia medo «Mataram El-Rei: Mataram o meu Filho». A minha pobre Mãe parecia doida. E na verdade não era para menos: Eu também não sei como não endoideci. O que então se passou naquelas horas no Arsenal ninguém pode sonhar! A primeira coisa foi que perdi completamente a noção do tempo. Agarrei a minha pobre e tão querida Mãe por um braço e não larguei e disse à Condessa de Figueiró para não a deixar.
Contudo ia entrando muita gente da Casa, diplomatas, ministros e mesmo ministros de Estado honorários.
Estava-se ainda na dúvida (infelizmente de pouca duração se ainda viviam os dois entes tão queridos! Estavam lá muitos médicos entre outros o Dr. Bossa (que me parece foi o primeiro a chegar) o Dr. Moreira Júnior e o Dr. D. António Lencastre. Contou-me depois (já alguns dias depois) o Dr. Bossa que logo que chegou acendeu um fósforo e ainda as pupilas se retraíram. Quando porém repetiu a experiência nem mesmo esse pequeno sinal de vida lhe restava. Descansa em paz no sono Eterno e que Deus tenha a Tua Alma na sua Santa Guarda!
De meu Pai e mesmo de meu Irmão não tinha grandes esperanças que pudessem escapar. As feridas eram tão horrorosas que me parecia impossível que se salvassem. Como disse, já lá estava o Ministério todo menos o Ministro da Fazenda Martins de Carvalho.
Isso é que nunca poderei esquecer; é que fazendo parte do Ministério do meu querido Pai, quando foi assassinado não foi ao Arsenal! Diz-se (não o quero afirmar) que fugiu para as águas-furtadas do Ministério da Fazenda e ali fechou a porta à chave! Seja como for, faz agora seis meses que Meu Pai e Meu Irmão, de chorada memória, foram assassinados e nunca mais aqui pôs os pés! Acho isso absolutamente extraordinário!... Para não dizer mais.
Preveniu-se para o Paço da Ajuda a minha pobre Avó para vir para o Arsenal. Eu não estava quando Ela chegou. Estavam-me a tratar o braço na sala do Inspector do Arsenal.
Quando a Avó chegou foi direita à minha Mãe e disse-lhe «On a tué mon fils!» e a minha Mãe respondeu-lhe: «Et le mien aussi!» Meu Deus dai-me força. Mas antes disto houve diferentes coisas que quero contar.
A minha pobre e adorada Mãe andava comigo pelo Arsenal de um lado para o outro com diferentes pessoas: Conde de Sabugosa, Condes de Figueiró, Condes de Galveias e outros, falando sempre num estado de excitação indescritível mas fácil de compreender. De repente caiu no chão! Só Deus e eu sabemos o susto que eu tive! Depois do que tinha acontecido veio aquela reacção e eu nem quero dizer o que primeiro me passou pela cabeça.
Depois vi bem o que era: o choque pavoroso fazia o seu efeito! Minha Mãe levantou-se quase envergonhada de ter caído. É um verdadeiro herói. Quem dera a muitos homens terem a décima parte da coragem que a minha Mãe tem.
Tem sido uma verdadeira mártir! O que eu rogo a Deus, sempre e a cada instante, é para A conservar!
Pouco tempo depois de termos chegado ao Arsenal veio ainda o major Waddington dizendo que os Queridos Entes ainda estavam vivos; mas infelizmente pouco tempo depois voltou chorando muito. Perguntei-lhe «Então?» Não me respondeu. Disse-lhe que tinha força para ouvir tudo. Respondeu-me então que já ambos tinham falecido! Dai-lhes Senhor o Eterno descanso e brilhe sobre Eles a Vossa Luz Eterna. Ámen!
Pouco depois vi passar João Franco com o Aires de Ornelas (Ministro da Marinha) e talvez (disso não me lembro ao certo) com o Vasconcelos Porto, Ministro da Guerra, dirigindo-se para a Sala da Balança para telefonarem a pedir que se tomassem todas as previdências necessárias. Isto são cenas, que viva eu cem anos, ficarão gravadas no meu coração. Agora já era noite o que ainda tornava tudo mais horroroso e sinistro: estava já, então, muita gente no Arsenal, e começou-se a pensar no regresso para o Paço das Necessidades. No presente momento em que estou a escrever estas linhas estou a repassar com horror, tudo no meu pensamento! Entrámos então para o landau fechado, a minha Avó, a minha Mãe, o Conde de Sabugosa e eu. Saímos do Arsenal pelo portão que deita para o Cais do Sodré onde estava um esquadrão da Guarda Municipal comandado pelo Tenente Paul: Na almofada ia o Coronel Alfredo de Albuquerque: à saída entregaram ao Conde de Sabugosa um revólver; a minha Avó também queria um.
Viemos então a toda brida para o Paço das Necessidades. À entrada esperavam-nos a Duquesa de Palmela, a Marquesa do Faial, a Condessa de Sabugosa, o Dr. Th. de Mello Breyner, o Conde de Tattenbach, o Ministro da Alemanha e a Condessa, e muitos criados da casa. Foi uma cena horrorosa! Todos choravam aflitivamente. Subimos muito vagarosamente a escada no meio dos prantos e choros de todos os presentes.
Acompanhei a minha adorada Mãe até ao seu quarto e deixei a minha Avó na sala.”
Dom Manuel II, Rei de Portugal, Lisboa, 1908
Dois dos autores materiais do crime foram abatidos no local. Os restantes cúmplices (cerca de dezoito) e os organizadores do hediondo acto ficaram impunes. O caso nunca chegou a tribunal. Assim se vai escrevendo a história da "democracia" à portuguesa.
Apache, Fevereiro de 2008

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Lá como cá…

Sócrates esteve recentemente em Espanha, com Zapatero, a quem teceu rasgados elogios e disse aos jornalistas que se não fosse o Primeiro-Ministro de Portugal gostava de participar na campanha do PSOE.
Será que Sócrates se prepara para em 2009 destapar de novo o pote das promessas e se necessário for, comprar o voto dos portugueses? Quanto valerá?
Uma coisa parece certa, lá como cá, a falta de vergonha aparenta não conhecer limites.
Apache, Janeiro de 2008

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Olé…

A certa altura da entrevista concedida à “Antena 1”, António Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, disse que “há uma criminalidade em Portugal, da mais nociva para o Estado e para a sociedade, que anda aí impunemente. Muitos exibem os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há formas de lhes tocar. Alguns até ocupam cargos relevantes no Estado Português.”
Instado a apresentar exemplos, afirmou que “ há membros do Governo que fazem negócios com empresas privadas e depois quando saem vão para administradores dessas empresas”. Concluindo a ideia dizendo que se esbanjam “milhões de euros em pagamentos de serviços cuja utilidade é duvidosa e depois não há dinheiro para necessidades básicas.”
Com afirmações deste tipo, que muito boa gente gostaria de fazer, mas nenhum notável tinha arranjado coragem para tal, Marinho Pinto voluntaria-se para ser o homem da cara. Pergunto, teremos pega ou a tourada vai continuar como até aqui?
Apache, Janeiro de 2008

domingo, 27 de janeiro de 2008

Carroceiros

Na noite da passada sexta-feira (dia 25) foram publicadas no sítio da DGRHE (Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação, as famigeradas grelhas onde serão registadas as avaliações dos docentes. Na elaboração destas grelhas, ao contrário do prescrito na lei, não foram ouvidos os sindicatos representativos da classe. Outro dos agentes que teria obrigatoriamente que emitir parecer, o Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, órgão colegial, composto por 21 elementos, ainda não foi legalmente constituído mas o seu presidente foi nomeado pelo Ministério da Educação. No dia 24, o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Edução, Jorge Pedreira, delegou na Presidente desse órgão (Conceição Castro Ramos), a responsabilidade pela emissão do parecer que nos termos da lei é da responsabilidade do Conselho (passando a ser uma opinião pessoal e não colegial, aliás não poderia ser colegial porque, repito, o órgão em causa não existe ainda). No dia seguinte a dita Presidente emite opinião e à noite o Sr. Secretário de Estado aprova as grelhas, usando papel timbrado não do seu gabinete, mas do gabinete da sua superior hierárquica, a Sr.ª Ministra.
Apache, Janeiro de 2008

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Intemporal ou profético?

“Este governo não cairá porque não é um edifício, sairá com benzina porque é uma nódoa.”
Eça de Queiroz em “O Conde de Abranhos”

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Até a notícia cheira mal

Faz hoje (quarta-feira) precisamente uma semana, que os noticiários, da tarde nas rádios, e da noite nas televisões, abriram com a notícia de um acentuado cheiro a gás na cidade de Lisboa, mais concretamente, na zona envolvente à Cidade Universitária, Avenida das Forças Armadas e Avenida 5 de Outubro. No dia seguinte, o Batalhão de Sapadores Bombeiros e a Agencia Portuguesa de Ambiente tranquilizavam os habitantes. A RTP escrevia assim a notícia… «O Regimento de Sapadores Bombeiros assegurou hoje a inexistência de vestígios de explosividade no produto que esta quarta-feira causou um intenso cheiro a gás em vários pontos de Lisboa. De acordo com a mesma fonte, "foram realizadas medições na rede colectora" e procedeu-se à "recolha de amostras para análise do ar pela Agência Portuguesa de Ambiente", não tendo sido detectados "vestígios de explosividade".» Citava depois o documento da Agencia Portuguesa de Ambiente… «O produto analisado pertence a uma classe de compostos que contém enxofre na sua composição molecular não sendo potencialmente perigoso.» No dia seguinte (18 de Janeiro, dois dias depois do acontecimento), o “Correio da Manhã” acrescentava… «O cheiro a gás que anteontem levou à evacuação de pelo menos nove edifícios e ao encerramento de duas estações de metro no centro de Lisboa foi provocado por uma funcionária de limpeza da Faculdade de Farmácia de Lisboa. A funcionária deparou-se com um frasco de um reagente – um composto de enxofre e hidrogénio denominado Tiol – que tinha uma fissura. Apesar de o frasco estar guardado numa câmara frigorífica dentro do laboratório, a senhora sentiu o cheiro a enxofre e resolveu, por sua iniciativa – segundo explicou o Presidente do Conselho Directivo, José Morais, em declarações à RTP – despejar o produto químico no terreno contíguo à faculdade. Segundo José Morais, a referida funcionária “não avisou ninguém porque os responsáveis da faculdade estavam em reunião e ela não os quis incomodar. O professor garante que as autoridades foram avisadas ainda durante a noite de quarta-feira e assegura que se trata de uma situação “inédita” na instituição. O frasco que continha o produto químico acabou por ser encontrado por um funcionário da Galp Energia e foi levado pela Polícia Judiciária para ser analisado. Ontem de manhã, ainda se sentia um forte cheiro a enxofre na zona e três funcionárias do ISCTE – situado a poucos metros da Faculdade de Farmácia – tiveram de receber assistência médica por se terem sentido mal. Uma das funcionárias foi mesmo hospitalizada por sofrer de problemas respiratórios.» Comentário… Os jornalistas não têm de perceber de Química, (ou de qualquer outra ciência) no entanto, para que uma notícia seja correctamente transmitida, sempre que não se têm conhecimentos do assunto, deverão ser ouvidos os peritos que estiverem disponíveis. Parece ter sido o que fez a RTP. Mas, pasme-se, os alegados peritos, ou o eram apenas virtualmente, ou, seguindo a doutrina do “diz que é uma espécie de engenheiro”, mentiram ou no mínimo, omitiram descaradamente. Ponto um - O que significa “um forte cheiro a enxofre”? O enxofre elementar (entenda-se, não ligado a outros átomos) é um pó amarelo, sem cheiro, usado na agricultura para matar certas pragas que atacam as culturas, nomeadamente a vinha e o tomate. Ponto dois – O “porta-voz” da Agência Portuguesa de Ambiente, afirmou que “o produto analisado pertence a uma classe de compostos que contém enxofre na sua composição molecular não sendo potencialmente perigoso.” Se analisaram o produto, pelos vistos fizeram-no, pois afirmaram ser uma molécula contendo átomos de enxofre, coloca-se a pergunta: Qual era? O Presidente do Conselho Executivo da Faculdade de Farmácia, José Morais, disse que se tratava de “um composto de enxofre e hidrogénio denominado Tiol”. Mas tiol é o nome de uma família de compostos orgânicos contendo o grupo SH (S de enxofre e H de hidrogénio) e não o nome de um único, repete-se portanto a pergunta, qual era o composto? Ponto três – A ser verdadeira (e tudo indica que sim), a versão popular do forte cheiro a gás e considerando as “meias informações” dos técnicos, penso que se tratava de Etanotiol (CH3CH2SH), composto que se adiciona em pequenas quantidades ao gás de cidade (mistura de propano e butano) para lhe dar cheiro e assim se poderem detectar facilmente quaisquer fugas. Quando puro, como parece ser o caso, é um composto muito volátil (cujo ponto de ebulição ronda os 35 ºC), de odor extremamente desagradável, muito inflamável e tóxico por inalação (daí a possível hospitalização de uma das funcionárias). Ponto quatro – Vários órgãos de comunicação social falaram de um frasco com 100 ml (200 ml, segundo outras fontes). Pela área afectada, se se tratava de Etanotiol, terão sido derramados na via pública, alguns litros (e não centilitros) do composto. Como é possível que alguém tenha pegado em tal quantidade de uma substância destas e decidido derramá-la num terreno baldio, sem ordens expressas de um superior, se nos rótulos dos frascos deste produto são bem visíveis os símbolos, e indicações, “Muito Inflamável”, “Tóxico” e “Nocivo para o Ambiente”, e qualquer funcionário de uma faculdade como esta, tem formação mais que suficiente para ler e interpretar estes rótulos? Em resumo, passou uma semana sobre o caso, não acham que já é tempo de nos informarem sobre o que realmente se passou?
Apache, Janeiro de 2007

domingo, 20 de janeiro de 2008

As “Novas Oportunidades” da classe indecente

Segundo noticiou o “Expresso” de ontem, os professores do Ensino Básico e Secundário foram a segunda classe profissional mais prejudicada (logo a seguir aos diplomatas) nas actualizações anuais de vencimentos. Desde 2000 (inclusive), os docentes têm visto os seus vencimentos actualizados sempre abaixo da taxa de inflação, tendo nestes oito anos, perdido 12% do poder de compra.
Na realidade, a questão é muito mais grave. Só nos últimos anos (com a actual equipa ministerial), a carreira sofreu alterações profundas, resultando todas elas em significativo prejuízo económico, perda de direitos sociais e desprestígio da classe, junto da opinião pública. Por exemplo: entre Agosto de 2005 e Dezembro de 2007, o tempo de serviço não contou para a progressão na carreira; o número de anos de permanência em cada escalão foi aumentado; Os três escalões mais altos (da carreira), foram vedados a (pelo menos) dois terços dos docentes, mesmo que na sua avaliação de desempenho, este seja classificado como positivo; deixou de ser possível faltar para acompanhar ao médico, filhos menores; a formação profissional obrigatória passou a ter de ser realizada aos fins-de-semana, nas interrupções lectivas do Natal ou da Páscoa, ou nas férias; a idade da reforma passou para os 65 anos (numa profissão de elevado desgaste) independentemente do número de anos de serviço… E isto são só alguns exemplos, pois para descrever fielmente a nova realidade, muitas páginas de texto seriam necessárias.
Um professor que tenha iniciado a carreira à 10 ou 15 anos atrás, chegará (com as novas regras) à idade da reforma, tendo recebido entre 50 a 60 mil euros a menos ao longo da carreira.
Entretanto milhares de escolas do interior foram encerradas nos últimos anos, e milhares de outras continuam profundamente degradadas; as turmas permanecem enormes (algumas com 30 alunos); os professores do ensino especial, colocados, são cada vez menos; os manuais escolares estão cada vez mais politizados e com menor qualidade científica; os certificados de habilitações certificam cada vez menos conhecimentos e competências; e o Ministério produz cada vez mais legislação sem avaliar correctamente as suas consequências, à velocidade vertiginosa da diarreia mental dos seus mais altos dirigentes.
Quando comparado com tamanha destruição da dignidade dos docentes, ganhar hoje, 12% menos que em 2008, é um pormenor quase irrelevante.
No Ensino Superior, agora com ministério próprio, mas rumo idêntico, assinou-se Bolonha para se inflacionarem diplomas que certificam (também) cada vez menos, cortaram-se verbas ao financiamento das universidades, que o défice (mental dos nossos governantes) assim o exige e mantêm-se milhares de docentes (quase todos doutorados, dos tempos em que havia Doutores e não Bolonheses) com contratos a prazo, em trabalho pouco menos que escravo.
Enquanto isto, os Sindicatos representativos do sector, fazem greves de um dia, múltiplas vigílias, penduram muitas faixas nos estabelecimentos de ensino, distribuem autocolantes e panfletos (sobretudo à frente dos operadores de câmara das televisões) e fazem circular na Net variadas petições.
A maioria dos docentes opta por fingir que nada se passa e qual cachorro obediente e cobarde insiste em lamber as mãos nojentas de um dono sádico e maquiavélico.
É o circo das “Novas Oportunidades” e do "Choque Tecnológico", no mundo do faz de conta, que já levaram a altos cargos, arqueólogos iletrados, que encontraram diplomas em escavações efectuadas em pacotes de cereais, como António Nunes, Armando Vara ou José Sócrates.
Apache, Janeiro de 2008

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

2º Aniversário do Último dos Moicanos

Em jeito de comemoração dos dois anos do blogue, que hoje se completam, repito uma publicação de 2006 na sequência de um comentário ao poema “Respiro o teu corpo” de Eugénio de Andrade.

Sabe à água da fonte, sabe à luz do luar... Sabe às flores do monte, sabe às ondas do mar!

Sabe ao sol de Inverno, sabe à terra quente... Sabe ao toque terno, sabe ao desejo ardente!

Sabe a tudo e sabe a nada, sabe a sim e sabe a não... Sabe a paixão alada, a pecado e a perdão!
Sabe a cais e a porto-de-abrigo, sabe a ter e a mais querer... Sabe ao que penso e ao que digo, mais ao que eu não sei dizer!
Respiro o teu corpo, bebo o teu olhar... Acendo o teu fogo, conjugo o verbo amar!...
Apache, Abril de 2006

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Global Warming Challenge

Uma organização de cientistas está a promover, através do seu sítio na internet e de um vídeo no YouTube, um concurso cujo prémio ascende a 150 000 dólares. O desafio, intitulado “The Ultimate Global Warming Challenge” iniciou-se no passado dia 7 de Agosto de 2007 e termina a 1 de Dezembro de 2008. Tudo o que têm a fazer para poderem ganhar o prémio (mais de 100 mil euros) é demonstrar a tese defendida por Al Gore e publicitada pela comunicação social, de que as emissões humanas de gases com efeito de estufa estão a causar um aquecimento global perigoso, sem cometerem erros científicos grosseiros. De acordo com as regras do concurso, o trabalho a apresentar terá de focar dois pontos essenciais: 1- Demonstrar que as emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa estão a causar ou prevê-se que venham a causar um aumento das temperaturas da superfície terrestre ou da troposfera, que possa ser minimamente significativo; 2- Demonstrar que são maiores as vantagens que as desvantagens, em termos sociais, económicos, ou ambientais, em reduzir essas emissões. Mãos à obra e não se intimidem com a concorrência, porque nos primeiros 161 dias do concurso, não foi apresentado qualquer trabalho.
Apache, Janeiro de 2008

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os camelos preferem… o deserto, obviamente!

Fonte: ANA [Cliquem na imagem para ampliar]
Ficámos ontem a conhecer a decisão do desgoverno sobre a localização do futuro Aeroporto Internacional de Lisboa, algures “no deserto” (cito o Ministro Mário Lino), entre o Montijo e Benavente.
Considerando as quatro principais hipóteses de actuação nesta questão do novo aeroporto: 1- Construir um aeroporto na Ota. (Um dos piores sítios possíveis para a construção de um aeroporto, por causa dos montes circundantes, dos ventos, da instabilidade e habitual alagamento dos terrenos, que em conjunto, resultavam num custo de construção elevadíssimo.)
2 – Construir um aeroporto no actual Campo de Tiro de Alcochete. (Obra bastante cara, ainda assim, de custo inferior à Ota e com a vantagem da possibilidade de expansão num futuro longínquo).
3 – Construir um pequeno aeroporto, mantendo a Portela em actividade. (Obra mais barata, mas que ainda dava a possibilidade de não contrariar excessivamente a “máfia” do betão que vai sustentando as campanhas eleitorais dos “artistas” e que evitava deslocações de (e para) Lisboa, da maioria dos passageiros, podendo assim evitar-se a redução que agora parece inevitável do número de turistas).
4 – Não construir aeroporto nenhum. (De longe, a melhor opção.)
Tal como tinha referido em publicações anteriores, a Portela está muito longe de estar esgotada. Por exemplo para hoje (11 de Janeiro, sexta-feira), como demonstra a figura acima, estão reservados 481 direitos de aterragem e de descolagem, dos 1248 possíveis, a que corresponde uma ocupação de 38,54%. O aeroporto terá uma ocupação total, apenas, entre as 8 e as 9 horas, estando “às moscas” durante longos períodos do dia. No Verão, época de maior tráfego, a ocupação da Portela pouco ultrapassa os 50% da sua capacidade, contrariamente ao que acontece, por exemplo em Londres. Além disso, ainda à margem para alargamento.
Penso, no entanto, que temos de nos manter optimistas, este governo conseguiu escolher a terceira melhor, de quatro opções possíveis, o que, considerando os espécimes que o constituem, tem de ser encarado de forma positiva. Há que ter esperança no futuro, afinal, tal como disse o Primeiro-ministro, é muito provável que “2008 seja ainda melhor que 2007”. E com uma decisão destas (de em época de crise esbanjar mais de 6 mil milhões de euros), de facto, o ano começa muito bem… para alguns!
Apache, Janeiro de 2007

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Viva a coerência...

Mas viva longe da nossa Redacção - Assinado: Os jornalistas da Lusa
Apache, Janeiro de 2008

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Desonestidade intelectual

Depois de se constatar que 2007 foi o ano mais frio dos últimos dez, o Serviço Meteorológico Britânico, veio dizer que 2008 será ainda mais frio, mas isso "não terá impacto no aquecimento global”, [tradução do nosso Instituto de Meteorologia (IM)]. Obviamente que não. Nada tem impacto no “Aquecimento Global”, algo que (nos moldes em que nos é apresentado) não existe, não pode ser afectado por nada.
É lamentável que a meteorologia britânica tenha feito tais afirmações, produzidas por um qualquer charlatão de serviço, lançando mais uma nódoa sobre a credibilidade da ciência.
É também lamentável, que no seu 'site', o IM não tenha tido a honestidade moral e científica que a sua meteorologista, Vânia Lopes, demonstrou, nos esclarecimentos que prestou à RTP, incluindo as declarações da senhora na sua página, preferencialmente junto da tradução da ridícula notícia difundida pelos ingleses.
De facto, independentemente de se concordar ou não com a antropogenia do “Aquecimento Global” (e a ciência não concorda), dever-se-ia enfatizar uma diferença clara entre ciência e adivinhação. Uma previsão meteorológica a três dias tem cerca de 90% de probabilidade de estar correcta, uma previsão a 10 dias de distância (vulgar, do outro lado do Atlântico), tem cerca de 50% de probabilidade de ocorrência. Uma previsão a 30 dias, não tem credibilidade. Prever (em termos meteorológicos) o que vai acontecer até ao final do ano, que agora começou, é pura adivinhação.
Tenham vergonha!
Apache, Janeiro de 2008

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Os mais corruptos da América

A “Judicial Watch” publicou recentemente a lista dos dez políticos mais corruptos dos Estados Unidos, para 2007.
10º Senador democrata (pelo Nevada) e líder da bancada parlamentar, Harry Reid;
9º Congressista (pela Califórnia) e Porta-voz da Casa Branca, Nancy Pelosi;
8º Senador (pelo Illinois) e candidato democrata à presidência, Barack Obama;
7º Ex-conselheiro do Presidente, conselheiro e Chefe do Pessoal do Vice-presidente, Lewis Libby;
6º Governador do Arkansas e candidato republicano à presidência, Mike Huckabee;
5º Ex-presidente da Câmara de Nova Iorque e candidato republicano à presidência, Rudy Giuliani;
4º Senadora democrata (pela Califórnia), Dianne Feinstein;
3º Senador republicano (pelo Idaho), Larry Craig;
2º Congressista democrata (pelo Michigan), John Conyers Jr.;
1º Senadora (por Nova Iorque) e candidata democrata à presidência, Hillary Clinton.
Nada de novo, aqui, “debaixo” do Sol.
Apache, Janeiro de 2008

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Tempos Modernos


“O maior desafio que a humanidade, actualmente, enfrenta é o de distinguir a realidade da fantasia, a verdade da propaganda. Distinguir o que é verdadeiro foi sempre um desafio para a humanidade, mas na era da informação (ou da desinformação, como eu lhe chamo) isto adquire uma importância e uma urgência muito especiais” 
Michael Crichton (Médico, Antropólogo, Escritor e Produtor de cinema e televisão)
[Tradução minha]

domingo, 30 de dezembro de 2007

Benazir Bhutto sabia (ou falava) demais?

No dia em que apareceu na Net (e consequentemente na comunicação social) um novo vídeo com uma comunicação de Osama Bin Laden, e pouco mais de 48 horas depois do assassinato da líder do PPP (o principal partido da oposição paquistanesa), Benazir Bhutto, faz todo o sentido lembrar a polémica entrevista que ela deu no passado dia 2 de Novembro (poucos dias depois do primeiro atentado que sofreu), ao jornalista David Frost, no seu programa “Frost over the world” da Al Jazeera em língua inglesa (vídeo abaixo).
Destaco a frase de Benazir (aos 6:14), “Omar Sheikh the man who murdered Osama Bin Laden...”.
Penso que se refere a Omar Saeed Sheikh, que ela já havia acusado de estar por trás do rapto e assassinato do repórter do Wall Street Journal, Daniel Pearl. Terá sido um descuido, uma vingança, ou uma mudança de rumo louvável (face ao seu passado de corrupção)? Saberia ela, que a sua morte era uma questão de dias?

Apache, Dezembro de 2007

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Socialistas ou desprezáveis?

Contrariamente ao que tem sido prática corrente nos últimos anos, este ano, as pensões não sofreram as tradicionais actualizações no mês de Dezembro. Segundo informou o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, as actualizações ocorrerão em Janeiro próximo e variarão entre 2,7% (as mínimas, a que corresponde o aumento fabuloso de 6 euros por mês) e 1,9% as máximas; o que constitui um aumento médio de 2%.
Com esta decisão de retardar a actualização das pensões, o governo poupou cerca de 31,4 milhões de euros, para gastar em excentricidades do tipo “Cimeira UE, África” (que custou mais do triplo desta verba) e largas centenas de milhar de pensionistas, que sobrevivem com pensões miseráveis, tiveram um Natal ainda mais degradante, dada a quebra de poder de compra face ao Natal anterior.
Apache, Dezembro de 2007

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal

E se o Natal não fosse um dia? Se em cada mãe houvesse uma Maria, E em cada pai um José… E se nós nos parecêssemos com Jesus de Nazaré?!

Apache, Dezembro de 2007

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O outro lado de Bali

Mais “uma verdade inconveniente”
Carta aberta ao Secretário-geral das Nações Unidas
Com cópia para os Chefes de Estado dos países signatários
Nova Iorque, 13 de Dezembro de 2007
Sua excelência Ban Ki-Moon, Secretário-geral das Nações Unidas
Caro senhor
Assunto: A conferência da ONU sobre alterações climáticas leva o mundo na direcção errada.
Não é possível parar as alterações climáticas, trata-se de um fenómeno natural que tem afectado a humanidade ao longo dos tempos. A história geológica, arqueológica, oral e escrita, atestam dramáticas alterações impostas às civilizações antigas, por imprevistas mudanças de temperatura, precipitação, ventos e outras variáveis climáticas. Consequentemente, precisamos de preparar as nações para melhor resistir no futuro, a todos os tipos de fenómenos naturais, promovendo o crescimento económico e a geração de riqueza.
O IPCC tem insistido em conclusões cada vez mais alarmistas sobre a influência no clima, do dióxido de carbono produzido pelo Homem, um gás não poluente essencial à fotossíntese das plantas. Embora compreendamos o motivo que vos levou a ver as emissões deste gás como perigosas, as conclusões do IPCC estão completamente incorrectas e injustificadas, não devendo conduzir a políticas que reduzam significativamente a prosperidade futura. Não está demonstrado que seja possível alguma alteração significativa no clima global, reduzindo as emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa.
Acima de tudo, reduzir estas emissões abrandará o desenvolvimento das nações e incrementará o sofrimento humano em vez de o diminuir, caso se verifiquem futuras alterações climáticas.
(…)
O resumo preparado pelo IPCC foi elaborado por uma equipa relativamente pequena de redactores e a sua versão final foi aprovada, linha a linha, por representantes dos governos. A grande maioria dos colaboradores e revisores, bem como dezenas de milhar de qualificados cientistas, especialistas no assunto, não foram envolvidos na preparação destes documentos. Os sumários não representam portanto, nenhum consenso entre peritos.
Contrariamente à impressão deixada pelos resumos do IPCC, fenómenos como a retracção de glaciares, o aumento do nível do mar ou a migração de espécies particularmente sensíveis a variações de temperatura, não são evidência de alguma alteração climática anormal, pois nenhuma delas está fora dos limites normais da variabilidade natural.
O aquecimento médio de 0,1 a 0,2 ºC por década, verificado nas últimas duas décadas do século XX cai perfeitamente dentro dos limites de aquecimento e arrefecimento verificados nos últimos 10 mil anos.
Vários cientistas de primeiro plano, incluindo representantes do IPCC, sabem que os modelos computorizados não têm conseguido prever o clima. Assim, apesar das projecções de computador terem previsto um continuado aumento de temperatura, esta não sofreu qualquer aumento global desde 1998. O valor actual das temperaturas está de acordo com os ciclos naturais, tanto de decénios, como de milénios.
(…)
Um balanço entre custos e benefícios, desaconselha quaisquer medidas destinadas a reduzir o consumo energético, visando diminuir as emissões de dióxido de carbono. Além do mais, é irracional aplicar o “princípio da prevenção”, porque muitos cientistas reconhecem que tanto um aquecimento global, como um arrefecimento global, têm igual probabilidade de ocorrência, num futuro a médio prazo.
(…)
Tentar impedir futuras alterações climáticas, além de fútil, constitui um esbanjamento de recursos que podiam ser melhor aplicados em problemas reais da humanidade.
Com os melhores cumprimentos"
[Segue-se uma lista com 100 assinaturas de destacados especialistas mundiais (de 22 diferentes nacionalidades), alguns deles, ex-colaboradores do IPCC]
[Tradução minha]
Apache, Dezembro de 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

“United Kingdom has left behind murder and chaos.”

As palavras são do chefe da polícia de Bassorá, a maior cidade do Sul do Iraque, administrada pelos ingleses desde a invasão.
Em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, afirma…
"They left me militia, they left me gangsters, and they left me all the troubles in the world."
(…)
"I don't think the British meant for this mess to happen. When they disbanded the Iraqi police and military after Saddam fell the people they put in their place were not loyal to the Iraqi government. The British trained and armed these people in the extremist groups and now we are faced with a situation where these police are loyal to their parties not their country."
Acrescenta ainda o jornal britânico…
“Basra has become so lawless that in the last three months 45 women have been killed for being "immoral" because they were not fully covered”.
Acha então, o chefe da polícia, que não houve intencionalidade dos ingleses na criação do actual clima de violência, então para que é que introduziram a Al Qaeda no território? E para que é que treinaram e armaram radicais islâmicos vindos de países do quarto mundo (quando comparados com o Iraque de Saddam), como por exemplo a Arábia Saudita?
Acorde, homem. Benvindo à democracia “de tipo ocidental”, versão “neocolonialista anglo-saxónica”.
Apache, Dezembro de 2007