terça-feira, 26 de agosto de 2008

'Fotojornalistas' na guerra da Geórgia…

Hum… um homem morto, cá está mais um trabalhinho para o Super-Chorão. Mas primeiro, vou trocar de roupa.
Ups, esqueci-me da farda, vai mesmo sem camisa… Está bom assim? Não, pouco realismo?
Agora parece uma tragédia grega? Vocês, jornalistas, são uns chatos, pá… Deste lado não!... É o menos fotogénico…
Agora aparecem-me estas duas melgas, já um homem não pode representar sozinho… Quer dizer, apenas na presença dum morto que transforma uma t-shirt bege num roupão amarelo, e isto, mexendo apenas o braço direito e abrindo ligeiramente as pernas.
Em respeito pelos direitos de autor, convém informar que esta manipulação fotográfica é uma produção e realização da Reuters.
Apache, Agosto de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Acabaram os Jogos Olímpicos, é tempo de balanço. (2)

Os Jogos da Vigésima Nona Olimpíada da Era Moderna, que muitos consideram como os melhores Jogos Olímpicos de sempre, ficaram marcados, do ponto de vista organizacional, pelas espectaculares cerimónias de abertura e de encerramento. Do ponto de vista desportivo, com a participação de 11 128 atletas, em representação de 204 países, o sucesso foi garantido pelos 37 Recordes do Mundo e 77 Recordes Olímpicos, batidos. As 748 medalhas olímpicas foram distribuídas por 81 países, dos quais se destacaram: os Estados Unidos, com 110; a China, com 100 e a Federação Russa com 72. Individualmente, dos mais de 100 atletas com múltiplas subidas ao pódio, os destaques foram para os nadadores dos Estados Unidos: Michael Phelps, que conquistou oito medalhas de ouro e bateu 7 Recordes do Mundo; e Natalie Coughlin, que arrecadou 6 medalhas (1 de ouro, 2 de prata e 3 de bronze). No Atletismo, por muitos considerada a modalidade rainha dos Jogos, sobressaiu o velocista jamaicano, Usain Bolt, que chegou por três vezes ao lugar mais alto do pódio com outros tantos Recordes do Mundo. Entre as poucas coisas que correram menos bem, merecem destaque: do ponto de vista organizacional, o atraso com que as transmissões televisivas (sobretudo no atletismo) exibiam os resultados parciais; e do ponto de vista desportivo (ainda que também organizacional), o facto de não terem sido exibidas publicamente, pelos responsáveis máximos da natação mundial (há semelhança do que há muitos anos se faz no atletismo), as imagens do fotofinish, da polémica final dos 100 metros mariposa, masculinos, onde a cronometragem oficial deu a vitória a Michael Phelps (curiosamente na única prova em que participou onde não bateu o recorde mundial), mas as câmaras de televisão mostraram que o primeiro a chegar foi o sérvio Milorad Cavic. Como não é a primeira vez, em competições deste nível, que são detectados erros na cronometragem electrónica, seria de bom-tom, em nome da verdade desportiva, que fossem exibidas publicamente as imagens que esclarecessem a polémica. Para quem gosta de saber tudo ao pormenor, aqui fica o “site” oficial dos jogos... Encerraram os jogos de Pequim, esperemos por Londres, em 2012. A Trigésima Olimpíada decorrerá de 27 de Julho a 12 de Agosto.
Apache, Agosto de 2008

domingo, 24 de agosto de 2008

Acabaram os Jogos Olímpicos, é tempo de balanço.

Os Portugueses
Portugal apresentou 77 atletas, aos jogos de Pequim. O Comité Olímpico Português tinha como expectativas a obtenção de quatro medalhas. A comunicação social tentou elevar ainda mais as expectativas dos portugueses, como se fosse fácil a obtenção de medalhas olímpicas, no estado actual do desporto português. Para a história da participação portuguesa ficam as medalhas: de ouro, no Triplo Salto, por Nélson Évora; e de prata, no Triatlo, por Vanessa Fernandes. Além da excelente participação de Gustavo Lima, na Classe Laser da Vela, onde obteve o 4º lugar, destaca-se o recorde de Portugal, de Ana Cabecinha, na Marcha, com um honroso 8º lugar. De resto, um ou outro desempenho acima das expectativas, não chegam para disfarçar uma participação que na generalidade roçou a vulgaridade. Porque a qualidade das participações está mais intimamente ligada ao número de praticantes e ao investimento na formação e na educação para o desporto, cabe agora ao Ministério da Presidência, que tutela a Secretaria de Estado do Desporto retirar a cabeça da areia e apresentar um projecto a longo prazo que aposte na formação de mais e, consequentemente melhores atletas. É também o momento certo para o Ministério da Educação repensar o Desporto Escolar e as condições para a prática desportiva nas escolas, além de fomentar uma verdadeira educação para o desporto. Em alternativa, a manterem-se as actuais políticas, talvez seja melhor, em 2012, em Londres, apresentar apenas a dezena de atletas que parece levar a sério a prática desportiva de alta competição, deixando em casa os que preferem usar as bolsas para brincar aos Jogos Olímpicos.
Apache, Agosto de 2008

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O CO2 oficial (de Mauna Loa) e o CO2 real

O gráfico acima mostra a média das concentrações de CO2 na atmosfera, medidas por processos químicos, em 43 estações espalhadas pelo mundo, entre os anos de 1812 e 1961. Por comparação com os valores oficiais, actuais, de 380 partes por milhão (ppm), em volume, foram medidos valores superiores a estes, entre 1810 e 1830, bem antes da Revolução Industrial se ter generalizado. Também no início da década de 40 do século passado, os valores medidos foram superiores aos (ditos) actuais, apesar da redução significativa da produção industrial provocada pela Segunda Guerra Mundial. Este gráfico conduz-nos a três importantes verdades inconvenientes: 1- Al Gore mente quando afirma que a actual concentração de dióxido de carbono na atmosfera é a mais alta dos últimos 650 mil anos; 2- O CO2 emitido pelos humanos, é praticamente desprezável quando comparado com o emitido pela natureza, repare-se que no final da 2ª Grande Guerra (1945) a produção industrial sofreu um incremento gigantesco e os níveis de dióxido de carbono na atmosfera baixaram significativamente; 3- Durante estes 150 anos de medições, os períodos em que o declive (inclinação) da linha foi aproximadamente constante não ultrapassaram os 10 anos, enquanto no gráfico apresentado (figura abaixo) pelos propagandistas do aquecimento global antropogénico, com concentrações “medidas” em Mauna Loa (no Havai), desde 1958, o declive tem-se mantido, com subida mais ou menos constante ao longo dos 50 anos. Claro que contra o gráfico acima se pode argumentar que os dados foram obtidos em apenas 43 estações. É verdade, mas como actualmente se mede numa única estação, o principal defeito nem é esse, mas sim, o facto de ser uma média e, sendo o CO2 mais denso que o ar, não atinge grandes altitudes, não sendo por isso de fácil dispersão no ar, além disso, é razoavelmente solúvel em água, portanto facilmente arrastado para o nível do solo (ou do mar) pelas chuvas, sendo previsível que a sua concentração varie muito de local para local, ao contrário do que afirma a propaganda oficial. Quanto ao gráfico abaixo (que repito, corresponde ao único valor oficialmente aceite), que já havia sido parcialmente publicado no ‘post’ de 27 de Junho de 2008, além de resultar de uma ideia ridícula é provavelmente falso. Ideia ridícula, porque, como já havia referido no ‘post’ referenciado, sabendo-se que os vulcões libertam enormes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera, só um tonto se lembraria de escolher como único local de medição o maior (entenda-se mais volumoso) vulcão activo do planeta, Mauna Loa. Mais, a “apenas” alguns quilómetros deste, fica Kilauea, considerado o vulcão mais activo do mundo. Ambos integram o Parque Nacional de Vulcões da Havai, que tem um terceiro vulcão activo, Hualalai. Tal como referi, o gráfico (abaixo) mostra um aumento constante da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, dando a ideia de que isso se deve ao contínuo aumento da actividade industrial humana, no entanto, seria previsível, que a quantidade de CO2, na atmosfera da ilha do Havai (Big Island) aumentasse mais significativamente a partir de 1983, data em que se iniciou a erupção do Kilauea, que se mantém. Esse incremento na quantidade de CO2 deveria ser ainda mais acentuado em 1984, ano em que se deu a mais recente erupção do Mauna Loa. Os valores de concentração de CO2 apresentados neste último gráfico sofrem pequenas oscilações anuais, que deveriam corresponder às estações do ano. No Inverno está mais frio e o abaixamento de temperatura favorece a dissolução do CO2 nas águas do oceano, com consequente diminuição da sua quantidade na atmosfera. No Verão, o aumento de temperatura provoca a evaporação de parte desse CO2, daí o aumento da sua concentração na atmosfera. Mas mais uma vez há aqui um pequeno problema, o Havai, onde foram “recolhidos” estes dados apresenta um clima tropical, com temperaturas praticamente constantes todo o ano (as variações de temperatura média diária, ao longo do ano, não vão além dos 4 ºC), pelo que, as oscilações apresentadas no gráfico não deveriam existir. Com base no exposto, concluímos que: ou as medições são mal efectuadas e não representam com o mínimo de fidelidade, a realidade, ou (hipótese mais provável) os dados para a construção do gráfico são pura e simplesmente inventados e, portanto, não fazemos a mínima ideia de qual é a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, nem no Havai, nem em qualquer outro local, o que, vendo bem as coisas, também não tem grande interesse.

Apache, Agosto de 2008

sábado, 16 de agosto de 2008

Carta ao IPCC

Uma carta dirigida ao Presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), da ONU, datada de 14 de Abril de 2008, não teve relevância na comunicação social portuguesa, mas é bastante interessante, na medida em que usa dados provenientes de vários organismos criados para propagandear a teoria do aquecimento global antropogénico, para demonstrar a impossibilidade científica do dito.
"Caro Dr. Pachauri e outros vinculados ao IPCC Estamos a escrever-lhe, bem como aos outros vinculados com a posição do IPCC – que o CO2 antropogénico é o principal responsável pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas – para lhe perguntar se, agora, com base nas evidências, vai corrigir as actuais posições do IPCC e, admitir que não há evidência nos dados observados nos últimos 22 mil anos, nem mesmo em milhões de anos anteriores, que o CO2, seja ele de origem humana ou natural, tenha influenciado as temperaturas mundiais, ou as alterações do clima. Se acredita que há evidência, nos dados disponíveis, que faça cair a responsabilidade no CO2, por favor apresente gráficos ou argumentos que o demonstrem. Chamamos a sua atenção para três factos observáveis que refutam a posição do IPCC (e note que há mais). Os cilindros de gelo retirados do Árctico pela equipa da ACIA (Avaliação do Impacto Climático no Árctico) mostram que as temperaturas têm vindo a cair nos últimos 4 mil anos, quando se registou o Óptimo Climático da Idade do Bronze, enquanto os níveis de CO2 têm subido, no entanto, este gráfico não foi incluído no Sumário do IPCC para os Decisores Políticos. Dados recentes mostram que contrariamente às previsões do IPCC, as temperaturas mundiais não subiram, de facto, têm vindo a descer nos últimos 10 anos, enquanto os níveis de CO2 continuam a subir. No gráfico seguinte, apresentamos a variação das temperaturas medidas, na baixa Troposfera, pelo satélite da NASA (MSU) e pelo Centro Hadley do Reino Unido (Hadley CRUT3).

Estes últimos representam temperaturas médias medidas em estações meteorológicas padronizadas, em vários pontos do planeta, localizadas tanto em meio urbano como rural. Os anteriores são dados de satélite geralmente aceites como muito credíveis por não serem vulneráveis a manipulações nem a erros de observação. É claro da leitura do gráfico que as temperaturas médias globais têm-se mantido quase estáticas com ligeira tendência para a descida, na última década. Um terceiro e importante facto, contrário à teoria do IPCC, é que as temperaturas da alta Troposfera (onde voa a larga maioria dos aviões), têm vindo a descer nas duas últimas décadas. As políticas do IPCC são actualmente responsáveis por problemas económicos e por danos ambientais graves. Especificamente a política de queimar alimentos para produzir biofuel deu um forte impulso à subida dos preços dos bens alimentares, facto que está a agravar as condições de vida em muitos países e a contribuir para a desflorestação maciça, no Brasil, na Malásia, na Indonésia, no Togo, no Camboja, na Nigéria, no Burundi, no Sri Lanka, no Benim e no Uganda. Considerando que a devastação de várias economias, está já em curso, qual é a justificação para se prosseguir com estas politicas? Pedimos-lhe, a si e a todos aqueles que se revêem nestas posições do IPCC que aceitem os factos científicos e renunciem às actuais políticas do IPCC."

Assinam: Hans Schreuder (Químico Analítico) e outros doze cientistas, três deles revisores científicos do IPCC. [Tradução minha]

Apache, Agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

As novas oportunidades: mais um caso de sucesso

Carlos Lobo, Secretário de Estado dos Assuntos fiscais, do actual Governo, doutorou-se no passado dia 16 de Julho, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com a tese, “Sectores em rede: regulação para a concorrência”, por unanimidade, com 17 valores. O Júri era presidido pelo vice-reitor da instituição, António Vallera, sendo ainda composto por Eduardo Paz Ferreira (orientador da tese) e Luís Morais, ambos sócios do doutorando no escritório de advogados, “Paz Ferreira e Associados”. À mulher de César não lhe basta ser séria, a certas pessoas só lhes resta parecê-lo!
Apache, Agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Jumbo e IKEA - Ricardo Araújo Pereira

Aqui por estas bandas, há pouco mais de um mês, o hipermercado Jumbo teve a ideia de abrir umas caixas onde é o cliente quem tem de efectuar todas as operações inerentes ao registo e pagamento dos produtos que pretende adquirir. Como o povo (que dizem, é de brandos costumes) não se fez ouvir com a intensidade sonora que se impunha, esta semana a nova moda é ser também o cliente a pesar os vegetais e frutos e a etiquetá-los. Dizem que é inovação tecnológica. Onde é que eu já ouvi isto? Certamente a um gajo cujo coeficiente de inteligência raia a mesma mediocridade que a dos gestores desta loja. Palpita-me que, ou os clientes mudam de loja, ou um destes dias, à entrada do hipermercado está alguém a distribuir um balde e uma esfregona para que cada cliente limpe os corredores por onde passa, antes de abandonar a loja. Com estas medidas, o hipermercado reduz o número de funcionários, poupa em salários e maximiza os lucros. O texto que apresento a seguir (já com uns meses mas igual actualidade), bem mais humorado, refere-se às lojas IKEA e descreve um tipo de actuação similar, a esperteza em substituição da inteligência, ou a gestão à boa maneira do artista de Vilar de Maçada…
“Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja. Diz-se «Iqueia» ou «I quê à»? E é «o» IKEA ou «a» IKEA? São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferioriza perante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no «I quê à», quando, para eles, é evidente que estou na «Iqueia». As dificuldades porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais. Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro. O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos. Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros. Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta. Achei que combinava bem com a minha personalidade. Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos. Percebi melhor o porquê do nome do móvel. É preciso vir ao IKEA com uma besta de carga para carregar a tralha toda até à registadora. Este é um dos meus conselhos aos clientes do IKEA: não vá para lá sem duas ou três mulas. Eu alombei com a meia tonelada. O que poupei nos móveis gastei no ortopedista. Neste momento tenho doze estantes e três hérnias. É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa de cabeceira engraçada. Por outro lado, há problemas de solução difícil. Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes. A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda e, a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira. Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens e ficou com o móvel incompleto. Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece-me um bocadinho. Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem umas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem. Idiossincrasias do comércio moderno. Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir. O meu é este: para a próxima pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro. E os suecos que montem tudo se quiserem receber.”
Ricardo Araújo Pereira – “IKEA: Enlouqueça você mesmo”
Apache, Agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O que é o efeito de estufa? (2)

“O efeito de estufa atmosférico, uma ideia que os autores da expressão foram buscar aos trabalhos de Fourier (1824), Tyndall (1861) e (Arrhenius) 1896, que suportam a climatologia global, descreve um mecanismo fictício, no qual a atmosfera planetária age como uma bomba de calor que permite a troca de radiação entre ela e a superfície, mas em equilíbrio radiante entre si. Ora de acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, tal mecanismo não existe. No entanto, é tido por garantido, na esmagadora maioria dos textos publicados sobre climatologia, mesmo em literatura secundária, que esse mecanismo é real e assenta em bases científicas (…) É importante esclarecer que não há leis físicas que se apliquem em simultânea a uma estufa (clássica) e ao efeito de estufa da atmosfera. Também não há nenhuma fórmula que permita calcular a temperatura média da superfície do planeta. O habitual balanço termodinâmico que se faz recorrendo à Lei de Stefan-Boltzmann e à Primeira Lei da Termodinâmica, conduz-nos a um resultado errado, a troca de energia por condução, convecção e trabalho, não pode ser reduzida a zero, donde a definição corrente de efeito de estufa atmosférico é falsa.” Tradução minha de um texto de Gerhard Gerlich e Ralf Tscheuschner da Universidade Técnica Carolo-Wilhelmina (Alemanha), publicado em Julho de 2007, intitulado “A falsificação do efeito de estufa do CO2 atmosférico, do ponto de vista da Física”.
Apache, Agosto de 2008

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A noite

Há muito tempo que não se publicava por aqui, uma sequência mal amanhada de letras, que às vezes, por sorte, formam palavras, a que o autor (eu) chama, na tentativa de fazer rir os hipotéticos leitores, de “poesia, ou tentativa de…” Hoje, um excelente dia para correr com os poucos leitores que restam, retoma-se o velho hábito.
Escrito sob o mote “quero-te não para te ter mas para te sonhar” lançado pela Cleópatra…
Demoro-me na balbucia dos teus gemidos, Aconchegas-te na firmeza do meu abraço… Falas-me de outros tempos, outros espaços Onde em utopia se sublimam os sentidos.
Fluis como seda na minha pele Em vagas mornas de embalar… Inebriados, sulcamos mar fiel, Extenuando em pelejas de encantar.
No suor incandescente do meu corpo Vais semeando os teus beijos de luar… Entre gestos e murmúrios de volúpia Florescem tuas danças de enfeitiçar.
Quero-te, não para te ter, Que a noite, ninguém a tem… Quero-te, para te sonhar acordado E te ver exausta e atordoada, Quando irrompendo em sorrisos de malícia Nos espreita atrevida, a madrugada!
Apache, Maio de 2008

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A contribuição do CO2 emitido pelo homem, para o "Efeito de Estufa"

A propósito da importância do dióxido de carbono antropogénico no efeito de estufa, diz Zbigniew Jaworowski: “much more important greenhouse factor is the water naturally present in the atmosphere, which contributes some 95 percent to the total greenhouse effect. (…) 97 percent of the total annual emission of CO2 into the atmosphere comes from natural emissions of the land and sea; human beings add a mere 3 percent. This man-made 3 percent of CO2 emissions is responsible for a tiny fraction of the total greenhouse effect, probably close to 0.12 percent.” Zbigniew Jaworowski é doutorado em Física. Tem dezenas de artigos publicados sobre vários temas científicos, nomeadamente, meteorologia, radiologia e biofísica. É o autor de “CO2 The Greatest Scientific Scandal of Our Time”, de onde extraí este pequeno excerto.
Apache, Agosto de 2008

domingo, 3 de agosto de 2008

"O IPCC é fundamentalmente corrupto."

“The IPCC is fundamentally corrupt. The only “reform” I could envisage, would be its abolition.”
“O IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) tem vindo a afirmar ter encontrado evidências científicas de que o clima na Terra está a aquecer por causa das alterações nas concentrações atmosféricas de gases ditos com efeito de estufa. Essas afirmações são falsas. O meu relatório explica como algumas afirmações dúbias e outras cientificamente genuínas foram distorcidas, sofrendo por vezes uma volta de 180º por forma a suportarem uma campanha global para limitar as emissões humanas de gases com efeito de estufa, para a qual não há nenhuma prova científica.”
Vicent Gray – Climatologista Neozelandês, Revisor Científico do IPCC desde 1990
[Tradução minha da “introdução” do relatório que este conceituado climatologista publicou no passado dia 11]
Apache, Agosto de 2008

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Vem aí o “Magalhães"!

O mérito a quem o tem…
Foi apresentado na passada quarta-feira, com a pompa e circunstância (entenda-se palhaçada) habitual o “Magalhães”, um computador portátil que na versão do Governo será distribuído por “meio milhão de alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico” (a antiga escola primária). Ainda, segundo o Governo, este “será o primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal.” Na apresentação do projecto, o Primeiro-Ministro afirmou que se trata de “um computador de última geração tecnológica - nomeadamente o último microprocessador da Intel”. No Portal do Governo pode ler-se ainda que “o Magalhães é um computador portátil que permite o acesso à Internet, tem uma autonomia de seis horas, é resistente ao choque e à água e trabalha com qualquer sistema operativo.” Na mesma apresentação, o Sr. Sousa, sem fazer (uma vez mais) a mínima ideia do que estava a dizer, aproveitou para informar que vai ser instalada ligação à Internet em todas as salas de aula e que a velocidade da Banda Larga será aumentada para um mínimo de 48 megabit por segundo. Anunciou ainda a instalação de câmaras de videovigilância e a criação de um cartão magnético que substitui o dinheiro e permite o controlo de entradas e saídas dos alunos. No anúncio da iniciativa, a RTP foi ainda mais longe na asneira e, além de ter mostrado uma reportagem, com alunos bem mais velhos que aqueles a quem o portátil se destina, manuseando-o, anunciou o produto como uma estreia mundial e totalmente fabricado em Portugal. Bom, em primeiro lugar, louve-se a capacidade que o “Seu Zé” tem em nos surpreender, dificilmente alguém conseguiria numa única iniciativa fazer e dizer mais asneiras. A saber: Não é dado adquirido (bem pelo contrário) que a introdução de máquinas de calcular no primeiro ciclo do ensino básico, efectuada há alguns anos, tenha tido contributo positivo na melhoria das aprendizagens, antes, a sua introdução coincidiu no tempo com uma degradação acentuada dos conhecimentos dos alunos no final deste ciclo. E várias organizações ligadas ao ensino, nomeadamente a Sociedade Portuguesa de Matemática, através do seu Presidente, Nuno Crato, têm tecido duras criticas a esta medida, que consideram uma das principais causas do baixo nível de conhecimentos dos alunos na área da Matemática. A larga maioria dos professores de Matemática e de Ciências Físico-Químicas do 3º Ciclo e do Secundário (incluindo vários autores de manuais escolares), com quem tenho contactado, subscreve as palavras de Nuno Crato. Imagine-se agora, o que será a qualidade das aprendizagens futuras com a introdução do “Magalhães”, que será destruído a todas as crianças a partir dos 6 anos, a maioria das quais desconhece as mais elementares regras de comportamento em sala de aula. Das duas, uma, ou a iniciativa foi feita à revelia de qualquer parecer técnico credível, como é usual no Ministério da Educação, ou fica demonstrada uma clara intenção do Governo em desferir mais um rude golpe na já muito débil qualidade do nosso ensino. Diz o Sr. Sousa que o portátil será distribuído a meio milhão de alunos, custando: 50 euros a quem não dispõe de apoios dos Serviços Acção Social Escolar (SASE), 20 euros, para quem está incluído no escalão B do SASE e, será gratuito para o escalão A. Como estão actualmente a frequentar o 1º Ciclo do Ensino Básico Público, pouco menos de 450 mil alunos e há 500 mil “Magalhães” será que vão obrigar todos os alunos a possuir o dito, mesmo aqueles cujas famílias, apesar de não serem apoiadas pelo SASE, mal dispõem de verba para comprar cadernos e material de escrita? Na apresentação do “Magalhães” o Sr. Sousa usou e abusou uma vez mais da propaganda, sem pejo no recurso à mentira sistemática, como é aliás prática corrente de toda a equipa governativa. Afirmou que este é o primeiro computador portátil montado em Portugal, com acesso à Internet, mas, por exemplo, a empresa que vai ser responsável pela montagem do “Magalhães” (a JP Sá Couto) monta também o Tsunami e o Solbi e há mais empresas portuguesas que importam os componentes e montam os computadores em Portugal. Como bom vendedor de “banha de cobra”o dito Sr. Sousa afirmou que o portátil viria equipado com o último processador da Intel, mas segundo a directora-geral da plataforma para os mercados emergentes, Lila Ibraim, a primeira leva de computadores será equipada com o processador mais antigo da Celeron, ficando para mais tarde os equipados com o microprocessador Atom. Inebriado pelas próprias palavras, o Sr. “inginheiro” prometeu uma autonomia de 6 horas para o “Magalhães”. Esperamos para ver. É que os primeiros portáteis, vendidos aos professores por 150 euros, integrados no pacote propagandístico do ano passado (e-escolas) apresentam a fabulosa autonomia de 50 minutos. No pacote de promessas, consta ainda, a de todas as salas de aula terem ligação à Internet (ninguém percebeu ainda muito bem para quê) e com uma velocidade de 48 Mbps, quando a velocidade máxima disponível no mercado (para todos os operadores) é de 24 Mbps. Já agora, uma correcção à peça da RTP que refere o “Magalhães” como totalmente produzido em Portugal. O que é produzido em Portugal é a caixa plástica exterior, e o pequeno logótipo nela colocado, tudo o resto é importado e montado cá pela já citada empresa de Matosinhos. O “Magalhães” é uma cópia integral (excepto a referida caixa exterior) do Classmate PC da Intel, disponível (com vários nomes comerciais diferentes) em cerca de 30 países.
E para terminar, uma perguntita para o Sr. Sousa: A Intel ganhou o concurso público para o fornecimento dos computadores e a JP Sá Couto o da montagem, ou…?
Hum… Pois…
Apache, Agosto de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

Marte do tamanho da Lua?

Um e-mail fora de prazo.
No lançamento do ‘post’ de sábado passado referenciei um mail que circula na Internet e que, dependendo das versões, diz mais ou menos isto: No próximo dia 27 de Agosto, Marte estará na sua distância mínima em relação à Terra e ficará tão grande como a Lua, voltando o acontecimento a repetir-se somente em 2287. A Internet é, como todos sabemos, um meio de comunicação com cada vez mais utilizadores, com todas as vantagens que daí advêm. Tem, no entanto, também por isso, sido aproveitada por todos quantos, por desconhecimento, idiotice ou interesses estranhos, pretendem disseminar rapidamente informações falsas, incorrectas ou apenas parcialmente verídicas. No caso do mail acima referido, parece que a sua origem remonta a 2003, ano em que, de facto, a Terra e Marte estiveram alinhados com o Sol e, a uma das menores distâncias possíveis um do outro (cerca de 56 milhões de km). Ao que parece, todos os anos, por esta altura, o mail é posto de novo a circular. Quanto à repetição do acontecimento, somente em 2287… É provável que apenas nesta data, os dois corpos celestes fiquem de novo tão próximos quanto em Agosto de 2003. No entanto, de 26 em 26 meses (aproximadamente) os dois planetas alinham-se, do mesmo lado do Sol, sendo relativamente pequena a distância entre eles (habitualmente menos de 100 milhões de quilómetros). A distância entre os dois corpos pode chegar (no seu máximo afastamento) aos 400 milhões de quilómetros. Já agora, por curiosidade, a última aproximação deu-se no início da segunda quinzena de Dezembro passado, tendo os dois, ficado separados por 88 milhões de km. Neste momento os planetas estão muito mais afastados e esse afastamento vai continuar. No próximo dia 27 de Agosto, Marte não será visível dos céus de Portugal, pois nasce depois do Sol e põem-se quase simultaneamente a este, distando da Terra quase 360 milhões de quilómetros. Quanto a haver algum momento na sua órbita elíptica em torno do Sol, em que Marte se aproxime tanto da Terra que o seu tamanho aparente se assemelhe ao da Lua, isso é completamente impossível. Usando a mesma fórmula apresentada no ‘post’ anterior, verificamos que, quando em Agosto de 2003, Marte (cujo diâmetro é de 6 794 km) ficou a 56 milhões de quilómetros do nosso planeta, o disco marciano media 0,00695º. Ou seja, 70 vezes menor que a Lua (no seu menor tamanho aparente). Só mais uma curiosidade… O Planeta Vénus é habitualmente, depois da Lua, o corpo celeste mais próximo da Terra, podendo aproximar-se de nós a menos de 40 milhões de quilómetros. É também, normalmente, logo a seguir à Lua, o ponto mais brilhante do céu nocturno. Na sua máxima aproximação, o tamanho aparente de Vénus é “apenas” 28 vezes menor que o menor tamanho do nosso satélite natural.
Apache, Julho de 2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Qual é maior, o Sol ou a Lua? (Resposta)

[Cliquem na imagem para ampliar e seleccionem depois o 'zoom' pretendido, no canto inferior direito do ecrã]
Apache, Julho de 2008

sábado, 26 de julho de 2008

Qual é maior, o Sol ou a Lua?

Como devido aos afazeres profissionais não tem havido muito tempo para passar por aqui, o blogue tem andado um bocadinho abandonado, nada que não se consiga alterar (espero eu) nos próximos dias. Entretanto, a propósito de um “mail” que anda por aí a circular, de que falarei amanhã, lembrei-me de ressuscitar os desafios. Desta vez, um, muito simples, com uma só pergunta. Olhando para o céu, (aqui da Terra, obviamente) qual é o maior disco, o Solar ou o Lunar?
Apache, Julho de 2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

Welcome to the real world

"I devoted six years to carbon accounting, building models for the Australian Greenhouse Office. I am the rocket scientist who wrote the carbon accounting model (FullCAM) that measures Australia's compliance with the Kyoto Protocol, in the land use change and forestry sector. (…) When I started that job in 1999 the evidence that carbon emissions caused global warming seemed pretty good. (…) But since 1999 new evidence has seriously weakened the case that carbon emissions are the main cause of global warming, and by 2007 the evidence was pretty conclusive that carbon played only a minor role and was not the main cause of the recent global warming. (…) Most of the public and our decision makers are not aware of the most basic salient facts:
1. The greenhouse signature is missing. We have been looking and measuring for years, and cannot find it. (…) 2. There is no evidence to support the idea that carbon emissions cause significant global warming. None. (…) 3. The satellites that measure the world's temperature all say that the warming trend ended in 2001, and that the temperature has dropped about 0.6 ºC in the past year (to the temperature of 1980). (…) 4. The new ice cores show that in the past six global warmings over the past half a million years, the temperature rises occurred on average 800 years before the accompanying rise in atmospheric carbon. (…) None of these points are controversial. The alarmist scientists agree with them, though they would dispute their relevance."
David Evans, Consultor do “ Australian Greenhouse Office” entre 1999 e 2005
[Parte de um texto publicado no blogue “Mitos Climáticos” com ‘link’ na coluna da direita]
Apache, Julho de 2008

sábado, 19 de julho de 2008

O Período Quente Medieval (em Portugal)

Um estudo elaborado em 2005 por F. Abrantes, S. Lebreiro, T. Rodrigues, I. Gil (e outros), do Departamento de Geologia Marinha do Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação (INETI), baseado em sedimentos recolhidos junto à foz do rio Tejo, na região de Lisboa, concluiu que o Período Quente Medieval ocorreu entre os anos 550 e 1300, tendo neste período, as temperaturas médias à superfície do Oceano sido 2 ºC superiores à média das registadas no final do século XIX. A temperatura média da superfície das águas oceânicas nas imediações de Lisboa está hoje menos de 0,3 ºC acima da verificada no século XIX.
Apache, Julho de 2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pérolas…

O que um jornalista tem de escrever para "ganhar a vida"
Este artigo do DN, assinado por (AFP), seria uma verdadeira pérola, ainda mais hilariante que alguns textos do Gato Fedorento, se não fosse tão degradante, alguém escrever o que lhe encomendam sem ter a mínima noção do que diz. Quanto é que terá recebido o AFP para publicitar a tal nova hormona do crescimento, para o gado bovino, descoberta nos Estados Unidos? Algumas das frases que escreve (ou copia) são de tal forma contrárias às leis da Química, que supostamente as deviam sustentar, que parecem dignas de um licenciado pela UNI. A saber…
“Embora só seja responsável pela emissão de nove por cento do CO2 [refere-se ao gado bovino] (…)” A serem verdadeiros estes 9% de CO2, terão de ser contabilizados em função do total de CO2 proveniente das actividades humanas, que por sua vez é menos de 2% do CO2 lançado para a atmosfera. Os restantes, mais de 98% são de origem natural. “O hemióxido de azoto (…) é um gás 296 vezes mais nocivo para o aquecimento global que o CO2.” Pressuponho (segundo a propaganda oficial) que ser nocivo para o aquecimento global é bom para o arrefecimento global e consequentemente para o planeta. Agora mais a sério que pode haver alunos de ciências a ler isto. Hemióxido de azoto é um nome que ninguém usa para a substância em causa. Deve ter sido usado para ninguém perceber a que substância se estava a referir... Estamos a falar de N2O, conhecido por protóxido de azoto ou óxido de diazoto. Popularmente esta substância é designada por óxido nitroso ou gás hilariante e é muito usado em medicina para anestesias (gerais) ligeiras. Tem um “efeito de estufa” ligeiramente superior ao do CO2 (considerando igual quantidade de ambas), mas menos do dobro e não 296 vezes superior. A sua percentagem na atmosfera ronda os 0,000000032% (320 partes por bilião em volume). A percentagem (oficial) de CO2 é de 0,038% (380 partes por milhão em volume). “O metano (…) incide nas alterações climáticas 23 vezes mais que o CO2”. O metano (CH4) tem um efeito de estufa (para iguais quantidades) que é sensivelmente o dobro do apresentado pelo CO2. A sua abundância na atmosfera é de 0,0002%. “O amoníaco lançado na atmosfera (…) contribui para o fenómeno das chuvas ácidas”. O amoníaco (NH3) é o poluente mais sério de todas as substâncias aqui referidas, no entanto a poluição que causa é um fenómeno local (sobretudo nas imediações das fábricas de agentes de limpeza, de adubos, e de explosivos) porque a substância é muito mais leve que o ar, subindo até à estratosfera, onde é destruído pela radiação ultravioleta de tipo B e C. O amoníaco é uma base (de média força), portanto tem propriedades químicas contrárias aos ácidos, contribuindo para a sua neutralização, reduzindo assim o fenómeno das chuvas ácidas, que se devem essencialmente ao trióxido de enxofre (SO3) e ao dióxido de azoto (NO2) e em menor quantidade ao dióxido de enxofre (SO2) e ao monóxido de azoto (NO). Por ser uma substância bastante tóxica, a legislação europeia é extremamente rígida, no que se refere à libertação de amoníaco para a atmosfera, daí que a sua abundância nesta seja (excepto locais muito restritos, repito) quase nula. A título de exemplo (porque numa busca rápida não encontrei valores europeus), deixo o valor médio da semana passada em São Paulo (Brasil), onde a presença de amoníaco na atmosfera era da ordem de 0,0000000003% (três partes por bilião). P.S. A expressão “efeito de estufa” é usada neste ‘post’ na sua designação oficial e não na que me parece cientificamente mais correcta. As concentrações na atmosfera, apresentadas, são as oficiais.
Apache, Julho de 2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Vêm aí os carros eléctricos…

Na semana passada, o senhor Pinto de Sousa, com o habitual espalhafato que caracteriza a sua acção, gafes e aldrabices incluídas, anunciou um acordo com a Renault/Nissan para a comercialização em Portugal de carros eléctricos já em 2011. Ao que parece a marca vai estrear os carros um ano antes (2010, portanto) em Israel, estando previsto o lançamento dos mesmos na Dinamarca no início de 2011, chegando depois ao nosso país na segunda metade do ano. Segundo a Renault, serão (numa primeira fase) introduzidos no mercado nacional 4 mil veículos destinados a empresas, podendo posteriormente ser introduzidos (por volta de 2020) veículos destinados a particulares. As empresas adquirirão o carro, com motor (ou motores, segundo consta, um para cada eixo) eléctrico, alimentado por uma bateria que se manterá propriedade da marca, pagando uma mensalidade por um pacote de carregamentos (20 numa primeira fase) que efectuarão em postos próprios que a Renault vai construir em parceria com outras empresas. O acordo parece (como convém) satisfazer ambas as partes. O Governo anuncia com grande propaganda, já para daqui a 3 anos, algo que nos próximos 10 terá uma cota de mercado insignificante, desdobrando uma vez mais a já bafienta bandeira ecológica. A Renault aproveita para testar a resposta do mercado a este tipo de veículo, praticamente não correndo riscos inerentes ao negócio, que deverá ser subsidiado na quase totalidade pelo Governo e pela União Europeia, embolsando ainda mensalmente (além do pagamento a prestações das viaturas) os lucros das cargas das baterias. Aproveitando ainda para testar a durabilidade dos motores, único calcanhar de Aquiles desta tecnologia, se excluirmos a autonomia e o tempo de carga das baterias, que espero sejam de iões Lítio (semelhantes às dos telemóveis). Para já, a marca não anunciou nenhum pormenor técnico dos carros, mas é de esperar um custo de produção idêntico ao associado a motores a gasolina de igual potência, o que significa um preço de venda ao público bem abaixo do dos carros actuais, porque os veículos eléctricos estão isentos de Imposto Automóvel e como o IVA incide também sobre este imposto, os carros eléctricos pagarão também menos IVA. Estes veículos estão também isentos do Imposto de Circulação (vulgo Imposto de Selo). Quanto ao desempenho dos carros, será de esperar uma velocidade máxima idêntica à dos carros com motores de combustão de idêntica potência e, acelerações e recuperações muito melhores, pois o motor eléctrico apresenta um binário máximo praticamente desde o arranque. Quanto à segurança passiva e activa, nada tem a ver com a questão mecânica, portanto não se esperam alterações. É ainda espectável uma assinalável redução no ruído do motor. As grandes questões que se levantam e me levam a aconselhar, quem precisar de mudar de carro nos próximos anos, a esperar para ver, antes de se meter em aventuras, prendem-se, como já referi, com a durabilidade dos motores no pára-arranca das nossas cidades e com o tempo de carga e mensalidade das baterias. Quanto à questão ecológica, nada de euforias, não à gases a saírem pelo escape, mas mais de 60% da electricidade que se produz em Portugal é proveniente da queima de carvão e fuel, as fábricas de baterias estão entre as industrias mais poluentes e a reciclagem das mesmas no final da vida (que não será (para já) superior a 3 ou 4 anos) também não se vislumbra tarefa fácil.
Apache, Julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O fenómeno da Tunguska fez 100 anos (3)

(continuação...)
A equipa da Universidade de Bolonha que aposta na teoria da queda de um meteorito, prometeu regressar à Tunguska brevemente. Curiosamente, a principal crítica a esta teoria veio de David Morrison da NASA que afirmou ser estranho que tratando-se de um meteorito, este tenha deixado apenas uma cratera de impacto, ainda por cima tão pequena (cerca de 700 metros de comprimento, 360 de largura e 50 de profundidade). Considerando a área de floresta destruída e o abalo sísmico provocado, seria espectável um meteorito com dimensões muito maiores, que deixaria no solo, uma cratera muito maior que o lago Cheko. Ou então poderia, ainda no ar ou ao embater no solo, fragmentar-se em vários pedaços menores, deixando múltiplas crateras. A hipótese do cometa (pedaço de gelo e poeira que ardeu completamente em contacto com a atmosfera) encaixa perfeitamente no relato referente à bola de fogo que as testemunhas oculares viram no céu (o segundo sol) e na ausência de cratera mas não justificava a enorme onda de calor e a destruição verificada. Mas em 1976 os cientistas soviéticos, Vladimir Stulov e Georgi Petrov, afirmaram que as temperaturas atingidas pelo cometa (que viajaria a mais de 40 mil quilómetros por hora) deveriam ser tão altas que este não se evaporou, antes, os núcleos dos átomos de hidrogénio e de oxigénio que constituem a molécula da água desintegraram-se, tal como acontece numa reacção de fissão nuclear e foi a radiação daí resultante que destruiu a floresta. Muitos cientistas não estão, no entanto, convencidos que as dezenas de milhares de quilómetros por hora que o alegado cometa possa ter atingido tenham, devido à colisão com as moléculas do ar, gerado energia suficiente para desencadear uma reacção nuclear. Como referi no “post” anterior, várias outras teorias foram apresentadas, algumas por cidadãos comuns, outras por conceituados cientistas. Por exemplo, Chandra Atluri e Clyde Cowan da Universidade Católica Americana, acreditam que o fenómeno foi causado pela queda de um pedaço de antimatéria, daí a inexistência de cratera ou de fragmentos. O “único” problema desta teoria é a falta de prova científica da existência de antimatéria. Oura das teorias que se tornaram populares nos últimos anos, foi a proposta por A. A. Jackson e Michael Ryan Jr. da Universidade do Texas, que estão convencidos que naquela manhã a Sibéria foi atingida por um minúsculo buraco negro. Esta teoria tem o mesmo problema da anterior, carece de prova científica convincente, da existência de buracos negros. Talvez o mais surpreendente nos relatos (que Kulik recolheu) de algumas das mais de 900 testemunhas oculares registadas, seja a afirmação de que o objecto de grande luminosidade, semelhante a uma esfera de fogo, mudou de direcção durante o voo, primeiro sobre a localidade de Keshma, depois ao sobrevoar Preobrashenska, antes de desaparecer numa violenta explosão, no céu de Vanavaara, que ficou completamente coberto de fumo. A serem verídicos estes relatos, todas as hipóteses relacionadas com a queda “livre” de objectos celestes ficariam afastadas. Estranha coincidência (ou não, depende da vontade especulativa de cada um), a essa hora (ainda noite do dia 29 de Junho) em Nova Iorque, Nikola Tesla testava a sua nova invenção, o “Raio da Morte”. Passaram cem anos e a ciência não conseguiu ou não quis apresentar uma explicação coerente para um dos acontecimentos mais insólitos (e felizmente não o mais trágico porque por sorte ocorreu num local quase desabitado) da história recente da humanidade. O único dado que (a mim me) parece adquirido é que naquela solarenga manhã de 30 de Junho de 1908, radiação electromagnética de elevadíssima energia estigmatizou o coração da floresta siberiana.
Apache, Julho de 2008